quarta-feira, 1 de julho de 2015

O céu a um clique

Aplicativos de astronomia estimulam o conhecimento dos céus e ajudam a localizar corpos celestes no espaço.
O céu a um clique
Em dispositivos móveis, a Carta Celeste ajuda a identificar estrelas e constelações observadas pelo usuário. (imagem: Reprodução.
 
Pontilhado de centenas de milhares de astros e planetas dos mais diversos tamanhos e a diferentes distâncias de nós, o céu ainda é uma imensidão de mistérios para os especialistas – para os leigos, então, nem se fala! Alguns aplicativos, no entanto, estão trazendo essa imensidão para a palma da mão, e deixando as belezas e curiosidades celestes mais acessíveis aos portadores de smartphones e tablets.

Os apaixonados pela astronomia, claro, saem ganhando. Embora a maioria dos programas esteja disponível apenas em língua inglesa, em português há boas opções. Um exemplo é a Carta Celeste, disponível para aparelhos com sistema Android, que guarda a localização das estrelas e constelações conhecidas. Apontando a câmera do aparelho para o céu, o usuário descobre logo que astros está observando. É possível também explorar o céu noturno como visto de outros pontos da Terra.

Já o Google Sky Map (para Android e iOS) usa o GPS do aparelho para dar nome e fornecer informações sobre corpos celestes. Com uma ferramenta inovadora, ele também permite descobrir em que locais os objetos do espaço vão estar em momentos diferentes da noite – uma interessante experiência de realidade aumentada.
O ganho real de aplicativos como estes – e tantos outros já disponíveis – ainda é ponto de discussão entre especialistas.

Clima extraterrestre

Para quem tem curiosidade sobre nosso astro-rei, uma boa novidade é o Magnetic Storms (para iOS), que ajuda a monitorar as atividades solares. Desenvolvido pelo geofísico Eder Cassola Molina, da Universidade de São Paulo, o aplicativo atua na área conhecida como space weather (em tradução livre, meteorologia espacial), que estuda o clima fora do planeta.
“Ele serve para estudar a interação do Sol com a Terra, não no sentido clássico de transferência de calor, mas sim dos efeitos desta interação com o campo magnético terrestre”, explica o cientista. Alguns eventos ocorridos na superfície solar podem danificar satélites e usinas de retificação de energia elétrica em nosso planeta.

Quando o Sol nascer...

Desenvolvido no Observatório Nacional, a ferramenta Astro (disponível na página do observatório) promete conhecer, em qualquer ponto do planeta, o exato instante do nascer e do pôr do sol. Ela também determina as fases da lua para as coordenadas geográficas do observador, indicando possíveis eclipses.
Astro, ferramenta criada pelo Observatório Nacional
Astro é a ferramenta criada pelo Observatório Nacional que permite ao usuário conhecer o momento exato do nascer e do pôr do sol, a posição dos astros e a possibilidade de eclipses. (imagem: Reprodução)
“Com visualização em 3D e linguagem simples e bem objetiva, Astro ajuda a compreender melhor diversos fenômenos astronômicos importantes”, garante Carlos Veriga, um de seus desenvolvedores.

A melhor forma de conhecer

O ganho real de aplicativos como estes – e tantos outros já disponíveis – ainda é ponto de discussão entre especialistas. Enquanto alguns apostam que as novas tecnologias favorecem o acesso ao conhecimento, outros ponderam que elas podem esvaziar o valor de livros e outros métodos tradicionais de estudo.
Para o físico Awdry Miquelin, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, os aplicativos aproximam os usuários de uma leitura inicial do céu. “Por exemplo, algumas ferramentas permitem que a pessoa identifique estrelas e planetas que estão visíveis de forma muito rápida e isso é enriquecedor”, destaca. Por outro lado, o cientista acredita que os aplicativos devem ser vistos apenas como porta de entrada para o conhecimento dos céus. “Para um melhor aproveitamento, é necessário consultar textos específicos da área e estudar mais a fundo o assunto”, ressalta.

Miquelin acredita que o uso dos aplicativos deve ser estimulado dentro de salas de aula de educação básica, onde os alunos podem explorar o conteúdo em conjunto com o professor. “Quando tratamos de astronomia, muitos conceitos são abstratos, tornando difícil a visualização”, afirma. “Esses programas apresentam uma abordagem convidativa aos alunos, oferecendo um modo de enxergar os céus que apenas o quadro-negro pode não dar conta”.

Valentina Leite
Instituto Ciência Hoje/ RJ

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