O mais antigo felino conhecido foi descoberto no Tibet
Fósseis de Panthera blytheae fortalecem a tese da origem asiática das panteras
Por Sid Perkins e revista Nature
Felinos de grande porte semelhantes aos modernos leopardos-das-neves
perambularam pela região do Himalaia nos últimos 6 milhões de anos
revela uma análise de fósseis recém-descritos. Os ossos de Panthera blytheae
ampliaram a linhagem conhecida das panteras em pelo menos 2 milhões de
anos e reforçaram a teoria de que esse grupo de carnívoros se originou
na Ásia.
Pesquisadores desenterraram ossos pertencentes a menos três
exemplares no sudoeste do Tibete. Os restos mais completos incluem um
crânio parcial adulto com vários dentes ainda inseridos na mandíbula
superior, informa Jack Tseng, um paleontólogo de vertebrados do Museu
Americano de História Natural, em Nova York. Osfragmentos foram
extraídos de rochas de cerca de 4,42 milhões de anos. Outros fósseis
pertencentes à mesma espécie foram escavados de estratos rochosos
próximos, depositados há cerca de 5,95 milhões de anos, ele e seus
colegas relataram em 14 de novembro na Proceedings of the Royal Society B.
“São fósseis belíssimos de grande significado”, afirmou Zhe-Xi Luo,
um paleontólogo de vertebrados da University of Chicago, em Illinois,
que não esteve envolvido no estudo. “Eles acrescentam uma raiz evolutiva
à árvore genealógica das panteras”.
Muitas características dos dentes de P. blytheae são
semelhantes às dos leopardos-das-neves, mas alguns sulcos e cúspides são
distintos, indicando que os fósseis representam uma nova espécie. A
julgar pelo tamanho do crânio parcial, o grande felino era
aproximadamente do mesmo tamanho que o leopardo-nebuloso, ou
pantera-nebulosa, e cerca de 10% menor que os leopardos-das-neves —
animais que atualmente vivem na cordilheira do Himalaia. Uma comparação
entre dezenas de características anatômicas de 12 espécies extintas e
vivas de felinos indica que os leopardos-das-neves são uma “espécie
irmã” de P. blytheae, explica Tseng. Os tigres modernos também são parentes muito próximos, acrescenta.
Anteriormente, os fósseis conhecidos mais antigos de felinos Panthera
eram fragmentos recuperados de rochas de 3,8 milhões de anos na África;
o que levou alguns cientistas a sugerir que os grandes felinos havia se
originado ali, espalhando-se posteriormente para novos habitats em
outros lugares. Os novos espécimes, no entanto, e a maior diversidade de
grandes felinos no leste e no sul da Ásia, reforçam a ideia de que esse
grupo de animais surgiu na Ásia, comenta Tseng. A atual árvore
genealógica da família Panthera, juntamente com análises
genéticas de espécies vivas e recentemente extintas, sugere que o grupo
evoluiu inicialmente há cerca de 16 milhões de anos atrás.
As características evolutivas avançadas de P. blytheae são
um tanto surpreendentes, observa Lars Werdelin, um paleontólogo de
vertebrados do Museu Sueco de História Natural de Estocolmo. “Eu
esperava que fóssil tão antigo se assemelhasse mais a um gato
primitivo.”
A impressionante semelhança de P. blytheae com espécies
modernas, como os leopardos-das-neves e os leopardos-nebulosos, torna
difícil dizer qual teria sido o aspecto dos progenitores Panthera,
acrescenta Werdelin: “Precisaríamos de muitos fósseis intermediários
para saber como a linhagem se desenvolveu”. Segundo ele, pode até ser
que paleontólogos já tenham desenterrado alguns desses antepassados
ancestrais, mas que, na ausência de fósseis de transição, ainda não os
reconheceram pelo que de fato são.
Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature. O artigo foi publicado originalmente em 13 de novembro de 2013.
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