terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Pesquisadores estudam presença de onça-pintada na América do Sul
Doutorando na Unesp de Rio Claro é um dos autores de artigo publicado no exterior
[06/12/2016]
Grupo integrado por 14 instituições do Brasil, Argentina e Paraguai publicou artigo na Scientific Reports sobre localização dos felinos na América do Sul; entre os autores do trabalho está um doutorando da Unesp.

O estudo determina que o felino perdeu cerca de 85% de território no ecossistema que se estende da província de Misiones, na Argentina, passando pelo Paraguai Oriental e chegando às regiões brasileiras central e costeira. Essa área corresponde a mais ou menos 2 milhões de quilômetros quadrados. As populações de onças sobreviventes resistem em apenas 3% desse território de mata atlântica.

Um dos colaboradores do artigo sobre o estudo é o biólogo que faz curso de doutorado na Unesp de Rio Claro, Fernando Lima. Há vários anos, ele trabalha como pesquisador do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), de Nazaré Paulista, e também participou da coleta de dados das 14 entidades que estudaram a presença da onça na mata atlântica.



 Impacto
 
A coordenação dos trabalhos foi do argentino Agustín Paviolo, da instituição ecológica chamada Conicet/IBS. O Populações de onças-pintadas sobreviventes resistem em apenas 3% do território de mata atlântica doutorado de Fernando Lima, aborda o tema biologia e biodiversidade, onde se inclui o assunto do grande felino brasileiro. Para proteger os animais que ainda sobrevivem, o estudo prevê a necessidade da contribuição dos governos dos países relacionados, bem como de organizações internacionais de proteção ambiental. “Pela primeira vez houve o cruzamento das informações de tantas instituições e, mesmo sabendo que a situação das onças-pintadas na mata atlântica estava muito comprometida, os resultados provocam impacto.

O tema é grave e exige ações urgentes e concretas”, alerta Paviolo. Populações Fernando Lima, que prevê concluir seu doutorado em 2019, informa que na região de mata atlântica tratada no estudo existem hoje aproximadamente 300 onças-pintadas espalhadas em várias áreas do ecossistema abordado. “Consideramos uma população pequena e rarefeita em relação a um espaço tão amplo”, diz o doutorando da Unesp.
O artigo utilizou dados de vários estudos anteriores, como armadilhas fotográficas, animais monitorados por colares com GPS e comunicação por satélites, pegadas, registros de pessoas que viram o animal, casos de ataques a gado e atropelamentos em estradas. Esse banco de dados permitiu identificar como o hábitat remanescente para os felinos está distribuído e, também, a existência da espécie em pequenas áreas.
Lima esclarece que o estudo detectou três núcleos que ainda oferecem condições de sobrevivência às onças-pintadas, com grupos de mais ou menos 50 indivíduos. No Brasil, são as regiões do Alto Rio Paraná-Paranapanema (SP, PR, MS) e Serra do Mar (SP). Na Argentina, o Corredor Verde que abrange a província central e norte de Misiones.

Diagnóstico

Também foram identificadas mais quatro áreas com populações menores, entre 5 e 15 indivíduos. “O ideal seria a troca de animais de um grupo para outro, como forma de obter variação genética”, alerta Lima. “O grande diferencial desse trabalho é ter conseguido reunir tantas instituições e pessoas dispostas a compartilhar dados e contribuir, fazendo deste 0 diagnóstico mais completo sobre a espécie em um ecossistema. Embora necessária, essa colaboração não é tão comum quanto se imagina e o artigo é um exemplo a ser replicado para outras espécies”, ressalta o doutorando. Uma de suas maiores preocupações, além da preservação da onça, é entender 0 que vai ocorrer na natureza se ela desaparecer. “Hipoteticamente, podemos ter aumento de população dos animais que hoje são presas (porcos selvagens, capivaras, etc.) ou ampliação de outros predadores de menor porte, como a jaguatirica, por exemplo”, prevê.

SERVIÇO

O artigo em inglês está disponível no link http://www.nature.com/articles/ srep37147
Acesse reportagem original em
http://migre.me/vFqTI
Contato do pesquisador
Fernando Lima <pardalismitis@gmail.com>

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