segunda-feira, 28 de novembro de 2022

 

O mais antigo precursor dos dinossauros sul-americanos é descoberto em região gaúcha

O réptil, que media 1 metro e pesava 3 quilos, viveu há 237 milhões de anos no período Triássico Médio

Representação artística dos precursores dos dinossauros em uma paisagem do Triássico

Um fêmur direito bastante deteriorado de 11 centímetros de comprimento é tudo o que restou do mais antigo precursor dos dinossauros encontrado até agora na América do Sul, segundo artigo publicado em 1º de março no periódico científico Gondwana Research. A descrição do material foi feita por dois pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da Universidade Federal de Santa Maria (Cappa-UFSM), do Rio Grande do Sul. Descoberto no município de Dona Francisca, distante 60 quilômetros de Santa Maria, o osso fossilizado fazia parte da coxa de um pequeno réptil, provavelmente bípede, que deve ter vivido há aproximadamente 237 milhões de anos.

De acordo com o trabalho, o fóssil pertenceu a um dinossauromorfo, grupo de vertebrados que inclui os dinossauros e outras formas aparentadas de répteis, como os silessaurídeos. Ou seja, todo dinossauro é um dinossauromorfo, mas nem todo dinossauromorfo é um dinossauro. As dimensões do fêmur encontrado em solo gaúcho indicam que seu dono pesava de 2 a 3 quilos e media cerca de 1 metro. “A cauda respondia por metade desse comprimento total”, comenta o paleontólogo Rodrigo Temp Müller, diretor do Cappa, um dos autores do estudo, ao lado de Maurício Garcia, aluno de mestrado por ele orientado. Embora deva representar um tipo de dinossauromorfo ainda não conhecido, o fóssil não foi atribuído a nenhum gênero ou espécie.

Atualmente, a classificação taxonômica de um animal é feita com o auxílio de programas de computador que são abastecidos com dezenas ou centenas de caracteres anatômicos do exemplar em análise e geram uma matriz de dados. No final do processo, o software compara as informações da espécie em questão com a de outros grupos e fornece uma provável árvore genealógica. No caso do fóssil de Dona Francisca, o fêmur caiu dentro do ramo dos dinossauromorfos.

Fêmur fossilizado foi encontrado no Rio Grande do SulIlustração Maurício Garcia / UFSM; Fotografia Rodrigo Temp Müller / UFSM

A idade do fóssil gaúcho foi inferida a partir da cronologia conhecida das rochas em que o osso se preservou, pertencentes ao estágio Ladiniano. Essa divisão do tempo geológico marca o fim do período Triássico Médio, que se estende entre 247 milhões e 237 milhões de anos atrás. Na Argentina, os exemplares mais antigos de dinossauromorfos foram encontrados em rochas do Carniano – estágio que delimita o início do período Triássico Superior (entre 237 milhões e 201 milhões de anos atrás) – e são pelo menos 1 milhão de anos mais novos do que o fóssil de Dona Francisca. Na Tanzânia e em Zâmbia, há vestígios de espécies desse grupo que podem ser ligeiramente mais velhas do que as da América do Sul.

Mas a idade exata desses fósseis de dinossauromorfos achados na África é bastante controversa. Mesmo que não sejam mais velhos do que seus congêneres sul-americanos, dificilmente serão mais novos. “Esses dinossauromorfos africanos devem ser, pelo menos, tão velhos quanto os fósseis desse grupo encontrados no Brasil e na Argentina”, pondera o paleontólogo Max Langer, da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, que não participou do estudo feito pelos colegas da UFSM.

Brasil e Argentina são os lugares em que foram encontrados, até agora, os dinossauros mais antigos do mundo, com idade superior a 230 milhões de anos, como Saturnalia tupiniquim e Eoraptor lunensis (ver Pesquisa FAPESP nº 279). O grupo mais amplo dos dinossauromorfos deve ter surgido um pouco antes, há aproximadamente 240 milhões de anos. Nesse período, a América do Sul era parte de um supercontinente austral, o Gondwana, um grande bloco de terra que também incluía a África, a Antártida, a Oceania e a Índia.

Íntegra do texto publicado em versão reduzida na edição impressa, representada no pdf

Artigo científico
MULLER, R. T. e GARCIA, M. S. Oldest dinosauromorph from South America and the early radiation of dinosaur precursors in GondwanaGondwana Research. v. 107, p. 42-8. jul. 2022.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

 

Novos mapas de províncias geológicas globais e placas tectônicas

Obtenha direitos e conteúdo

Abstrato

Modelos espaciais precisos de placas tectônicas e terrenos geológicos são importantes para analisar e interpretar uma ampla variedade de dados geocientíficos e desenvolver modelos físicos e de composição da litosfera. 

Apresentamos uma compilação global de limites de placas ativas e províncias geológicas em um formato shapefile com atributos interpretativos (por exemplo, tipo de crosta, tipo de placa, tipo de província, última orogenia). 

Os limites iniciais da placa e da província são construídos a partir de uma combinação de modelos globais e regionais publicados que refinamos usando uma variedade de restrições geocientíficas, incluindo, mas não limitado a, GPS relativomovimentos, terremotos, falhas mapeadas, características de campos potenciais e geocronologia. 

Este novo modelo de placa mostra uma correlação melhorada com ocorrências observadas de terremotos e vulcões dentro de zonas de deformação e microplacas, em comparação com os modelos existentes, capturando 73 e 80% desses critérios, respectivamente. Zonas de deformação e microplacas representam apenas 16% da área da superfície da Terra. Estimamos que 57,5% da superfície da Terra seja coberta por crosta oceânica, o que representa um ligeiro aumento em relação ao modelo de idade do fundo do mar mais recente. 

O modelo das últimas orogenias concorda bem com os picos nos dados de geocronologia globalmente somados. Há espaço para melhorias em edições futuras de nosso modelo global de placas e províncias geológicas, onde bacias, gelo ou falta de fidelidade de dados geológicos obscurecem a geologia do leito rochoso, particularmente no leste da Ásia Central Cinturão Orogênico, grande parte da África, Antártica Oriental e leste da Austrália . Além disso, alguns tipos de províncias - orogens, shields, e cratons que são homogeneizados dentro de nosso esquema global – provavelmente podem ser particionados em terrenos menores com atributos geodinâmicos mais precisos. Apesar de algumas dessas deficiências, os mapas digitais apresentados aqui formam um padrão de dados autoconsistente para adicionar metadados espaciais a bancos de dados geocientíficos. A base de dados está disponível no GitHub onde a comunidade de geociências pode fornecer atualizações para melhorar os modelos e sua contemporaneidade à medida que novos conhecimentos são adquiridos. 

Os arquivos também são lançados em formatos adequados para uso em Generic Mapping Tools e GoogleEarth. A base de dados está disponível no GitHub onde a comunidade de geociências pode fornecer atualizações para melhorar os modelos e sua contemporaneidade à medida que novos conhecimentos são adquiridos. Os arquivos também são lançados em formatos adequados para uso em Generic Mapping Tools e GoogleEarth. A base de dados está disponível no GitHub onde a comunidade de geociências pode fornecer atualizações para melhorar os modelos e sua contemporaneidade à medida que novos conhecimentos são adquiridos. Os arquivos também são lançados em formatos adequados para uso em Generic Mapping Tools e GoogleEarth.

Introdução

A arquitetura estrutural, o ambiente tectônico e a evolução temporal das rochas na superfície da Terra são frequentemente correlacionados com as características químicas e físicas da litosfera envolvente (Gard et al., 2019, Artemieva, 2019, Tang et al., 2020, Tetley et al., 2020). Como resultado, é útil ter mapas espacialmente precisos de províncias geológicas e limites de terreno que abranjam um conjunto pragmaticamente uniforme de características geológicas comuns para estudos globais comparativos. Esses mapas também formam a base para reconstruções precisas de placas (Merdith et al., 2021). Embora existam alguns modelos regionais de províncias tectônicas que são digitais (Artemieva, 2006, Laske et al., 2013),

Neste artigo, apresentamos dois modelos básicos: (1) um conjunto global de províncias geológicas e (2) um modelo para limites de placas atuais. Ambos os modelos são apresentados em formato vetorial com metadados que podem ser usados ​​para melhorar e simplificar o processo de análise de dados tectônicos globais e/ou modelagem em uma ampla gama de fenômenos geocientíficos. Esses modelos foram produzidos usando uma ampla variedade de dados geológicos e geofísicos e foram parcialmente validados, sempre que possível, usando datas de idade ígneas e metamórficas aliadas a conjuntos de dados geofísicos adicionais. Nossa esperança é que esses modelos possam ser usados ​​como um padrão de dados para uma classificação comum na variedade de bancos de dados geológicos existentes atualmente.

Trechos de seção

Modelos globais existentes de placas tectônicas e províncias

Foram publicados modelos globais anteriores de placas e províncias que incorporam configuração tectônica, idade juvenil ou idade termotectônica (por exemplo, Artemieva, 2006, Goutorbe et al., 2011, Laske et al., 2013, Szwillus et al., 2019). Idealmente, a natureza digital desses mapas os torna fáceis de usar e permite adicionar atributos desejáveis ​​aos conjuntos de dados subjacentes. No entanto, o formato raster desses modelos é muitas vezes um impedimento para uma análise espacial precisa nos limites da província ou perto deles devido ao seu baixo

Método de construção

Os mapas construídos neste estudo vêm de quatro shapefiles separados – também lançados nos formatos GMT e KML para uso em Ferramentas de Mapeamento Genérico e GoogleEarth, respectivamente. Esses arquivos incluem os polígonos de placas, polígonos de províncias tectônicas, o limite crustal oceânico-continental e os tipos de limites de placas. Os tipos de limite oceano-continente e limite de placa são desenvolvidos em conjunto com os polígonos de placa. Cada um desses arquivos contém vários atributos que incluem uma variedade de

Limite oceano-continente

Sem contar o relevo topográfico, estimamos que 57,5% da superfície terrestre seja coberta por crosta oceânica e 42,5% por crosta continental (Fig. 4). O modelo de idade do fundo do mar de Seton et al. (2020) cobre uma proporção ligeiramente menor da superfície da Terra com idades do fundo do mar, 57,3%. No entanto, existem algumas diferenças significativas entre os modelos.

Em geral, as bordas do modelo de idade do fundo do mar de Seton et al. (2020) são facilmente correlacionados com gradientes batimétricos elevados e águas profundas.

Resumo

Produzimos um conjunto de mapas de placas e províncias geológicas que podem ser usados ​​para melhorar a análise espacial de dados geocientíficos. Os limites do modelo de placa são validados contra locais de terremotos, traços de falhas ativas e movimentos de GPS e mostram boa correlação com velocidades de ondas de cisalhamento a 70  km de profundidade e vulcanismo ativo. O modelo de província geológica é construído a partir de uma colagem de modelos publicados e refinado usando uma ampla variedade de dados geofísicos e geológicos. Os dados mais úteis foram

Disponibilidade de Dados

Os modelos de placa e província produzidos neste estudo estão disponíveis no repositório GitHub, https://github.com/dhasterok/global_tectonics . Os modelos podem ser encontrados no formato shapefile adequado para programas GIS, KML para programas como GoogleEarth e formato GMT para Generic Mapping Tools. Os modelos também estão disponíveis na biblioteca tectônica global no Zenodo, https://zenodo.org/record/6586972 , que inclui conjuntos de dados geofísicos e geocronológicos globais adicionais que são úteis para pesquisa

Financiamento

Este trabalho foi parcialmente financiado pelo governo australiano por meio do esquema de financiamento Discovery Projects do Australian Research Council (projeto DP180104074 ) para DH, JH e MH. As contribuições de JH também foram apoiadas pelo Australian Research Council Special Research Initiative for Antarctic Gateway Partnership ( SR140300001 ) e pelo Australian Centre for Excellence in Antarctic Science ( SR200100008 ). SG é apoiado por uma futura bolsa do Australian Research Council ( FT210100906 ). As visualizações

Declaração de Interesse Concorrente

Os autores declaram os seguintes interesses financeiros relacionamentos pessoais que podem ser considerados como potenciais interesses concorrentes:

Reconhecimentos

Os autores agradecem aos revisores Robert J. Stern e Donald F. Argus, e ao editor Douwe van Hinsbergen, que forneceram revisões construtivas que ajudaram a melhorar este manuscrito. Os autores gostariam de agradecer a Sabin Zahirovic e Sarah Stamps pelas sugestões relacionadas às versões anteriores do modelo de placa e província. Xianzhi Cao teve a gentileza de compartilhar sua nova reconstrução de placa e Yebo Liu forneceu arquivos GPlates para o período Sideriano.

 21 DE NOVEMBRO DE 2022

Restos de macaco-aranha de 1.700 anos apontam para as primeiras evidências de cativeiro de primatas, translocação e diplomacia de presentes

Restos de macaco-aranha de 1.700 anos descobertos em Teotihuacán, no México
Restos esqueléticos completos de uma macaca-aranha de 1.700 anos de idade encontrados em Teotihuacán, no México. Crédito: Nawa Sugiyama, UC Riverside.

Os restos mortais completos de um macaco-aranha - visto como uma curiosidade exótica no México pré-hispânico - fornece aos pesquisadores novas evidências sobre os laços sócio-políticos entre duas potências antigas: Teotihuacán e os governantes indígenas maias.

A descoberta foi feita por Nawa Sugiyama, arqueólogo antropológico da UC Riverside, e uma equipe de arqueólogos e antropólogos, que desde 2015 escavam no complexo Plaza of Columns em Teotihuacán, México. Os restos de outros animais também foram descobertos, assim como milhares de fragmentos de murais em estilo maia e mais de 14.000 cacos de cerâmica de um grande banquete. Essas peças têm mais de 1.700 anos.

O macaco-aranha é a evidência mais antiga de cativeiro primata, translocação e diplomacia de presentes entre Teotihuacán e os maias. Os detalhes da descoberta foram publicados na revista PNAS . Essa descoberta permite aos pesquisadores reunir evidências de interações de alta diplomacia e desmentir crenças anteriores de que a presença maia em Teotihuacán era restrita a comunidades migrantes, disse Sugiyama, que liderou a pesquisa.

"Teotihuacán atraiu pessoas de todos os lugares, era um lugar onde as pessoas vinham para trocar mercadorias, propriedades e ideias. Era um lugar de inovação", disse Sugiyama, que está colaborando com outros pesquisadores, incluindo o professor Saburo Sugiyama, codiretor do projeto e professora da Arizona State University, e Courtney A. Hofman, antropóloga molecular da University of Oklahoma.

"Encontrar o macaco-aranha nos permitiu descobrir conexões reatribuídas entre Teotihuacán e os líderes maias. O macaco-aranha deu vida a esse espaço dinâmico, retratado na arte do mural. É emocionante reconstruir essa história ao vivo."

Os pesquisadores aplicaram uma abordagem arqueométrica multimétodos (zooarqueologia, isótopos, DNA antigo, paleobotânica e  ) para detalhar a vida dessa macaca-aranha. O animal provavelmente tinha entre cinco e oito anos no momento da morte.

Seus  foram encontrados ao lado de uma águia dourada e várias cascavéis, cercados por artefatos únicos, como finas estatuetas de pedra verde feitas de jade do vale de Motagua na Guatemala, abundantes artefatos de conchas/caracóis e luxuosos produtos de obsidiana, como lâminas e pontas de projéteis. Isso é consistente com a evidência de sacrifício vivo de animais simbolicamente potentes que participam de rituais de estado observados nos esconderijos dedicatórios da Pirâmide da Lua e do Sol, afirmaram os pesquisadores no artigo.

Os resultados do exame de dois dentes, os caninos superiores e inferiores, indicam que o macaco-aranha em Teotihuacán comia milho e  , entre outros alimentos. A química óssea, que oferece informações sobre a dieta e informações ambientais, indica pelo menos dois anos de cativeiro. Antes de chegar a Teotihuacán, vivia em um ambiente úmido, alimentando-se principalmente de plantas e raízes.

Além de estudar rituais antigos e descobrir pedaços da história, a descoberta permite a reconstrução de narrativas maiores, de entender como essas sociedades poderosas e avançadas lidaram com estressores sociais e políticos que refletem muito o mundo de hoje, disse Sugiyama.

"Isso nos ajuda a entender os princípios da diplomacia, a entender como o urbanismo se desenvolveu... e como ele falhou", disse Sugiyama. "Teotihuacán foi um sistema de sucesso por mais de 500 anos, compreender a resiliência do passado, seus pontos fortes e fracos são relevantes na sociedade de hoje. Há muitas semelhanças antes e agora. As lições podem ser vistas e modeladas em sociedades passadas; vá em frente."

Mais informações: Nawa Sugiyama et al, A evidência mais antiga de cativeiro e translocação de primatas apoia a diplomacia de presentes entre Teotihuacan e os maias, Proceedings of the National Academy of Sciences (2022). DOI: 10.1073/pnas.2212431119

Informações do periódico: Proceedings of the National Academy of Sciences 

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

 

Nove formações geológicas mais incríveis do planeta

Entende-se por formações geológicas um conjunto de minerais ou rochas que possuem características próprias de formação. Nos próximos parágrafos separamos uma “coleção” com 09 formações geológicas impressionantes ao redor do mundo.

09 – Wave Rock (Austrália)

Wave Rock - Austrália

Wave Rock é uma formação rochosa de 15 metros de altura e 110 metros de comprimento localizada em Hyden Wildlife Park, Austrália. A formação atrai milhares de turistas por ano a Hyden. Este paredão de granito se parece muito com uma enorme onda congelada em movimento. Geólogos acreditam que a rocha tenha sido esculpida pelos elementos e erosão química ao longo de 2,7 bilhões de anos.

08 – Floresta de pedra de Shilin (China)

Floresta de pedra de Shilin - China

A floresta de pedra de Shilin na China é uma formação geológica de 270 milhões de anos causada pela erosão do calcário. Parece uma floresta. com algumas “árvores” medindo 30 metros de altura.

07 – Estrutura de Richat (Saara)

Estrutura de Richat - Saara

Situada no deserto do Saara, na Mauritânia, a Estrutura de Richat, também conhecida como “O Olho de África”. Esta estrutura geológica tem um diâmetro de 50 quilômetros e pode ser vista do espaço. Resultado de uma erupção vulcânica atípica, ocorrida há 100 milhões de anos e sua forma arredondada é resultado de distintos tipos de rochas degradando a diferentes taxas de erosão.

06 – Chocolat Hills (Filipinas)

Chocolat Hills - Filipinas

Localizado na ilha de Bohol, nas Filipinas, os cones são de uma formação geológica única, são em torno 1268 morros em forma de cones com aproximadamente o mesmo tamanho, espalhados por uma área de mais de 50 quilômetros quadrados . A maioria deles atingem 120 metros de altura. Especialistas se dividem em duas opiniões sobre a origem destas montanhas: as colinas foram moldadas pela ação dos ventos durante milhões de anos ou seriam fruto de um fenômeno vulcânico sub-oceânico.

05 – Devils Tower (EUA)

Devils Tower - EUA

A Torre do Diabo Localiza-se na região nordeste do estado de Wyoming, nos Estados Unidos . Um lacólito colunar, com topo relativamente plano, que possui 275 metros de altura e se destaca do relevo ao seu redor. O processo exato que formou esta torre permanece desconhecido. Em 1941 um paraquedista ficou encalhado no topo da rocha por 6 dias. A Torre do Diabo também é famosa por ter aparecido no filme de Ficção Científica Contatos Imediatos de Terceiro Grau de Steven Spielberg.

04 – As Chaminés de Fadas (Turquia)

As Chaminés de Fadas - Turquia

As chaminés de fada estão localizadas na Capadócia, Turquia. São grandes colunas naturais em forma cônica que sustêm no seu topo um bloco de rocha maior, que funciona como protetor da erosão. Formam-se a partir da ação erosiva das águas fortes em terrenos detríticos heterogêneos podendo atingir alturas de 40 metros. Muitas destas chaminés na Capadócia têm armazéns e casas esculpidas dentro delas.

03 – The Wave (EUA)

The Wave - EUA

A onda é formação rochosa de arenito localizada no Arizona, nos EUA, perto do limite com o estado de Utah. Dunas de areia de 190 milhões de anos que se transformaram em rocha. O acessa a estrutara é limitado a 20 pessoas por dia.

02 – Pamukkale (Turquia)

Pamukkale - Turquia

Pamukkale está situado próximo a Denizli, na Turquia. Trata-se de um conjunto de piscinas termais de origem calcária que com o passar dos séculos formaram bacias gigantescas de água que descem em cascata numa montanha de mais de 200 metros de altura. Surgiu devido à precipitação de carbonato de cálcio vindo das águas quentes da montanha e que dão origem às piscinas de mármore travertino. Vista de longe, Pamukkale parece uma montanha de neve. Mas não se engane, as temperaturas por ali superam facilmente os 40ºC durante o verão.

01 – Zhangye Danxia (Índia)

Zhangye Danxia - Índia

Montanhas de arco-íris feitas de diferentes camadas colorida. Esta formação geológica é o resultado de depósitos de arenito e de outros minerais que ocorreram há mais de 24 milhões de anos. Sua formação está ligado à ação das mesmas placas tectônicas responsáveis pela criação de partes das montanhas dos Himalaias. Vento, chuva e tempo então esculpiram formas extraordinárias, incluindo torres, pilares e ravinas, com diferentes cores, padrões e tamanhos.

Separamos estas formações geológicas para vocês. Existe alguma formação que você também acha impressionante e que não relacionamos aqui? Poste nos comentários que podemos adicioná-la a lista.

Como era o Brasil há 100 milhões de anos

Como era o Brasil há 100 milhões de anos Estudo estabelece a cronologia de eventos tectônicos e climáticos nas bacias sedimentares Bauru, Sanfranciscana e dos Parecis, na região Centro-Sul do país (imagem: Wikimedia Commons)

Como era o Brasil há 100 milhões de anos

Novembro de 2022

O mais recente trabalho que procura atar três peças basilares desse quebra-cabeça colossal, as três bacias geológicas que sustentam a porção Centro-Sul do território brasileiro, acaba de ser publicado no Journal of South American Sciences. Um de seus autores é o geólogo Alessandro Batezelli, do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O projeto teve o apoio da Fapesp.

O foco do estudo de Batezelli são as bacias sedimentares do Centro-Sul do Brasil, com destaque para as bacias Bauru, Sanfranciscana e dos Parecis. Entender o modo como os eventos tectônicos e climáticos interagiram em cada uma delas no tempo e no espaço ajuda a estabelecer uma sequência cronológica.

A descoberta daqueles eventos não foi obra de Batezelli e do geógrafo Francisco Sergio Bernardes Ladeira, o coautor do trabalho. Mas é a sua pesquisa, assim como a de outros profissionais, que nos permite tecer um esboço do drama geológico que se desenrolou no Centro-Sul brasileiro entre 135 e 60 milhões de anos atrás.

A ruptura de Gondwana

No período Jurássico, entre 201 e 145 milhões de anos atrás, a América do Sul e a África encontravam-se unidas. Ficavam bem no meio do antigo megacontinente Gondwana. As correntes de ar saturadas de umidade do antigo oceano Pantalássico não tinham força para atingir o distante centro de Gondwana. Daí a formação de um imenso deserto, o deserto Botucatu. É o mesmo processo que se vê hoje na Ásia Central, cujo clima desértico se deve à sua grande distância dos oceanos.

Quase não há fósseis preservados do Jurássico no Brasil. Explicações, para tanto, seriam o clima inóspito do deserto e também a difícil preservação de fósseis num ambiente de dunas. No entanto, o deserto Botucatu não era desabitado. Até agora, foram achadas apenas algumas pegadas fossilizadas de mamíferos e de répteis.

Há 140 milhões de anos, a América do Sul e a África começaram a se separar para dar início à abertura do Atlântico Sul. “O fenômeno que provocou a ruptura de Gondwana foi o surgimento de fraturas profundas na crosta terrestre”, diz Batezelli. Por essas fraturas começou a extravasar magma do interior do planeta em quantidades descomunais. À medida que as fendas iam se alargando, e os continentes se afastando, mais lava extravasava, num processo contínuo e muito prolongado, que perdurou de 137,4 a 128,7 milhões de anos atrás.

O epicentro desta megaerupção vulcânica, “ou mais apropriadamente um megaextravasamento basáltico, conhecido como Província Vulcânica Paraná-Etendeka,” como observa o geólogo, foi o Sudeste e o Sul do Brasil, que se encontravam ligados às terras da atual Namíbia, na África.

A Província Vulcânica Paraná-Etendeka foi formada a partir de diversas fendas, ou megavulcões, os maiores de que se têm notícia. Não eram vulcões explosivos, como os que estamos acostumados a ver. “Não havia erupções explosivas. As fendas jorravam continuamente”, diz Batezelli. “Daqui até a África havia fendas através das quais a lava extravasou sobre uma área gigantesca e por um período muito prolongado.” Através daquelas fendas transbordaram 2,3 milhões de km3 de lava, que cobriram totalmente 1,5 milhão de km2 – equivalente a cobrir o Estado do Amazonas, o maior do país, com uma camada de lava de 1,5 km de altura.

A origem do aquífero Guarani

Toda essa lava enterrou as antigas dunas do deserto Botucatu e foi-se acumulando em camadas sucessivas até erigir a Serra Geral, que cobre os Estados do Paraná, Santa Catarina e o norte do Rio Grande do Sul – além do leste paraguaio e o norte da Argentina. Sua areia foi cozinhada a uma temperatura de 1.200 graus centígrados e prensada pelo peso do magma. A areia acabou virando arenito, uma rocha bastante porosa que tem a propriedade de armazenar a água da chuva que é absorvida pelo solo.

No caso das dunas do deserto Botucatu, elas deram origem ao aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do planeta, enterrado sob o chão do Centro-Sudoeste do Brasil. O aquífero Guarani comporta 37 mil km3 de água, equivalente a 1,6 vez o volume do maior lago do planeta, o Baikal, na Sibéria.

“Nas regiões onde as dunas entraram em contato direto com a lava, houve um aumento de temperatura tão grande que os sedimentos foram literalmente cozidos, formando um arenito mais duro e impermeável, que é usado hoje nas calçadas de mosaico português”, diz Batezelli. Já a lava resfriada formou basalto, e este, desgastado por cem milhões de anos de erosão, deu origem à terra roxa, o solo fértil que alavancou no século XIX as lavouras de café em São Paulo e no Paraná.

Um novo deserto

Há 128,7 milhões de anos, quando os extravasamentos de magma findaram, aquele gigantesco acúmulo de rocha vulcânica fez com que parte do Sudeste brasileiro sofresse um abatimento sob seu próprio peso, o que criou na superfície uma nova bacia sedimentar, a Bacia Bauru. E sobre esta bacia formou-se um novo deserto de dunas, porém menor que o anterior.

O Atlântico Sul mal começara a abrir. Ainda nem era um braço de mar, no máximo uma depressão alagada para onde convergiam os rios, os sedimentos e a erosão de dois continentes. Ou seja, as águas de Pantalassa – o oceano que rodeava a Pangeia – ainda estavam longínquas, assim como sua brisa úmida. Para acabar com as condições de secura do Centro-Sul do Brasil, seria preciso aguardar outros 60 milhões de anos, quando o Atlântico Sul, embora com menos da metade da abertura atual, pôde amenizar o clima.

De qualquer forma, aquela depressão que lentamente se alargava um par de centímetros por ano já ia se fazendo sentir no clima. O novo deserto de dunas, agora denominado Grupo Caiuá, não era tão grande como o antigo deserto Botucatu, afirma Batezelli. Era árido, mas pontilhado aqui e ali por oásis infestados de várias espécies de crocodilos terrestres, parentes extintos dos crocodilianos atuais.

Aqueles crocodilos viviam em terra firme, tinham patas longas e andavam como lobos. Os paleontólogos já descreveram mais de uma dúzia de espécies. A mais famosa é o famigerado baurusuchus, uma fera predadora. Mas havia também formas bizarras, com chifres ou com uma carapaça semelhante à dos tatus, como a do armadillosuchus, e até um crocodilo herbívoro, o esfagessauro.

As dunas do Caiuá existiram entre 125 e 100 milhões de anos atrás, quando cederam lugar a uma nova paisagem formada por rios e lagos. “O clima se tornou muito mais ameno, similar ao semiárido da Caatinga nordestina”, diz Batezelli. Essa nova depressão recebeu sedimentos que hoje pertencem ao Grupo Bauru, que existiu entre 80 e 60 milhões de anos atrás.

Aí sim os titanossauros proliferaram. A maioria das espécies brasileiras é dessa fase. Seus fósseis homenageiam o nome das cidades mineiras e paulistas próximas das quais foram encontrados, como uberabatitan e baurutitan.

A Bacia Sanfranciscana

Concomitante a estes 60 milhões de anos de transformações na Bacia Bauru, “mais para o norte, na Bacia Sanfranciscana, ocorreram fenômenos muito parecidos, embora sem serem os mesmo”, salienta Batezelli. A Bacia Sanfranciscana engloba o oeste de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e o oeste da Bahia, estendendo-se até o sul do Piauí.

Durante o Cretáceo inferior, na Bacia Sanfranciscana se desenvolveram campos de dunas eólicas. Dezenas de milhões de anos depois, já no Cretáceo superior, também aconteceu vulcanismo. “Bem no limite entre as bacias Bauru e Sanfranciscana se formaram diversos vulcões”, revela Batezelli pautado em sua pesquisa. “Eles apresentaram um extravasamento bem menor do que o vulcanismo que deu origem à Serra Geral, porém foram responsáveis por formar uma região mais elevada entre as Bacias Bauru e Sanfranciscana. Foi como se a crosta inchasse por causa do calor das intrusões magmáticas.”

Seu relevo é perceptível até hoje, nas crateras no interior das quais estão as cidades de Araxá, Tapira e Poços de Caldas. “As grandes jazidas de nióbio assim como outras riquezas minerais do sudeste de Minas Gerais estão relacionadas a este vulcanismo.”

O vulcanismo na Bacia Sanfranciscana ocorreu há menos de 100 milhões de anos atrás. A maior parte da lava que extravasou desses vulcões avançou sobre as dunas.

A evolução da Bacia dos Parecis é semelhante ao ocorrido nas bacias Bauru e Sanfranciscana. Ainda no período Jurássico superior, ocorreu um vulcanismo modesto nos Parecis. Há 145 milhões de anos atrás, já no Cretáceo superior, formaram-se rios e lagos na região compreendida entre o norte do Mato Grosso e o oeste de Rondônia. Com o passar do tempo o clima foi se tornando mais árido e o cenário paisagístico se transformou num campo de dunas.

Em resumo, e comparando os cenários das três bacias sedimentares, conclui-se que do Cretáceo inferior ao Cretáceo superior, um período de mais de 60 milhões de anos, houve um deslocamento dos desertos de dunas no território brasileiro das direções sudeste para noroeste.

Das dunas eólicas aos rios e lagos

Durante o Cretáceo inferior, a região Sudeste era dominada por uma paisagem desértica formada por dunas eólicas. Já no Cretáceo superior, a maior parte da região Sudeste passou a ter uma paisagem constituída por rios e lagos, enquanto que desertos de dunas surgiram no norte de Minas, em Goiás, Tocantins, Matogrosso e Rondônia. “Isso demonstra que, com o passar do tempo, houve uma diminuição nas condições de umidade de sul/sudeste para o centro-oeste/norte do Brasil”, revela Batezelli.

Todo o drama geológico descrito acima se desenrolou em paralelo ao alargamento do Atlântico Sul. Suas brisas que cresciam em volume e intensidade semeavam cada vez mais umidade na porção sudeste do continente.

Esse era o cenário dominante quando da extinção em massa do fim do Cretáceo, há 65 milhões, que deu fim aos dinossauros. Esse legado geológico, geográfico e climático formou o novo meio ambiente no qual os mamíferos da era Cenozoica puderam se adaptar. Mas esta é uma outra história.

O artigo Stratigraphic framework and evolution of the Cretaceous continental sequences of the Bauru, Sanfranciscana, and Parecis basins, Brazil, de Betezelli e Ladeira, publicado no Journal of South American Earth Sciences, pode ser lido em http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0895981115300857