“IMPORTÂNCIA HISTÓRICA E POTENCIAL DIDÁTICO DA ORIGEM DAS
ESPÉCIES”
Marcus
Vinicius Cabral
Resumo – A teoria da evolução foi a principal revolução científica na
história da biologia e os seus impactos ainda produzem consequências. A ideia
de evolução estava no ar quando Charles Darwin publicou seu livro “A origem das
espécies” em 1859: um ano antes ele recebeu um artigo escrito por Alfred
Russell Wallace com ideias similares. Durante os anos que se seguiram à
publicação de “A origem das espécies” a maioria dos biólogos do mundo se
convenceu da veracidade da evolução das espécies. Isto mostra a competência de
Darwin como escritor e como cientista. A estrutura, a argumentação e o
principal objetivo do autor neste livro foram convencer o leitor sobre a
realidade da evolução dos seres vivos, apresentando evidências e fatos que
comprovassem a teoria.Neste artigo, é discutida a importância de “A origem das
espécies” na história da ciência. São também analisadas as possibilidades de
uso deste livro como uma ferramenta educacional para uma melhor aprendizagem da
ciência.
Abstract – The theory
of evolution was the main scientific revolution in the history of biology and
its impacts still produces consequences. The idea of evolution was in the air
when Charles Darwin published his book “On the origin of species” in 1859: one
year earlier he received a paper written by Alfred Russell Wallace with similar
ideas. During the years following the publication of “On the origin of
species”, most biologists of the world become converted to the evolution of
species. This shows the competence of Darwin
as a writer and as a scientist. The structure, the argumentation and the main
objective of the author in this book were to convince the reader about the
reality of the evolution of living beings, showing evidences and facts that
could support the theory. In this paper the importance of “On the origin of
species” in the history of science will be discussed. It is also analyzed the
possibilities of using this book as an educational tool to a better learning of
science.
1. INTRODUÇÃO
O livro “A origem das espécies” foi originalmente
publicado no ano de 1859 na Inglaterra por Charles Darwin (1809-1882). O autor
escreveu este livro já na sua fase intelectual madura muito tempo após – mais
de duas décadas – ter viajado por 5 anos (1831-1836) no navio de pesquisa
Beagle pelo mundo todo, inclusive pelo Brasil. Este perfil de Darwin como um
cientista “viajante” seguramente inspirou muitos jovens cientistas ao longo da
história e serviu de exemplo para muitos que queriam ao mesmo tempo aprender
uma nova disciplina e conhecer lugares, povos e culturas diferentes.
Darwin nasceu de uma família pertencente à elite social e intelectual de sua época. Seu pai, Robert Darwin (1766-1848), era médico, mas a maior influência familiar que teve foi de seu avô, Erasmus Darwin (1731-1802), que além de também ser médico, foi um inventor, um poeta e um investigador de espírito livre que por meio de seu livro “Zoonomia” antecipou muitas das ideias evolucionárias. A leitura deste livro deve ter provocado um grande impacto no jovem Darwin e suas ideias devem ter adquirido guarida na mente de Darwin de forma a amadurecerem e florescerem anos mais tarde. Darwin, influenciado pelo seu pai, estudou na universidade inicialmente medicina e posteriormente teologia, mas sua paixão pela história natural haveria de se manifestar durante a célebre viagem no HMS Beagle. Mesmo tendo tido esta experiência eclesiástica quando jovem, a morte de sua filha mais velha, Annie – quando ela era criança – contribuiu para que Darwin se tornasse cada vez mais convictamente agnóstico.
As primeiras formulações estruturadas da sua teria da evolução pela seleção natural ocorreram a Darwin em 1838. A contundência de suas conclusões se manifesta em seus célebres Cadernos de notas iniciados um ano antes; os dois exemplos a seguir demonstram bem isto: “A origem do homem foi demonstrada. A metafísica deve progredir. Aquele que compreender o babuíno contribuirá mais à Metafísica que Locke” e “O diabo, sob a forma de um babuíno é nosso ancestral”.
“A origem das espécies” é um livro que após cerca de um século e meio de seu lançamento continua sendo um divisor de águas na história da ciência e seu impacto na sociedade pode ser comparado com o trabalho realizado por Copérnico e por Galileu que lograram retirar a Terra do centro do universo. Darwin completou de certa forma o trabalho de ambos, retirando o homem do centro da história da vida na Terra! Se o antropocentrismo, na sua versão astronômica, foi derrubado por Copérnico e Galileu, na sua versão biológica foi derrubado por Darwin. Ou seja, de acordo com a evolução, a espécie humana é apenas mais uma dentre milhões de outras espécies, com uma adaptação bastante interessante (o cérebro bem desenvolvido), mas que, por exemplo, em certo sentido não pode ser considerada melhor adaptada à Terra do que as bactérias. Darwin de certa forma evidencia a nossa animalidade quando esclarece a nossa ancestralidade comum com os outros animais; ele procurou estudar e observar a natureza naquilo que poderia unificar toda a diversidade biológica existente sobre a Terra: desta forma (Mayr, 1998), ele seguiu a tradição de filósofos gregos como Tales, Anaximandro, Anaxímenes e Demócrito.
Até hoje o darwinismo continua provocando interpretações ideológicas equivocadas – haja visto o nazismo, o hiper-capitalismo selvagem e toda a sorte de tentativas de determinismos biológicos – e reações de incompreensão religiosas – como parece demonstrado pelo incômodo que provoca em algumas denominações religiosas. Thomas Kuhn (1975) em seu “A estrutura das revoluções científicas” já salientara a importância das quebras de paradigmas e das descontinuidades na história da ciência; seguramente o trabalho de Darwin pode ser encarado como a grande mudança de paradigma que ocorreu na história da biologia e ele mesmo tinha noção do caráter revolucionário de suas ideias: “quando as opiniões que expus nesta obra (...) forem geralmente aceitas pelos naturalistas, podemos prever que se produzirá na história natural uma importante revolução”. Muitos consideram a evolução a ideia científica mais importante de todo a história da ciência. Alguns livros de divulgação científica têm salientado a sua importância na história da ciência. Charles Wynn e Arthur Wiggins (2002) classificam a teoria da evolução como uma das cinco maiores ideias da ciência em todos os tempos. Na mesma linha, David Brody e Arnold Brody (1999) incluem a evolução como uma das sete maiores descobertas científicas da história.
Particularmente, o
último capítulo “Recapitulações e Conclusões” de “A origem das espécies” é
bastante elucidativo do estilo e dos objetivos de Darwin (2003) e desta forma
focaremos este capítulo com mais intensidade neste trabalho, sobretudo porque
em um trabalho pedagógico com estudantes é bastante razoável utilizar este
último capítulo como leitura por meio da qual os alunos poderão reconstruir a
teoria da evolução a partir das palavras escritas pelo próprio Darwin. Todos os
trechos de “A origem das espécies” citados neste trabalho foram retirados do
último capítulo deste livro.
“A origem das espécies” é um documento ao mesmo tempo
científico e de divulgação científica, ou seja, tem como objetivo explicar,
convencer e disseminar as ideias evolucionárias de Darwin. Seu nome original
foi “A origem das espécies por meio da seleção natural, ou a preservação das
raças favorecidas na luta pela vida”, posteriormente reduzido à parte inicial
deste título - em inglês “On the origin of species”. Neste presente trabalho
trabalharemos com a edição realizada pela Editora Hemus, com tradução de
Eduardo Fonseca.
A Academia Nacional de Ciências
dos Estados Unidos definiu a noção de alfabetização científica da seguinte
forma: “Alfabetização científica é o conhecimento e a compreensão dos conceitos
e processos científicos requeridos para a tomada de decisões pessoal, para a
participação em assuntos cívicos e culturais e para a produtividade econômica”.
Paralelamente, nos últimos anos no mundo todo vem crescendo a importância dada
à história da ciência no que diz respeito à estruturação de uma educação
científica efetiva e significativa nas escolas de educação básica em geral
(Solomon, 1992; Matthews, 1994). Particularmente, no que diz respeito às
possibilidades de mudanças conceituais em estudantes, a História da Ciência se
mostra como um terreno bastante fértil como é salientado por Jensen e Finley
(1995). Assim sendo, pode-se afirmar que a história da ciência constitui-se em
uma verdadeira “pedagogia da ciência” que permite tentar compreender como
outras gerações construíram o conhecimento científico acumulado até hoje. Usar
a história da ciência para iluminar o ensino de disciplinas científicas (Bizzo,
1991) é uma estratégia de ensino que vem se ampliado no mundo todo e, no
Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam explicitamente a
importância da História da Ciência na educação básica dos jovens.
Ítalo Calvino em seu livro “Por
que ler os clássicos” afirma: “Os clássicos são livros que exercem uma influência
particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas
dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual”.
Calvino está se referindo aqui aos clássicos da literatura universal.
Entretanto, o seu raciocínio vale também para alguma obras científicas
clássicas como “A origem das espécies” que provocam “incessantemente uma nuvem
de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe”
(Calvino, 1993). Assim sendo, é importante na formação científica dos cidadãos
também ler um pouco dos clássicos da ciência.
A versão integral em inglês do livro “A origem das espécies” encontra-se a disposição de quem desejar consultá-la na internet no sítio http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin/texts/origin1859/origin06.html. Isto demonstra que o acesso aos documentos originais está tornando-se cada vez mais fácil. Obviamente, aqui no Brasil há a dificuldade da língua, mas isto também ocorre para os livros – em papel – em geral: com o tempo, o acesso às traduções para o português dos textos originais com certeza será ampliado em nosso país.
Muitos autores têm sistematicamente salientado a importância do trabalho pedagógico com textos originais – ou seja, que foram escritos pelos próprios cientistas que estabeleceram novos paradigmas na ciência – em contraposição ao uso exclusivo dos manuais científicos e dos livros didáticos. Estes últimos, muitas vezes, de forma a simplificar um determinado conteúdo, acabam sacrificando a compreensão do contexto histórico no qual uma determinada idéia surgiu e a compreensão do processo real de construção de novas teorias por parte dos cientistas ao longo da história, processo este que quase sempre está longe da linearidade ingênua dos manuais. Nas palavras de Thomas Kuhn: “As coleções de ‘textos originais’ têm um papel limitado na educação científica. Igualmente, o estudante de ciência não é encorajado a ler os clássicos de história do seu campo - obras onde poderia encontrar outras maneiras de olhar as questões discutidas nos textos, mas onde também poderia encontrar problemas, conceitos e soluções padronizadas que a sua futura profissão há muito pôs de lado e substituiu”. (Kuhn, 1974). Compreender o contexto no qual uma idéia científica desenvolveu-se é uma necessidade se o objetivo for o de uma alfabetização científica efetiva: para isto, o contato direto com as fontes primárias – textos originais – é fundamental.
As obras de Darwin devido ao seu estilo claro de escrever são bastante acessíveis ao leitor mediano e podem desta forma ser indicadas como uma excelente introdução às suas ideias; particularmente salientamos aqui outros quatro livros de Darwin traduzidos para o português: “Viagem de um naturalista ao redor do mundo”, “A expressão das emoções no homem e nos animais”, “A origem do homem e a seleção sexual” e “Auto-biografia, 1809-1882”.
Darwin concebeu a sua teoria da evolução pela seleção e adaptação cerca de 20 anos antes da publicação de “A origem das espécies”, mas manteve-a “engavetada” temendo as reações da sociedade em geral às suas ideias – tinha como referência o impacto que as idéias heliocêntricas de Galileu Galilei e Giordano Bruno tinham causado mais de dois séculos antes – e também receando, segundo muitos historiadores, pela reação de sua própria esposa que era muito religiosa. Somente resolveu publicar seu trabalho quando recebeu em 1958 um artigo escrito por Alfred Russel Wallace (1823-1913) e que tinha ideias muito próximas às suas – se não publicasse sua teoria, isto poderia comprometer uma futura alegação de primazia sobre a teoria da evolução, pois na ciência a publicação de um trabalho, tornando públicas as suas ideias, costuma ser o critério decisivo de consagração científica. Com certeza Darwin conhecia a polêmica sobre a invenção ou descoberta do cálculo diferencial e integral envolvendo Leibniz e Newton: este último, assim como Darwin, não publicou imediatamente suas ideias sobre o cálculo e teve que lidar posteriormente com uma contenda aguda com Leibniz sobre quem dentre os dois teria criado a primeira versão do cálculo (Hellman, 1999).
A evolução é o eixo unificador de toda a biologia moderna, ou, como já foi mais de uma vez dito, a evolução é que transformou a biologia de uma “coleção de selos” em ciência no sentido estrito, articulando e contextualizando toda a imensa diversidade biológica existente na Terra.
Darwin
teve dois predecessores importantes: Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) e
Charles Lyell (1797-1875). À idéia de Lamarck de progressão como
aperfeiçoamento – a partir da transmissão dos caracteres adquiridos) – Darwin
propôs a idéia de descendência com modificação; entretanto esta constatação não
pode de maneira alguma desmerecer o papel justo de Lamarck de vanguardista das
idéias sobre a evolução biológica. Adicionalmente, é importante salientar que
outras formas de evolução, como a evolução cultural das sociedades em geral,
são na sua essência lamarckianas como argumenta Stephen Jay Gould (2001):
“Contudo, a mudança cultural, de maneira oposta e radical, é potencialmente
lamarckiana em seu mecanismo básico. Qualquer conhecimento cultural adquirido
em uma geração pode passar diretamente para a seguinte pelo que chamamos, uma
palavra muito nobre, educação”. Mesmo Darwin não pode rejeitar por completo as ideias de Lamarck, pois não conhecia ainda a genética, ciência que explica a
hereditariedade e a herança das características dos seres vivos e que só se
estabeleceria após a divulgação dos trabalhos de Gregor Mendel (1822-1884).
Darwin foi muito influenciado também pela proposta de Lyell (1997) de que a
superfície terrestre está se modificando vagarosamente devido a forças que
exerceram e ainda exercem uma ação constante e gradual ao longo do tempo. Ele
leu a principal obra de Lyell, Princípios de Geologia, durante a viagem no HMS
Beagle. A própria constatação de Darwin de que no alto da cordilheira dos Andes
existiam fósseis marinhos, levou-o a refletir que se a superfície terrestre
está em lenta transformação, o mesmo poderia acontecer com as formas de vida na
Terra. Em seu diário da viagem no HMS Beagle – “Viagem de um naturalista ao
redor do mundo” – Darwin afirma com convicção e ao mesmo tempo surpresa: “notei
que em Valparaíso encontram-se conchas semelhantes numa altitude de 3900
metros: quase não é possível duvidar-se de que essa grande elevação se tivesse
processado no decurso de pequenos soerguimentos sucessivos, como o que se
seguiu ou causou o terremoto deste ano, ao mesmo tempo que se operara pela
elevação lenta imperceptível que deve certamente estar-se processando em
algumas partes desta costa [do Chile]”.
2. ANÁLISE DO CAPÍTULO “CONCLUSÕES
E RECAPITULAÇÕES” DE “A ORIGEM DAS ESPÉCIES”
O principal objetivo
de Darwin nas conclusões de “A origem das espécies” é ressaltar os argumentos
favoráveis e destruir aqueles desfavoráveis às suas teses. Didaticamente, ele
faz o papel de promotor contra as suas próprias idéias, para poder
contra-argumentar livremente: “Em primeiro lugar, nada me parece mais difícil
do que acreditar no aperfeiçoamento dos órgãos e dos mais complicados
instintos, não por artifícios superiores, embora semelhantes à razão humana,
mas por acumulação de inúmeras e pequenas variações, todas vantajosas ao seu
possuidor humano.” Mas é ao leitor comum, com os conceitos e preconceitos da
época, que Darwin deve convencer e ele o faz de forma bem articulada. Para isso
ele se posiciona no papel do leitor e do seu “bom senso”. A propósito, Einstein
posteriormente disse de forma irônica: “bom senso é o conjunto de todos os
preconceitos que adquirimos durante nossos primeiros dezoito anos de vida”; na
ciência, o senso comum é algo que deve ser visto com cuidado. Mas se Darwin
evidencia os argumentos contrários, é para neutralizá-los na resposta à
indagação anterior: “esta dificuldade, ainda que parecendo insuportável à nossa
imaginação, não poderia ser considerada válida se se admitirem as seguintes
proposições: todas as partes do organismo e todos os instintos oferecem pelo menos
diferenças individuais; a luta constante pela sobrevivência determina a
conservação dos desvios de estrutura ou de instinto que podem ser vantajosos;
e, finalmente, gradações no estado de perfeição de cada órgão, todas boas por
si mesmas, podem ter existido. Não creio que se possa fazer objeção à verdade
destas proposições”. Percebe-se que todo o raciocínio lógico é utilizado de
forma a servir à argumentação principal do autor e sustentar da melhor forma a
sua hipótese de trabalho. As tentativas de atacar a si mesmo que permeiam todo
o texto, demonstram que seus interlocutores preferenciais são aqueles que ou
ainda não estavam convencidos ou que não conheciam a teoria da evolução; quando
Darwin afirma que “há, deve reconhecer-se, casos particulares difíceis que
parecem contrários à teoria da seleção natural” ele está tentando estabelecer
um diálogo com este tipo de interlocutor, ou seja, a empatia proposta é para
com aqueles que ainda não estão convencidos a respeito da evolução.
Darwin evidencia a questão da cronologia das eras
terrestres como fundamental para a hipótese da evolução em contraposição à
visão estática das sagradas escrituras: “A crença na imutabilidade das espécies
era quase inevitável, tanto que se não atribuía à história da Terra senão uma
duração muito curta e agora que adquirimos algumas noções do intervalo
decorrido, admitimos prontamente e sem provas, que os documentos geológicos são
bastante eficientes para nos fornecer a demonstração evidente da mutação das
espécies, se essa mutação realmente se realizou”. Aproximando-se de seu leitor,
Darwin expõe, em seguida, a grandiosidade da quantia de um milhão de anos,
incomensurável ainda hoje para muitas pessoas: “O espírito não pode conceber
toda a significação deste termo: um milhão de anos, nem saberia, com
efeito, adicionar nem perceber os efeitos completos de muitas variações
pequenas, acumuladas durante um número quase infinito de gerações”.
Um obstáculo à teoria de Darwin (Hellman, 1999) era a
previsão feita em 1846 pelo físico William Thompson – que mais tarde foi
elevado à nobreza com o título de Lorde Kelvin – de que a idade da Terra, a
partir de cálculos termodinâmicos sobre o seu resfriamento ao longo dos tempos,
seria de cerca de 100 milhões de anos, um tempo muito exíguo para a ação da
evolução. Darwin corretamente aposta na precariedade científica desta previsão:
“Quanto à objeção levantada por sir William Thompson, uma das mais sérias de
todas (...) muitos cientistas estão dispostos a admitir que não temos
conhecimento suficiente da constituição do universo e do interior da Terra para
raciocinar com precisão sobre sua idade”. Foi somente a descoberta da
radioatividade no final do século XIX que permitiu corrigir o erro de Thompson
e estimar a idade da Terra como sendo de cerca de 4,6 bilhões de anos.
Darwin aposta corretamente no desenvolvimento da
paleontologia e da astronomia, que se realizou com grande intensidade no século
XX. Ele prevê também o desenvolvimento da genética - “Um vasto campo de estudos
e apenas trilhado será aberto sobre as causas e as leis da variabilidade” – e
da geologia - “no decurso imenso de épocas remotas houve grandes emigrações nas
diversas partes da Terra, devidas a numerosas alterações climatéricas e
geológicas”. Mesmo sem conhecer os mecanismos genéticos pelos quais a
hereditariedade atua, Darwin esperava que o tempo desse conta disto e chegou a
argumentar, por analogia, que o próprio Newton – que postulara a Lei da
Gravitação Universal – não podia mostrar realmente o que era a gravidade.
Darwin é um otimista diante do desenvolvimento
científico: “Entrevejo, num futuro remoto, caminhos abertos a pesquisas muito
mais importantes ainda”. Percebe-se entretanto que, na tentativa de convencer o
leitor, a visão apresentada acerca da seleção natural adquire um ar
“finalista”: “Como a seleção natural atua apenas para o bem de cada indivíduo,
todas as qualidades corporais e intelectuais devem tender a progredir para a
perfeição”. A retórica e a oratória do autor – com o objetivo de convencer o
leitor – imprimem ao seu texto a tão polêmica idéia de progresso que estaria
subjacente à noção de evolução de acordo com um raciocínio teleológico bastante
atraente: “acreditar que existe um propósito em toda a atividade evolutiva,
como se toda a criação estivesse lutando para atingir uma perfeição” (Fortey,
2000). Deve se ter um grande cuidado com este tipo de pensamento comum sobre a
evolução, pois ela “não tem finalidade, não é progressiva e é materialista”
(Gould, 1992).
Percebendo bem os
pontos de sua teoria que seriam postos a prova pelos críticos, Darwin resolve
refutá-los em sua linha de argumentação salientando a sutileza de suas idéias e
ao mesmo tempo a exigüidade das evidências experimentais na época. O estilo de
argumentação ao longo de todo o texto é guiado pelo princípio da refutabilidade
defendido por Karl Popper, segundo o qual qualquer hipótese que tenha a
pretensão de ser científica tem que ser potencialmente refutável em termos
experimentais. Este é o caso da polêmica questão das “gradações” existentes entre
as diferentes espécies. Darwin apresenta o problema e contra-argumenta,
apresentando casos específicos que têm uma explicação mais complexa: “porém,
notamos na natureza gradações tão esquisitas, que devemos ser muito
compreensivos antes de afirmar que um órgão, ou um instinto, ou mesmo toda a
conformação não atingiria o seu estado atual percorrendo um grande número de
fases intermediárias. Há, deve reconhecer-se, casos particulares difíceis que
parecem contrários à teoria da seleção natural; um dos mais curiosos é, sem
dúvida, a existência, no mesmo formigueiro, de duas ou três castas definidas de
obreiras ou fêmeas estéreis. Tentei fazer compreender como se chega a explicar
este gênero de dificuldades”. Em um outro trecho ele retoma a questão: “Por que
é que as nossas coleções de fósseis nos não fornecem a prova evidente da
gradação e das mutações das formas viventes?” Darwin responde com as limitações
científicas de então: “não se explorou geologicamente mais que uma minúscula
parte da Terra” e “não temos conhecimento suficiente da constituição do
universo e do interior da Terra para raciocinar com precisão sobre a sua
idade.” Sobre as possíveis evidências experimentais da evolução, Darwin aposta
no futuro, acertadamente, como viria a ser confirmado no último século e meio
de pesquisas: “Só responderei a estas questões e contornarei estas
dificuldades, supondo que os arquivos geológicos sejam bem mais incompletos do
que geralmente o admitem os geólogos”.
Até mesmo os títulos de alguns capítulos de “A origem
das espécies” evidenciam a importância de refutar os argumentos e as possíveis
evidências contrárias à evolução: “Insuficiências dos documentos geológicos”,
“Dificuldades surgidas contra a hipótese de descendência com modificações” e
“Contestações diversas feitas à teoria da seleção natural”.
Um outro critério que define a argumentação de Darwin
é o da simplicidade das explicações, também conhecido como “navalha de Occam”
(Hyman, 1973), devido ao monge franciscano William de Ockham (1285-1349),
segundo o qual a pluralidade de explicações ou de causas não deve ser colocada
sem necessidade ("Pluralitas non est ponenda sine neccesitate").
Darwin usando desta navalha argumenta: “Muitos cientistas afirmaram que é tão
fácil acreditar na criação de centenas de milhões de seres como na criação de
um só; porém em virtude do axioma filosófico de a menor ação, por
Malpertuis, o espírito é levado mais voluntariamente a aceitar o menor número,
e não podemos certamente crer que uma quantidade inúmera de formas da mesma classe
tenha sido criada com os sinais evidentes, mas ilusórios, da sua descendência
de um mesmo antepassado”. Ou seja, Deus não poderia ser um grande “enganador”.
As ideias de Thomas Malthus e de Adam Smith e o
linguajar tipicamente econômico aparecem claramente em muitas partes do texto:
“a luta pela sobrevivência é uma consequência inevitável da multiplicação
geométrica de todos os seres organizados”; “de modo a poderem apoderar-se do
maior número de lugares diferentes na economia da natureza”; “como a seleção
natural atua em meio à concorrência”; “[as espécies] sejam vencidas e
substituídas por produtos vindos de outras regiões.” O contexto em que Darwin
viveu, com a Inglaterra – e sua visão hegemônica de mundo – em grande expansão,
seguramente está fortemente relacionado à linha de argumentação adotada em suas
exposições.
O diálogo que Darwin trava em seu livro se dá muitas
vezes também com os velhos naturalistas de sua época, mas a esperança está
sempre dirigida à nova geração de pesquisadores: “Alguns naturalistas dotados
de inteligência aberta e disposta a pôr em dúvida a imutabilidade das espécies
podem ser influenciados pelo conteúdo deste volume, porém tenho mais confiança
no futuro dos novos naturalistas, que poderão estudar imparcialmente as duas facetas
da questão”. Ele parece assim seguir a risca o dito popular de que uma idéia só
morre quando morre a geração de homens que a defendia. Darwin utiliza-se das
evidências experimentais colecionadas ao longo da sua vida, mas sempre
cuidadosamente, pois nas suas palavras “a analogia pode ser um guia enganador”.
Os exemplos dados são sempre instigantes, convincentes e plenos de detalhes: “A
disposição semelhante nos ossos na mão humana, na asa do morcego, na barbatana
do golfinho e na perna do cavalo; o mesmo número de vértebras no pescoço da
girafa e no do elefante; todos estes fatos e um sem-número de outros
semelhantes explicam-se facilmente pela teoria da descendência com modificações
contínuas, lentas e ligeiras”.
Darwin
mesmo se pergunta simulando indignação: “Até onde, poderão perguntar-me, levais
vós a vossa doutrina da modificação das espécies?” Após vários argumentos, ele
chega à conclusão contrária obviamente a “velha crença na criação das espécies
através do barro”: “devemos admitir também que todos os seres organizados que
vivem ou que viveram na Terra podem originar-se de uma só forma original”. Todos nós, seres vivos terrestres,
descendemos de uma forma original só: eis aqui uma das mais fortes conclusões
do darwinismo e de sua concepção de mundo! E também a fonte da reação às suas ideias por parte de muitos grupos religiosos. Como evidências experimentais
desta ancestralidade única, Darwin argumenta que “todas as formas de vida
apresentam muitos caracteres comuns: a composição química, a estrutura celular,
as leis do crescimento e a faculdade que têm de ser prejudicadas por
determinadas influências nocivas”. Em seu outro livro, “A expressão das emoções
no homem e nos animais” Darwin argumenta no mesmo sentido de uma ancestralidade
única, mas desta vez referindo-se explicitamente ao ser humano: “Vimos que o
estudo da teoria das expressões confirma até certo ponto a conclusão de que o
homem descende de alguma forma animal inferior, e reforça a crença na unidade
específica ou subespecífica das inúmeras raças”.
Newton é o modelo de
cientista com o qual Darwin se identifica na luta contra a Igreja: “a maior
descoberta que o homem efetuou, a lei da atração universal, foi também atacada
por Leibniz como subversiva da religião natural, e nestas condições da religião
revelada”. Inclusive nos desafios postos pelo senso comum e pelos objeções de
todo tipo, Darwin cita Newton para se defender: “Ninguém hoje, contudo, se
recusa a admitir todas as conseqüências que ressaltam de um elemento
desconhecido, a atração, embora Leibniz tivesse outrora censurado Newton de ter
introduzido na ciência ‘propriedades ocultas e milagres’”. Mas a mensagem é
também de conciliação religiosa: “Não vejo razão nenhuma para que as opiniões
expostas neste volume firam o sentimento religioso de quem quer que seja (...)
Um famoso eclesiástico escrevia-me um dia, que acabara por compreender que
acreditar na criação de algumas formas capazes de se desenvolver por si mesmas
em outras formas necessárias, é ter uma concepção bem mais elevada de Deus, do
que acreditar que houvesse necessidade de novos atos de criação para preencher
as lacunas causadas pela ação das leis estatuídas”. O final de seu livro, a
este respeito, também é diplomático: “Não há uma verdadeira grandeza nesta
forma de considerar a vida, com os seus poderes diversos atribuídos
primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só?
Ora, enquanto o nosso planeta, obedecendo à lei fixa da gravitação, continua a
girar na sua órbita, uma quantidade infinita de belas e admiráveis formas,
originadas de um começo tão simples, não cessou de se desenvolver e
desenvolve-se ainda!”
A cautela de Darwin em publicar “A origem das
espécies” se deve ao impacto de suas conclusões evolucionárias sobre o edifício
explicativo da natureza construído ao longo dos séculos pela Igreja. Por outro
lado estas mesmas conclusões evolucionárias também foram (e ainda o são)
interpretadas por muitos de forma a servir de legitimação para o sistema
econômico capitalista ou mesmo para ideologias de extrema-direita. Existiram
também tentativas de interpretação política das idéias darwinistas sob o ponto
de vista de outras tendências políticas; Engels, por exemplo, na tentativa de
legitimar cientificamente o marxismo, argumentou por analogia que assim como
Darwin havia descoberto a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx
descobrira a lei do desenvolvimento da história humana: a história humana,
assim como a história natural, teria uma explicação científica! É conhecido, a
propósito, o fato de que Marx desejou dedicar “O Capital” a Darwin. Bernard Cohen (1985) também
relaciona o trabalho de Darwin ao de Marx: “We shall see that Karl Marx even
foresaw an evolutionary history of technology or invention, in which Darwinian
concepts introduced for animal organs would be used in analyzing the
development of human tools”.
Darwin não foi o primeiro a ter ideias
evolutivas sobre a vida na Terra, como argumenta Stephen Jay Gould (1989):
“Sabemos que a singularidade de Darwin não reside no seu apoio à ideia de
evolução - inúmeros cientistas o precederam nesse aspecto”. O impacto de “A
Origem das espécies” se deve em primeiro lugar ao detalhamento experimental dos
dados científicos expostos por Darwin para fundamentar as suas teses – com o
recebimento em 1864 da medalha Copley, a mais alta comenda científica da época,
seguiu-se o reconhecimento quase unânime do mundo científico. A aceitação
científica rápida de sua teoria esteve obviamente relacionada ao clima fértil
social, política e economicamente para que tais ideias vicejassem, tanto na
sociedade em geral, quanto conseqüentemente na mente das pessoas.
3. CONCLUSÕES
A extensão da obra,
a variedade de exemplos, o estilo da escrita e o vigor dos argumentos nos
mostram que “A origem das espécies” fui cuidadosamente elaborada por Darwin que
sabia bem o impacto social das hipóteses subjacentes. Michael Rose (2000) ressalta o estilo didático de
Darwin: “A Origem tornou-se um marco histórico: um livro que
revolucionou um grande campo científico, mas que os leigos inteligentes podem
ler com proveito. A Origem é notável porque expõe diretamente a
estrutura de suas teses, e também pelo fato de que os pretensos adversários
destas são despachados com refutações substantivas”.
A dificuldade em aceitar a evolução por parte de
muitos seguramente não se deve à sua complexidade já que a base da evolução por
meio da seleção natural é lógica e simples, baseando-se em duas premissas e uma
conclusão (Gould, 1992): 1a premissa – os organismos variam e estas
variações são herdadas pelos seus descendentes; 2a premissa – os
organismos produzem uma quantidade de descendentes maior do que a quantidade de
organismos que realmente pode sobreviver; conclusão – na média, os descendentes
que herdaram variações que favorecem sua sobrevivência no meio ambiente em
questão, sobreviverão por um maior tempo e se propagarão com maior intensidade.
Em resumo: a seleção natural é o mecanismo básico que permite que a evolução de
fato ocorra. Desta forma a teoria da evolução não é simplesmente uma teria do
“acaso”, um mito acalentado sobretudo pelos seus críticos (Dawkins, 2001).
Aproximadamente 12 anos após o lançamento de “A origem
das espécies”, Darwin publica em 1871 o seu livro “A origem do homem e a
seleção sexual” abordando o “espinhoso” tema da aplicação da teoria da evolução
para a nossa própria espécie humana e antecipando fatos sobre nossos ancestrais
pré-humanos que só seriam comprovados no século XX. No final deste livro, mais
particularmente no seu antepenúltimo parágrafo, Darwin cita seu primo Galton
para sustentar ideias bastante próximas das propostas eugênicas (BIZZO, 1987):
“Deveria abster-se de casar todo aquele que não tiver como sustentar os filhos,
deixando-lhes um legado de abjeta pobreza (...) se o prudente evita casar-se,
enquanto que o imprudente se casa, os elementos inferiores da sociedade
tenderão a suplantar seus melhores representantes (...) A competição entre os
homens deve ser aberta, não se justificando impedir os mais capazes, por meio
de leis ou de costumes, de serem mais bem sucedidos em deixar um maior número
de descendentes” (DARWIN, 2004). Ideias como estas, ao serem radicalizadas,
serviram de legitimação ideológica pelas classes dominantes na sua época e
posteriormente: a ideologia de que a seleção natural seria um modelo para a
organização social – o darwinismo social e o hipercapitalismo – se
disseminaria, infelizmente, ao longo do século XX pelo mundo afora. O nazismo
bebeu também nesta fonte: basta lembrar que ao chegar ao poder, uma das
primeiras decisões dos nazistas foi a de proibir casamento entre judeus e
não-judeus. A propósito, o capítulo quatro de “A origem das espécies”
denominado por Darwin “A seleção natural ou a perseverança do mais capaz”
contém a afirmação básica – um “mantra” tantas vezes repetido – que
potencializou interpretações reducionistas quando foi aplicado às sociedades
humanas.
“A origem das
espécies” e todas as suas interpretações posteriores – equivocadas ou não –
provocaram uma explosão de discussões e debates sobre a evolução demonstrando a
característica revolucionária da hipótese darwinista de evolução pelo mecanismo
da seleção natural. O fato de que até hoje estas discussões se mantém nos
mostra a vitalidade e a força das idéias contidas neste livro. Bernard Cohen (1985) em seu livro
“Revolution in science” afirma: “The darwinian revolution was probably the most
significant revolution that ever occurred in the sciences, because its effects
and influences were significant in many different areas of thought and belief”.
Uma piada famosa evidencia bem o impacto da teoria da evolução no
pensamento de muitas pessoas. Consta que, uma senhora inglesa do século XIX, ao
dar-se conta das conseqüências da teoria da evolução teria afirmado ao seu
marido: “Querido, vamos torcer para que as coisas que o senhor Darwin diz não
sejam verdadeiras. Mas, se forem, vamos esperar que não caiam na boca do povo”
(Zimmer, 2004). Não é sem espanto que o ensino da teoria da evolução foi, no
passado, criminalizado em alguns estados dos EUA, coincidentemente nos estados
de perfil mais religioso. Até hoje as críticas à evolução são provenientes
especialmente de grupos fundamentalistas da maioria das religiões (Foley,
2003). Ensiná-la, como previu a senhora da piada, tornou-se de certa forma, um
ato de subversão, neste contexto.
A teoria de Darwin é a sua maneira uma perigosa ideia como sustenta Daniel Dennett (1999): “Quase ninguém é indiferente a Darwin, e nem deveria ser. A teoria darwiniana é uma teoria científica, e excelente, mas não é só isso. Os criacionistas que se opõe a ela tão acirradamente estão certos em um ponto: a perigosa ideia de Darwin vai muito mais fundo na estrutura de nossas crenças fundamentais do que muitos dos seus sofisticados apologistas já admitiram, mesmo para si próprios”. Assim sendo, Darwin até hoje causa em seus leitores as mais variadas reações e interpretações. Suas idéias evolucionárias enfrentam e enfrentaram ao mesmo tempo concepções espontâneas – como as lamarckistas –, contraposições religiosas – como as criacionistas – e distorções políticas – como as doutrinas fascistas. Para melhor fundamentar este embate, é necessário, desde cedo na educação básica das crianças e dos jovens, trabalhar o conceito de evolução como uma das ideias forças da ciência moderna de modo a formar cidadãos realmente alfabetizados cientificamente. Em termos didáticos, seus livros, e particularmente “A origem das espécies”, se configuram como excelente ferramenta pedagógica para o ensino da teoria da evolução, visto que podem esclarecer as ideias básicas desta teoria e ao mesmo tempo atingir e discutir algumas concepções equivocadas acerca do tema.
BIBLIOGRAFIA
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Theodore Dobzhansky
(geneticista): “Nada na biologia faz sentido a não ser sob a luz da evolução”
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