BIOLOGIA DAS AVES
Introdução
Bicos das aves e a alimentação
Asas e pés das aves
Como são e para que servem as penas das aves?
Como as aves voam?
Como se reproduzem e como são os ninhos?
Como as aves cantam?
|
|
As aves pertencem ao grande grupo dos animais vertebrados que
evoluíram a partir dos répteis e reúnem as seguintes
características:
- são dotados de bicos (não possuem dentes)
- o corpo é coberto por penas que são adaptações para o vôo
-
Apóiam-se em duas patas (são bípedes)
-
Possuem ossos e sacos pneumáticos (corpo leve)
- Possuem metabolismo elevado e geram calor (endotérmicas)
-
Regulam a temperatura do corpo (homeotérmicas)
- Os
filhotes nascem de ovos com casca dura (ovíparos).
|
|
Veja ao lado as partes do corpo de
uma ave, tendo como exemplo, o quero-quero.
Apesar de todas as aves
compartilharem características comuns entre si são
muito variadas quanto ao tamanho, forma, comportamento e locais
onde vivem.
Assim temos aves minúsculas como os beija-flores e
enormes como as avestruzes. Aves que voam e não voam. Aves que
cantam e não cantam.
|
Quantas espécies de aves
existem?
Ao todo, já foram
identificadas em torno de 9.000 espécies diferentes. A diversidade das aves está
intimamente relacionada com o ambiente onde vivem. Há
espécies amplamente distribuídas no planeta assim como as que vivem
restritas em determinados ambientes. A
classificação das aves varia conforme os autores. Segundo a
classificação cientificamente mais aceita (a
de Sibley-Ahlquist) há 146 famílias e 23 ordens de aves
conhecidas.
|
|
Como
são e para que servem as penas das aves?
Como
as aves voam?
Como
se reproduzem e como são os ninhos?
Como as aves cantam?
As partes e os tipos de penas
|
|
Sem as penas, a ave não pode voar.
As penas são consideradas obras-primas de engenharia: resistente,
flexível, reparável e belo. A quantidade total de penas das
diferentes aves varia bastante. Ainda que reparáveis estão
sujeitas a desgastes e as aves trocam as penas uma vez por ano.
Uma pena possui as seguintes
estruturas:
Câlamo: é a parte do tubo transparente
que fica mergulhado dentro da pele.
Raque: é a continuação do câlamo
que fica para fora da pele
Barbas: ramificações
que saem da raque dos dois lados formando o vexilo
Barbelas: ramificação da
barba.
As penas cobrem o corpo
variam e possuem um nome e função próprias:
Tetrizes
(penas de contorno): são pequenas e cobrem o corpo da ave,
fazendo com que fique mais fácil de voar.
Plúmulas:
ficam por baixo das penas de contorno. Formam uma camada de ar
que funciona como se fosse um agasalho conservando o calor do
corpo.
Penas de vôo:
são longas e muito resistentes. As da cauda são chamadas de
rectrizes
e
da asa,
rêmiges.
Filoplumas
e
cerdas:
são penas modificadas. As cerdas são comuns ao redor dos olhos e
da boca e funcionam como se fossem órgãos do tato.
|
|
|
Clique aqui
e veja a bela ilustração sobre a variedade de penas.
Você sabia que as penas
das aves equivalem às escamas dos répteis e dos peixes e
os pelos dos mamíferos? É isso mesmo: escamas, penas e
pelos são
estruturas da pele formadas de proteínas fibrosas
chamadas queratina. Podemos dizer que são as
roupagens naturais.
|
Propriedades das penas
|
As aves já nascem com
penas, quase pelados ou poucas penas. Aos poucos as penas vão
cobrindo o corpo e quando deixam o ninho, ficam
totalmente empenados. Note as diferentes etapas do
crescimento e mudança de plumagem de uma gaivota.
Depois de adultos as aves fazem
mudas para substituir penas desgastadas por novas.
Depois de adquirirem as penas de
adulto, na época de reprodução, os machos de muitas espécies
ficam muito diferentes das fêmeas. Por outro lado, em outras
espécies, a plumagem de ambos
os sexos são tão parecidas que é difícil saber quem é macho e
quem é fêmea.Veja:
|
Casal de choca-barrada (a esquerda a fêmea)
Casal de
periquitão-maracanã
|
|
As penas não
servem apenas para cobrir o corpo e facilitar o
vôo. As penas retém ar e proporciona um
acolchoado que conserva o calor do
corpo da ave. Além disso, proporcionam a
defesa
anti-predatória:
quando a ave está em repouso e imóvel,
as cores das penas confundem-se com o meio
ambiente, ficando o corpo camuflado e invisível aos
predadores.
Você consegue
identificar o urutau oculto, na
fotografia ao lado?
|
As penas são importantes
elementos da comunicação
entre os indivíduos da mesma espécie. Quando a época de
acasalamento chega, os machos de várias espécies trocam
as penas adquirindo penas nupciais que os tornam
exuberantes.
Quando a muda se completa, o macho toma as iniciativas,
exibindo-se para as fêmeas, dançando, vocalizando e
mostrando todos os atributos para elas, na esperança de
ser escolhido para o acasalamento. E as fêmeas? Elas não
ficam chamativas como os machos; apenas observam e
escolhem o macho que será o pai de sua prole.
Assista ao cortejo de
espécies de ave-do-paraíso. Note como a forma e a cor
das penas proporcionam efeitos impressionantes.
|
Assista a um vídeo
sobre o ritual de acasalamento da
ave-do-paraiso-de-doze-fios da Nova Guine. O
exagero da sua plumagem e o modo como ele
corteja a fêmea torna-o inconfundível, ou seja,
assegura que ela tenha certeza que é o parceiro
sexual da mesma espécie.
Note a diferença
entre os sexos quanto ao padrão das penas.
|
Os seres humanos também
ficam fascinados pela exuberância das penas.
Tradicionalmente são utilizados por várias culturas como
adornos estéticos ou indicação de posição social (várias
culturas aborígenes).
|
Como as penas das aves
ficam coloridas?
|
São basicamente devido a dois processos.
a) Por causa de
pigmentos com propriedades de interagir com a luz.
As galinhas de uma granja
são branquinhas e os urubus, totalmente negros. As penas
brancas são por causa da falta de uma substância chamadas
melanina e no caso das penas negras é devido à
uma grande quantidade. Conforme a
quantidade de melanina, as cores ficam intermediárias
como cinza e marrom. Mas e as penas coloridas e
brilhantes? Nesse caso, há outros tipos de pigmentos que
refletem parte da luz incidente: a cor amarela, abóbora e vermelha
é por causa de pigmentos chamados carotenóides.
Essas substâncias são obtidas pelas aves através da
alimentação. Outras cores
como marrom e vermelho, se deve a um outro grupo de
substâncias chamadas porfirinas que são
naturalmente de cor púrpura.
|
b) Por causa de
propriedades estruturais das penas
As cores
brilhantes e iridescentes dos beija-flores e do
pavão resultam de como a luz reflete sobre
penas especiais. Nessas penas, há cristais
muitíssimos pequenos (só dá para ver em
microscópios especiais) que funcionam como se
fossem milhares de prismas refletindo a luz. A
bolha de sabão e as penas dos beija flores
produzem efeitos de reflexão de luz semelhantes
e que tanto admiramos. O efeito
estrutural pode ser combinado com a presença de
pigmentos específicos.
Bom, o que você
acha se um beija-flor for observado à sombra,
com pouca luz? Será que observamos o mesmo
efeito??
Experimente:
faça bolhas de sabão ao sol e à sombra.
|
|
|
Bicos
das aves e a alimentação
|
|
|
Como é o bico ?
O bico das aves é
formado de duas partes: a mandíbula superior e mandíbula inferior. A forma
do bico varia muito em função do hábito alimentar ou seja,
depende do que
uma ave se alimenta.
Também no bico
situa-se o par de narinas por onde o ar entra e sai durante a
respiração.
|
Diversidade e adaptação dos
Bicos
|
Todo mundo sabe que os mamíferos possuem
dentes e usam-nos para triturarem o alimento antes de
engolir, não é verdade? A sua mãe já deve ter recomendado várias vezes:
filho, mastigue bem a comida antes de engolir! Mas as aves são banguelas, ou
seja, não possuem dentes e engolem o alimento sem mastigar!
E como as aves que comem grãos e sementes resolvem o problema?
É fácil: possuem uma
solução alternativa aos dentes, ou seja, um órgão muscular
triturador chamado moela que fica antes do estômago. Na moela, os
grãos são quebrados em pedacinhos menores para facilitar a digestão
química.
Já as aves que comem alimentos macios como carne, polpas de frutas, néctar, etc., não precisam de moela.
As aves são carnívoras (comedoras
de outros
animais), herbívoras (comedoras de plantas) ou onívoras
(comem as duas coisas). E para cada tipo de alimento, um tipo de bico.
Os bicos são práticos: desgastam com o uso mas são renovadas durante
toda a vida! Veja a diversidade de bicos de diferentes aves.
|
|
|
Tipo de bico
|
O que come?
|
|
O bico longo funciona como uma
pinça para capturar pequenas presas e furar frutas maduras.
É assim que o bem-te-vi alimenta-se de uma dieta onívora.
|
|
As aves que se alimentam de
sementes ou grãos duros, usam a força do bico na sua base,
como faz esse colerinho para quebrar a casca. As aves que se alimentam de
sementes possuem bicos cônicos.
|
|
A
viuvinha é uma ave tipicamente insetívora. Ela fica
empoleirada num ponto bem alto de uma árvore, espera e observa a
aproximação dos insetos e captura-os em pleno vôo.
|
|
As aves que se alimentam de carne
possuem bicos fortes e em forma de gancho para cortar e rasgar
como o
gavião carijó que se alimenta-se de pequenos
verterados.
O urubú-de-cabeça-preta
possui o mesmo padrão de bico porém mais longo. Ele não caça mas
se alimenta da carcaça de outros
animais.
|
|
|
As aves que se alimentam do néctar
das flores como o beija-flor possuem bicos longos e língua
compridos. O bico longo permite alcançar os nectários, locais de
armazenamento do néctar das flores.
|
|
O pica-pau-de-topete-vermelho
está sempre
bicando os troncos de árvores à procura de larvas de
insetos. Além de um bico forte, possui uma língua
excepcionalmente longa para capturar as larvas que ficam escondidas
dentro da árvore.
|
|
As aves que se alimentam de frutos
maduros e partes macias das plantas não possuem bicos duros. É o
caso da jacupemba.
|
|
O talha-mar, ave do
Pantanal, possui o bico inferior mais longo do que superior. Em
vôo rasante sobre superfície da água com o bico inferior aberto
e dentro da água, captura os peixes que encontra no caminho!
|
|
O periquito-de-encontro-amarelo
possui um bico curto para obter força na base para quebrar nozes
e a ponta curva para para remover a amêndoa. Um detalhe:
veja o uso da pata para segurar enquanto o bico trabalha.
|
No JB flagramos várias aves se alimentando durante as nossas
observações. A utilização de recursos alimentares pelas aves varia ao
longo do ano em função das estações e do hábito alimentar e
do habitat.
Assim, há aves que descem até o chão para procurar alimento (sabiás,
tico-tico, rolinhas, maria-faceira, etc.) e outras que jamais são vistos
no solo (beija-flores, bem-te-vi, ferreirinho-relógio, tucano, etc.). Na
região do lago observamos a jaçanã caminhando entre a vegetação e
capturando pequenos insetos e até peixes. É fascinante observar o vôo
rasante do bentevizinho-de-penacho-vermelho capturando peixes na
superfície da água ou a andorinha-serradora bebendo água. Por outro lado,
outras aves nunca são vistas próximos a região do lago.
A riqueza da avifauna local está intimamente associada à ocorrência de
recursos alimentares e reprodutivos, bem como a ausência de predação
humana.
Exemplo de ave |
Comportamento alimentar |
|
Flagramos o sovi capturando
uma pequena ave em pleno vôo com uma das patas e, em seguida,
alimentando-se no alto de um eucalipto. Com um pé prendia a
presa sobre o galho e com o bico rasgava a carne.
|
|
Ouvimos o som ritmado de
tamborilar e identificamos o pica-pau-banda-branca,
dando voltas em torno do galho na posição vertical e
alimentando-se de larvas. |
|
A viuvinha fica pousada bem
no alto da copa das árvores, aguardando o momento certo para
capturar insetos em pleno vôo. |
|
O sabiá desce ao chão para
procurar alimento. Quando forrageia entre as folhas caídas é
muito difícil localizá-lo pois confunde-se facilmente com o
ambiente.
|
|
O tiziu alimenta-se de sementes
de gramíneas mas os filhotes são alimentados com larvas de
insetos.
|
|
Em torno do lago vimos a
maria-faceira capturando precisamente um verme com o seu
bico em forma de pinça.
|
|
Outra ave pernalta que vimos
forrageando o JB foi um casal de seriema, porém em local mais seco,
distante do lago.
|
As aves usam os bicos não só para se
alimentarem como também para transportarem materiais, construir ninhos e
pentear as penas.
|
Veja o ninho construído pelo casal
de caneleiro-de-chapeu-preto, no alto do pé de eucalipto.
Não é admirável o fato dele usar apenas o bico para trançar as
fibras? O interessante é que todo ano o casal volta ao mesmo
sitio e recicla o material do ninho antigo.
|
|
Aqui está o suiriri
ajeitando as penas das asas com o bico. Além de pentear as penas
que devem estar sempre alinhadas para o vôo, o bico serve para fazer a
higiene pessoal e dos filhotes.
|
|
Durante os rituais de acasalamento
o bico pode ser usado para fazer um cafuné
como observamos entre o casal de pombão.
|
|
| | | |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.