A Terra possui cerca
de 4.5 bilhões de anos. Esse amplo intervalo de tempo, chamado tempo
geológico pelos geólogos, é difícil de ser compreendido se usarmos
nossas unidades de tempo mais familiares, como dias, meses e anos, ou
mesmo, séculos.
As evidências
da idade da Terra estão relacionadas com as rochas que formam a crosta
terrestre. As rochas não são todas da mesma idade - ou têm idades
próximas - mas, como páginas de uma longa e complicada história, elas
registram os eventos que moldaram a Terra e a vida no passado. Esse
registro, entretanto, está incompleto. Muitas páginas, especialmente do
capítulo inicial, foram apagadas ou estão faltando, ou são difíceis de
decifrar. Apesar disso, existem páginas suficientemente preservadas para
dar ao leitor a certeza de que a Terra possui bilhões de anos.
Duas escalas de tempo são usadas para datar esses episódios e determinar a idade da Terra:
a) escala relativa do tempo - baseada na sequência de rochas e na evolução da vida; e
b)
escala absoluta do tempo - baseada na radioatividade natural dos
elementos químicos presentes nos minerais constituintes das rochas.
Tempo Geológico
Para
a montagem da escala relativa de tempo são verificadas a presença de
fósseis (em especial, fósseis-guias), as feições geológicas que indiquem
o ambiente de deposição (fluvial, marinho, eólico ou outro), o tipo de
atividade magmática (lavas ou evidências de vulcões extintos), as
superfícies erosivas entre outros. Muitos eventos ocorreram em escala
mundial e foram recorrentes. Tais eventos, como formação de montanhas ou
abertura de oceanos, compreendem unidades geológicas de tempo. Nós
usamos Antes de Cristo (a.C.) e Depois de Cristo (d.C.) como uma divisão
do tempo. Os geólogos fizeram o mesmo, dividindo a história da Terra em
Eras (baseadas nas características gerais da vida existente) e Períodos
(intervalos menores, parcialmente baseados nas evidências de grandes
episódios tectônicos na crosta terrestre).
Para
os mais interessados, é possível obter-se a Carta Estratigráfica
Internacional da IUGS - International Union of Geological Sciences,
bastante detalhada, no endereço listado no Link ao final deste texto.
A
descoberta do decaimento radioativo natural do urânio, em 1896, por
Henry Becquerel, físico francês, abriu uma nova janela para a ciência.
Em 1905, Lord Rutherford, físico inglês - depois de definir a estrutura
do átomo - fez a primeira sugestão clara para o uso da radioatividade
para medir diretamente o tempo geológico. Em um curto período de tempo,
1907, Boltwood, químico da Universidade de Yale, publicou uma lista de
idades geológicas, baseadas em radioatividade. Datações precisas de
rochas têm sido realizadas desde 1950.
Um
elemento químico consiste de átomos, com um número específico de
prótons em seu núcleo, mas com diferentes pesos atômicos, gerando
variações no número de neutrons. Átomos de um mesmo elemento com
diferentes pesos atômicos são chamados de isótopos. O decaimento
radioativo é um processo espontâneo no qual um isótopo (pai) perde
partículas de seu núcleo para formar isótopos de um novo elemento
(filho). A taxa de decaimento é expressa em termos de meia-vida dos
isótopos, ou o tempo que leva a metade de um isótopo radioativo decair.
Muitos isótopos radioativos têm uma meia-vida rápida e perdem sua
radioatividade em poucos dias ou anos. Porém, outros são usados como
relógios geológicos.
O
isótopo de carbono que tem sido mais usado para datar episódios na
pré-história recente do homem (até 50.000 anos) é o carbono-14. Os
isótopos pai e os correspondentes produtos filhos mais comumente usados
para determinar a idade de rochas antigas são apresentados a seguir.
A Idade da Terra
Para
determinação da idade exata da Terra, os cientistas têm que buscar
informações vindas de rochas da Lua e de meteoritos. Isto se deve ao
fato de que as rochas mais antigas foram recicladas ou destruídas no
processo de tectônica de placas (veja texto neste site). Para o cálculo
da idade da Terra, assume-se que todos os corpos sólidos do nosso
Sistema Solar formaram-se na mesma época, ou seja, têm a mesma idade.
As
datações radiométricas são usadas para medir a idade da cristalização
da rocha, ou mesmo, da última vez em que ela foi fundida ou quando
sofreu metamorfismo e passou por perturbações tectônicas capazes de
re-homogeneizar os elementos radioativos presentes.
A
Lua é um corpo mais primitivo do que a Terra porque não foi perturbada
por processos de tectônica de placas. Suas rochas foram datadas a partir
de amostras coletadas em várias missões espaciais. As rochas lunares
que apresentaram idades mais antigas foram datadas entre 4.4 e 4.6
bilhões de anos (= 4.4 a 4.6 Ga).
Também,
os meteoritos têm sido usados para calcular a idade da Terra. A idade
mais provável assumida para a Terra é de 4.56 bilhões de anos (= 4.56
Ga), baseada na quase totalidade dos valores de datação obtidos
diretamente em meteoritos.
No mundo, são
conhecidos cerca de 160 astroblemas ("ferida dos astros", literalmente)
ou crateras, de dimensões e idades das mais variadas, formadas pelo
impacto de meteoritos no passado. No Brasil, também há registro de queda
de meteoritos, por exemplo, uma cratera de 3 Km de diâmetro formada no
Período Terciário, em Colônia, nas proximidades da cidade de São Paulo.
A
idade de 6 bilhões de anos para o nosso Sistema Solar é consistente com
os cálculos de que a nossa galáxia, a Via Láctea (tipo espiral), possui
de 11 a 13 Ga. O Universo teria entre 13 a 15 Ga, idade prevista para o
Big-Bang ou Grande Explosão, termo introduzido pelos físicos para
designar um evento original, quando toda a matéria e energia estava
concentrada em um único ponto e explodiu.
Acima
- Meteor Crater, Arizona, EUA (Fonte: NASA). Meteorito com cerca de 150
mil toneladas chocou-se com a Terra há 50 mil anos, formando depressão
com 1.200 metros de diâmetro e 180 metros de profundidade.
Considerando
que é difícil compreender o tempo geológico, para ter a percepção dos
acontecimentos ao longo da evolução do planeta podemos comparar o
intervalo entre a formação do planeta e o presente, com os 365 dias
existentes em um ano. Nesta interessante comparação a formação da Terra
teria ocorrido no primeiro instante do dia 01 de janeiro e o último
instante do dia 31 de dezembro seria o presente. Apenas para citar um
exemplo da imensidão da história da Terra, o surgimento do homem
(150.000 anos atrás) ocorreria nos últimos três segundos do ano, ou
seja, às 23:59:57 de 31 de dezembro.
Elaboração: Marcus V. Cabral Fonte das informações: Site do USGS e do DNPM 4º Distrito.
IUGS-download Carta Estratigráfica Internacionalhttp://www.stratigraphy.org/index.php/ics-chart-timescale
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