Mudanças climáticas e sua relação com os recursos hídricos
Professor e Pesquisador Aposentado INPE/MCTI e ICAT/UFAL
Mudança
climática e seus impactos catastróficos sobre a Sociedade é um tema
amplamente discutido na atualidade, na maioria das vezes com dose
excessiva de emotividade, ideologia e pouco embasamento científico e
evidências observacionais. Até que ponto as variações climáticas
observadas fazem parte de uma mudança real ou não passam de
variabilidade natural de longo prazo do clima é uma questão debatível.
Porém, é
muito claro que o planejamento das atividades humanas, particularmente
agricultura, gerenciamento de recursos hídricos e defesa civil, requerem
uma antevisão da tendência do clima com intervalos de tempo
suficientemente amplos, de 10 a 20 anos de antecedência pelo menos, para
que seus resultados possam ser úteis. Os métodos existentes para se
obterem essa antevisão são basicamente de duas classes. Os métodos
estatísticos/estocásticos, alguns sofisticados, que identificam
possíveis ciclos, ou periodicidades, nas séries temporais longas de
dados observados, filtrados ou não, e os projetam para o futuro.
Esses
métodos são baseados na hipótese de estacionaridade das séries de dados
e, portanto, sofrem de uma limitação severa que é o fato de não levarem
em conta a variabilidade natural do clima, resultante de complexas
interações entre os processos físicos diretos e de realimentação
(“feedback”) que o produzem. Outra classe é os modelos de simulação do
clima global (MCG) que, embora baseados em equações da Dinâmica dos
Fluidos e da Termodinâmica dependentes da variável tempo, são limitados,
pois os processos físicos diretos e de “feedback” que controlam o clima
não são representados adequadamente e esses MCG não conseguem
reproduzir o clima atual.
Dentre
muitos problemas apresentados pelos MCG, está a representação dos
processos físicos com escala espacial inferior a da sua grade
tridimensional, como formação-desenvolvimento de nuvens e precipitação,
transportes verticais turbulentos de calor e de umidade dentro e para
fora da camada limite planetária, transporte de calor pelas correntes
marinhas, que precisam ser parametrizados, ou seja, representados por
algoritmos matemáticos empíricos que, assume-se, descrevam a Física dos
processos satisfatoriamente. Tais algoritmos, entretanto, são baseados
no atual conhecimento científico e devem ser considerados aproximações
simples ou “as melhores estimativas possíveis” desses processos. Os MCG
são usados atualmente para prognosticar o clima por 3 a 6 meses de
antecedência epara projetar as mudanças climáticas nos próximos 100 anos
pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em
Inglês).
A proposta
que se faz aqui é a utilização de uma técnica combinada que consiste em
utilizar a base de dados de fenômenos climáticos de baixa frequência
observados, ou seja, fenômenos de duração multidecadal, e associá-la a
análises regionais, elaboradas com métodos estatísticos, para os
prognósticos climáticos. Um fenômeno que apresenta essas características
é a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), descrita por Mantua et al
(1997) como sendo um evento El Niño-Oscilação Sul (ENOS) de grande
duração. Enquanto as fases do ENOS têm uma duração média de 6 a 18 meses
por fase, totalizando cerca de 3 a 4 anos por ciclo completo, a ODP
apresenta um ciclo de 50 a 60 anos, com duração de 25 a 30 anos por cada
fase. A fase fria da ODP é caracterizada por uma configuração de
temperaturas da superfície (TSM) com anomalias negativas (águas mais
frias) no Pacífico Tropical e ao longo da costa das Américas e anomalias
positivas nos extratrópicos, enquanto sua fase quente apresenta
configuração oposta.A reconstrução das TSM do Pacífico no Século XX
(Figura 1)mostra que a ODPapresenta pelo menos duas fases quentes
distintas,uma entre aproximadamente 1925-1946 e outra entre 1976-1998, e
uma fase fria bem definida entre 1946-1976.
Considerando
que a atmosfera é aquecida por baixo, ou seja, ar em contato com a
superfície terrestre, que o Pacífico ocupa 35% da superfície, e, ainda, o
longo tempo de duração de cada fase da ODP, essas oscilações devem
modificar o clima global,tal que seus impactossejam detectáveis nas
análises. O objetivo deste artigo é mostrar que não estão ocorrendo
mudanças climáticas, muito menos de origem antropogênica, conforme se
propala, mas, sim, que existe uma variabilidade natural, de escala de
décadas, imposta pela ODP e pela variabilidade da atividade solar,e que
essa variabilidade causa impactos significativos nos recursos hídricos.
Figura 1. Índices e fases da ODP (adaptada de Mantuaet al, 1997)
- Dados e Metodologia
Uma grande
dificuldade para se realizarem estudos climáticos de prazo longo, é a
existência de séries temporais longas de variáveis meteorológicas e
hidrológicas observadas, não disponíveis ou inacessíveis em muitas
partes do planeta. Assim, o conjunto de dados de Reanálises do
NCEP/NCAR, no período 1948 a 2010, embora apresente limitações, torna-se
uma fonte atraente para análises de variabilidade temporal e espacial
do clima. Esses dados, dispostos em pontos de grade espaçados de 2,5° de
latitude por 2,5° de longitude, são utilizados para análises
preliminares, com intuito de identificar regiões brasileiras em que a
variabilidade climática interdecadal tenha sido mais expressiva ou
aparente, e incluem variáveis, como precipitação, componentes zonal e
meridional do vento e TSM, disponíveis no saite do Earth System
ResearchLaboratory, Physical Science Division,
NationalOceanicandAtmosphericAdministration (ESRL/PSD/NOAA). Em
particular, os conjuntos de dados de temperatura e de precipitação,
compilados pela Universidade de Delaware (UDEL), são dados observados no
período 1948-2010 e que foram dispostos em pontos de grade espaçados de
0,5° x 0,5°. Alerta-se para o fato de esse conjunto de dados ter um
número não muito expressivo de estações meteorológicasem seus anos
iniciais,limitando sua cobertura espacial, e que, portanto, deva ser
utilizado com certa cautela.Foram
utilizados, também, dados hidrológicos disponíveis na Hidroweb, Agência
Nacional de Águas (ANA). Os índices climáticos utilizados do site do
ESRLforam o Índice Multivariado de ENOS (IME) e os da ODP. O IME é um
índice que define a ocorrência de um evento El Niño se positivo ou de um
La Niña se negativo.Para maiores detalhes sobre a elaboração desses índices, consulte o site www.esrl.noaa.gov/psd.
Foi gerada a série de desvios padronizados da precipitação para o
período 1948-1998, que cobre as duas fases da ODP, com a finalidade de
correlacioná-la com os índices climáticos. Os mapas de precipitação e de
correlação temporal foram elaborados com os aplicativos existentes no
próprio site.
- Resultados
Com relação
ao clima global, observou-se a curiosa coincidência entre as fases da
ODP (Figura 1) e o gráfico das anomalias da temperatura média global dos
últimos 150 anos (Figura2), elaboradocom a série de dados disponíveis
na Unidade de Pesquisa do Clima, Universidade de EastAnglia (CRU/UEA),
Inglaterra. Nessa Figura, veem-se dois períodos de aquecimento global,
1925-1946 e 1976-1998, que coincidem com as respectivas fases quentes da
ODP, enquanto o resfriamento global do período 1946-1976, não explicado
pelos defensores do aquecimento global antropogênico, correspondeu a
sua fase fria.
Figura 2. Desvios anuais da temperatura do ar média global e as fases da ODP (adaptada deJones et al, 1999)
A análise da
série dosIME indica que a frequência de eventos El Niño foi maior
durante as fases quentes da ODP, enquanto a frequência de La Niñas foi
maior em sua fase fria. Esse aspecto, por si só, já caracteriza uma
mudança prolongada do estado atmosférico, uma vez que é aceito que
eventos El Niño, de maneira geral, produzam excesso de chuvas e
inundações nas regiões Sul e Sudeste e secas na Amazônia e Nordeste,
enquanto ocorreria o contrário com eventos La Niña. Outro resultado que
induz à reflexão é que o propalado aquecimento global antropogênico a
partir de meados da década de 1970 coincide com a segunda fase quente da
ODP (1946-1998) em que ocorreu uma frequência grande de eventos El Niño
intensos. Já foi demostrado que o Pacífico Tropical libera enormes
quantidades de calor para a atmosfera durante os eventos El Niño. Ou
seja, é muito mais provável que o aquecimento global observado no
período 1976-1998 tenha sido natural, provocado pelo calor liberado
pelos eventos El Niño, do que causado pelos gases de feito-estufa
emitidos pelas atividades humanas. Portanto, não se nega que o planeta
tenha aquecido no período 1976-1998. O que se afirma é sua causa ter
sido natural e não antropogênica!
Na Figura
3a, apresenta-se um mapa de diferença de precipitação média anual da
fase fria menos a da fase quenteda ODP para o período mais chuvoso
outubro-março. Observa-se que, com exceção de algumas áreas na Amazônia e
litoral leste do Brasil, os números são negativos, indicando que, na
fase fria (1948-1976), choveu menos que na fase quente (1976-1998) de
maneira geral no país.Exemplificando, no Sul e Sudeste, as reduções são
superiores a 200 mmacumulados no período outubro-março entre as duas
fases da ODP, o que corresponde a uma redução de 15% a 25% com relação à
média, dependendo da localidade. Já na região aproximadamente entre os
meridianos 55°W-60°W e ao norte de 12°S, que engloba a Bacia do Rio
Xingu e parte do Tapajós, as diferenças são positivas e superiores a 300
mm.O mapa de isolinhas de coeficientes de correlação temporal entre os
ÍME e a média anual da precipitação (Figura 3b) mostra uma configuração
bipolar, com valores negativos de coeficientes de correlação superiores a
0,8 em módulo na Amazônia e Nordeste e positivos e superiores a 0,6 nas
áreas do Centro-Oeste ao Sul. Esses coeficientes são estatisticamente
significativos a um nível de confiança superior a 99,5%, pois foram
utilizados 51 anos de dados.
Em áreas em
que oscoeficientes de correlação são negativos, como Norte e Nordeste,
significa que choveu abaixo da média durante eventos El Niño e acima da
média com eventos La Niña. Em áreas de coeficientes positivos, como no
Sul e Sudeste, ocorre o contrário, com mais chuva durante os eventos El
Niño, por exemplo. É muito provável que a resposta não seja direta e sim
que a ODP, ao alterar a distribuição das TSM no Pacífico Tropical,
interfira remotamente (teleconexões), tanto em intensidade como em
localização, nas estruturas da circulação geral da atmosfera e seus
respectivos campos de pressão atmosférica, de vento e de convergência do
fluxo de umidade, relacionados a fenômenos atmosféricos causadores de
precipitação sobre o território nacional, como Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT) e Zona de Convergência da América do Sul (ZCAS),
por exemplo.
Na Figura
4a, o gráfico de barras representa a variação de ano para ano da
precipitação padronizada pelo desvio-padrão da Região Metropolitana de
S.Paulo (RMSP). É notório que os totais pluviométricos das décadas de
1950 e 1960 foram consistentemente abaixo da média do período estudado
1948-2010 e que coincidem com a fase fria da ODP. Nesse intervalo de 63
anos, destacam-se os anos de 1963 como o mais seco e de 1968 como o
terceiro mais seco. Em outras palavras, a RMSP já passou há 50-60 anos
por um período de estiagem severa, mas os impactos sociais não foram tão
graves porque a população era relativamente pequena, possivelmente um
terço da de hoje. Na Figura 4b, retrata-se a variação das vazões
padronizadas pelo desvio-padrão do rio Paraná em Corrientes, Argentina,
desde 1901. É muito claro que as vazões ficaram abaixo da média de todo
período durante a fase fria da ODP e que ficaram acima da média a partir
de 1976 quando a ODP virou para sua fase quente (1976-1998).
Destacam-se os anos de 1983 com sendo o de maior vazão, seguido pelo ano
de 1998. Convém lembrar que, nesses dois anos, ocorreram os eventos de
El Niño mais fortes do Séc. XX. Carlos E. M. Tucci, do IPH, em seu
relatório de 2002 para a ANA, comentou que as vazões do Paraná
aumentaram de 32% a partir de meados dos anos 1970 e atribuiu esse
aumento em parte ao aumento da precipitação (15%) e o restante às
mudanças do uso do solo no Paraná, de cultivo de café para cultivo
sazonal da soja. Um fato curioso é que a série de vazões utilizada na
construção de Itaipu é anterior à fase quente da ODP. Após o início de
sua operação em 1984, percebeu-se que as vazões do rio Paraná eram
maiores do que as de projeto. Felizmente, o projeto previa a instalação
de mais duas turbinas que foram adicionadas, aumentando sua potência
instalada em 1,4GW. Após 1999, a ODP parece ter entrado em uma nova fase
fria que, se for mantido o mesmo ritmo dos últimos 100 anos, deve
persistir até 2025-2030, período no qual as vazões possivelmente
decresçam. Porém, esse decréscimo será de 15% a 20% que corresponde a
redução dos totais pluviométricos apenas e não às mudanças do uso do
solo. Ou seja, é provável que Itaipu gere menos energia nesses próximos
15 anos em função da redução das chuvas na bacia do Paraná.
Um fato
digno de nota é que Daniel Nordemann, do INPE, em 1998, aplicou análise
espectral dinâmica à mesma série de níveis do Rio Paraguai, em Ladário, e
mostrou que o regime de cotas desse rio apresentou um ciclo de 28,4 ±
0,77 anos, muito próximo ao dos períodos das fases fria e quente da ODP
(25 a 30 anos). O autor aventou a possibilidade de uma nova mudança de
regime em princípios do Século XXI. Concluiu-se, portanto, que a ODP
parece ter uma relação estreita com os processos hidrometeorológicos de
algumas das principais bacias hidrográficas brasileiras, explicando uma
fração considerável de sua variabilidade. Ou seja, as precipitações e
vazões aumentaram na fase quente ODP (1976-1998) e diminuíram em sua
fase fria (1946-1976). Uma possível causa física para a redução de
totais pluviométricos na fase fria é a redução da convergência do fluxo
de umidade sobre essas regiões. A análise das componentes zonal e
meridional do vento ao nível de 850 hPa sobre a região central da
América do Sul (não mostrada), em torno de 15°S-20°S e 50°W-55°W, indica
que ambas se enfraqueceram durante a fase fria. De outubro a maio, os
ventos de leste sofreram uma redução de cerca de 1,5 m/s, enquanto os de
norte de 0,5, m/s, em média.
Em adição,
as TSM do Atlântico Sul estiveram 0,5°C mais baixas, em média, durante a
fase fria quando comparadas com as da fase quente da ODP. Essas
mudanças provocaram uma redução no transporte de umidade para a região
central do continente e enfraquecimento da convergência do fluxo de
umidade, com consequente redução de precipitação. A ZCAS também esteve
posicionada mais ao norte de sua posição durante a fase quente.Os
invernos foram mais frios e ocorreram períodos frios relativamente mais
longos durante a fase fria da ODP em que predominaram os eventos La
Niña ou anos neutros. As incursões de ar frio de origem polar foram mais
frequentes em outubro e novembro, prolongando o período de inverno e/ou
provocando geadas tardias na fase fria.
- Conclusão
Não há
comprovação que mudanças climáticas estejam ocorrendo e que sejam
causadas pela ação humana. A temperatura média global está estável nos
últimos 17 anos, embora a concentração de gás carbônico (CO2)
tenha aumentado em 10% nesse intervalo. A análise de dados de
temperatura ao longo dos últimos 10 mil anos obtidos de testemunhos de
gelo da Groenlândia sugere que as temperaturas globais já estiveram mais
altas no passado com concentrações de CO2 inferiores às do
presente. As séries obtidas de termômetros a partir de 1860 mostram que
as temperaturas das décadas de 1930 foram mais elevadas que as atuais,
com emissões humanas de CO2 inferiores a 10% dos totais
emitidos hoje. Portanto, o que se está presenciando não são mudanças
climáticas e sim uma variabilidade natural do clima, porém com um
período de recorrência de 50-60anos, considerado longo quando comparado
ao de uma vida humana. Ou seja, os eventos extremos que estão ocorrendo
agora já foram registrados no passado não muito distante e alguns com
intensidade até mais severa. Observações indicam que as configurações da
TSM do Pacífico estão começando a se assemelhar às da última fase fria
da ODP, sugerindo que o Pacífico já esteja em uma nova fase fria como
mostrado na Figura 5, elaborada com dados de TSM observados. Nela, é
aparente que período mais recente 1999-2013 está semelhante ao da fase
fria anterior (1948-1976). Há, porém, um possível agravante!
Contrariamente ao que ocorreu naquele período, o Sol estará entrando num
período de baixa atividade, um novo mínimo do Ciclo de Gleissberg,
ciclo solar com cerca de 100 anos de duração.
A variação
da atividade solar dos últimos 400 anos sugere que, nos próximos dois
ciclos de manchas solares, ou seja, até cerca do ano 2030-2032, a
atividade solar seja baixa, comparável às primeiras duas décadas do
Século XIX. Portanto, com o Pacífico em uma nova fase fria e a atividade
solar mais baixa, é muito provável que as condições climáticas globais
entre 1946-1976 venham a se repetir qualitativamente, ou seja, um
arrefecimento global nas próximas duas décadas, semelhante ao que
ocorreu na fase fria anterior. E, ainda, que frequência de eventos La
Niña venha a aumentar.
Porém,os La
Niña da fase fria anterior não produziram totais pluviométricos
superiores à média de longo prazo na Amazônia e Nordeste, como os que
ocorreram nos respectivos eventos da fase quente da ODP.As
análises do período da fase fria da ODP sugerem que, de maneira geral,
as condições climáticas não foram favoráveis para o Brasil. As chuvas e
vazões se reduziram em cerca de 10% a 30% em todo o País, resultando em
deficiência hídrica para abastecimento de populações e geração de
energia elétrica, particularmente nas Regiões Sul e Sudeste. Entretanto,
a área brasileira mais afetada parece estar compreendida por partes do
sudeste do Pará, norte de Tocantins (bacia do Tocantins/Araguaia), sul
do Maranhão e oeste do Piauí e da Bahia, que compreende a região sudeste
da Amazônia, a fronteira agrícola ou de expansão da soja ou,
possivelmente, futura zona canavieira. Essa região apresentou uma
redução média de até cerca de 400mm por ano (decréscimo de 25%) em seus
totais pluviométricos. No caso particular do Estado de S.Paulo, o ano
mais seco (1963), seguido do terceiro mais seco (1968), ocorreram
durante a última fase fria da ODP e as análises sugerem que as condições
climáticas presentes possam persistir pelos próximos 15 anos,
dificultando a recuperação dos sistemas de abastecimento de água para a
população.
Também,
nessas circunstâncias, as vazões do rio Paraná podem se reduzir de 15% a
20%, com consequente redução da geração hidrelétrica no Sudeste. Em
adição, o Sul e Sudeste sofreram um aumento na frequência de massas de
ar polar intensas (geadas fortes) nos invernos da fase fria anterior
(1946-1976), fato que contribuiu decisivamente para a erradicação do
cultivo do café no Paraná, por exemplo. Sugere-se, portanto, que
resultados de estudos diagnósticos, locais e regionais, obtidos da fase
fria anterior da ODP sejam utilizados como cenários climáticos futuros,
ou diretamente ou como condições iniciais nos MCG e nos modelos
estocásticos, para se estimar a evolução do clima nos próximos 15 anos.
Uma previsão mais confiável contribuirá para um melhor planejamento das
atividades humanas, necessário para se atingir índices de
desenvolvimento humano e econômico superiores aos atuais no futuro
próximo.
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