A Erosão e seus agentes
Erosão é o conjunto de processos que
promovem a retirada e transporte do material produzido pelo
intemperismo, ocasionando o desgaste do relevo. Seus principais agentes
são a água, o vento e o gelo.
O material transportado recebe o nome de
sedimento e vai dar origem aos depósitos sedimentares que, através da
diagênese, transformam-se em rochas sedimentares. Chama-se de diagênese
um conjunto de transformações que, em resumo, consistem em compactação e
cimentação dos sedimentos, dando-lhes a consistência de uma rocha.
A erosão é importante por ser
responsável pela perda anual de milhões de toneladas de solo fértil,
devida principalmente a práticas equivocadas de ocupação e manejo do
solo. Essa perda é praticamente irrecuperável, pois exige muito tempo
para ser realizada.
A erosão pode ser de vários tipos, conforme o agente que atua:
Erosão pluvial
É aquela provocada pela água das chuvas.
Como foi dito, a água é um dos principais agentes erosivos. Sua ação é
lenta, mas pode ser acelerada quando ela encontra o solo desprovido de
vegetação, como nas áreas desmatadas.
Se o terreno tem muita vegetação, o
impacto da chuva é atenuado porque a as plantas diminuem a velocidade da
água que escorre pelo solo. As raízes, por sua, vez, dão mais
resistência à estrutura do solo e aquelas já mortas funcionam como
canais, favorecendo a infiltração da água.
Sem vegetação, o solo fica saturado em
água mais rapidamente e, como consequência, ela passa a fluir pela
superfície, deixando de se infiltrar. Tudo isso fica agravado se o solo
for arenoso, e não argiloso.
A primeira ação da água é através do
salpicamento, que é a desagregação dos torrões e agregados do solo pelo
impacto dos pingos de chuva. Esse impacto provoca também a selagem, uma
obstrução dos poros do solo pelo material mais fino, o que resulta numa
redução da infiltração e consequente aumento do fluxo de água
superficial.
O fluxo de água pela superfície leva à
formação de ravinas, como na imagem acima, e quanto mais água houver,
mais acelerado será o ravinamento, de modo que ele aumenta à medida que a
água avança morro abaixo.
Outro tipo de erosão pluvial é a erosão remontante,
que abre, no solo, sulcos que podem atingir grandes dimensões e que
crescem morro acima (daí o nome), ao contrário do ravinamento. Esses
sulcos recebem o nome de boçorocas (ou voçorocas) e começam a se formar
quando o ravinamento atinge o lençol freático. Daí em diante, progridem
de modo muito difícil de controlar, pois não mais dependem da ocorrência
de chuvas para aumentar de tamanho.
Erosão fluvial
É aquela causada por rios, perenes ou
temporários. É semelhante à erosão pluvial, mas em escala maior e em
regime permanente ou pelo menos mais prolongado que a erosão pluvial
Erosão marinha (abrasão)
A água do mar provoca erosão através da
ação das ondas, das correntes marítimas, das marés e das correntes de
turbidez. Seu trabalho é reforçado pela presença de areia e silte em
suspensão. A cidade de Olinda, em Pernambuco, é um local em que a erosão
marinha tem agido de modo preocupante, com o mar avançando sobre a
cidade.
As
correntes marinhas transportam grandes volumes de sedimentos de uma área
para a outra. A ação das correntes de turbidez não é percebida, porque
elas atuam entre a plataforma continental e o talude continental.
Erosão glacial
É a erosão provocada pelas geleiras
(também chamadas de glaciares). A água que se acumula nas cavidades das
rochas no verão, congela quando chega o inverno, sofrendo dilatação.
Isso pressiona as paredes dos poros, rompendo a rocha. A cada ano, o
processo se repete, desagregando, aos poucos, a rocha.
Essas massas de gelo deslocam-se muito
lentamente, mas têm uma enorme capacidade de transporte, podendo
carregar blocos de rocha do tamanho de uma casa. Quando derretem, geram
depósitos sedimentares muito heterogêneos, chamados de morenas ou
morainas.
Erosão eólica
É aquela decorrente da ação do vento.
Ocorre em regiões áridas e secas, onde existe areia solta, capaz de ser
transportada pelo vento, que a joga contra as rochas, desgastando-as e
dando origem, muitas vezes, a formas bizarras, como se vê na figura
abaixo:
Ao
contrário do que pensam muitas pessoas, não foi a erosão eólica, e sim a
chuva, que formou as estranhas feições que tanto atraem os turistas em
Vila Velha, no Paraná.
Outra feição típica do ambiente
desértico são os ventifactos, blocos de rocha de tamanhos variados que
aparecem soltos no chão e que exibem faces planas formadas pelo impacto
contínuo da areia. Eles são úteis porque a posição dessas faces indica a
direção preferencial dos ventos no local.
Os grãos de areia podem ser levados a
distâncias enormes por suspensão e já se constatou a presença de areias
provenientes da África na Amazônia brasileira. A suspensão forma grandes
depósitos arenosos, chamados de loess e é responsável também pelas
tempestades de areia.
Erosão antrópica
É a erosão causada pela ação do ser
humano. Em geral não tem grande influência, por que sua ação é de
duração muito curta, Mas, nossa capacidade de remover grandes massas de
terra ou de rocha é cada vez maior e a erosão antrópica tende a ser cada
vez mais significativa.
O plantio sem levar em conta o regime de
escoamento das águas naturais, pode provocar ravinamento e formação de
boçorocas. A ocupação de áreas impróprias para a construção de moradias,
como morros de alta declividade, gera escorregamentos de solo, com
danos materiais e mortes. A impermeabilização de superfícies, como a
pavimentação de ruas, impede que a água da chuva se infiltre e favorece
as inundações em áreas urbanas.
Deve-se ter em mente também que a ação
humana, embora de pequena expressão, pode ser o início de um grande
processo erosivo. Assim, o desmatamento na Amazônia pode facilmente
levar a área desmatada a uma desertificação, porque o solo daquela
região é muito arenoso e pouco espesso. A vegetação só é exuberante
porque se desenvolve sobre restos orgânicos da própria mata, e eles
desaparecem rapidamente quando há o desmatamento.
Tudo Ver
O Serviço Geológico do Brasil, mais conhecido como CPRM disponibiliza em seu Portal uma proposta inovadora e importante para o acesso ao conhecimento científico chamado Canal Escola. Este canal tem como objetivo principal incentivar e fomentar o conhecimento sobre Ciências da Terra e contribuir como fonte didática de recursos para pesquisas de profissionais, professores e estudantes.
Deste rico material oferecido pela instituição, reproduzimos um dos artigos escrito pelo Geólogo Pércio de Moraes Branco, também autor do livro Dicionário de Mineralogia e Gemologia, e acrescentamos algumas imagens relevantes para ilustrar o assunto e dividir com os nossos leitores este importante passo da CPRM em direção a uma melhor divulgação do conhecimento científico brasileiro. Para saber mais sobre o Canal Escola acesse o site www.cprm.gov.br
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