1. Que é o Petróleo
O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos densa
que a água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o
castanho escuro. Embora objeto de muitas discussões no passado, hoje tem-se
como certa a sua origem orgânica, sendo uma combinação de moléculas de carbono
e hidrogênio. Admite-se que esta origem esteja ligada à decomposição dos seres
que compõem o plâncton - organismos em
suspensão nas águas doces ou salgadas tais como protozoários, celenterados e
outros - causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias.
Estes seres decompostos foram, ao longo de milhões de anos,
se acumulando no fundo dos mares e dos lagos, sendo pressionados pelos
movimentos da crosta terrestre e transformaram-se na substância oleosa que é o
petróleo. Ao contrário do que se pensa, o petróleo não permanece na rocha que
foi gerado - a rocha matriz - mas desloca-se até encontrar um terreno
apropriado para se concentrar.
Estes terrenos são denominados bacias sedimentares, formadas
por camadas ou lençóis porosos de areia, arenitos ou calcários. O petróleo
aloja-se ali, ocupando os poros rochosos como forma "lagos". Ele
acumula-se, formando jazidas. Ali são encontrados o gás natural, na parte mais
alta, e petróleo e água nas mais baixas
2. Teorias sobre a Origem do Petróleo
São muitas e controvertidas, figurando entre as principais:
·
as
da origem estritamente mineral, defendida por Mendeleiev, Berthelot e Missan
·
a
teoria orgânica, que postula a participação animal e vegetal
A teoria estritamente
mineral afirma que o petróleo se formou a partir de carburetos (de alumínio, cálcio), que submetidos à
hidrólise, deram origem à hidrocarbonetos
(metanos, alcenos,etc). Estes sob pressão e por aquecimento, teriam se
polimerizado e condensado, originando o
petróleo.
A teoria orgânica
alega que a presença de compostos nitrogenados, clorofilados e hormônios no petróleo pressuporia a
participação animal e vegetal na sua formação.
Os pesquisadores modernos, em sua grande maioria, reconhecem apenas
como válida esta teoria. Nela destaca-se
o papel de microrganismos animais e vegetais
(plâncton), que sob a ação de bactérias, formariam uma pasta orgânica no
fundo dos mares, que misturada com lama
e areia, se transformariam em rochas. Embora aceita, a teoria ainda não conseguiu esclarecer
completamente por que processos teria a
matéria orgânica se convertido em petróleo e gás natural. O petróleo é encontrado nas bacias
sedimentares, depressões na superfície da terra
preenchidas por sedimentos que se transformaram, em milhões de anos, em
rochas sedimentares. A acumulação de petróleo depende de alguns
fatores. É necessário que existam rochas geradoras que contenham a
matéria-prima (pasta orgânica) que se transforma em petróleo e as chamadas rochas-reservatório, que possuem
espaços vazios, chamados poros, capazes
de armazenar o petróleo. Essas rochas devem estar envolvidas em armadilhas chamadas trapas. Formam-se compartimentos
isolados no subsolo, onde o petróleo se
acumula e de onde não tem condições de escapar. São as jazidas
de petróleo.
3. Descoberta do Petróleo
A história do petróleo no Brasil começou na Bahia, onde, no
ano de 1858, o decreto n.º 2266 assinado pelo Marquês de Olinda, concedeu a
José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação de
querosene de iluminação, em terrenos situados nas margens do Rio Marau, na
Província da Bahia. No ano seguinte, em 1859, o inglês Samuel Allport, durante
a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, observou o gotejamento de
óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador.
Em 1930, setenta anos depois e após vários poços perfurados
sem sucesso em alguns estados brasileiros, o Engenheiro Agrônomo Manoel Inácio
Bastos, realizando uma caçada nos arredores de Lobato, tomou conhecimento que
os moradores usavam uma lama preta, oleosa para iluminar suas residências. A
partir de então retornou ao local várias vezes para pesquisas e coletas de
amostras, com as quais procurou interessar pessoas influentes, porém sem
sucesso, sendo considerado como "maníaco".
Em 1932 foi até o Rio de Janeiro, onde foi recebido pelo
Presidente Getúlio Vargas, a quem entregou o relatório sobriretor-Geral do
Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, Avelino Inácio de Oliveira,
resolveu em 1937 pela perfuração de poços na áre a ocorrência de Lobato.
Finalmente, em 1933 o Engenheiro Bastos conseguiu empolgar o Presidente da
Bolsa de Mercadorias da Bahia, Sr. Oscar Cordeiro, o qual passou a empreender
campanhas visando a definição da existência de petróleo em bases comerciais na
área. Diante da polêmica formada, com apaixonantes debates nos meios de
comunicação, o Dea de Lobato, sendo que os dois primeiros não obtiveram êxito.
Em 29 de julho de 1938, já sob a jurisdição do recém-criado
Conselho Nacional de Petróleo - CNP, foi iniciada a perfuração do poço
DNPM-163, em Lobato, que viria a ser o descobridor de petróleo no Brasil,
quando no dia 21 de janeiro de 1939, o petróleo apresentou-se ocupando parte da
coluna de perfuração.
O poço DNPM-163, apesar de ter sido considerado
antieconômico, foi de importância fundamental para o desenvolvimento da
atividade petrolífera no Estado da Bahia. A partir do resultado desse poço,
houve uma grande concentração de esforços na Bacia do Recôncavo, resultando na
descoberta da primeira acumulação comercial de petróleo do país, o Campo de
Candeias, em 1941.
A constatação de petróleo na Bacia do Recôncavo viabilizou a
exploração de outras bacias sedimentares terrestres, primeiramente pelo CNP e,
posteriormente, pela PETROBRAS. O petróleo continua sendo descoberto e
explorado na plataforma continental e nos mais distantes rincões do subsolo
nacional; recentemente tivemos a inauguração das instalações de escoamento de
petróleo no Campo de Rio Urucu, na longínqua Bacia do Alto Amazonas.
A PETROBRAS, através dos seus orgãos sediados no Estado da
Bahia, romoverá eventos alusivos à este acontecimento. A data escolhida para o
início das comemoraçes foi o dia 29 de julho, coincidente com o cinquentenário
do início do poço DNPM-163.
Neste contexto, insere-se a realização do III SEMINÁRIO DE
GEOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO E RESERVATÓRIO, na Bahia, como mais um dos eventos
que comemoram a definitiva consolidação de indústria de petróleo no Brasil.
4. Petróleo no Brasil
A história do
petróleo no Brasil pode ser dividida em quatro fases distintas:
à
Primeira: Até 1938, com as explorações sob o
regime da livre iniciativa. Neste
período, a primeira sondagem profunda foi realizada entre 1892 e 1896, no Município de Bofete, Estado de São
Paulo, por Eugênio Ferreira Camargo.
à
Segunda: Nacionalização das riquezas do nosso
subsolo, pelo Governo e a criação do
Conselho Nacional do Petróleo, em 1938.
à
Terceira: Estabelecimento do monopólio estatal,
durante o Governo do Presidente Getúlio
Vargas que, a 3 de outubro de 1953, promulgou a Lei 2004, criando a Petrobras. Foi uma fase
marcante na história do nosso petróleo,
pelo fato da Petrobras ter nascido do debate democrático, atendendo aos anseios do povo brasileiro e
defendida por diversos partidos
políticos.
à
Quarta: Flexibilização do Monopólio, conforme a
Lei 9478, de 6 de agosto de 1997.
Hoje, aos 45 anos de existência, e sempre voltada para os
interesses do País, a Petrobras implantou uma grande indústria petrolífera,
reconhecida e respeitada em todo o
mundo.
5. Petróleo no Mundo
Não se sabe quando despertaram a atenção do homem, mas o
fato é que o petróleo, assim como o
asfalto e o betume, eram conhecidos desde os
primórdios da civilização. Nabucodonosor usou o betume como
material de liga nas construção dos
célebres Jardins Suspensos da Babilônia. Os
egípcios o usaram para embalsamar os mortos e na construção de pirâmides, enquanto gregos e romanos dele
lançaram mão para fins bélicos. Só no
século 18, porém, é que o petróleo começou a ser usado comercialmente, na indústria farmacêutica e
na iluminação. Como medicamento, serviu
de tônico cardíaco e remédio para cálculos renais, enquanto seu uso externo combatia dores, cãibra e outras moléstias. Até a metade
do século passado, não havia ainda a ideia, ousada para a época, da perfuração de poços petrolíferos.
As primeiras tentativas aconteceram nos
Estados Unidos, com Edwin L. Drake. Lutou com diversas dificuldades técnicas, chegando mesmo a ser
cognominado de "Drake, o
louco". Após meses de perfuração, Drake encontra o petróleo, a 27
de agosto de 1859.Passados cinco anos,
achavam-se constituídas, nos Estados Unidos,
nada menos que 543 companhias entregues ao novo e rendoso ramo de atividades.
Na Europa floresceu, em paralelo á fase de Drake, uma
reduzida indústria de petróleo, que
sofreu a dura competição do carvão, linhita, turfa e alcatrão - matérias-primas então entendidas
como nobre. Naquela época, as zonas
urbanas usavam velas de cera, lâmpadas de óleo de baleia e iluminação por gás e carvão. Enquanto isso, no campo, o
povo despertava com o sol e dormia ao
escurecer por falta de iluminação noturna. Assim, as lâmpadas de querosene, por seu baixo preço, abriram novas
perspectivas ao homem do campo, principalmente,
permitindo que pudesse ler e escrever á noite.
A invenção dos motores á gasolina e a diesel, no século passado, fez
com que outros derivados, até então
desprezados, passassem a ter novas
aplicações.Assim, ao longo do tempo, o petróleo foi se impondo como
fonte de energia eficaz. Hoje, além de
grande utilização dos seus derivados, com o
advento da petroquímica, centenas de novos produtos foram surgindo,
muitos deles diariamente utilizados,
como os plásticos, borrachas sintéticas, tintas, corantes, adesivos, solventes, detergentes,
explosivos, produtos farmacêuticos,
cosméticos, etc. Com isso, o petróleo além de produzir combustível e
energia, passou a ser imprescindível a
utilidade e comodidades da vida de hoje.
6. Fontes Alternativas de Energia
Com a crise do petróleo, em 1973, vários foram os problemas
surgidos para os países consumidores,
entre eles o racionamento de combustíveis
e o desemprego. Com isso, foram intensificados os trabalhos de
exploração de novos campos petrolíferos
e, também, o desenvolvimento de programas
alternativos para a geração de energia. São as fontes alternativas de
energia, ou seja, a utilização de outras
matérias-primas, produtoras de energia, que
não o petróleo. No Brasil, vários programas nesse sentido foram
desenvolvidos de modo a se reduzir a
dependência externa para o abastecimento de energia. Hoje, o País conta, além da expansão da
energia elétrica, com a exploração e
produção do xisto(rocha da qual se produz óleo e gás), o aproveitamento
de vegetais (dos quais a cana-de-açúcar,
que produz álcool é a mais importante),
a energia solar, nuclear e dos ventos.
7. Principais Combustíveis
7.1. Combustíveis Energéticos
Produtos utilizados com a finalidade de produzir energia,
seja diretamente, a partir de sua queima (combustíveis), ou pela sua transformação em outros produtos
combustíveis.
à
Álcool
·
Álcool
Etílico:
Álcool etílico é utilizado como combustível automotivo.
·
Álcool
Hidratado:
Utilizado nos motores dos veículos à álcool.
·
Álcool
Anidro:
Componente de mistura da Gasolina C.
à
Diesel
Frações seguintes ao querosene na destilação do petróleo (gasóleo).
·
Diesel
Comum:
Amplamente empregado como combustível nos motores a explosão de máquinas,
veículos pesados, et. (ciclo diesel); também utilizado como combustível
industrial e para geração de energia elétrica.
·
Diesel
Metropolitano:
Combustível automotivo com especificações mais rigorosas quanto ao teor de
enxofre, para uso no transporte urbano, conforme as exigências ambientais.
·
Diesel
Marítimo:
Combustível para embarcações leves, atendendo especificações mais rígidas (ex:
ponto de fulgor).
à
Gases São hidrocarbonetos
leves (C1-C2), usados para fins combustíveis em geral.
Devido às propriedades físicas de seus componentes, são exigidas condições
severas para a sua liquefação, o que eleva o custo de armazenamento destes
produtos
·
Gás
Combustível:
Gases residuais de refinaria utilizados como combustíveis na própria refinaria
ou vendidos para alguns consumidores. Inclui Gás de Xisto, de características
semelhantes e Gás Metano.
·
Gás
Natural:
Mistura de hidrocarbonetos leves gasosos (metano e etano, principalmente),
obtida da extração de jazidas.É utilizado como combustível industrial,
automotivo e doméstico.
·
Gases
Liquefeitos:
Mistura de hidrocarbonetos gasosos mais pesados (C3-C4)
que, por não exigirem condições severas para sua liquefação, podem ser
liquefeito por compressão em condições de temperatura ambiente, ou por
resfriamento, mantendo-se a pressão normal. Sua maior aplicação é na cocção dos
alimentos. Também é utilizado em empilhadeiras, soldagem, esterilização
industrial, teste de fogões, maçaricos e outras aplicações industriais.
à
Gasolina
Combustível para motores de combustão interna com ignição por centelha
(Ciclo Otto). Composto de frações líquidas leves do petróleo, variando sua
composição, em hidrocarbonetos, desde C5 até C10 ou C12.
·
Gasolina
Automotiva:
Gasolina para automóveis de passageiros, utilitários, veículos leves, lanchas e
equipamentos agrícolas. À gasolina A mistura-se o Álcool Anidro, para a
produção da Gasolina C, ou o meyil-tercil-butil-éter – MTBE, para a produção da
Gasolina B.
·
Gasolina
de Aviação:
Empregada para aviões com motores de pistão. Possui elevado índice de octano (80 a 145) e ponto de
congelamento igual a –60oC.
à
Nafta Energética
No caso, a Nafta para Geração de Gás, que é transformada em gás de
síntese, por um processo industrial (reformação com vapor d´água). Este gás é
utilizado na produção do gás canalizado doméstico.
à
Óleo Combustível
São as frações mais pesadas da destilação atmosférica do petróleo.
Largamente utilizado como combustível industrial em caldeiras; fornos; etc.
·
Òleo
Combustível ATE:
Óleo com alto teor de enxofre (acima de 1%).
·
Óleo
Combustível BTE:
Óleo com baixo teor de enxofre (até 1%).
·
Óleo
Combustível Marítimo:
Combustível para navios em geral. Inclui os MARINE FUELS (misturas com o Diesel
em proporções variadas e o Óleo Combustível Especial para Marinha – EPM).
à
Querosene
Frações seguintes à gasolina na destilação do petróleo (ceroseno).
·
Querosene
de Iluminação:
Utilizado, em geral, como combustível de lamparinas.
·
Querosene
de Aviação:
Combustível para turbina de aviões.
à
Outros Combustíveis Energéticos
Quaisquer outros produtos energéticos, de aplicação específica, que não
se enquadram em nenhum dos subgrupos acima.
7.2. Combustíveis Não Energéticos
à
Asfaltos
·
Cimentos
Asfálticos de Petróleo:
Asfaltos "sólidos" (pasta de alta viscosidade) usados em pavimentação
·
Asfaltos
Diluídos de Petróleo:
Mistura de asfalto em diluente (diesel), para aspersão no piso durante a
pavimentação.
à
Coque Produto sólido,
negro e brilhante, obtido por coqueamento de resíduos pesados, essencialmente
constituído por carbono (90 a
95%) e que queima sem deixar cinzas. É utilizado na metalurgia e na indústria
de cerâmica. É também utilizado na fabricação de eletrodos de carvão para
dínamos nos abrasivos de grafite e nos pigmentos para tintas.
·
Coque
de Petróleo:
Produto das unidades de coqueamento das refinarias.
·
Coque
Calcinado:
Produto da calcinação do Coque Verde de Petróleo, que perde umidade e teores de
hidrocarbonetos leves.
à
Gases Liquefeitos Não Energéticos
Hidrocarbonetos (C3–C4) com outras aplicações não
energéticas, tais como Alcenos (Propenos; Butenos), matérias-primas para
petroquímica, Dienos (ex: Butadieno –1, 3, na fabricação da borracha
sintética); Propano Especial e Butano Especial.
à
Gases Não Energéticos
Hidrocarbonetos leves (até C2), para fins não energéticos.
·
Gases
Petroquímicos:
Eteno, petroquímico básico.
·
Gás
Natural Não Energético:
especificado para aplicações em fertilizantes (ex: amônia); siderurgia (redutor
siderúrgico) ou petroquímica (ex: metanol).
à
Gasóleo Petroquímico
Carga alternativa das unidades de pirólise das centrais petroquímicas.
à
Lubrificantes
Utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens, desde o
delicado mecanismo de relógio até os pesados mancais de navios e máquinas
industriais.
·
Lubrificantes
Básicos Naftênicos:
Matéria-prima para a fabricação de Óleos Lubrificantes Acabados. Na sua
composição química, predominam hidrocarbonetos Alicíclicos (cadeia fechada não
aromática).
·
Lubrificantes
Básicos Parafínicos:
Matéria-prima para a fabricação de Óleos Lubrificantes Acabados. Na sua
composição química, predominam hidrocarbonetos Alifáticos (cadeia aberta).
·
Lubrificantes
Acabados:
Processados, aditivados ou industrializados de forma geral, tendo como
matéria-prima os Lubrificantes Básicos.
·
Lubrificantes
Pré-Industrializados:
São os lubrificantes q eu sofrem tratamento fora das unidades da PETROBRAS,
dando origem a outro lubrificante, o qual é faturado e entregue como produto
final da PETROBRAS, havendo a emissão de uma nota fiscal de devolução pela
empresa que executou o tratamento. Há também o caso da empresa que executa o
tratamento e fatura o produto final (venda direta).
à
Nafta Não Energética
Naftas para Centrais Petroquímicas: Carga das unidades de pirólise e
reforma da COPENE; PQU e COPESUL. Nafta para aplicações petroquímicas diversas.
·
Nafta
Especiais:
Nafta para fertilizantes; geração de hidrogênio; etc.
·
Nafta
para Outros Fins:
Aplicações diversas em pequena escala.
à
Parafinas
Têm largo emprego na indústria de velas; papéis; lona; baterias; pilhas;
laticínios; frigoríficos e alguns produtos químicos.
à
Solventes
Utilizados na indústria de tintas; plásticos. Borrachas; resinas, etc.
Subdividem-se em Alifáticos e Aromáticos.
·
Solventes
Alifáticos:
Hexano, Aguarrás, Solvente para borracha e outros.
·
Solventes
Aromáticos:
Benzeno, Tolueno, Xileno e outros. Utilizados para fins mais nobres, como
química fina, polimeração, etc.
à
Outros Combustíveis Não Energéticos
Quaisquer outros produtos não energéticos, de aplicação específica, que
não se enquadram em nenhum dos subgrupos acima.
·
n-Parafina: Normal Parafina (cadeia normal;
Matéria-prima na fabricação o Alquilbenzeno Linear que, por sua vez, é
utilizado na fabricação de detergentes biodegradáveis (como por exemplo, pela
DETEN, Cvamaçari/BA).
·
Demais
Não Energéticos:
Resíduo Aromático, Extrato Aromático, Resíduo de Desasfaltação e demais
produtos não enquadrados anteriormente.
à
Combustíveis Não Petrolíferos
·
Nitrogenados: Amônia, Uréia e Ácido Nítrico.
à
Subprodutos
·
Gasosos: Dióxido de Carbono.
·
Líquidos: Dissulfetos.
·
Sólidos: Enxofre.
7.3. Asfalto
O asfalto é um sistema coloidal composto de uma mistura de
hidrocarbonetos, chamada de betume, no qual é difícil estabelecer uma distinção
clara entre a fase contínua e a fase dispersa. As partículas dispersas são
chamadas de asfaltenos, que são hidrocarbonetos de elevado peso molecular (103 a 105),
de caráter predominantemente aromático e cuja razão de carbono/hidrogênio é
aproximadamente 0,8 a
0,9.
Os asfaltos de petróleo são obtidos principalmente por
destilação de certos óleos crus ou por evaporação de depósitos naturais
localizados na superfície terrestre (asfaltos naturais).
Os asfaltos naturais podem ser encontrados em duas formas:
·
nas
depressões da crosta terrestre, constituindo os chamados lagos de asfalto, como o existente em Trinidad, América Central,
de 600 m
de diâmetro e 40 m
de profundidade na parte central. Interessantes são os da Califórnia, que
preservam, por vezes, animais pleistocênicos.
·
impregnado
nos poros de algumas formações rochosas, como a gilsonita.
A composição dos asfaltos de petróleo variam conforme a sua
procedência: alguns óleos, como o da Pensilvânia, não contém asfalto; em outros
o conteúdo de asfalto pode ser 20% ou mais.
Existe uma quantidade variável de enxofre no asfalto: mais
de 6% no asfalto mexicano e aproximadamente 1% no asfalto da Califórnia. Também
há nitrogênio, desde indícios até 1,5%, as vezes oxigênio (até 5%) e menos de
1% de sais, proveniente da água salgada dos poços de petróleo. Esses componentes não influenciam de modo
importante nos usos do asfalto.
Como o asfalto de petróleo é o resíduo resultante da
destilação do petróleo cru, sua composição também depende do grau a que foi
levada a destilação. No processo, as frações leves do petróleo (gasolina,
querosene, etc) são separadas através de torre de fracionamento a vácuo, de
modo que as temperaturas são relativamente baixas, evitando o craqueamento do
asfalto.
No Brasil a produção de asfalto iniciou-se em 1956, com a
Petrobras. A primeira unidade a processar o produto foi uma fábrica nas
redondezas da refinaria Presidente Bernardes.
CLASSIFICAÇÃO
DOS ASFALTOS:O
asfalto pode ser obtido em diversas consistências, e destinam-se principalmente
para pavimentação, e em menor escala para fins industriais, impermeabilização,
isolamento,...
Os asfaltos para
pavimentação dividem-se em três grupos:
·
cimentos asfálticos: são asfaltos "sólidos", de
elevada viscosidade
·
asfaltos diluídos: são resultantes da diluição do cimento
asfáltico em nafta, querosene ou gasóleo. De acordo com o tempo de cura, esses
asfaltos podem ser classificados em:
1. cura rápida (CR) --- diluído em nafta
2. cura média (CM) --- diluído em
querosene
3. cura lenta (CL) --- diluído em gasóleo
Obs: Denomina-se cura ao tempo
necessário para o solvente evaporar, após a aplicação do asfalto diluído.
Os asfaltos diluídos são empregados
para aspersão do piso durante a pavimentação.
·
asfaltos emulsionados: trata-se de asfalto finamente dividido
em partículas que encontram-se emulsionadas em água através de um agente
emulsificante. Por serem de uso mais simples, os asfaltos emulsionados estão
sendo mais empregados do que os asfaltos diluídos na pavimentação.
Os asfaltos
industriais compreendem principalmente os asfaltos oxidados. Estes são obtidos através de injeção de ar no
cimento asfáltico, resultando num produto de baixa susceptibilidade térmica,
amplamente empregados como revestimentos impermeabilizantes.
Há também os esmaltes
asfálticos, utilizados como proteção anticorrosiva em tubulações
subterrâneas, como gasodutos e oleodutos. Em geral são compostos por uma base
oxidada consistente, com uma porcentagem de pó inerte. Algumas de suas
propriedades estão descritas abaixo:
·
boa
aderência à tubulação;
·
impermeável
ao ar, água e soluções alcalinas;
·
elevada
resistência à passagem de corrente elétrica;
praticamente não reage com ácidos, álcalis e
sais
7.4. Gás Liquefeito de Petróleo - GLP
O GLP é basicamente uma mistura de propano e butano,
hidrocarbonetos obtidos pela destilação do petróleo ou craqueamento de suas
frações mais pesadas.
propano
butano
Esses gases também estão presentes no gás natural, que é
então a fonte mais econômica para a sua obtenção e que fornece a maior parte de
GLP consumido no mundo.
O consumo de GLP, que vem tornando-se cada vez maior se deve
as suas vantagens em relação à maioria dos combustíveis, como:
·
elevado
rendimento;
·
elevado
poder calorífico, em média de 11.000
a 11.800 kcal/kgf (ou 21.000 a 29.000 kcal/m3),
dependendo das proporções de propano ou butano. Apenas para curiosidade, 1 kgf
de GLP tem poder calorífico equivalente a:
-2 kgf de carvão de lenha
-1,4 kgf de querosene
-14 kwh;
·
facilidade
e rapidez de operação;
·
ausência
de subprodutos de queima, sólidos ou corrosivos;
·
não
tóxico para o meio ambiente.
Até 1944 o GLP era quase desconhecido pela população
brasileira, porém atualmente é o combustível para uso doméstico mais moderno e
de maior aceitação em nosso país, proporcionando o conforto e bem-estar à
milhões de famílias.
Nas condição de pressão atmosférica e temperatura ambiente,
o GLP é um produto gasoso, mas se liqüefaz quando submetido à pressões
moderadas, sendo então engarrafado e transportado na sua forma líquida.
Pelo fato do GLP ser inodoro, compostos odorantes a base de
enxofre são adicionados ao produto conferindo-lhe um odor característico. Desse
modo os vazamentos podem ser identificados.
7.5. Gasolina
A gasolina é um líquido volátil, inflamável, constituído por
uma mistura extremamente complexa de hidrocarbonetos. Pode ser obtida através
da destilação do petróleo, entretanto a crescente demanda mundial do
combustível, devido ao surgimento do motor a explosão, promoveu o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas para se obter um maior rendimento
na produção. Passaram a ser empregados então processos como o craqueamento,
alquilação e polimerização. Atualmente, mais de 50% da gasolina comercializada
é produzida por esses métodos.
Até início do século XIX, quando o petróleo era usado
basicamente para iluminação e ainda não haviam sido desenvolvidos os motores à
explosão, a gasolina, considerada como um explosivo perigoso, era jogada fora.
A fração do petróleo que corresponde à gasolina apresenta
faixa de ebulição entre 40oC e 200oC, e é formada por
hidrocarbonetos de composição variada (de 17 a 38 átomos por molécula), mas seu principal
constituinte são os octanos (C8).
A partir da segunda década do século XX, volatilidade da
gasolina passou a ser considerada como uma propriedade importante, já que o
combustível é utilizado no seu estado vaporizado e não no líquido.
Por falta de testes científicos, foi adotado o chamado Ensaio do Segundo Andar, no qual era
derramada uma certa quantidade de gasolina de uma altura equivalente a uma
janela de segundo andar. Se uma parcela do combustível atingisse o solo na
forma líquida, o mesmo era considerado como insuficientemente volátil.
Outra propriedade da gasolina levada em consideração é a
formação de depósitos de goma ou resina no sistema de indução, que podem
prejudicar o rendimento do motor. Apesar das técnicas modernas, não é fácil
produzir uma gasolina com elevada octanagem e que queime sem deixar resíduos.
ÍNDICE DE OCTANO
OU OCTANAGEM DA GASOLINA:
Nos motores a explosão a gasolina é vaporizada e recebe uma
certa quantidade de ar. Essa mistura é então comprimida e explode sob a ação de
uma faísca elétrica produzida pela vela do motor. A explosão desloca o pistão e
esse movimento é aproveitado para produzir trabalho.
Muitas vezes a mistura explosiva detona, ao ser comprimida.
Essa detonação antecipada, chamada de knocking,
prejudica o trabalho do motor, diminuindo sua potência e rendimento.
Foram então realizados diversos estudos, procurando
verificar quais componentes da gasolina resistiam à compressão sem detonar, até
que descobriu-se que o melhor era o 2,2,4-trimetil-pentano e o pior o heptano
normal:
isoctano nomenclatura oficial: 2,2,4-trimetil-pentano
heptano
nomenclatura oficial: n-heptano
Esses dois compostos foram adotados como referência para se
medir a resistência à compressão sem detonação:
·
ao
isoctano, que detona apenas a compressões elevadas e era superior a qualquer
gasolina em 1927 (quando o índice foi adotado) atribuiu-se o índice 100
·
ao
heptano, que é particularmente susceptível a detonar, foi dado o índice 0
Uma mistura que contenha 70% do primeiro e 30% do segundo
tem, pois 70 octanos. A gasolina de 70 octanos é então a que se comporta como a
mistura anterior.
ALGUNS ADITIVOS
DA GASOLINA:
Mais adiante foi descoberto que a adição de certas
substâncias à gasolina podiam elevar o seu índice de octanagem, pois aumentavam
sua resistência à explosão. Tais substâncias ficaram conhecidas como
antidetonantes ou anti-knocking e atualmente o seu uso é universal:
praticamente 100% das gasolinas comerciais o contém. Os combustíveis para
aviação não podem ser preparados sem esses aditivos.
Os progressos no valor médio de octano nos combustíveis para
motor têm sido notáveis. Em 1930, os valores de octano investigados na gasolina
comum e na de primeira qualidade (ou premium) foram de 63 e 73,
respectivamente. Em meados de 1956 foram de 89,3 e 96,4 e algumas companhias
passaram a vender um terceiro grau de gasolina com um número de octano superior
a 100. As gasolinas de aviação
sobrepassaram a marca dos 100 na escala de octanagem há muitos anos, estando
entre 130 e 145.
Um dos aditivos que empregou-se largamente na gasolina foi o
tetraetil-chumbo, denominado no comércio como chumbo-tetraetila. A concentração
dessa substância nos combustíveis, por ser muito tóxica, é controlada.
tetraetil-chumbo
A composição do aditivo não contém apenas tertaetil-chumbo
mas também dibromoetileno, dicloroetileno e um corante. O dibromoetileno é
fundamental, pois reage com o chumbo produzido na combustão, formando um
produto volátil (brometo de chumbo), que é eliminado do motor juntamente com os
gases de escape. Assim evita-se a deposiçao do chumbo no motor.
Outro aditivo que pode ser adicionado à gasolina são os
agentes anticongelantes. Pode se formar gelo no carburador ao evaporar a
gasolina em tempo muito frio e desta maneira afogar o motor. Isso pode ser
evitado com o uso de agentes anticongelantes: como exemplo podemos citar o
álcool isopropílico, que pode ser adicionado à gasolina em quantidade até 2% em
volume. Alguns desses aditivos são ativos em quantidades muito menores. Os
combustíveis de aviação necessitam dos agentes anticongelantes, devido à baixas
temperaturas em que os aviões operam.
Podemos citar ainda os agentes anticorrosivos, antioxidantes
(para evitar a polimerização da gasolina que acarreta a formação de resinas) e
os corantes, que também são bastante empregados na fabricação das gasolinas
combustíveis.
GASOLINA NO
BRASIL:
Os tipos de gasolina distinguem-se pela adição de um
corante. No Brasil, a gasolina automotiva de maior octanagem ou premium é a
azul.
As características da gasolina para automóveis são
controladas pela Agência Nacional do Petróleo, em especial sua volatilidade e
teor de enxofre. A Petrobras, preocupada
com o meio ambiente, retirou desde janeiro de 1989 todo o chumbo da gasolina
automotiva produzida em suas refinarias. A produção da empresa representa 98%
do combustível comercializado no Brasil. Porém a gasolina de aviação ainda
contém o aditivo em sua formulação. A
crise energética mundial levou o Brasil a adicionar álcool etílico à gasolina
combustível.
OUTROS TIPOS DE
GASOLINA:
Além das gasolinas de aviação e das automotivas, existem as
que se destinam a usos industriais e domésticos. São geralmente empregadas como
solventes. Essas gasolinas especiais têm limites precisos de destilação e devem
ser dessodorizadas e dessulfurizadas. O espírito-de-petróleo, por exemplo,
usado sobretudo como solvente para pintura, é uma gasolina pesada, destilada
entre 140oC e 200oC.
COMO FUNCIONAM
OS MOTORES À EXPLOSÃO:
Apesar da gasolina se encontrar no estado líquido, para
funcionar como combustível é necessário que a mesma se encontre no estado
gasoso. É no carburador que o combustível é vaporizado, misturado com uma
quantidade própria de ar e então injetado no motor.
O motor é constituído por um cilindro (que movimenta um
pistão), duas válvulas (para entrada e saída de gases) e uma vela. Esse tipo de
motor é conhecido como motor de 4 tempos, pois funciona através de uma
sequência de quatro etapas:
·
A
primeira consiste na entrada dos gases (mistura de ar-combustível) no motor;
para isso o pistão desce, abrindo a válvula de entrada de modo que a mistura
penetra na câmara de combustão.
·
Na
segunda etapa a válvula de entrada é fechada, o pistão sobe e comprime a
mistura de gases.
·
A
seguir a vela lança uma faísca elétrica, que provoca a reação entre o oxigênio
do ar atmosférico e a gasolina vaporizada. A reação libera uma enorme
quantidade de calor, que aquece os gases produzidos na reação, expandindo-os.
Na expansão, o pistão é empurrado para baixo, e a energia química dos
combustíveis é convertida principalmente em energia mecânica. O movimento do
pistão aciona engrenagens, que por sua vez provocam o movimento do veículo.
·
Finalmente,
a válvula de escape se abre e expulsa os gases produzidos na câmara de
combustão. Estes são levados para o escapamento e lançados no meio ambiente. A
válvula de escapa se fecha, iniciando então um novo ciclo.
COMPARANDO
GASOLINA E ÁLCOOL:
característica
|
gasolina
|
álcool
|
evaporação
|
mais volátil
|
menos volátil
|
índice de octanagem
|
90
|
80
|
energia liberada
|
7200 kcal/litro
|
5000 kcal/litro
|
preço médio (maio/99)
|
R$ 0,91
|
R$ 0,44
|
disponibilidade
|
derivado do petróleo, fonte não renovável
|
derivado da cana-de-açúcar, recurso renovável
|
consumo
|
mais econômico*
|
menos econômico*
|
* O álcool
apresenta um consumo cerca de 30% superior ao de gasolina.
Através dos dados da tabela não é possível apontar qual é o
melhor combustível. Deve-se ressaltar que a eficiência do combustível depende
também do tipo de motor utilizado, do seu estado de conservação, da sua
manutenção, regulagem e o modo que o veículo é utilizado: em meio urbano,
estradas.
RESÍDUOS
ORIGINADOS NO PROCESSO DE COMBUSTÃO DA GASOLINA:
Devemos considerar que atualmente a gasolina (basicamente
formada de octano) contém em sua formulação álcool etílico e uma serie de
aditivos.
álcool etílico nomenclatura oficial: etanol
Quando o etanol e o isoctano reagem com oxigênio na câmara
de combustão, temos a formação de gás carbônico (CO2) e vapor de água
(H2O):
Os aditivos também reagem provocando a formação de
partículas sólidas que são lançadas na atmosfera junto com o vapor de água e
gás carbônico.
O ar atmosférico é uma mistura de gases, a qual 78% é
composta por nitrogênio (N2). O calor da combustão pode causar a
reação do gás nitrogênio com o oxigênio, formando os óxidos respectivos:
(monóxido de nitrogênio)
(dióxido de nitrogênio)
Como os ciclos do motor são muito rápidos, pode haver a
combustão dos gases pode ser incompleta e parte dos átomos de carbono podem ser
transformados em monóxido de carbono (CO) ou simplesmente em fuligem (C):
CRAQUEAMENTO:
O craqueamento ou cracking é um processo que promove a
ruptura de moléculas maiores de hidrocarbonetos, transformando-as em moléculas
mais simples.
O aperfeiçoamento do processo de decomposição por pirólise
controlada ou "cracking", de hidrocarbonetos permitiu extrair o dobro
de gasolina do petróleo. Os hidrocarbonetos de peso molecular elevado, que
seriam apenas usados como combustível pesado ou na construção de estradas,
podem ser rompidos por meio de tratamentos térmicos em misturas de moléculas
menores que possuem a volatilidade desejada. O craqueamento de uma fração de
alcanos de peso molecular elevado produz uma mistura de alcenos e alcanos; os
alcenos tem índice de octanagem mais vantajosos, portanto as gasolinas obtidas
por esse processo têm propriedades antidetonantes superiores.
As frações geralmente empregadas no craqueamento para
produção de gasolina são o óleo combustível e querosene:
Reações genéricas no craqueamento do óleo combustível e
querosene:
Os dois tipos principais de craqueamento são o térmico e o
catalítico.
·
O
craqueamento térmico usa calor e altas pressões para efetuar a conversão de
grandes moléculas em outras menores.
·
O
craqueamento catalítico faz uso de um catalisador, substância que permite
realizar a conversão em condições de pressão mais reduzidas. O catalisador
facilita o quebramento das moléculas. Alguns catalisadores utilizados:
SiO2-Al2O3-Cr2O3, SiO2-Al2O3
O uso de temperaturas relativamente altas é essencial em
ambos os tipos de craqueamento.
As gasolinas de craqueamento recebem antioxidantes, para
evitar a oxidação do combustível, que inicia um processo de formação de
resinas. Os aditivos são colocados em pequenas quantidades, e em geral são
compostos como os fenóis e aminas aromáticas.
Antes da realização do craqueamento propriamente dito,
algumas refinarias adotam o processo de visco redução, que se caracteriza por
um craqueamento realizado em temperaturas mais baixas, com a finalidade de
diminuir a viscosidade dos óleos combustíveis, transformando-os em frações mais
leves que então serão submetidas ao craqueamento.
ALQUILAÇÃO:
Trata-se de um outro processo empregado na obtenção de
gasolina, e de certo modo pode ser considerado o inverso do craqueamento, pois
aqui pequenas moléculas são combinadas para formar outras maiores como as
presentes na gasolina.
Na alquilação são empregados produtos
gasosos provenientes do petróleo, e podem ser combinadas moléculas diferentes
entre si:
POLIMERIZAÇÃO:
É um processo semelhante à alquilação, mas combina apenas
moléculas similares para obter a formação de octanos, principal componente da
gasolina.
A fração em C4 do gás natural é rica em butano e
isobutano:
butano
isobutano
O isobutano, tanto pode sofrer desidrogenação como
eliminação de metano (CH4); o craqueamento dessa fração fornece uma
mistura rica em isobuteno:
O tratamento do isobuteno com ácido sulfúrico ou fosfórico,
que atuam como catalisadores da reação, combina duas moléculas do
hidrocarboneto, num processo denominado dimerização, havendo a formação de
isocteno.
O isocteno tem um elevado índice de octanagem, e por
hidrogenação pode ser convertido em isoctano, se necessário.
Em tecnologia do petróleo a reação de dimerização é chamada
de "polimerização", sendo os combustíveis obtidos de gasolinas
polimerizadas ou polymer gasolines.
8. Refino de Óleo Cru
O óleo cru é o petróleo proveniente dos poços, em seu estado
natural ou forma ainda não processada.
Tem densidade que varia amplamente --- as vezes tão pesado e viscoso que não é possível ser
agitado com um bastão, as vezes leve e
diluído que dificilmente parece ser líquido. Em termos de cor há variações de um amarelo bem claro a um negro opaco.
Processos de
Refino
Diversos processos são empregados no refino do óleo cru.
Alguns são extremamente complexos e
constantemente pesquisadores estão desenvolvendo novos métodos de refino mais eficazes, para
obtenção de produtos mais úteis. Os
processos são selecionados de acordo com os produtos que serão manufaturados e o mercado que a refinaria
visa abastecer . O refino começa com o
fracionamento do petróleo em diferentes partes. Isto é efetuado na maioria das vezes por destilação.
As frações resultantes incluem gasolina,
querosene, gasóleo, lubrificantes e outras substâncias. A maior parte das frações são tratados mais
adiante e convertidas em produtos
comercializáveis para uso combustível, lubrificação, materiais para
pavimentar estradas, solvente de tintas,
revestimentos e vários compostos químicos.
Um processo denominado cracking ou craqueamento é utilizado para
"quebrar" compostos químicos
muito grandes em substâncias menores. Há ainda outros tratamentos, como a dessalinização que remove
impurezas e melhora as propriedades do
produto. Os processos que normalmente
são incluídos nas refinarias modernas são
destilação, cracking ou craqueamento, polimerização, alquilação,
dessulfurização, dessalinização,
desidratação e hidrogenação.
Destilação Produtos como a gasolina, óleo diesel,
asfalto e óleo combustível são recuperados
a partir do óleo cru por destilação. Este é bombeado até as unidades de
destilação e aquecido; uma porção se
transforma em vapor. Esse processo de aquecimento separa os diversos componentes presentes no
petróleo em grupos que tem similar ponto
de ebulição. Quando o vapor se condensa,
esses grupos são condensados separadamente,
formando os destilados, que podem ser usados desta maneira ou
processados para se obter um produto
mais proveitoso ou de melhor qualidade.
A porção de óleo cru que não se vaporiza na destilação, chamada de
resíduo, pode ser usada como óleo
combustível ou também ser processada, em produtos de maior demanda.
Cracking ou
Craqueamento O processo de craqueamento quebra as
moléculas de hidrocarbonetos pesados
convertendo-as em gasolina e uma série de destilados com maior valor
comercial. Os dois tipos principais de
craqueamento são o térmico e o catalítico.
à
craqueamento
térmico usa calor e altas pressões para efetuar a conversão de grandes
moléculas em outras menores.
à
craqueamento
catalítico faz uso de um catalisador, substância que realiza a conversão em condições de pressão
mais reduzidas. O catalisador facilita o
quebramento das moléculas.Catalisadores mais
usados: platina, alumina, bentanina ou sílica.
O uso de temperaturas relativamente altas é essencial em
ambos os tipos de craqueamento.
Polimerização
De um certo modo, a polimerização é o oposto do craqueamento, isto é,
moléculas de hidrocarbonetos mais leves
que a gasolina são combinadas com moléculas
semelhantes para produzir gasolina com alto teor de octano (hidrocarboneto
com 8 carbonos), de elevado valor
comercial. Existem dois tipos de polimerização: a térmica e a catalítica. O uso de catalisadores, como
no craqueamento, faz com que as
condições exigidas na conversão não sejam tão severas.
Alquilação
Semelhante a polimerização, o processo converte moléculas pequenas em
moléculas mais longas, como as que
compõem a gasolina. Difere da polimerização, pois neste processo podem ser combinadas moléculas
diferentes entre si. A gasolina obtida
usualmente apresenta um alto teor de octano, sendo de grande importância
na produção de gasolina para
aviação.
Dessulfurização
O óleo cru e derivados podem conter uma certa quantidade de compostos de
enxofre, como gás sulfídrico,
mercaptanas, sulfetos e dissulfetos. Diversos processos são usados para dessulfurizar esses produtos, dependendo
do tipo de enxofre presente e da
qualidade desejada para o produto final.
Dessalinização
Muitos processos são utilizados para remover sal e água do óleo cru.
Este é aquecido e um
"quebrador" de emulsão é adicionado. A massa resultante é decantada
ou filtrada para retirar a água e o sal.
Hidrogenação
Processo desenvolvido por técnicos alemães para a transformação de
carvão em gasolina. Nele, as frações do
petróleo são submetidas a altas pressões de hidrogênio e temperaturas entre 26oC e 538oC,
em presença de catalisadores.
Fonte:
Fundamentals of Petroleum - Second Edition - The University of Texas at Austin
9. Tabelas e Dados Estatísticos
Composição Percentual do Gás Natural
Hidrocarbonetos
|
%
|
metano
|
70 - 98
|
etano
|
1 - 10
|
propano
|
traços - 5
|
butanos
|
traços - 2
|
pentanos
|
traços - 1
|
hexanos
|
traços - 0,5
|
heptanos +
|
traços - 0,5
|
Não-hidrocarbonetos
|
%
|
nitrogênio
|
traços - 15
|
dióxido de carbono
|
traços - 5
|
sulfeto de hidrogênio
|
traços - 3
|
hélio
|
traços - 5
|
Fonte:
Fundamentals of Petroleum - Second Edition - The University of Texas at Austin
Frações Típicas
do Óleo Cru
Fração
|
Ponto de
Ebulição (oF)
|
Composição
Quím. Aproximada
|
Usos
|
gás de hidrocarbonetos
|
até 100
|
C1-C2
|
gás combustível
|
-
|
até 100
|
C3-C4
|
gás envasado
|
gasolina
|
100-350
|
C5-C10
|
combustível para motores e solvente
|
querosene
|
350
a
450
|
C11-C12
|
combustível para aviões, matéria prima para craqueamento
|
gasóleo leve
|
450-580
|
C13-C17
|
diesel, combustível para fornalhas
|
gasóleo pesado
|
580-750
|
C18-C25
|
óleo lubrificante
|
lubrificantes
|
750-950
|
C2 6-C38
|
óleo lubrificante, cêras de parafina, resina de petróleo
|
resíduos
|
950- +
|
C38- +
|
piche, asfalto para pavimentação, coque, preservativos de
madeira
|
Fonte:
Fundamentals of Petroleum - Second Edition - The University of Texas at Austin
Análise Elementar de Óleo Cru Típico
Elemento
|
Porcentagem em
Peso
|
Carbono
|
84 - 87
|
Hidrogênio
|
11 - 14
|
Enxofre
|
0,06 - 2,0
|
Nitrogênio
|
0,1 - 2,0
|
Oxigênio
|
0,1 - 2,0
|
Fonte:
Fundamentals of Petroleum - Second Edition - The University of Texas at Austin
Reservas Brasileiras de Óleo e Condensado por Região de
Produção (milhões de barris)
Bacia
|
Provada
|
Provável +
Possível
|
Total
|
Amazônia
|
127,6
|
33,1
|
160,7
|
Bahia
|
192,6
|
96,3
|
288,9
|
Bacia de Campos
|
6.362,4
|
6.555,3
|
12.917,7
|
Espírito Santo
|
33,0
|
45,5
|
78,5
|
R.G.Norte/Ceará
|
363,7
|
269,1
|
632,8
|
Sergipe/Alagoas
|
237,0
|
64,3
|
301,3
|
Sul
|
41,2
|
19,8
|
61,0
|
PETROBRAS
|
7.357,5
|
7.083,4
|
14,440,9
|
Reservas referentes ao ano de 1998 Fonte: Revista Brasil Energia 221 Abril 99
Reservas
Brasileiras de Óleo Equivalente por Região de Produção (milhões de boe)
Bacia
|
Provada
|
Provável +
Possível
|
Total
|
Amazônia
|
504,8
|
264,6
|
769,4
|
Bahia
|
348,7
|
216,2
|
564,9
|
Bacia de Campos
|
6.956,3
|
7.256,2
|
14.212,5
|
Espírito Santo
|
69,5
|
64,1
|
133,6
|
R.G.Norte/Ceará
|
479,5
|
317,9
|
797,4
|
Sergipe/Alagoas
|
326,5
|
98,6
|
425,1
|
Sul
|
93,4
|
22,3
|
115,7
|
PETROBRAS
|
8.778,7
|
v8.239,9
|
17.018,6
|
Reservas referentes ao ano de 1998 Fonte: Revista Brasil Energia 221 Abril 99
Reservas Brasileiras de Gás Natural por Região de Produção (bilhões de m3)
Bacia
|
Provada
|
Provável +
Possível
|
Total
|
Amazônia
|
60,0
|
36,8
|
96,8
|
Bahia
|
24,8
|
19,1
|
43,9
|
Bacia de Campos
|
94,4
|
111,4
|
205,8
|
Espírito Santo
|
5,8
|
2,9
|
8,7
|
R.G.Norte/Ceará
|
18,4
|
7,8
|
26,2
|
Sergipe/Alagoas
|
14,2
|
5,5
|
19,7
|
Sul
|
8,3
|
0,4
|
8,7
|
PETROBRAS
|
225,9
|
183,9
|
409,8
|
Reservas referentes ao ano de 1998 Fonte: Revista Brasil Energia 221 Abril 99
10. Mais Detalhes
10.1. Geologia do Petróleo
O petróleo é encontrado nas bacias sedimentares, depressões
na superfície da terra preenchidas por sedimentos que se transformaram, em
milhões de anos, em rochas sedimentares. Essas bacias cobrem vasta área do
território brasileiro, em terra e no mar.
A existência de acumulações de petróleo depende das características e do
arranjo de certos tipos de rochas sedimentares no subsolo. Basicamente, é
preciso que existam rochas geradoras que contenham a matéria-prima que se
transforma em petróleo e rochas-reservatório, ou seja, aquelas que possuem
espaços vazios, chamados poros, capazes de armazenar o petróleo. Essas rochas
são envolvidas em armadilhas chamadas trapas, compartimentos isolados no
subsolo onde o petróleo se acumula e de onde não tem condições de escapar. A
ausência de qualquer um desses elementos impossibilita a existência de uma
acumulação petrolífera. Logo, a existência de uma bacia sedimentar não garante,
por si só, a presença de jazidas de petróleo.
10.2. Exploração do Petróleo
A moderna exploração do petróleo utiliza um grande conjunto
de métodos de investigação na procura das áreas onde essas condições básicas
possam existir. Os diversos estágios da pesquisa petrolífera orientam-se pelos
fundamentos de duas ciências: a Geologia, que estuda a origem, constituição e
os diversos fenômenos que atuam por bilhões de anos na modificação da Terra, e
a Geofísica, que estuda os fenômenos puramente físicos do planeta. Assim, a
geologia de superfície analisa as características das rochas na superfície e
pode ajudar a prever seu comportamento a grandes profundidades. Os métodos
geofísicos, por sua vez, tentam, através de sofisticados instrumentos, fazer
uma espécie de "radiografia" do subsolo, que traz valiosos dados e
permite selecionar uma área que reúna condições favoráveis à existência de um
campo petrolífero. Especialistas
analisam o grande volume de informações gerado pelas etapas iniciais da pesquisa
e a partir daí obtêm um razoável conhecimento sobre a espessura, constituição,
profundidade e comportamento das camadas de rochas existentes numa bacia
sedimentar, o que permite a escolha dos melhores locais para a perfuração.
Porém tudo isso pode, no máximo, sugerir que certa área tem ou não
possibilidades de conter petróleo, mas jamais garantir a sua presença. Esta
somente será confirmada pela perfuração dos poços. Todas as bacias sedimentares brasileiras foram
pesquisadas, em graus diferentes. A intensidade do esforço exploratório tem
variado em função dos resultados obtidos. Em algumas bacias, houve descobertas
logo na fase inicial de exploração, e o número de poços perfurados cresceu
rapidamente. Em outras, esse sucesso não ocorreu, e o trabalho foi
interrompido, só tendo sido retomado após o reestudo das informações e com o
emprego de novas idéias ou métodos. Esta é a prática adotada por todas as
grandes companhias de petróleo.
10.3. Perfuração
A Petrobras perfurou o primeiro poço marítimo em 1968, em
frente ao Espírito Santo, e o segundo, no mesmo ano, no litoral de Sergipe, que
resultou na descoberta do campo de Guaricema. A atividade nas bacias marítimas
foi acelerada progressivamente desde então, em decorrência dos avanços
tecnológicos e dos êxitos alcançados. Em 1974, foi descoberto petróleo na bacia
de Campos, no litoral fluminense, que se tornou a mais importante província
produtora do País. A perfuração em terra
é feita através da sonda de perfuração, constituída de uma estrutura metálica
de mais de 40 metros
de altura (a torre) e de equipamentos especiais. A torre sustenta um tubo
vertical, a coluna de perfuração, em cuja extremidade é colocada uma broca.
Através de movimentos de rotação e de peso transmitidos pela coluna de
perfuração à broca, as rochas são perfuradas.
Lama de perfuração é um fluido especial, composto basicamente de uma
mistura de argila, aditivos químicos e água, injetado no poço por meio de
bombas, a fim de manter a pressão ideal para que as paredes do poço não
desmoronem. A lama de perfuração serve, também, para lubrificar e resfriar a
broca e deter a subida do gás e do petróleo, em caso de descoberta. Enquanto se processa a perfuração, todo o
material triturado pela broca vem à superfície, em mistura com a lama. O geólogo
examina os detritos contidos nesse material e, aos poucos, vai reunindo a
história geológica das sucessivas camadas rochosas vencidas pela sonda. A
análise desses dados pode dar a certeza de que a sonda encontrou petróleo e que
a perfuração deve continuar ou, então, de que não há esperança de qualquer
descoberta. A perfuração de um poço nem
sempre revela a presença de petróleo no subsolo. Apesar do grande progresso dos
métodos de pesquisa, mais de 80% dos poços pioneiros não resultam, no Brasil e
no mundo, em descobertas aproveitáveis. Quando um poço não revela a presença de
petróleo, é tamponado com cimento e abandonado. Embora secos ou subcomerciais,
esses poços podem fornecer indicadores e informações importantes para o
prosseguimento das perfurações, porque permitem maiores conhecimentos sobre a
área explorada. Na fase da pesquisa
petrolífera denominada avaliação, determina-se se o poço contém petróleo em
quantidades que justifiquem sua entrada em produção comercial. Para isso, são
realizados testes de formação, para recuperação do fluido contido em intervalos
selecionados; se os resultados forem promissores, executam-se os testes de
produção, que podem estimar a produção diária de petróleo do poço. Desde o momento em que a perfuração é
iniciada, o trabalho se processa sem interrupção e só termina quando atinge os
objetivos predeterminados. O objetivo de um poço, em termos de perfuração, é
traduzido na profundidade programada: 800, 2.000, 6.000 metros, etc.
Isto requer trabalho árduo e vigília permanente. À medida que a broca avança,
são acrescentados tubos em segmentos de dez metros. Em geral, uma broca tem
vida útil de 40 horas. Para trocá-la, tem-se de retirar toda a tubulação em
segmentos de três tubos e recolocá-los. É fácil imaginar o trabalho e o tempo
que se leva se a perfuração estiver, por exemplo, a 4.000 metros de
profundidade. Os poços iniciais são
chamados pioneiros e têm por objetivo testar áreas ainda não produtoras. Caso
se realize uma descoberta com o pioneiro, são perfurados outros poços para
estabelecer os limites do campo. São os chamados poços de delimitação ou
extensão. Todos eles são, em conjunto, classificados como exploratórios. Se for
confirmada a existência de área com volume comercialmente aproveitável de óleo,
são perfurados os poços de desenvolvimento, através dos quais o campo é posto
em produção. Em muitos casos, os poços pioneiros e os de delimitação também são
aproveitados para produzir.
10.4. Petróleo no Mar
No mar, as atividades seguem etapas praticamente idênticas
às de terra. As perfurações marítimas podem ser executadas através de
plataformas fixas ou flutuantes e de navios-sonda. As plataformas mais comuns são de dois tipos:
as semi-submersíveis, que se apoiam em flutuadores submarinos, cuja
profundidade pode ser alterada através do bombeio de água para dentro ou fora
dos tanques de lastro, permitindo que os flutuadores fiquem posicionados sempre
abaixo da zona de ação das ondas, o que dá ao equipamento grande estabilidade.
As plataformas auto-eleváveis se apoiam no fundo do mar por meio de três ou
mais pernas com até 150
metros de comprimento, que se movimentam verticalmente
através do casco. No local da perfuração, as pernas descem até o leito do mar e
a plataforma é erguida, ficando a uma altura adequada, acima das ondas. Finda a
perfuração, as pernas são suspensas, e a plataforma está pronta para ser
rebocada. Já os navios-sonda parecem navios convencionais, mas possuem, no
centro, uma torre e uma abertura pela qual é feita a perfuração. Em algumas partes do mundo, já foram feitas
perfurações em lâminas d'água (distância da superfície ao fundo do mar)
superiores a 2.000
metros e há projetos para dobrar esta marca. No litoral
brasileiro, já houve perfurações em águas de 1.845 metros de
profundidade.
10.5. Reservas
O desenvolvimento de um campo, ou seja, sua preparação para
produzir, só ocorre se for constatada a viabilidade técnico-econômica da
descoberta, verificando-se se o volume de petróleo recuperável justifica os
altos investimentos necessários à montagem de uma infra-estrutura para produção
comercial. Através do dimensionamento
das reservas. Determinam-se, primeiro, as quantidades de óleo e gás existentes
na jazida (volume original provado), por meio do reconhecimento de fatores como
sua extensão, espessura das camadas saturadas com óleo ou gás, quantidade de
água associada, percentagem de gás dissolvido no óleo, porosidade da rocha,
pressão, temperatura, etc. A seguir, é calculado o volume de hidrocarbonetos
que pode ser recuperado, multiplicando-se o volume original provado por um
fator de recuperação. As reservas são reavaliadas anualmente, e seu volume
oscila em função de novas descobertas, das quantidades de petróleo extraídas a
cada ano e dos avanços técnicos que permitem elevar o fator de recuperação dos
fluidos existentes no interior da rocha-reservatório. As reservas se classificam em provadas,
prováveis e possíveis. Reservas provadas são aquelas cuja existência é
considerada de alta certeza; as prováveis são as de média certeza, enquanto as
possíveis são de baixa certeza. Essas três classificações representam o
petróleo explotável, ou seja, que pode ser extraído economicamente pelos
processos existentes. Há ainda uma outra classificação, a de reservas não
definidas, utilizada para identificar o óleo cujo aproveitamento depende de
estudos mais aprofundados ou de tecnologia ainda não disponível. O tempo de vida útil de um campo de petróleo
é de cerca de 30 anos. Nas operações de produção, o que se procura é extrair o
petróleo da maneira mais racional possível, para que este período não se
reduza. Retiram-se, em média, apenas 25% (fator de recuperação). Portanto, 75%
do petróleo ficam retidos, esperando que surjam novas técnicas, capazes de
aumentar a eficiência dos meios de extração.
O fator de recuperação varia segundo a natureza dos reservatórios
(porosidade das rochas) e as características do petróleo (maior ou menor
viscosidade). Pode-se aumentar o fator de recuperação com técnicas especiais,
chamadas recuperação secundária e terciária. Elas consistem na injeção de água,
gás, vapor ou substâncias especiais no interior do reservatório, para estimular
a saída do petróleo. Utiliza-se também o método de combustão in situ, que
provoca uma espécie de incêndio controlado nas profundezas do reservatório,
conseguindo-se, assim, maior fluidez do óleo.
10.6. Completação
Quando um poço é produtor, inicia-se o estágio de
completação: uma tubulação de aço, chamada coluna de revestimento, é
introduzida no poço. Em torno dela é colocada uma camada de cimento, para
impedir a penetração de fluidos indesejáveis e o desmoronamento de suas
paredes. A operação seguinte é o canhoneio:
um canhão especial desce pelo interior do revestimento e, acionado da
superfície, provoca perfurações no aço e no cimento, abrindo furos nas zonas
portadoras de óleo ou gás e permitindo o escoamento desses fluidos para o
interior do poço. Outra tubulação, de menor diâmetro (coluna de produção), é
introduzida no poço, para conduzir os fluidos até a superfície. Instala-se na
boca do poço um conjunto de válvulas conhecido como árvore-de-natal, para
controlar a produção.
10.7. Produção
Na fase de produção, o óleo pode vir à superfície
espontaneamente, impelido pela pressão interna dos gases. Nesses casos, temos
os chamados poços surgentes. Quando isso não ocorre, é preciso usar
equipamentos para promover a elevação artificial dos fluidos. O bombeio
mecânico é feito por meio do cavalo-de-pau, montado na cabeça do poço, que
aciona uma bomba colocada no seu interior. Existem ainda os bombeios
hidráulico, centrífugo e a injeção de gás, com o mesmo objetivo. Os sistemas de produção marítimos utilizam
plataformas fixas especialmente construídas ou plataformas de perfuração, do
tipo semi-submersível, adaptadas para produzir. A Petrobras desenvolveu
tecnologia própria para produção marítima, através dos sistemas flutuantes de
produção, largamente utilizados na bacia de Campos. Os êxitos sucessivos
obtidos na concepção e operação desses sistemas colocaram a Companhia na
vanguarda mundial da produção de petróleo em águas profundas, onde o Brasil vem
obtendo sucessivos recordes tecnológicos, destacando-se o de produção em maior
lâmina d'água do mundo. Entre a
descoberta de uma jazida e o início da produção são mobilizados centenas de
profissionais e aplicados bilhões de reais para montar uma complexa
infra-estrutura que permita a extração do petróleo e seu escoamento até as
refinarias. São necessários enormes investimentos para a construção de
plataformas de produção marítima, oleodutos, gasodutos, estações coletoras de
petróleo, instalações de tratamento e terminais petrolíferos.
10.8. Gás Natural
Gás Natural é o gás existente nas jazidas. Algumas vezes, é
produzido juntamente com o petróleo - é o chamado gás associado, comum nos
poços da bacia de Campos. Há também o gás natural não-associado, existente em
jazidas sem petróleo, como nos poços do campo de Juruá, na Amazônia. Ao sair do poço, o petróleo não vem só.
Embora existam poços que só produzem gás, grande parte deles produz, ao mesmo
tempo, gás, petróleo e água salgada. Isto prova que o óleo se concentra no
subsolo, entre uma capa de gás e camadas de água na parte inferior. Depois de
eliminada a água, em separadores, o petróleo é armazenado e segue para as
refinarias ou terminais. O gás natural é
submetido a um processo onde são retiradas partículas líquidas, que vão gerar o
gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha. Após processado, o gás é
entregue para consumo industrial, inclusive na petroquímica. Parte deste gás é
reinjetado nos poços, para estimular a produção de petróleo.
10.9. Refino
O refino é constituído por uma série de operações de
beneficiamento às quais o petróleo bruto é submetido para a obtenção de
produtos específicos. Refinar petróleo, portanto, é separar as frações
desejadas, processá-las e transformá-las em produtos vendáveis. A primeira etapa do processo de refino é a
destilação primária. Nela, são extraídas do petróleo as principais frações, que
dão origem à gasolina, óleo diesel, nafta, solventes e querosenes (de iluminação
e de aviação), além de parte do GLP (gás de cozinha). Em seguida, o resíduo da
destilação primária é processado na destilação a vácuo, na qual é extraída do
petróleo mais uma parcela de diesel, além de frações de um produto pesado
chamado gasóleo, destinado à produção de lubrificantes ou a processos mais
sofisticados, como o craqueamento catalítico, onde o gasóleo é transformado em
GLP, gasolina e óleo diesel. O resíduo da destilação a vácuo pode ser usado
como asfalto ou na produção de óleo combustível. Uma série de outras unidades de
processo transformam frações pesadas do petróleo em produtos mais leves e
colocam as frações destiladas nas especificações para consumo. O petróleo, em estado natural, é uma mistura
de hidrocarbonetos – compostos formados por átomos de carbono e hidrogênio.
Além desses hidrocarbonetos, o petróleo contém, em proporções bem menores,
compostos oxigenados, nitrogenados, sulfurados e metais pesados. Todos esses
elementos combinam-se de forma infinitamente variável. Conhecer a qualidade do
petróleo a destilar é fundamental para as operações de refinação, pois sua
composição e aspecto variam segundo a formação geológica do terreno de onde o
petróleo foi extraído e a natureza da matéria orgânica que lhe deu origem.
Assim, há petróleos leves, que dão elevado rendimento em nafta e óleo diesel;
petróleos pesados, que têm alto rendimento em óleo combustível; petróleos com
alto ou baixo teor de enxofre, etc. O conhecimento prévio dessas
características facilita a operação de refino. A Petrobras, por exemplo, produz
em suas refinarias mais de 80 produtos diferentes. Os rendimentos obtidos, em
derivados, em relação ao petróleo processado dependem do tipo do petróleo e da
complexidade da refinaria. Os principais derivados e sua utilização são:
·
Gás
ácido - Produção de enxofre
·
Eteno
- Petroquímica
·
Dióxido
de carbono - Fluido refrigerante
·
Propanos
especiais - Fluido refrigerante
·
Propeno
- Petroquímica
·
Butanos
especiais - Propelentes
·
Gás
liquefeito de petróleo – Combustível doméstico
·
Gasolinas
- Combustível automotivo
·
Naftas
- Solventes
·
Naftas
para petroquímica - Petroquímica
·
Aguarrás
mineral - Solventes
·
Solventes
de borracha - Solventes
·
Hexano
comercial - Petroquímica, extração de óleos
·
Solventes
diversos - Solventes
·
Benzeno
- Petroquímica
·
Tolueno
- Petroquímica, solventes
·
Xilenos
- Petroquímica, solventes
·
Querosene
de iluminação - Iluminação e combustível doméstico
·
Querosene
de aviação - Combustível para aviões
·
Óleo
diesel - Combustível para ônibus, caminhões, etc.
·
Lubrificantes
básicos - Lubrificantes de máquinas e motores em geral
·
Parafinas
- Fabricação de velas, indústria de alimentos
·
Óleos
combustíveis - Combustíveis industriais
·
Resíduo
aromático - Produção de negro de fumo
·
Extrato
aromático - Óleo extensor de borracha e plastificante
·
Óleos
especiais - Usos variados
·
Asfaltos
- Pavimentação
·
Coque
- Indústria de produção de alumínio
·
Enxofre
- Produção de ácido sulfúrico
·
n-Parafinas
- Produção de detergentes biodegradáveis
10.10. Transporte
Petróleo, derivados e álcool podem ser transportados por
navios ou dutos. Os navios, operados pela Frota Nacional de Petroleiros
(Fronape), unidade da Petrobras, são utilizados no transporte de petróleo e
seus derivados do exterior para os terminais marítimos brasileiros, e do Brasil
para o exterior. A Fronape efetua, também, o transporte de cabotagem de
petróleo, seus derivados e álcool ao longo da costa brasileira. Os dutos são
classificados em oleodutos (transporte de líquidos) e gasodutos (transporte de
gases) e em terrestres (construídos em terra) ou submarinos (construídos no
fundo do mar). Os oleodutos que transportam derivados e álcool são também
chamados de polidutos. Outras modalidades de transporte, como o rodoviário e o
ferroviário, são ocasionalmente empregadas para a transferência de petróleo e
derivados. A Petrobras dispõe de navios
especializados para o transporte de petróleo, derivados e álcool, assim como de
navios mínero-petroleiros (que levam minério e trazem petróleo) e outros
destinados ao transporte de produtos químicos. A capacidade própria de transporte
é complementada com navios fretados de terceiros, mediante o pagamento de um
aluguel ou frete por carga transportada.
As operações de carga e descarga dos navios são feitas em terminais
marítimos, que dispõem de facilidades para atracação e sistemas de tubulações e
bombas para a transferência da carga transportada, bem como de tanques para seu
armazenamento. A Petrobras possui terminais para petróleo, derivados e álcool,
cujas sedes estão localizadas nas cidades de São Francisco do Sul (SC), São Paulo
(SP), Duque de Caxias (RJ), Ipojuca (PE) e na Ilha de Madre de Deus (BA). Nas
operações de cabotagem, os navios também descarregam nos portos que possuem
instalações especializadas para este fim.
Dos campos de produção terrestres e marítimos o petróleo é transportado
por oleodutos para as refinarias. Quando importado, ele é descarregado nos
terminais marítimos e transferido para as refinarias, também através de
oleodutos. Depois de processado nas refinarias, seus derivados são
transportados para osgrandes centros consumidores e para os terminais
marítimos, onde são embarcados para distribuição em todo o País. O gás natural,
por sua vez, é transferido dos campos de produção para as plantas de gasolina
natural, de onde, depois de processado para a retirada das frações pesadas, é
enviado aos grandes consumidores industriais e à rede de distribuição
domiciliar. A Petrobras dispõe de extensa rede de oleodutos, gasodutos e
polidutos que interligam campos petrolíferos, terminais marítimos e terrestres,
bases de distribuição, fábricas e aeroportos.
Os oleodutos, gasodutos e polidutos são o meio mais seguro e econômico
para transportar grandes volumes de petróleo, derivados e gás natural a grandes
distâncias. Além disso, o sistema permite a retirada de circulação de centenas
de caminhões, economizando combustível e reduzindo o tráfego de veículos
pesados nas rodovias. Resultado: melhora-se a circulação, preservam-se as
estradas e diminui a emissão de gases tóxicos.
10.11. Pesquisa
Na área de petróleo as principais atividades de pesquisa
estão ligadas a: 1) racionalizar e aperfeiçoar os trabalhos de exploração,
lavra, industrialização, transporte e distribuição de petróleo, seus derivados,
gases naturais e raros, xisto e seus derivados; 2) diminuir o dispêndio cambial
da indústria brasileira de petróleo e petroquímica, possibilitando a
substituição de matérias-primas importadas e dos serviços técnicos contratados
no exterior por equivalentes nacionais; 3) contribuir para a criação e o
desenvolvimento de novos processos, produtos, equipamentos e métodos de
interesse da indústria do petróleo e petroquímica adequados às condições
brasileiras; 4) incentivar a inovação e o aperfeiçoamento dos métodos de
expansão e organização do conhecimento científico e tecnológico. Na Petrobras, o Centro de Pesquisa - Cenpes -
coordena três projetos estratégicos, que estão entre as prioridades
tecnológicas da Petrobras: o de Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Avançado
em Águas Profundas e Ultraprofundas, o de Recuperação Avançada de Petróleo e o
de Desenvolvimento de Tecnologias Estratégicas de Refino. Entre os programas
tecnológicos conduzidos pelo Cenpes, destaca-se o Programa de Tecnologia
Offshore, com o objetivo de otimizar os custos nas atividades de exploração,
perfuração e produção no mar. O Cenpes desenvolve também projetos em parceria
com outras empresas petrolíferas e centros de pesquisa e desenvolvimento no
exterior.
10.12. Xisto
O Brasil possui a segunda maior reserva de xisto do mundo. O
Brasil detém a patente internacional do único processo moderno, em operação
comercial, para extração do óleo de xisto – o processo Petrosix. Em 1972, a Petrobras colocou
em operação em São Mateus do Sul, Paraná, a Usina Protótipo do Irati, para
provar a possibilidade de operar o Petrosix em escala comercial, testar e
desenvolver novos equipamentos, levantar dados básicos para o projeto da usina
industrial e desenvolver tecnologia de proteção ambiental. O Módulo Industrial,
que entrou em operação em 1991, produz óleo combustível, nafta industrial, enxofre,
gás combustível e GLP (gás de cozinha).
10.13. Meio Ambiente
Entre outras iniciativas, a Petrobras eliminou, em 1989, a adição de chumbo
tetraetila à gasolina, contribuindo de maneira decisiva para a melhoria da
qualidade do ar. Brasil e Japão foram os primeiros países do mundo a eliminar o
chumbo da gasolina. Em 1992,
a Petrobras lançou o diesel metropolitano para uso nos
grandes centros urbanos, onde os níveis de poluição do ar são mais acentuados.
Com apenas a metade do teor de enxofre do diesel usado para outras finalidades,
esse produto reduz o volume de dióxido de enxofre lançado no ar das grandes
cidades brasileiras. Nas fases de
perfuração e produção, os cuidados maiores são com o lançamento de efluentes e resíduos
sólidos, além da prevenção e do controle de acidentes nos poços. No transporte
de petróleo e derivados, a preocupação da Companhia é dirigida para a adoção de
medidas preventivas e de controle, para evitar derrames de óleo. Nas
refinarias, a Petrobras tem desenvolvido e implantado sistemas de tratamento
para todos os efluentes potencialmente poluidores: chaminés, filtros e outros
dispositivos e instalações que evitam a emissão de gases, vapores e poeiras
tóxicas para a atmosfera. Os despejos líquidos são tratados por processos
físico-químicos e biológicos antes de serem lançados nos rios ou no mar. Os
resíduos sólidos são reciclados para utilização própria ou venda a terceiros.
Os não reciclados são tratados em unidades de recuperação de óleo e de
biodegradação natural, onde microorganismos do solo degradam os resíduos
sólidos. Outros resíduos sólidos são enclausurados em aterros industriais
constantemente controlados e monitorados.
O respeito ao meio ambiente marinho, de onde provém 75% da produção
brasileira de petróleo, tem levado a Petrobras a intensificar os programas de
treinamento para os empregados que trabalham nas atividades que interferem com
esse sistema. Como uma das conseqüências, a Fronape, desde 1992, vem
registrando uma acentuada redução de ocorrências que resultam em poluição do
mar. A Petrobras mantém centros de Prevenção, Controle e Combate à Poluição do
Mar por Óleo em todos os terminais marítimos. Estes centros treinam empregados
da Petrobras e de outras entidades para dar combate imediato e especializado a
vazamentos acidentais de petróleo ou derivados.
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