terça-feira, 19 de maio de 2020

O mais antigo felino conhecido foi descoberto no Tibet

Fósseis de Panthera blytheae fortalecem a tese da origem asiática das panteras
Por Sid Perkins e revista Nature

Felinos de grande porte semelhantes aos modernos leopardos-das-neves perambularam pela região do Himalaia nos últimos 6 milhões de anos revela uma análise de fósseis recém-descritos. Os ossos de Panthera blytheae ampliaram a linhagem conhecida das panteras em pelo menos 2 milhões de anos e reforçaram a teoria de que esse grupo de carnívoros se originou na Ásia.

Pesquisadores desenterraram ossos pertencentes a menos três exemplares no sudoeste do Tibete. Os restos mais completos incluem um crânio parcial adulto com vários dentes ainda inseridos na mandíbula superior, informa Jack Tseng, um paleontólogo de vertebrados do Museu Americano de História Natural, em Nova York. Osfragmentos foram extraídos de rochas de cerca de 4,42 milhões de anos. Outros fósseis pertencentes à mesma espécie foram escavados de estratos rochosos próximos, depositados há cerca de 5,95 milhões de anos, ele e seus colegas relataram em 14 de novembro na Proceedings of the Royal Society B.

“São fósseis belíssimos de grande significado”, afirmou Zhe-Xi Luo, um paleontólogo de vertebrados da University of Chicago, em Illinois, que não esteve envolvido no estudo. “Eles acrescentam uma raiz evolutiva à árvore genealógica das panteras”.

Muitas características dos dentes de P. blytheae são semelhantes às dos leopardos-das-neves, mas alguns sulcos e cúspides são distintos, indicando que os fósseis representam uma nova espécie. A julgar pelo tamanho do crânio parcial, o grande felino era aproximadamente do mesmo tamanho que o leopardo-nebuloso, ou pantera-nebulosa, e cerca de 10% menor que os leopardos-das-neves — animais que atualmente vivem na cordilheira do Himalaia. Uma comparação entre dezenas de características anatômicas de 12 espécies extintas e vivas de felinos indica que os leopardos-das-neves são uma “espécie irmã” de P. blytheae, explica Tseng. Os tigres modernos também são parentes muito próximos, acrescenta.

Anteriormente, os fósseis conhecidos mais antigos de felinos Panthera eram fragmentos recuperados de rochas de 3,8 milhões de anos na África; o que levou alguns cientistas a sugerir que os grandes felinos havia se originado ali, espalhando-se posteriormente para novos habitats em outros lugares. Os novos espécimes, no entanto, e a maior diversidade de grandes felinos no leste e no sul da Ásia, reforçam a ideia de que esse grupo de animais surgiu na Ásia, comenta Tseng. A atual árvore genealógica da família Panthera, juntamente com análises genéticas de espécies vivas e recentemente extintas, sugere que o grupo evoluiu inicialmente há cerca de 16 milhões de anos atrás.

As características evolutivas avançadas de P. blytheae são um tanto surpreendentes, observa Lars Werdelin, um paleontólogo de vertebrados do Museu Sueco de História Natural de Estocolmo. “Eu esperava que fóssil tão antigo se assemelhasse mais a um gato primitivo.”

A impressionante semelhança de P. blytheae com espécies modernas, como os leopardos-das-neves e os leopardos-nebulosos, torna difícil dizer qual teria sido o aspecto dos progenitores Panthera, acrescenta Werdelin: “Precisaríamos de muitos fósseis intermediários para saber como a linhagem se desenvolveu”. Segundo ele, pode até ser que paleontólogos já tenham desenterrado alguns desses antepassados ancestrais, mas que, na ausência de fósseis de transição, ainda não os reconheceram pelo que de fato são.

Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature. O artigo foi publicado originalmente em 13 de novembro de 2013.

 sciam19nov2013

Fonte: https://sciam.uol.com.br/o-mais-antigo-felino-conhecido-foi-descoberto-no-tibet/

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