terça-feira, 25 de outubro de 2016

Alerta para extinção das jaguatiricas na Mata Atlântica

Por Marcus Cabral.
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A jaguatirica é o terceiro maior felino da América Tropical, mas sofre com a redução de habitat e redução de presas na Mata Atlântica. Foto: Haroldo Palo Jr./Fundação Boticário
A jaguatirica é o terceiro maior felino da América Tropical, mas sofre com a redução de habitat e redução de presas na Mata Atlântica. Foto: Haroldo Palo Jr./Fundação Boticário.

Manaus, AM – O Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo, abriga apenas 160 jaguatiricas (Leopardus pardalis) um número preocupante segundo os responsáveis pelo levantamento.


O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que apontam a competição com caçadores como uma das principais responsáveis pela redução das populações da espécie na Mata Atlântica.

"O Parque Estadual da Serra do Mar tem 315 mil hectares e sofre com a caça ilegal, então, o maior problema que eu vejo é a redução da quantidade de indivíduos pela falta de alimento, pois as pessoas caçam e eliminam as presas naturais das jaguatiricas, como roedores, tatus, aves, gambás e macacos", disse Fernando Fernandez, um dos autores do estudo. De acordo com ele, a situação ainda não é desesperadora, mas requer cuidados. Fernandez acrescenta que não existe um número específico de indivíduos que caracterize o perigo de extinção.

A jaguatirica é o terceiro maior felino da América, chegando a medir 1,35 metro (com a cauda) e pesa entre 8 e 16 quilos. O Plano de Ação Nacional de Conservação de Pequenos Felinos, do ICMBio, indica que a jaguatirica sofre pressão também devido a alterações no habitat e outras ações do homem, como expansão agrícola, silvicultura e queimadas. A falta de informações sobre a espécie, de acordo com o documento, dificulta a aplicação de ações de conservação.

Os felinos foram identificados pelo padrão de manchas nos pelos, a partir de imagens obtidas em armadilhas fotográficas. "Fazemos captura, marcação e recaptura fotográfica (visualização por meio de armadilhas fotográficas). A primeira vez que você detecta um bicho é como se o estivesse capturando e quando o detecta novamente é como se o estivesse recapturando", diz Fernandez. O projeto é financiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Por ser um predador de topo da cadeia alimentar, a jaguatirica tem um papel importante na manutenção de ecossistemas. A espécie é classificada como vulnerável na lista do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e existem poucas populações remanescentes na Mata Atlântica.

Os pesquisadores destacam que a presença dela está associada à cobertura vegetal e, por isso, é muito sensível também à perda de habitat. Eles escolheram o Parque Estadual da Serra do Mar para o projeto porque é a maior Unidade de Conservação integral da Mata Atlântica e também está localizada na maior área contínua preservada do bioma no Brasil. O resultado da pesquisa será entregue, junto com recomendações para a conservação da jaguatirica, à direção do Parque Estadual da Serra do Mar.

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