segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Formigas Cortadeiras


Posição Sistemática das Formigas Cortadeiras

Autor – Nilton José Sousa

As formigas cortadeiras estão situadas dentro do reino Animal, Filo Arthropoda, Classe Insecta. 

Segundo THOMAS (1990), este grupo de insetos, é composto de 5 gêneros, dentro da seguinte posição sistemática:

Ordem: Hymenoptera
Subordem : Apocrita
Superfamília : Formicoidea
Família: Formicidae
Sub-família: Myrmicinae
Tribo : Attini
Gênero: Atta
Acromyrmex
Sericomyrmex
Trachymyrmex
Micoceporus

Em função de sua importância econômica no Brasil, as principais pesquisas e publicações sobre formigas cortadeiras estão concentradas nos gêneros Atta e Acromyrmex, conhecidas popularmente pelas denominações de Saúvas e Quenquéns.

OCORRÊNCIA DE FORMIGAS CORTADEIRAS

As formigas cortadeiras do gênero Atta (saúvas), são insetos americanos, não estando presentes na Europa, Ásia, África e Oceania.  

Na América, sua área de dispersão vai do sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Assim, todos os países americanos compreendidos nesta região têm saúvas, exceto o Chile, algumas ilhas das Antilhas e o Canadá.

O gênero Acromymex é próprio da América, sua distribuição começa na Califórnia (Estados Unidos), seguindo pelo México e continuando pela América Central e por todos os países da América do Sul (exceto Chile), até a Patagônia (Argentina). Ocorre também em Cuba e Trinidad Tobago. 

ESPÉCIES DE FORMIGAS CORTADEIRAS ENCONTRADAS NO BRASIL
a) Gênero Atta
No Brasil o gênero Atta e representado pelas espécies e subespécies, listadas a seguir:
01) Atta bisphaerica Forel, 1908 - “Saúva-mata-pasto”
02) Atta capiguara Gonçalves, 1944 - “Saúva-parda”
03) Atta cephalotes (Lineu, 1758) - “Saúva-da-mata”
04) Atta goiana Gonçalves, 1942 - “Saúva”
05) Atta laevigata (F.Smith, 1858) - “Saúva-de-vidro”
06) Atta opaciceps Borgmeier, 1939 - “Saúva-do-sertão-do-nordeste”
07) Atta robusta Borgmeier, 1939 - “Saúva-preta”
08) Atta sexdens piriventris Santschi, 1919 - “Saúva-limão-sulina”
09) Atta sexdens rubropilosa Forel, 1908 - “Saúva-limão”
10) Atta sexdens sexdens (Lineu, 1758) - “Formiga-da-mandioca”
11) Atta silvai Gonçalves, 1982 - “Saúva”
12) Atta vollenweideri Forel, 1939 - “Saúva”
b) Gênero Acromyrmex
No Brasil o gênero Acromyrmex e representado pelas espécies e subespécies, listadas a seguir:
01) Acromyrmex ambiguus Emery, 1887 - “Quenquém-preto-brilhante”
02) Acromyrmex aspersus (F.Smith, 1858) - “Quenquém-rajada”
03) Acromyrmex coronatus (Fabricius, 1804) - “Quenquém-de-árvore”
04) Acromyrmes crassispinus Forel, 1909 - “Quenquém-de-cisco e quenquém”
05) Acromyrmex diasi Gonçalves, 1983
06) Acromyrmex disciger Mayr, 1887 - “Quenquém-mirim e formiga-carregadeira”
07) Acromyrmex heyeri Forel, 1899 - “Formiga-de-monte-vermelha”
08) Acromyrmex hispidus fallax Santschi, 1925 - “Formiga-mineira”
09) Acromyrmex hispidus formosus Santschi, 1925
10) Acromyrmex hystrix (Latreille, 1802) - “Quenquém-de-cisco-da-amazônia”
11) Acromyrmex landolti balzani Emery, 1890 - “Boca-de-cisco, formiga-rapa-rapa, formiga-rapa e formiga-meia-lua”
12) Acromyrmex landolti fracticornis Forel, 1909
13) Acromyrmex landolti landolti Forel, 1884
14) Acromyrmex laticeps Emery, 1905 - “Formiga-mineira e formiga-mineira-vermelha”
15) Acromyrmex laticeps nigrocetosus Forel, 1908 - “Quenquém-camperira”
16) Acromyrmex lobicornis Emery, 1887 - “Quenquém-de-monte-preta e formiga-de-monte-preta”
17) Acromyrmex lundi carli Santschi, 1925
18) Acromymex lundi lundi (Guérin, 1838) - “Formiga-mineira-preta”
19) Acromyrmex lundi pubescens Emery, 1905
20) Acromyrmex muticinodus (Forel, 1901) - “Formiga-mineira”
21) Acromyrmex niger (F. Smith, 1858)
22) Acromyrmex nobilis Santschi, 1939
23) Acromyrmex octospinosus (Reich, 1793) - “Carieira e quenquém-mineira-da-amazônia”
24) Acromyrmex rugosus rochai Forel, 1904 - “Formiga-quiçaça”
25) Acromyrmex rugosus rugosus (F. Smith, 1858) - “Saúva, formiga-lavradeira e formiga mulatinha”
26) Acromyrmex striatus (Roger, 1863) - “Formiga-de-rodeio e formiga-de-eira”
27) Acromyrmex subterraneus bruneus Forel, 1911 - “Quenquém-de-cisco-graúda”
28) Acromyrmex subterraneus molestans Santschi, 1925 - “Quenquém-caiapó-capixaba”
29) Acromyrmex subterraneus subterraneus Forel, 1893 - “Caiapó”

ESPÉCIES DE FORMIGAS CORTADEIRAS DE IMPORTÂNCIA FLORESTAL NO ESTADO DO PARANÁ
 
a) Gênero Atta
Primitivamente, nas florestas do Paraná, não havia saúvas. Estas entraram no estado seguindo o caminho da colonização. As principais espécies de interesse florestal, deste gênero no Paraná são:
• Atta sexdens rubropilosa
• Atta sexdens piriventris
• Atta laevigata
b) Gênero Acromyrmex
As epécies de interesse florestal no estado do Paraná são:
• Acromyrmex aspersus,
• Acromyrmex crassispinus,
•Acromyrmex disciger,
• Acromyrmex niger,
• Acromyrmex subterraneus subterraneus. 

HISTÓRICO DOS GÊNEROS Atta e Acromyrmex

Estudos antropológicos parecem indicar que as migrações de tribos indígenas sul-americanas estão associadas à infestação de suas roças por saúvas.

O primeiro a escrever sobre as saúvas foi o Padre José de Anchieta, em 1560 com a seguinte frase: “Das formigas só parecem dignas de menção as que destróem as árvores, são chamadas de iças e trituradas cheiram a limão”

Gabriel Soares de Sousa, em 1587, descreveu as saúvas, seus danos e costumes e o primeiro método de controle: um sulco raso no solo, em volta da árvore, cheio de água. Entretanto, esse autor completa o assunto dizendo que, às vezes, uma folha caída de atravessado no sulco servia de ponte para as formigas.
A enumeração dos pesquisadores que abordaram o assunto ou estudaram as formigas cortadeiras é enorme, destacando Saint' Hilaire, que percorreu o interior do Brasil de 1816 a 1822, a quem e atribuída a seguinte frase: "Ou o Brasil mata a saúva ou a saúva mata o Brasil". Segundo o autor, nas últimas décadas podemos citar Cincinnato R. Gonçalves, que percorreu quase todo o Brasil coletando material, identificando as espécies e anotando seus hábitos, deixando valiosíssimos conhecimentos; Mario Autuori que dedicou-se principalmente ao estudo da biologia e estrutura dos ninhos das espécies encontradas em São Paulo; Elpídio Amante que estudou os sauvicidas antigos e modernos, principalmente as formulações granuladas (iscas). 

Quanto as formigas do gênero Acromyrmex, em algumas regiões do Brasil, estas chegam a ser um problema maior do que as próprias saúvas. Algumas citações relatam que este gênero tem sido uma ameaça para a produtividade florestal, afetando principalmente mudas e brotações, podendo ocasionar danos em árvores adultas.

ALIMENTAÇÃO DAS FORMIGAS CORTADEIRAS

Durante muito tempo pensou-se que o material vegetal cortado e carregado para o interior do formigueiro fosse consumido diretamente como alimento pelas formigas, o que não acontece. Escavando-se um formigueiro, encontra-se em suas câmaras subterrâneas uma massa esponjosa de cor branco-acinzentada, constituída pelo material vegetal que as formigas carregam para o interior de seus ninhos, cortado em minúsculos pedaços e por um fungo, que se desenvolve nutrido pelos vegetais picados.
Alguns estudos minuciosos sobre os fungos cultivados pelas formigas cortadeiras, especialmente as do gênero Acromyrmex, relatam que tal fungo necessita de substrato de origem vegetal para o seu desenvolvimento, sendo a celulose a principal fonte de carbono para o meio.

ASPECTOS BIOLÓGICOS
 
As formigas cortadeiras são insetos sociais, divididos em castas temporárias (iças e bitus) e castas permanentes (rainha, operárias (jardineiras e carregadeiras) e soldados). As castas têm tamanhos e atividades diferenciadas dentro da colônia, conforme descrição a seguir: as iças e bitus surgem em formigueiros adultos, alguns meses antes da revoada, recebem tratamento e alimentação diferenciada e são maiores que os soldados e operárias; a rainha depois da revoada e fecundação forma um novo formigueiro, é após o nascimento das primeiras operárias passa a ter como tarefa exclusiva a postura de ovos, e o maior indivíduo do formigueiro; as operárias jardineiras são os menores indivíduos da colônia, e tem como tarefa a manutenção da colônia de fungos; as operárias carregadeiras são maiores que as jardineiras, é sua função e a localização corte e transporte de material vegetal para o interior do formigueiro; os soldados são maiores que as carregadeiras é sua função e a proteção da colônia. A longevidade das operárias e soldados e de no máximo 6 meses, quanto ao tempo de vida dos formigueiros, em laboratório sauveiros chegam a 15 anos de vida e formigueiros de quenquém a 7 anos. Os ninhos das formigas são construídos no solo e podem ter várias panelas, que ocupam muitos metros quadrados, contendo milhões de indivíduos no gênero Atta. No gênero Acromyrmex os formigueiros são formados por milhares de indivíduos e possuem uma ou mais panelas. 

DANOS CAUSADOS POR FORMIGAS CORTADEIRAS

Vários autores destacam as saúvas como os insetos que maiores danos causam à atividade agro-pastoril-florestal. Algumas espécies desfolham, indistintamente, mono e dicotiledôneas e por este motivo constituem a pior praga das florestas implantadas, sendo responsáveis por significativas perdas, ou mesmo por um investimento para seu controle que pode chegar à 30% do custo da floresta no final do terceiro ciclo.

Muitas pessoas acreditam que as quenquéns (Acromyrmex), não possuem potencial para provocar danos acentuados principalmente em árvores. Porém, na prática estas formigas provocam danos a uma variedade ampla de plantas, como pinheiros, gramíneas e dicotiledôneas. Constituem-se em importantes pragas nas áreas de reflorestamento, principalmente naqueles com eucalipto, onde árvores adultas têm as folhas e brotações cortadas, e as perdas podem atingir 50% do povoamento.
Árvores de Pinus caribaea var. hondurensis e Gmelina arborea sofrem perdas tanto em diâmetro como em altura devido à ação desfolhadora das formigas, sendo o diâmetro o mais afetado. Quanto à mortalidade de plantas de Pinus caribaea var. hondurensis, existe tendência em aumentar com o aumento da intensidade de desfolha, ao passo que em Gmelina arborea a mortalidade não é influenciada devido ao desfolhamento.
Segundo alguns autores, são necessárias 86 árvores do gênero Eucalyptus e 161 do gênero Pinus para abastecer com substrato um sauveiro adulto durante um ano, num total de uma tonelada de vegetal. Considerando-se uma média de 4 sauveiros adultos por hectare, tem-se um consumo teórico de quatro toneladas de folhas, correspondendo a 344 árvores de Eucalyptus spp. e 644 árvores de Pinus spp. Entretanto, esses dados parecem estar superestimados, pois foram baseados no fator de conversão proposto por Autuori o qual não se refere à realidade.

Outros autores citam que entre as pragas iniciais que atacam o gênero Eucalyptus, estão relacionadas as formigas cortadeiras (Atta spp. e Acromyrmex spp.), seguidas pelas lagartas, besouros rendilhadores e outros insetos polífagos que, eventualmente, alimentam-se de folhas. O mesmo autor qualificou os danos relativos à ação das formigas nos eucaliptais, da seguinte maneira: uma árvore morre após suas folhas serem cortadas três vezes seguidas; um formigueiro necessita, por ano, de uma tonelada de folhas para sobreviver; com 12 formigueiros por hectare, não se encontra uma única árvore viva, na área; um formigueiro de 10 metros quadrados pode, potencialmente, matar 37 árvores, o que equivale a 3,6 metros estéreos por hectare; uma infestação de 200 formigueiros/ha (formigas quenquém) resulta em 30% de perda das cepas (brotação).

Entre as formigas, aquelas que causam maiores danos são as do gênero Acromyrmex. Esta situação se deve ao seguinte: o controle sistemático dado às formigas do gênero Atta, com métodos de controle mais definidos e eficientes; o menor número de espécies do gênero Atta de importância florestal, propiciou maiores estudos sobre as mesmas; ninhos de Atta spp. são mais evidentes. 

BIBLIOGRAFIA

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O texto abaixo é parte da revisão de literatura da dissertação de mestrado do autor, defendida no Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFPR em 1996, intitulada “Avaliação do uso de três tipos de porta-iscas no controle de formigas cortadeiras, em áreas preparadas para a implantação de povoamentos de Pinus taeda L.

Controle de Formigas Cortadeiras

Autor – Nilton José Sousa

Um dos pontos fundamentais para o sucesso de um empreendimento florestal é o controle das formigas cortadeiras, conhecidas pelas denominações de saúvas, pertencentes ao gênero Atta e de quenquéns pertencentes aos gêneros Acromyrmex, Mycocepurus, Sericomyrmex e Trachymyrmex.
Um dos problemas do controle de formigas cortadeiras é que na maioria dos reflorestamentos, esta atividade tem se baseado em programação de calendário, não levando em consideração a região e as espécies de formigas, bem como a infestação, sendo que muitos leigos questionam sobre a importância da identificação correta dos insetos, pois segundo afirmam, o importante é matá-las. Nem sempre matar o inseto é viável, pois o controle, ou seja, a morte do inseto, terá que ser sempre menor que o custo do dano causado.
Ainda sobre a identificação correta, este é o primeiro passo para se chegar ao manejo das pragas, pois é a chave para a busca de informações sobre a biologia, dinâmica populacional, comportamento, danos e outros dados que constituem importantes fontes para o desenvolvimento de medidas de controle, sendo recentes os estudos que procuram elucidar a relação destes insetos com os ecossistemas florestais. Tais informações podem auxiliar na adequação e racionalização dos métodos de controle, contribuindo desta forma para o aumento da eficiência e a redução dos custos de controle. 

Entre os vários métodos utilizados para o controle de formigas cortadeiras destacam-se os seguintes métodos: mecânicos, por ocasião da instalação dos formigueiros novos é possível identificá- los e destruí-los mecanicamente cavando-os; culturais que consistem em aração e gradagem, culturas armadilhas e resistência de plantas; biológicos e naturais, que envolvem fatores climáticos e ação de predadores e parasitóides, como pássaros e moscas da família Phoridae, ou com a utilização de fungos entomopatogênicos; químicos, que consistem na utilização de produtos químicos.
Em relação ao método químico, várias são as formas de se proceder o controle das formigas cortadeiras, estes diferem principalmente pela formulação e modo de aplicação. De uma maneira geral, os formicidas podem ser classificados em 5 formulações diferentes: pós secos; concentrados emulsionáveis; gases liquefeitos; soluções nebulígenas e iscas granuladas.

A isca granulada para ser eficiente e econômica, deve ser atrativa às formigas, de modo que sejam transportadas para o interior dos ninhos. Deve conter um inseticida altamente específico e de toxicidade tal que se manifeste em toda a colônia após sua introdução. Além disso, essa toxicidade a mamíferos tem de ser baixa. Deve mostrar-se resistente à umidade, chuvas e temperatura, apesar de ser biodegradável.
O uso de iscas tóxicas para controlar formigas teve início no ano de 1926 com Marques. Posteriormente diversos outros tipos de iscas foram testadas, até que Gonçalves, testou iscas formuladas à base de Aldrin e observou uma mortalidade de 75% nos sauveiros tratados com suas iscas. Em 1964, colônias de Atta cephalotes, foram controladas com iscas a base de Dodecacloro (Mirex), em uma área de 40 ha, super-infestada, com eficiência de até 100% de controle.

Em 1968, alguns autores pesquisando o custo comparativo de controle às formigas cortadeiras (saúvas) e empregando todos os tipos tradicionais de tratamento e ainda o uso de iscas granuladas, com interação de custo do produto, eficiência e mão de obra requerida, chegaram a conclusão de que o melhor e mais barato método de controle é por meio de iscas.

A partir destes testes, as iscas granuladas foram consideradas como o método ideal para o controle de formigas cortadeiras, pois são de fácil aplicação, dispensam aparelhos e não apresentam perigos de intoxicação que o manejo de outros tipos de formicidas causam, além de apresentarem um alto grau de eficiência, aponto de substituírem outros métodos, como a termonebulização e fumigação com brometo de metila.

Segundo alguns autores, as iscas à base de Dodecacloro apresentaram os melhores resultados no controle a formigas cortadeiras, tornando-se padrão para o controle de formigas cortadeiras dos gêneros Atta e Acromyrmex, em reflorestamentos. Este produto apresentava alta eficiência, mas possuia desvantagens, tais como ser persistente no ambiente e cumulativo na cadeia alimentar, podendo apresentar problemas como contaminação de animais domésticos, selvagens e aquáticos. Por estes motivos este produto passou a sofrer pressões cada vez maiores da sociedade, que culminaram com a Portaria 91 de 30/11/1992 do Ministério da Agricultura, proibindo a partir de 01/05/1993 o registro, a produção, a importação, a exportação, a comercialização e a utilização de iscas formicidas à base de Dodecacloro em todo o território nacional.

A partir da proibição do Dodecacloro vários produtos foram testados, entretanto, apenas a molécula Sulfluramida atendeu a todas as exigências dos testes toxicológicos e de eficiência exigidos pelo IBAMA, Ministério da Agricultura e Ministério da Saúde, mostrando baixa toxicidade aguda, subcrônica e crônica para a maioria dos seres vivos.
A Sulfluramida foi desenvolvida nos Estados Unidos como uma substância para controlar formigas e baratas em residências, pertence ao grupo químico das Sulfonamidas fluoroalifáticas. Seu modo de ação é por ingestão e a composição das iscas apresenta 0,3% de princípio ativo e 99,7 % de atrativos e material inerte. O produto apresenta tem 42,59% de biodegradação em 28 dias, a biodegradabilidade no solo ocorre entre 90 e 120 dias.
Após a determinação dos dados citados acima, vários testes foram realizados com iscas granuladas à base de Sulfluramida, sendo que estas apresentaram excelentes resultados para o controle de formigas cortadeiras, comparáveis aos apresentados por iscas à base de Dodecacloro.

APLICAÇÃO DE ISCAS GRANULADAS

Uum dos principais problemas para o controle das formigas cortadeiras (Atta spp. e Acromyrmex spp.), em florestas implantadas é a localização dos formigueiros em estágios iniciais de desenvolvimento, para que sejam seguramente exterminados. Dentre os métodos existentes para o controle de formigas cortadeiras, as iscas granuladas têm sido preferidas por sua facilidade de aplicação, dispensando o uso de equipamentos onerosos.

Vários autores citam as iscas formicidas como o método mais eficiente, econômico e seguro para o homem controlar formigas cortadeiras em áreas florestais, sendo que, o método tradicional de aplicação de iscas, que consiste na distribuição de iscas a granel nos formigueiros, apresentam alguns inconvenientes, como: a impossibilidade de trabalhar todos os dias do ano, devido às chuvas, dificultando o planejamento das operações e de outras atividades interdependentes; a perda de material e horas trabalhadas devido às chuvas imprevisíveis e à umidade do ambiente; o elevado custo da aplicação das iscas; a intoxicação de animais silvestres ou domésticos; a necessidade de eliminação do sub-bosque para localizar os formigueiros, implicando em dispêndio de recursos e em redução da diversidade biológica do ambiente.
Entretanto, mesmo com estes inconvenientes, as iscas ainda representam o melhor método para o controle de formigas cortadeiras. Assim, foi desenvolvido um sistema de distribuição das iscas no campo, que facilita sobremaneira seu emprego reduzindo os inconvenientes do seu uso, que é a utilização de porta-iscas.

PORTA-ISCAS

Um porta-iscas deve atender aos seguintes requisitos: comportar uma quantidade relativamente grande de isca; proteger as iscas contra a chuva, umidade e animais silvestres; permitir uma ventilação eficiente, para que não ocorra condensação de vapor de água e permita a liberação do odor da isca para a atratividade; evitar o aquecimento interno, que seria prejudicial à isca; possibilitar o controle preventivo e intensivo dos sauveiros, mesmo que sejam de difícil localização. Existem dois tipos de porta-iscas, o convencional e o micro-porta-iscas (MIPI).
a) Porta-iscas convencional (Copo)
O porta-iscas consiste em copos de papel parafinado externamente, de formato cônico, com dimensões de 6,0 x 6,0 x 7,0 cm, respectivamente, diâmetro da base, altura e diâmetro da boca. Possuem 6 orifícios laterais equidistantes de um centímetro de diâmetro.
De acordo com os autores, a isca é envolvida em plástico transparente de 25 x 25 cm, 0,2 mm de espessura, que é colocado dentro do copo e este é tampado. Este plástico é banhado anteriormente em água açucarada, na concentração de 40 gramas de açúcar para um litro de água, atuando como atrativo às formigas, reduzindo em média para duas a quatro horas a localização do porta-iscas pela formiga , ao passo que sem o atrativo, o porta-iscas permanece de 10 a 30 dias até ser descoberto, podendo ocorrer perda das iscas por penetração de umidade.
b) Micro-porta-iscas (MIPI)
O porta-iscas MIPI, consiste em um saquinho plástico, que contém em seu interior determinada quantidade de isca formicida, com as dimensões de 6 x 8 cm, com espessura de 0,06 mm, na cor juta, que permite que o saquinho confunda-se com as folhas que estão no solo. A dosagem de isca normalmente utilizada é de 10 gramas por recipiente plástico, com preferência para a micro-isca granulada, para facilitar o controle de quenquéns. 

EFICIÊNCIA DOS PORTA-ISCAS

Com a distribuição regular de porta-iscas, torna-se desnecessária a localização e medição de todos os formigueiros, bastando apenas algumas amostragens para que se conheça a taxa de infestação das áreas reflorestadas, para determinar a densidade de porta-iscas por hectare.

Em 1982, diversos protótipos de porta-iscas foram testados, os quais apresentaram resultados animadores, embora necessitassem de aperfeiçoamento na sua construção. Quando a distribuição de iscas com porta-iscas foi comparada com os métodos tradicionais, evidenciaram-se uma série de vantagens técnicas, ecológicas e econômicas destes recipientes.
Quanto a eficiência de porta-iscas, estes podem ter 100% de eficácia quando os formigueiros apresentam superfície aparente maior ou igual a um metro quadrado. Neste caso, as áreas eliminadas de formigueiros de saúvas em florestas é de praticamente 100%, em três meses. Para o controle de quenquéns os porta-iscas convencionais são mais limitados, embora algumas pesquisas realizadas no Vale do Rio Doce - MG, observaram a eliminação de todos os formigueiros em 75 dias, com porta-iscas convencionais.

Em relação ao porta-iscas tipo MIPI com 5 a 10 gramas de iscas, observou-se que estes tem maior probabilidade teórica de sucesso no controle de quenquéns, pois a nuvem de pontos aumenta consideravelmente (10 vezes). O custo dos MIPI é 7 vezes mais baixo que o porta-iscas convencional e os custos de distribuição também sensivelmente mais baixos. Porém deve ser lembrado que os MIPI também apresentam desvantagens, sendo a principal dificuldade determinar antes da aplicação a densidade mais adequada para cada área, proporcionando uma quantidade de iscas sem excessos, que seja eficaz para eliminar os formigueiros. Os autores que avaliaram este tipo de porta-iscas, observam que o uso do micro-porta-iscas, com quantidade maior de isca certamente implicariam num aumento do consumo parcial, causado principalmente pelas formigas do gênero Acromyrmex, que têm necessidade de consumo menor do que as saúvas. Assim os MIPIS tornam-se muito mais eficazes para quenquéns do que o porta-iscas convencional, que apresenta dosagem maior de isca.

Os MIPI intactos, desde que tenham vedação perfeita e sejam confeccionados com material apropriado, podem ter vida útil no campo por mais de 4 meses, podendo agir de maneira preventiva contra uma reinfestação de formigas, o que é muito importante na fase inicial de uma floresta.

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