Esse lago russo é tão mortal que é capaz de matar uma pessoa em 1 hora
As aparências enganam. Esse lago, que eu
não hesitaria em chamar de um dos mais belos do mundo, não é
convidativo a ninguém que queira experimentar uma morte dolorosa em
cerca de 1 hora.
Trata-se do lago Karachay, localizado no
sul dos Montes Urais, na Rússia e, apesar de sua beleza, é considerado o
lago mais poluído do mundo após ter sido usado anos como local de
despejo de resíduos radiativos. Na época, o lago foi submetido a mais de
200.000 vezes a quantidade normal de radiação por causa do mal despejo
de resíduos de instalações da União Soviética.
O assassino silencioso tem emitido uma
dose letal de radiação a quem entra ou até mesmo se aproxima de suas
águas nos últimos 60 anos. Na década de 40, a URSS construiu uma cidade
secreta na região apelidada de Chelyabinsk-40. Seu objetivo era a
produção de armas nucleares a partir do urânio-238, que era extraído das
montanhas ao redor. O primeiro reator foi colocado em operação no ano
de 1948, e convertia a todo vapor urânio em plutônio.
Mas as coisas foram mal planejadas. Ao
construir as instalações, os soviéticos voltaram todo o planejamento e
recursos para converter o urânio, e se esqueceram de se livrar
seguramente dos resíduos. Como solução, eles começaram a despejá-los no
rio mais próximo, o Techa, que fornecia água potável para 39 cidades e
aldeias. E a dor de cabeça começou.
Depois de envenenar silenciosamente sua
população durante 3 anos, a URSS enviou pesquisadores para averiguar se
os resíduos estavam fora do normal. Eles ficaram chocados ao descobrir
que outras áreas não emitiam mais do que 0,21 Röntgens (uma medida para a
radiação) a cada ano, enquanto o rio Techa emitia 5 Röntgens a cada
hora.
Como medida de emergência, as
autoridades mandaram imediatamente represar o rio, erguendo barragens e
evacuando toda a população das proximidades, mas isso não foi
suficiente. Enquanto isso, a União Soviética encontrou outro lugar para
despejar seus resíduos nucleares, o lago Karachay. Entre 3 e 4 décadas
depois (a URSS foi extinta, e só depois que a Rússia reconheceu a
existência em 1990), o lago Karachay era o principal reservatório de
resíduos da usina de Chelyabinsk. As autoridades argumentaram que o lago
não alimentava nenhum rio (e, de fato, não alimentava), de modo que
teoricamente não havia modo de resíduos radioativos escaparem.
Leve engano. Anos depois, pesquisadores descobriram que as águas contaminadas do lago “vazavam” pelo subsolo do pântano Asanov.
Como se não bastasse, o calor durante
uma seca em 1967 fez boa parte da água do lago evaporar, expondo os
resíduos. Com o vento, uma poeira tóxica se formou e englobou 2,3 mil
quilômetros quadrados, contaminado cerca de 500 mil pessoas. Foi
relatado um aumento nos casos de leucemia em mais de 40% em alguns anos.
Hoje, o Lago Karachay emite 600 Röntgens
por hora, radiação suficiente para matar uma pessoa em cerca de 1 hora.
E a situação ainda pode piorar: a área é muito instável, de modo que se
a única barragem do rio Techa quebrar, toda a radiação irá vazar para o
pântano, percorrer o rio Ob e cair no Mar Ártico, onde as correntes a
espalharia pelo Oceano Atlântico. [KnowledgeNuts]
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