Dois novos ceratopsianos foram descobertos
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Reconstruções dos esqueletos: Utahceratops à esquerda
© Sampson et.al.
Duas extraordinárias novas espécies de dinossauros com chifre foram encontradas no Grand Staircase-Escalante National Monument, no Sul do estado de Utah. Os gigantes herbívoros eram habitantes do "continente perdido" chamado Laramidia, formado quando um mar raso inundou a região central da América do Norte, separando as partes oeste e leste do continente por milhões de anos durante o período Cretáceo Superior. Os recentemente descobertos dinossauros, parentes próximos do famosos Triceratops, foram anunciados no site de artigos científicos, PLoS ONE, uma biblioteca de ciências pública online, cujo acesso é gratuito. Para saber mais sobre os dois novos magníficos dinossauros, acesse o resto da postagem.
O estudo, custeado em grande parte pelo Bureau of Land Management and the National Science Fundation, foi conduzido por Scott Sampson e Mark Loewen do Museu de História Natural de Utah e do Departamento de Geologia e Geofísica, da Universidade de Utah. Entre os outros autores estão Andrew Farke, Eric Roberts, Joshua Smith, Catherine Forster e Alan Titus, sendo estes de diversas outras instituições. O maior dos dois ceratopsídeos, com um crânio de 2,3 metros de comprimento, é o Utahceratops gettyi.
A primeira parte do nome se refere ao estado de Utah, onde o fóssil foi achado. A segunda parte é
uma homenagem à Mike Getty, o curador da coleção de paleontologia do museu de Utah e descobridor do bicho. Portando, o nome significa Cara com chifres do estado de Utah de Getty ou talvez ainda possamos traduzir por Rosto chifrudo Utahense de Getty.
Além de um grande chifre sobre o focinho, o Utahceratops tinha chifres sobre os olhos, curtos e robustos, pontudos, porém não tão afiados, apontando para os lados, muito mais parecido com os chifres dos bisões atuais do que com o de seus parentes ceratopsianos. Um dos autores do artigo, Mark Loewen, fazendo uma analogia, disse que o Utahceratops é "um rinoceronte gigante com uma cabeça ridiculamente enorme."
A segunda espécie é chamada de Kosmoceratops richardsoni. No caso deste dino, o primeiro nome se refere à palavra Kosmos, provinda do Latim, que significa "enfeitado", "ornado" ou ainda "aquele que tem excesso de enfeites". A segunda parte do nome, ceratops, assim como no outro dinossauro, quer dizer "face com chifres". A segunda parte do nome é uma homenagem à Scott Richardson, um voluntário que descobriu dois crânios desse animal.
Scott Sampson disse que "o Kosmoceratops é um dos mais incríveis animais conhecidos,com um enorme crânio decorado com uma variedade de estruturas ósseas."Porém muita especulação tem surgido a respeito da função dos escudos e chifres dos ceratopsídeos, desde proteção ou arma contra predadores a enfeites para reconhecer membros da mesma espécie ou regulação da temperatura corporal.
A ideia mais aceita hoje é de que tais adornos serviam como atrativo sexual, para atrair o sexo oposto na época de reprodução. Sampson anda diz que "a maioria dessas características bizarras seriam armas ineficientes contra predadores. Serviriam muito mais como ferramentas de intimidação ou para duelar com rivais do mesmo sexo e espécie, assim como para atrair o sexo oposto."
Os dinossauros foram descobertos no Grand Staircase-Escalante National Monument (GSENM), que abrange 1,9 milhõs de acres no deserto do centro de Utah. Essa região inóspita faz parte do National Landscape Conservation System, administrado pelo Bureau of Land Management, foi a última maior área dentro dos 48 estados principais do país a ser mapeada pelos cartógrados. Hoje o GSENM é o maior monumento nacional nos Estados Unidos. Sampson ainda afirma que "o Grand Staircase-Escalante National Monument é agora um dos maiores cemitérios de dinossauros do país ainda não explorados intensamente."
Durante a maior parte do Cretáceo Superior, altos níveis da água do mar inundaram as áreas mais baixas de vários continentes no mundo. Na América do Norte, um quente e raso mar chamado de Mar interior do Oeste se extendia do Oceano Ártico até o Golfo do México, subdividindo o continente em duas áreas, a oeste e a leste, conhecidas como Laramidia e Appalachia respectivamente.
Apesar de sabermos pouco sobre as plantas e animais que viveram no subcontinente Appalachia, as rochas de Laramidia estão expostas no interior do Oeste da América do Norte, o que gerou uma abundância de restos de dinossauros. O Laramidia era menos que um terço do tamanho da América do Norte dos dias de hoje, tendo o tamanho aproximado da Austrália.
A maioria dos dinossauros que viveram no Laramidia estavam concentrados em uma faixa estreita de planícies, espremida entre o mar interno que ficava ao leste e as montanhas à Oeste. Hoje, graças à abundância do registro fóssil e mais que um século de escavações realizadas por paleontólogos, Laramidia é a massa de terra mais bem conhecida de toda a era dos dinossauros, com sítios de escavação distribuídos do Alaska ao México. O estado de Utah estava localizado na parte Sul da Laramidia, cujos fósseis são bem mais raros do que das regiões ao Norte. O mundo dos dinossauros foi muito mais quente que o de hoje. O Utahceratops e o Kosmoceratops viveram em um ambiente pantanoso subtropical a cerca de 100 quilômetros de distância do mar.
No começo da década de 1960 os paleontólogos começaram a notar que os mesmos grupos predominantes de dinossauros pareciam estar presentes em toda essa área de terra do Cretáceo Superior, mas diferentes espécies destes grupos ocorreram no norte e no sul. Essa descoberta de "provincialismo de dinossauros" foi intrigante, uma vez que os dinossauros tem enormes proporções corporais e seu continente é bem reduzido em extensão. Atualmente há só 5 mamíferos gigantes em todo o continente africano (do tamanho de Rinocerontes ao de Elefantes). Há 75 milhões de anos teve ter existido mais que uma dúzia de dinossauros gigantes vivendo em uma massa de terra cerca de um-quarto do tamanho da África.
Então Mark Loewen se pergunta, "como tantas variedades de animais gigantes puderam co-existir em um pedaço de terra tão reduzida?" Uma hipótese é a de que havia maior abundância de comida durante o Cretáceo. Outra sugestão é a de que os dinossauros não precisavam comer muito, talvez porque tinham taixas metabólicas menores, mais parecidas com a dos lagartos e crocodilos atuais do que dos mamíferos e aves. Independentemente de quais os fatores que permitiram a presença de tantos dinossauros, parece que os do norte eram isolados dos do sul, pois ao norte de Utah e Colorado parece ter havido uma barreira natural impedindo essa migração. As barreiras poderiam ser montanhas ou resultados do clima, que poderia criar diferentes comunidades de plantas no norte sendo que animais do sul talvez não fossem adaptados para comê-las. Mas não puderam testar tais hipóteses ainda porque havia uma falta de dinossauros da parte sul de Laramidia. Esses novos fósseis do GSENM estão agora completando as lacunas que faltavam.
Durante a década passada, equipes da Universidade de Utah e de várias outras instituições parceiras desenterraram um nova assembléia de fósseis (assembléia são fósseis amontoados num local) com pelo menos uma dúzia de dinossauros no GSENM. Além do Utahceratops e do Kosmoceratops, a coleção inclui uma variedade de outros herbívoros, entre hadrossauros, anquilossauros, paquicefalossauros, assim como carnívoros grandes e pequenos, variando do tamanho de pequenos raptores a tiranossaurídeos
bombados. Também foram encontrados fósseis de plantas, traços de insetos, moluscos, peixes, anfíbios, lagartos, tartarugas, crocodilos e mamíferos, oferecendo um vislumbre direto do ecossistema. O mais extraordinário de tudo isso é que todos os novos tipos de dinossauros encontradas na região acavam sendo novas para a ciência, oferecendo uma confirmação dramática da hipótese do provincialismo. Muitos destes animais estão ainda sendo estudados, mas dois já foram nomeados: o hadrossaurídeo gigante Gryposaurus monumentensis e o terópode maniraptor Hagryphus giganteus.
O Utahceratops e o Kosmoceratops são parte de uma recente "enxurrada" de descobertas de ceratopsídeos. Andrew Farke disse que "o ano passado foi excepcionalmente bom em descobertas de dinossauros ceratopsídeos, com diversas novas espécies sendo nomeadas. As novas criaturas de Utah são a cereja do bolo, pois já havíamos descoberto animais incríveis e agora estes vem mostrando anatomia ainda mais bizarra e tipicamente esperada para um grupo de animais conhcidos por seus crânios estranhos."
Claramente mais restos de dinossauros serão escavados no sul de Utah. "É um tempo excitante para ser paleontólogo," disse Sampson. "Com muitos novos dinossauros descobertos a cada ano, nós podemos estar muito certos de que uma variedade de surpresas ainda esperam por nós lá fora."
Pra quem quer conferir o artigo oficial publicado no PLoS ONE, basta clicar no link que está nas fontes, a seguir.
Fontes
O estudo, custeado em grande parte pelo Bureau of Land Management and the National Science Fundation, foi conduzido por Scott Sampson e Mark Loewen do Museu de História Natural de Utah e do Departamento de Geologia e Geofísica, da Universidade de Utah. Entre os outros autores estão Andrew Farke, Eric Roberts, Joshua Smith, Catherine Forster e Alan Titus, sendo estes de diversas outras instituições. O maior dos dois ceratopsídeos, com um crânio de 2,3 metros de comprimento, é o Utahceratops gettyi.
Utahceratops em vida
© Sergey Krasovskiy
© Sergey Krasovskiy
A primeira parte do nome se refere ao estado de Utah, onde o fóssil foi achado. A segunda parte é
uma homenagem à Mike Getty, o curador da coleção de paleontologia do museu de Utah e descobridor do bicho. Portando, o nome significa Cara com chifres do estado de Utah de Getty ou talvez ainda possamos traduzir por Rosto chifrudo Utahense de Getty.
Fósseis do crânio do Utahceratps
© Sampson et.al. Recontrução do crânio do Utahceratps
© Sampson et.al.
© Sampson et.al. Recontrução do crânio do Utahceratps
© Sampson et.al.
Além de um grande chifre sobre o focinho, o Utahceratops tinha chifres sobre os olhos, curtos e robustos, pontudos, porém não tão afiados, apontando para os lados, muito mais parecido com os chifres dos bisões atuais do que com o de seus parentes ceratopsianos. Um dos autores do artigo, Mark Loewen, fazendo uma analogia, disse que o Utahceratops é "um rinoceronte gigante com uma cabeça ridiculamente enorme."
A segunda espécie é chamada de Kosmoceratops richardsoni. No caso deste dino, o primeiro nome se refere à palavra Kosmos, provinda do Latim, que significa "enfeitado", "ornado" ou ainda "aquele que tem excesso de enfeites". A segunda parte do nome, ceratops, assim como no outro dinossauro, quer dizer "face com chifres". A segunda parte do nome é uma homenagem à Scott Richardson, um voluntário que descobriu dois crânios desse animal.
Crânios fósseis do Kosmoceratops
Reconstrução do crânio do Kosmoceratops
O Kosmoceratops também tem chifres sobre os olhos voltados mais para os lados, entretanto muito mais longos e pontudos que os do Utahceratops. Ao todo, o Kosmoceratops possui 15 chifres, um sobre o nariz, um sobre cada olho, um na ponta de cada bochecha e dez chifres cruzando seu escudo na margem superior, com as pontas curiosamente voltadas para baixo, o que faz desse dino o que a cabeça mais ornamentada de todos.Scott Sampson disse que "o Kosmoceratops é um dos mais incríveis animais conhecidos,com um enorme crânio decorado com uma variedade de estruturas ósseas."Porém muita especulação tem surgido a respeito da função dos escudos e chifres dos ceratopsídeos, desde proteção ou arma contra predadores a enfeites para reconhecer membros da mesma espécie ou regulação da temperatura corporal.
A ideia mais aceita hoje é de que tais adornos serviam como atrativo sexual, para atrair o sexo oposto na época de reprodução. Sampson anda diz que "a maioria dessas características bizarras seriam armas ineficientes contra predadores. Serviriam muito mais como ferramentas de intimidação ou para duelar com rivais do mesmo sexo e espécie, assim como para atrair o sexo oposto."
Os dinossauros foram descobertos no Grand Staircase-Escalante National Monument (GSENM), que abrange 1,9 milhõs de acres no deserto do centro de Utah. Essa região inóspita faz parte do National Landscape Conservation System, administrado pelo Bureau of Land Management, foi a última maior área dentro dos 48 estados principais do país a ser mapeada pelos cartógrados. Hoje o GSENM é o maior monumento nacional nos Estados Unidos. Sampson ainda afirma que "o Grand Staircase-Escalante National Monument é agora um dos maiores cemitérios de dinossauros do país ainda não explorados intensamente."
Durante a maior parte do Cretáceo Superior, altos níveis da água do mar inundaram as áreas mais baixas de vários continentes no mundo. Na América do Norte, um quente e raso mar chamado de Mar interior do Oeste se extendia do Oceano Ártico até o Golfo do México, subdividindo o continente em duas áreas, a oeste e a leste, conhecidas como Laramidia e Appalachia respectivamente.
Mapa da América do Norte no Cretáceo Superior
© Sampson et.al.
© Sampson et.al.
Apesar de sabermos pouco sobre as plantas e animais que viveram no subcontinente Appalachia, as rochas de Laramidia estão expostas no interior do Oeste da América do Norte, o que gerou uma abundância de restos de dinossauros. O Laramidia era menos que um terço do tamanho da América do Norte dos dias de hoje, tendo o tamanho aproximado da Austrália.
A maioria dos dinossauros que viveram no Laramidia estavam concentrados em uma faixa estreita de planícies, espremida entre o mar interno que ficava ao leste e as montanhas à Oeste. Hoje, graças à abundância do registro fóssil e mais que um século de escavações realizadas por paleontólogos, Laramidia é a massa de terra mais bem conhecida de toda a era dos dinossauros, com sítios de escavação distribuídos do Alaska ao México. O estado de Utah estava localizado na parte Sul da Laramidia, cujos fósseis são bem mais raros do que das regiões ao Norte. O mundo dos dinossauros foi muito mais quente que o de hoje. O Utahceratops e o Kosmoceratops viveram em um ambiente pantanoso subtropical a cerca de 100 quilômetros de distância do mar.
No começo da década de 1960 os paleontólogos começaram a notar que os mesmos grupos predominantes de dinossauros pareciam estar presentes em toda essa área de terra do Cretáceo Superior, mas diferentes espécies destes grupos ocorreram no norte e no sul. Essa descoberta de "provincialismo de dinossauros" foi intrigante, uma vez que os dinossauros tem enormes proporções corporais e seu continente é bem reduzido em extensão. Atualmente há só 5 mamíferos gigantes em todo o continente africano (do tamanho de Rinocerontes ao de Elefantes). Há 75 milhões de anos teve ter existido mais que uma dúzia de dinossauros gigantes vivendo em uma massa de terra cerca de um-quarto do tamanho da África.
Então Mark Loewen se pergunta, "como tantas variedades de animais gigantes puderam co-existir em um pedaço de terra tão reduzida?" Uma hipótese é a de que havia maior abundância de comida durante o Cretáceo. Outra sugestão é a de que os dinossauros não precisavam comer muito, talvez porque tinham taixas metabólicas menores, mais parecidas com a dos lagartos e crocodilos atuais do que dos mamíferos e aves. Independentemente de quais os fatores que permitiram a presença de tantos dinossauros, parece que os do norte eram isolados dos do sul, pois ao norte de Utah e Colorado parece ter havido uma barreira natural impedindo essa migração. As barreiras poderiam ser montanhas ou resultados do clima, que poderia criar diferentes comunidades de plantas no norte sendo que animais do sul talvez não fossem adaptados para comê-las. Mas não puderam testar tais hipóteses ainda porque havia uma falta de dinossauros da parte sul de Laramidia. Esses novos fósseis do GSENM estão agora completando as lacunas que faltavam.
Durante a década passada, equipes da Universidade de Utah e de várias outras instituições parceiras desenterraram um nova assembléia de fósseis (assembléia são fósseis amontoados num local) com pelo menos uma dúzia de dinossauros no GSENM. Além do Utahceratops e do Kosmoceratops, a coleção inclui uma variedade de outros herbívoros, entre hadrossauros, anquilossauros, paquicefalossauros, assim como carnívoros grandes e pequenos, variando do tamanho de pequenos raptores a tiranossaurídeos
bombados. Também foram encontrados fósseis de plantas, traços de insetos, moluscos, peixes, anfíbios, lagartos, tartarugas, crocodilos e mamíferos, oferecendo um vislumbre direto do ecossistema. O mais extraordinário de tudo isso é que todos os novos tipos de dinossauros encontradas na região acavam sendo novas para a ciência, oferecendo uma confirmação dramática da hipótese do provincialismo. Muitos destes animais estão ainda sendo estudados, mas dois já foram nomeados: o hadrossaurídeo gigante Gryposaurus monumentensis e o terópode maniraptor Hagryphus giganteus.
Distribuição de alguns ceratopsídeos nos locais do achado
© Sampson et.al.
© Sampson et.al.
O Utahceratops e o Kosmoceratops são parte de uma recente "enxurrada" de descobertas de ceratopsídeos. Andrew Farke disse que "o ano passado foi excepcionalmente bom em descobertas de dinossauros ceratopsídeos, com diversas novas espécies sendo nomeadas. As novas criaturas de Utah são a cereja do bolo, pois já havíamos descoberto animais incríveis e agora estes vem mostrando anatomia ainda mais bizarra e tipicamente esperada para um grupo de animais conhcidos por seus crânios estranhos."
Claramente mais restos de dinossauros serão escavados no sul de Utah. "É um tempo excitante para ser paleontólogo," disse Sampson. "Com muitos novos dinossauros descobertos a cada ano, nós podemos estar muito certos de que uma variedade de surpresas ainda esperam por nós lá fora."
Pra quem quer conferir o artigo oficial publicado no PLoS ONE, basta clicar no link que está nas fontes, a seguir.
Fontes
Leia mais: http://ikessauro.blogspot.com/2010/09/dois-novos-ceratopsianos-foram.html#ixzz13i831lAc
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