Pesquisadores descobrem mais antigo fóssil de grande felino
Crânio encontrado no Tibete possui mais de 4 milhões de anos e pode ajudar a resolver o mistério sobre onde e quando surgiram os grandes felinos
Pesquisadores anunciaram nesta quarta-feira a descoberta do
fóssil mais antigo de um grande felino. Os ossos foram escavados em uma
região próxima ao Himalaia, no Tibete, e pertenceram a um animal que
viveu entre 4,1 e 5,95 milhões de anos atrás. Segundo o estudo,
publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, o felino descrito pertencia a uma espécie extinta, que recebeu o nome de Panthera blytheae, bastante semelhante ao atual leopardo das neves, que continua a habitar a mesma região.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Himalayan fossils of the oldest known pantherine establish ancient origin of big cats
Onde foi divulgada: periódico Proceedings of the Royal Society B
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Quem fez: Jack Tseng, entre outros
Instituição: Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos
Dados de amostragem: Ossos descobertos em 2010 no Tibete
Resultado: Segundo a análise dos pesquisadores, os
ossos faziam parte do crânio de um grande felino que viveu entre 4,1 e
5,95 milhões de anos atrás. O animal teria pertencido a uma espécie já
extinta, que recebeu o nome de Panthera blytheae
O estudo descreve alguns fragmentos de crânio descobertos em 2010, e
sugere que os fósseis podem fornecer informações importantes para
explicar o local e o tempo de origem de todos os grandes felinos – grupo
que reúne grandes predadores como leões, onças, tigres e leopardos.
“Esta descoberta sugere que os grandes felinos têm uma origem evolutiva
mais ancestral do que se suspeitava anteriormente”, diz Jack Tseng,
pesquisador do Museu Americano de História Natural, em Nova York, que
participou do estudo.
Gatinhos e gatões – Estudos anteriores feitos a
partir de análises do DNA dos grandes felinos sugeriam que o ancestral
comum mais antigo desses animais teria surgido há cerca de 6,37 milhões
de anos. Ele teria evoluído a partir de uma divergência dos Felinae,
subfamília que inclui felinos menores, desde os selvagens pumas e linces
até os gatos domésticos.
O problema é que os fósseis mais antigos de grandes felinos
encontrados até agora eram fragmentos de dentes escavados na Tanzânia,
datando de apenas 3,6 milhões de anos atrás, o que parecia ir contra as
previsões genéticas.
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Para estimar a idade do crânio descoberto recentemente, os
pesquisadores usaram uma técnica conhecida como magnetostratigrafia. Ela
analisa os padrões que as reversões dos campos magnéticos da Terra
deixaram gravadas nas camadas de rochas para estimar a idade dos
fósseis. Concluíram, assim, que o animal viveu entre 4,1 e 5,95 milhões
de anos atrás – preenchendo a lacuna que faltava.
Mauricio Anton/Proceedings of the Royal Society B/AP
Os pesquisadores encontraram fragmentos de ossos que formavam o crânio quase completo de um grande felino ancestral
O novo fóssil também permitiu aos pesquisadores refinarem ainda mais a
data estimada para a divergência entre os Felinae e os grandes felinos.
A partir da análise morfológica do crânio e comparações com outros
felinos – vivos e mortos – os pesquisadores avaliam agora que o primeiro
grande felino surgiu entre 10 e 11 milhões de anos atrás.
Gatos tibetanos – A descoberta não ajuda somente a
ajustar a data de evolução dos grandes felinos, mas também seu local de
origem. Pesquisas moleculares anteriores mostravam que esses animais
deveriam ter surgido na Ásia, mas o fóssil mais antigo conhecido até
agora era africano. A localização do novo crânio sugere que, de fato, o
grupo divergiu dos outros felinos na Ásia Central, e depois se espalhou
para o resto do mundo.
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Os paleontologistas encontraram o fóssil enquanto realizavam
escavações no condado de Zanda, uma região isolada que fica perto da
fronteira entre o Paquistão e a China. Ali, eles descobriram mais de 100
ossos, de uma grande variedade de animais. O crânio do Panthera blytheae
estava localizado abaixo de ossadas de antílopes, bastante quebrado,
mas quase completo. “Ele estava simplesmente alojado em meio a toda essa
confusão”, diz Tseng.
Agora, os pesquisadores pretendem voltar ao local e realizar mais
escavações, em busca de outros exemplares da espécie. Isso poderia
ajudá-los a refinar seus estudos e deixar mais precisas as datas
estimadas para a origem dos grandes felinos.
Zanda
Os pesquisadores encontraram o crânio do Panthera blytheae
enquanto realizavam escavações no isolado condado de Zanda, na Região
Autônoma do Tibete, perto da fronteira da China com o Paquistão.
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