Amazônia: uma nova espécie é descoberta a cada três dias
Meio ambiente - 27/10/2010
As últimas pesquisas científicas sobre a Amazônia mostraram que o bioma é um dos lugares mais biodiversos do planeta, abrigando cerca de 10% das espécies conhecidas em todo o mundo. No entanto, o relatório "Amazônia Viva! Uma década de descobertas: 1999-2009", divulgado nesta terça-feira, 26 de outubro, na COP10, pela ONG WWF, pretende provar que o bioma possui muito mais espécies da fauna e flora do que imaginamos. O estudo, realizado por cientistas de todo o mundo, acompanhou, de perto, a dinâmica da Amazônia entre os anos de 1999 e 2009 e descobriu mais de 1.200 novas espécies de plantas e animais vertebrados no bioma durante este período. Ou seja, uma nova espécie a cada três dias, totalizando:
- 637 novos tipos de plantas;
- 257 espécies inéditas de peixes;
- 216 novos tipos de anfíbios;
- 55 espécies inéditas de répteis;
- 39 novos tipos de mamíferos e
- 16 espécies inéditas de aves.
Entre todos os novos exemplares da fauna e flora amazônica apontados pelo relatório, os cientistas elegeram algumas espécies como "descobertas valiosas" para a biodiversidade. Na classe dos répteis, por exemplo, a serpente Eunectes beniensis chamou a atenção dos pesquisadores, já que desde 1936 não haviam registros de uma nova espécie de sucuri no mundo. Já na classe dos mamíferos, um novo tipo de boto-cor-de-rosa, o Inia boliviensis, causou alvoroço entre os cientistas, já que a última espécie desse animal foi encontrada no século retrasado, em 1830. (Conheça as 5 espécies classificadas, pela WWF, como "descobertas valiosas" na galeria de imagens do Planeta Sustentável)
BIOMA RICO, MAS AMEAÇADO
Ao divulgar o relatório, a WWF pretende mostrar ao mundo - e, principalmente, aos líderes mundiais que discutem o futuro da biodiversidade até o dia 29 de novembro, na COP10, em Nagoya - que as consequências da destruição da Amazônia podem ser ainda piores do que se imagina, já que, claramente, o bioma abriga muito mais riquezas naturais do que temos conhecimento.
De acordo com a ONG, nos últimos 50 anos, o homem destruiu, pelo menos, 17% da floresta tropical úmida da Amazônia - o que equivale ao dobro da área da Espanha, por exemplo - para investir em modelos econômicos não-sustentáveis de produção de carne, soja e biocombustíveis. A situação compromete não só a biodiversidade do bioma catalogada pelos cientistas, mas também todas as espécies que ainda não temos conhecimento.
Uma das soluções defendidas pela WWF para que os países amazônicos possam preservar a biodiversidade do bioma é a criação de um sistema completo e eficaz de áreas protegidas na Amazônia, já que muitas das espécies descobertas na última década e listadas no relatório da ONG foram encontradas nas redes de proteção do bioma. A iniciativa está sendo discutida, em Nagoya, pelos representantes de governo que estão reunidos na COP10.
Veja o relatório "Amazônia Viva! Uma década de descobertas: 1999-2009", na íntegra e em português.
Por Mônica Nunes e Débora Spitzcovsky/Planeta Sustentável
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