Tardígrado, o animal mais resistente do planeta
- Quarta - 21/01/2015
Pensa que já viu de tudo? Conheça o pequeno Tardígrado.
Imortal? Quase. Não seria exagero dizer que esse pequeno animal é de
outro mundo. Seu nome? Tardígrado, também chamado de urso d’água ou
leitões do musgo. Essas criaturas são na verdade invertebrados do filo
Tardigrada, possuindo oito patas, cada pata possui de quatro a oito
pequenas garras e seu corpo varia de 0,05 a 1,25mm. Vivem entre os
musgos e liquens, podendo ser fortemente pigmentados, indo do laranja
avermelhado ao verde oliva.
Esses animais possuem uma anatomia complexa, são recobertos de quitina e
não existe sistema circulatório e nem aparelho respiratório, as trocas
gasosas são realizadas de forma aleatória em qualquer parte do corpo. A
grande maioria se alimenta sugando o conteúdo celular de bactérias ou
de algas. São encontrados em todo o planeta, desde o fundo oceânico ao
alto do Himalaia. Das mais de 600 espécies conhecidas, cerca de 300
foram descritas no Ártico e na Antártica, também foram catalogadas 115
espécies na Groenlândia.
Em Setembro de 2007, a Agência Espacial Europeia realizou uma pesquisa utilizando os tardígrados, colocando-os
em uma cápsula espacial, a Foton-M3, e os enviou ao espaço. Resultado?
Os bichinhos não só sobreviveram aos raios cósmicos, radiação
ultravioleta e falta de oxigênio, mas ainda foram capazes de
reproduzirem num ambiente tão inóspito. Para ter uma noção, no espaço,
os raios ultravioletas são cerca de mil vezes mais intensos do que os
encontrados na Terra. Ainda é um mistério sem explicação ou teoria para o
motivo pelo qual estes animais conseguiram sobreviver por tanto tempo
sem oxigênio e sendo bombardeado com altas doses de radiação cósmica.
Longevidade
é uma das grandes características; podem viver até os 120 anos, um
recorde para um animal com um tamanho tão pequeno. Como se não bastasse
possuírem fantástico poder reparador, os Tardígrados simplesmente
“desligam” seu metabolismo quando existem condições adversas como
extrema seca. Possuem também a inacreditável capacidade de reparar o
seu DNA de danos causados por radiação. Achou pouco?
Mais
de 75 mil atmosferas é a quantidade de pressão que ele suporta, isso
equivale a dezenas de vezes a pressão enfrentada pelos animais dos
locais mais profundos do oceano, nas zonas abissais. Suportam também
imersões durante alguns minutos em temperaturas de 200 ºC (duas vezes
mais quente que a água fervente da sua chaleira). Solventes como o
álcool etílico a 96% ou éter não fazem nem cócegas neles.
Se os seres humanos forem expostos a 100 grays de radiação, ocorre à
morte devido à falência do sistema nervoso central, o que resulta em
perda da coordenação motora, distúrbios respiratórios, convulsões,
estado de coma e finalmente a morte que pode ocorrer em cerca de um ou
dois dias após a exposição. Já os “imortais” tardígrados suportam nada
mais e nada menos que 5700 grays de radiação. Dá para acreditar?
Todo mundo que passou pelo segundo grau, certamente sabe o que é o zero
absoluto ou ao menos ouviu falar. É a temperatura na qual não existe
movimentação de nenhuma molécula. É uma temperatura teórica porque é
extremamente baixa, -273,15ºC, o que equivale ao zero na escala Kelvin
e, apesar de os cientistas não terem alcançado esse valor, chegaram
muito próximo.
Os tardígrados são realmente especiais. Algumas universidades
americanas fizeram pesquisas com tardígrados, congelando-os em uma
temperatura super próxima do zero absoluto, cerca de -271 ºC. Os
cientistas não ficaram surpresos quando “reanimaram” os animais
colocando apenas água e descongelando-os. Não se esperaria que nenhum
animal sobrevivesse após terem sido congelados nesta temperatura, mas
os tardígrados realmente provaram que são completamente diferente de
todo o tipo de vida conhecida no nosso planeta.
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