A fauna que sobrevive nas florestas nas plantações de cana
Pesquisadores da Unesp publicam na revista Biological Conservation
Assessoria de Comunicação e Imprensa
06/03/2017
Registro de Tamanduá Bandeira (Myrmecophaga tridactyla) com seu filhote no município de Magda.
Finalmente
uma boa notícia para o meio ambiente: pesquisadores da Universidade
Estadual Paulista (UNESP) do Instituto de Biociências de Rio Claro
publicaram essa semana na revista inglesa Biological Conservation um
censo com de mamíferos em 22 remanescentes florestais circundadas por
monocultura de cana-de-açúcar em São Paulo.
Através da instalação de
câmeras automáticas nas florestas os pesquisadores encontraram 29
espécies de mamíferos, incluindo anta, tamanduá-bandeira, onça e veados.
Segundo a pesquisadora responsável, Gabrielle Beca, isso equivale a 90%
dos mamíferos esperados para a região do estado de São Paulo. "Quando
consideramos todas as 22 áreas que trabalhamos, vimos que não houve
extinções na escala regional.
No entanto, quando olhamos para cada
floresta separadamente, observamos que houve a extinção de 50% a 80% dos
mamíferos. Ou seja é uma boa e má notícia ao mesmo tempo", comenta
Beca. “Ficamos surpresos em encontrar tantas espécies em florestas
esquecidas no meio da cana”, diz Beca. “Mas uma coisa também ficou
clara, quanto maior a floresta, mais animais raros ela possui, como onça
pintada, antas e queixadas” completa Beca.
“Esse trabalho mostra que ainda existe uma
chance de conservarmos toda a fauna de mamíferos grandes se conectarmos
todos esses fragmentos em corredores ecológicos”, comenta o Professor
Mauro Galetti, orientador da pesquisa.
Apesar dessa boa notícia, os pesquisadores
também mostram que muitas florestas estudadas possuem o javaporco e
cães domésticos que podem trazer muitos danos a biodiversidade e as
outras espécies. “O javaporco se tornou uma praga no Brasil e se não for
controlado haverá um enorme problema para a agricultura, saúde pública e
mesmo para a biodiversidade”, comenta Felipe Pedrosa, um dos autores do
trabalho. “O javaporco, além de invadir plantações, e é uma das
principais presas dos morcegos vampiros, que transmitem a raiva”
complementa Felipe.
Agora os pesquisadores pretendem mapear
possíveis áreas para criar os corredores ecológicos. “Sem a criação de
corredores ecológicos, essa fauna ficará ilhada e com o tempo poderá
ocorrer extinções de várias espécies” complementa o Professor Milton
Ribeiro do Instituto de Biociências da UNESP.
"Nesse cenário positivo, em que nenhuma
extinção regional foi registrada, o simples cumprimento do Código
Florestal e a criação de corredores ecológicos é fundamental para a
conservação da fauna de mamíferos ", comenta Galetti. “Temos que
replantar corredores e incentivar o cumprimento do Código Florestal e
assim podemos ter agricultura e meio ambiente saudável ao mesmo tempo”,
completa Ribeiro.
“Esse estudo pode trazer um enorme alento
para os ambientalistas e para os produtores de cana, mas também temos
que trabalhar rápido para criar esses corredores” completa Galetti. A
pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo `a Pesquisa do Estado de
São Paulo (FAPESP).
No estudo também participaram Maurício H.
Vancine, Carolina S. Carvalho, Felipe Pedrosa, Rafael Souza, C. Alvez,
Daiane Buscariol, Milton Cezar Ribeiro do Departamento de Ecologia da
UNESP de Rio Claro, e Carlos A. Peres da Universidade de East Anglia da
Ingalterra.
Contato:
Gabrielle Beca, aluna de doutorado na UNESP Rio Claro - gabrielle.beca@gmail.com (Fone: +55 19 992426008)
Mauro Galetti, professor da UNESP Rio Claro - mgaletti@rc.unesp.br (Fone +55 19 35264236)
Milton Cezar Ribeiro – professor da UNESP Rio Claro - mcr@rc.unesp.br
Beca, G,. Vancine, M.H, Carvalho, C,S,.
Pedrosa, F., Alves, R.S.C., Buscariol, D., Peres, C.A., Ribeiro, M.C.
2017. High mammal species turnover in forest patches immersed in biofuel
plantations. Biological Conservation.
A publicação está acessível em
http://dx.doi.org/10.1016/j.biocon.2017.02.033
http://dx.doi.org/10.1016/j.biocon.2017.02.033
Localização de paisagens (pontos pretos)
em remanescentes de Mata Atlântica, no estado de São Paulo. As paisagens
estão numeradas e apresentadas no sentido horário, em ordem da
quantidade de cobertura florestal (verde).
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