O primeiro asteroide imigrante
Corpo celeste capturado de outro sistema estelar pode dar pistas para formação de planetas
ACI-UNESP
21/05/2018
Pesquisa foi desenvolvida por pesquisadora do IGCE, em Rio Claro
Um
estudo recente descobriu o primeiro imigrante permanente do nosso
Sistema Solar. O asteroide, atualmente integrando a órbita do planeta
Júpiter, é o primeiro que se tem notícia a ser capturado de outro
sistema estelar para o nosso. A constatação pode colaborar a resolver
dúvidas existentes sobre a formação dos planetas ou a origem da própria
vida.
A descoberta é fruto de uma pesquisa
desenvolvida por Helena Morais, docente do Instituto de Geociências e
Ciências Exatas (IGCE) de Rio Claro, em parceria com Fathi Namouni, do Observatoire de la Côte d’Azur, na França. O artigo foi publicado na prestigiada Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, na sessão MNRAS Letters, espaço dedicado a notícias urgentes e importantes no campo da astronomia.
Todos os planetas do nosso Sistema Solar -
e a grande maioria dos outros objetos - viajam ao redor do Sol na mesma
direção. No entanto, o 2015 BZ509 é diferente: ele se move na direção
oposta, o que é conhecido como uma órbita "retrógrada".
“A forma como este asteroide passou a se
mover desde que compartilhou a órbita de Júpiter tem sido, até agora, um
mistério", explica a professora Fathi Namouni. “Se o 2015 BZ509 fosse
um nativo de nosso sistema, deveria ter a mesma direção original de
todos os outros planetas e asteroides, herdados da nuvem de gás e poeira
que os formou”.
No entanto, a equipe realizou simulações
para traçar a localização do 2015 BZ509 até o nascimento do nosso
Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. As simulações apontam que o 2015
BZ509 sempre se moveu desta forma e que, portanto, não poderia ter
estado no nascimento do Sistema Solar. O asteroide deve ter sido
capturado de outro sistema.
“A imigração de asteroides de outros
sistemas estelares ocorre porque o Sol inicialmente se formou em um
aglomerado estelar, onde cada estrela tinha seu próprio sistema de
planetas e asteroides”, comenta a professora Helena Morais, docente do
Departamento de Estatística, Matemática Aplicada e Computação do IGCE.
“A proximidade das estrelas, ajudada pelas forças gravitacionais dos
planetas, ajuda esses sistemas a atrair, remover e capturar asteroides
uns dos outros”.
A descoberta do primeiro imigrante asteroide permanente no Sistema Solar tem implicações importantes para
os problemas em aberto da formação do planeta, a evolução do sistema
solar e, possivelmente, a origem da própria vida.
Entender exatamente quando e como o 2015
BZ509 se estabeleceu no Sistema Solar fornece pistas sobre o berçário
estelar original do Sol e sobre o potencial enriquecimento de nosso
ambiente inicial com componentes necessários para o surgimento da vida
na Terra.
Artigo completo:NAMOUNI, F. e MORAIS, H. An Interstellar Origin for Jupiter’s Retrograde Co-Orbital Asteroid. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 21 mai. 2018.
Contato pesquisadora:Professora Helena MoraisIGCE-UNESP (Rio Claro)helena.morais@rc.unesp.br
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