Vigilância contra as invasoras no pasto
Com controle sistemático, é possível ter pastagens produtivas com baixo grau de infestação
Lídia Grando
As plantas invasoras de pasto são como um inimigo silencioso. Chegam devagar, sorrateiras, e, quando menos se espera, já tomaram conta do pedaço. Quando estão na fase de lançar sementes, então, fica mais difícil retirá-las do pasto.
A regra é ficar atento a alguns pontos estratégicos. "O início da instalação de plantas invasoras no pasto é praticamente imperceptível e quase sempre negligenciado", diz o pesquisador Naylor Bastiani Perez, da Embrapa Pecuária Sul, de Bagé, RS, responsável pelo Método Integrado de Recuperação de Pastagens (Mirapasto).
Os locais mais suscetíveis ao ingresso devem ser monitorados. São embarcadouros, mangueiras, piquetes de entrada de animais e proximidade de porteiras. As áreas de tráfego intenso de máquinas e veículos também são propensas, pois, com o solo descoberto, há maior facilidade de que apareçam as daninhas.
As linhas de drenagem são outro ponto de atenção. "São locais ondem as sementes de fora da propriedade podem chegar, transportadas pela água da chuva", explica Perez. Nesses casos, ele recomenda fazer uma aplicação localizada com herbicida seletivo para plantas invasoras de folha larga ou capina mecânica em alguns casos. "Para situações onde o nível já é elevado, deve-se utilizar as práticas de forma conjugada."
Por outro lado, é importante manter o solo em boas condições, para que a forrageira tenha força para competir com plantas indesejáveis, porém muitas vezes nativas e adaptadas. "O produtor deve ficar atento para a correção da acidez do solo e dos nutrientes que são importantes para a forrageira", comenta o zootecnista Leandro Coelho de Araújo, professor de forragicultura da Unesp de Ilha Solteira, SP.
Os animais adquiridos são outro ponto de atenção. Recomenda-se que na chegada sejam alocados em uma área de quarentena pelo risco sanitário e por poderem infestar as pastagens com sementes indesejadas. Elas podem estar aderidas ao animal ou, principalmente, nas fezes. "A passagem da semente pelo trato digestivo ajuda a superação de um estado de dormência, facilitando a germinação", explica Perez, da Embrapa.
Para benefício das sementes, as fezes facilitam sua preservação, pois promovem a "queima" do pasto, diminuindo a competição na área de esterco. "A invasora consegue uma ótima condição para o estabelecimento", reconhece o pesquisador da Embrapa. Araújo, da Unesp, lembra que o mesmo cuidado deve-se ter na movimentação de animais entre piquetes sujos e limpos dentro da mesma propriedade. "Se possível, quando saírem de área infestada devem ficar até dois dias em local de quarentena para evitar que prejudiquem um pasto que esteja formado", afirma o professor.
Segundo Araújo, a avaliação de infestação deve ser visual e constante. "É preciso se preocupar sempre que apareçam invasoras, mais ainda se forem persistentes", alerta. A avaliação deve ser caso a caso, porém ele recomenda que quando a infestação estiver em 40% da área se faça um controle químico pontual em vez de uma aplicação geral. É mais barato e racional e menos poluente.
Perez, da Embrapa, diz que outro indicativo para o diagnóstico da infestação está no comparativo de ganho de peso entre áreas infestadas ou não. "Uma vez que a diminuição da produtividade seja maior do que o custo do controle, deve-se planejar a recuperação das áreas", afirma, lembrando que as plantas tóxicas ou exóticas, com elevado poder de infestação, não permitem essa espera.
Medidas eficientes para o controle preventivo
(Fonte: Sistema de criação de bovinos de corte no Estado do Pará. Embrapa)
- Limpeza de roupas e calçados dos trabalhadores que circulam em áreas infestadas.
- Limpeza cuidadosa dos tratores
e dos implementos.
- Fermentação de esterco e de materiais orgânicos.
- Uso de sementes de espécies de plantas forrageiras não contaminadas.
- Isolamento de áreas e quarentena de animais oriundos de zonas infestadas.
- Evitar a introdução de plantas ornamentais que podem mais tarde migrar para a área de pastagem.
- Adubação de reposição, com ênfase ao fósforo, para manter o nível desejado de nutrientes no solo, suficientes para garantir o vigor e a longevidade produtiva da pastagem.
*Matéria originalmente publicada na Edição 424 da Revista DBO, em fevereiro de 2016.
Fonte: Revista DBO
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