O passado do planeta
Exposição interativa do Museu da Geodiversidade, no Rio, conduz o visitante a uma viagem pela memória geológica da Terra.
Fósseis de diversos animais pré-históricos são um dos destaques da exposição. Entre eles está a primeira reconstituição completa do dinossauro ‘Amazonsaurus maranhensis’. (foto: Ana Carolina Correia)
- O quadro interativo de Monteiro Lobato convida os visitantes a um passeio pelo passado por meio de relíquias geológicas. (foto: Ana Carolina Correia)
A mostra exibe meteoritos, rochas e fósseis de diversos animais para mostrar como a geologia dialoga com a evolução da vida. O espaço, que ficou fechado durante cerca de dois anos, retorna modernizado com estruturas interativas, além de uma sala para exibição de vídeos em três dimensões.
“Achamos que seria interessante ter uma exposição acerca da memória da terra que possibilitasse um entendimento maior do planeta em que vivemos”, afirma Ismar Carvalho, geólogo da UFRJ e um dos organizadores da exposição.
Entre minerais e fósseis
Logo na primeira sala, uma escultura representa a formação geológica do planeta e é seguida por um espaço interativo que simula a abertura da crosta quando ocorre um terremoto. As pedras expostas, entre elas quartzos e um geodo de ametista de duas toneladas e meia, mostram a variedade mineralógica da Terra.Segundo Carvalho, um dos maiores destaques da exposição é a primeira reconstituição completa do dinossauro Amazonsaurus maranhensis, descrito pelo próprio pesquisador e sua equipe no início de 2004. Diversos outros esqueletos de dinossauros e animais pré-históricos estão na exposição, entre eles, o Purussaurus brasiliense, maior crocodilo já encontrado no mundo.
São exibidos também ossadas e objetos que reconstituem a evolução do homem, como o crânio de Luzia, o primeiro fóssil atribuído a um ser humano.
- Machados, cerâmicas e fósseis humanos em exposição na mostra ‘Memórias da Terra’. (foto: Ana Carolina Correia)
O museu fica no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), na Avenida Athos Silveira, 274, Ilha do Fundão. A entrada é gratuita. Agendamento e mais informações pelo telefone (21) 2598-9461 ou pelo e-mail mgeo@ufrj.br
esquisadores da UFRJ descobrem dinossauro amazônico
Os professores Ismar e Leonardo apresentaram os fragmentos ósseos encontrados às margens do rio Itapecuru, no município de Itapecuru Mirim, Maranhão, além de uma réplica do dinossauro, com cerca de 2 metros. O Amazonsaurus maranhensis pertence à superfamília de saurópodes chamada Diplodocoidea. Foram encontrados em torno de 100 fragmentos com idade aproximada de 110 milhões de anos. Entre os fragmentos estavam vários espinhos neurais. De acordo com os pesquisadores, o tipo de espinho encontrado é o que determinou a classificação da descoberta como uma nova espécie e um novo gênero de dinossauro.
O Amazonsaurus maranhensis tinha em torno de 10 metros de comprimento – um dos menores saurópodes já descobertos -, com altura aproximada de um elefante africano. Ele era leve para o seu tamanho se comparado a outros dinossauros do mesmo porte. Isso sugere, por exemplo, que poderia boiar facilmente. Herbívoro, provavelmente se alimentava das copas das árvores e também de arbustos. Além de representar um novo gênero e uma nova espécie, o Amazonsaurus é a mais antiga ocorrência da família de saurópodes do Brasil, único exemplar de um Diplodocoidea brasileiro. Juntamente com os fragmentos do dinossauro foram encontrados répteis, polens, moluscos, peixes fósseis e outros vestígios que possibilitaram a reconstituição aproximada da fauna e da flora da região como era há 110 milhões de anos.
“À época em que o Amazonsaurus maranhensis vivia, a região onde fica o Maranhão era composto por extensas planícies freqüentemente alagadas. O clima encontrava-se em profunda transformação com os movimentos tectônicos que resultaram na abertura da margem atlântica equatorial, no surgimento do Oceano Atlântico e na separação da América do Sul do Continente Africano”, relatou Carvalho. O pesquisador disse que nessa fase teriam surgido as bacias minerais e geológicas de nosso continente.
De acordo com os pesquisadores, o trabalho só foi possível em razão de ações multidisciplinares desenvolvidas pela UFRJ, que contou com o apoio da FAPERJ a partir do início das escavações, em 1991. Carvalho explica que, embora as escavações que resultaram na presente descoberta tenham começado em 1991, o trabalho do grupo foi iniciado há cerca de 40 anos, sob a liderança do professor benemérito da UFRJ, Cândido Simões, de 83 anos. Já aposentado, o professor Candinho, como é conhecido, chegou a se aventurar em algumas expedições no sítio onde foi descoberto o Amazonsaurus. “Na verdade, o primeiro indício da descoberta ocorreu quando, em 1991, numa visita ao Maranhão, o professor Cândido tropeçou numa vértebra do Amazonsaurus, o que resultou no início dos trabalhos de escavação”, contou Ismar.
Um dos fatores que contribuem para a importância da descoberta é o fato de que o ambiente amazônico – de solo muito úmido, com chuvas torrenciais e cheias constantes – dificulta as escavações paleontológicas. Os pesquisadores relataram terem tido muitas dificuldades para preservar a integridade do local das escavações. “Devido a chuvas repentinas e freqüentes, perdemos uma significativa parte do material encontrado. Junto aos ossos do Amazonsaurus foram achados dentes de dinossauros carnívoros, prova, entretanto, insuficiente para o reconhecimento da espécie a que pertenciam.Os estudos terão continuidade com parcerias com pesquisadores da UFRJ e o professor Manoel Alfredo Medeiros, da Universidade Federal do Maranhão.
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