Microbialitos - fósseis mais persistentes
Os fósseis são importantes ferramentas
para se entender o passado da Terra e a evolução da vida nela. Chamam a
atenção por muitas vezes serem bonitos, por apresentarem formatos e
espécies não mais existentes que causam curiosidade e aguçam o interesse
de pessoas de todas as idades. Porém, nem todos os fósseis são visíveis
ou mostram claramente um organismo preservado. Os seres vivos são
capazes de deixar seu registro de uma maneira indireta, como se fosse
uma assinatura escrito: “passei por aqui”. Fósseis como estes são
chamados de icnofósseis (icno = marca) e podem ser um produto do
metabolismo de algum organismo (cocô e xixi, por exemplo), pegadas,
bioconstruções, etc.
Os microrganismos foram os primeiros
seres a conseguirem deixar no registro geológico sua marca. Desde os
primórdios da vida na Terra, eles foram capazes de deixar bioconstruções
chamadas de microbialitos. Estes são formados através do aglutinamento
de grãos de sedimento, como areia, na substância mucilaginosa secretada
pelas bactérias, o EPS (substância extracelular polimérica), e pela
indução da precipitação de carbonato de cálcio devido ao metabolismo
delas. Descomplicando um pouquinho, é como se as bactérias construíssem
estruturas que mais tarde litificam (viram rocha!). Com o passar do
tempo, os microrganismos que ali viviam deixam de existir, ficando
somente o registro de sua atividade metabólica, os microbialitos.
Um microbialito pode ser desde um simples
biofilme preservado em um substrato (as chamadas MISS – estruturas
sedimentares microbialmente induzidas); esteiras microbianas, que são
comunidades de microrganismos diferentes vivendo em associação; ou
bioconstruções chamadas estromatólitos (figura 1), que podem alcançar
até mais de dois metros de altura (figura 2).
Os microbialitos são importantes por
diversas razões, além do pioneirismo em questão de registro fossilífero.
Eles são excelentes reservatórios de petróleo (vide o petróleo das
camadas do Pré-Sal, que estão alojados em estromatólitos), fornecem
informações a respeito do ambiente em que foram formados e podem até
serem associados ao que se espera encontrar como sinais de vida fora da
Terra, como as estruturas “suspeitas” registradas pela sonda Curiosity,
em Marte (figura 3), muito semelhantes às MISS observadas em variados
lugares da Terra (Noffke, 2015). Salvo a sua diminuição em abundância a
partir de 540 milhões de anos atrás, quando os organismos multicelulares
encontraram em seus microrganismos formadores uma fonte de alimento, os
microbialitos abrangem um grande intervalo no tempo geológico,
extendendo sua existência mesmo após todos os eventos de extinção,
estando presentes até os dias de hoje.
Referências
Noffke, N. 2015. Ancient Sedimentary
Structures in the <3 .7="" 15="" 169-192.="" and="" associations="" astrobiology="" ga="" gillespie="" in="" lake="" macroscopic="" mars="" member="" microbialites.="" morphology="" p="" resemble="" spatial="" succession="" temporal="" terrestrial="" that="">3>
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