Morre aos 91 anos o físico nuclear Val Fitch
Felipe Resk - O Estado de S. Paulo
11 Fevereiro 2015 | 16h 51
Cientista foi reconhecido por ter descoberto a 'imperfeição do universo'; em 1980, ganhou o Prêmio Nobel de Física
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"Antes, se achava que a simetria entre partículas e antipartículas era respeitada pela natureza de maneira exata. O trabalho foi revolucionário e é revolucionário no sentido que vai contra uma concepção que a gente tinha: o universo não é tão perfeito quanto se pensava", afirma Rogério Rosenfeld, professor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
As descobertas tiveram como base experimentos feitos no ano de 1964, em parceria com James Cronin, com quem dividiu a condecoração da Real Academia das Ciências da Suécia. "O trabalho pelo qual recebeu o Prêmio Nobel é um dos mais importantes do século 20, por mostrar que as leis da física, na verdade, mudam com o tempo", afirmou Samuel Ting, também vencedor de Nobel e professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ao site da universidade de Princeton.
"Esse experimento foi seminal em termos do entendimento de propriedades fundamentais do espaço-tempo e das partículas", comenta Marcos Nogueira Martins, vice-diretor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). "Isso tudo foi ajudando a montar o que se chama hoje de modelo padrão das partículas elementares."
Os resultados da pesquisa de Fitch e Cronin, dizem os físicos, também servem como referência para outros cientistas tentarem explicar como a matéria se sobrepôs à antimatéria após a Big Bang, já que, em tese, elas deveriam existir em proporções iguais. Hoje, no entanto, o universo é predominantemente formado por matéria.
Nascido em 10 de março de 1923 na cidade de Merriman, em Nebraska, Fitch era o mais novo dos três filhos de um casal formado por um criador de gado e uma professora. Entre seus feitos, o cientista foi presidente da Sociedade Americana de Física de 1988 a 1989. Anos antes, ele havia trabalhado no Projeto Manhattan e ajudou a projetar o detonador para a bomba atômica que destruiu a cidade de Nagasaki, no Japão, ao fim da Segunda Guerra Mundial.
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