segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Megadinossauro brasileiro

Na maior escavação já feita no país, cientistas descobrem um dos últimos dinossauros do Brasil

Por: Cathia Abreu, Instituto Ciência Hoje/RJ.

Publicado em 01/10/2008 | Atualizado em 20/05/2010


Com até 3,5 metros de altura e 20 metros de comprimento, o Uberabatitan ribeiroi é o maior dinossauro já encontrado no Brasil (ilustração: Rodolfo Ribeiro).


Pesquisadores brasileiros e estrangeiros descobriram, em Uberaba, Minas Gerais, fósseis de uma nova espécie de dinossauro, que viveu há cerca de 65 milhões de anos: o Uberabatitan ribeiroi. Na maior escavação já feita no Brasil em busca de um animal pré-histórico, com duração de três anos, centenas de ossos foram encontrados, o que ajudou os cientistas a reconstituir a espécie e trazer à tona muitas revelações.

Considerado pelos pesquisadores o elo que faltava para explicar a história de vida na Terra e de como era o território brasileiro há milhões de anos, o Uberabatitan ribeiroi é uma das últimas espécies de dinossauro a habitar o Brasil. “Na época em que ele viveu, a Terra passava por bruscas mudanças ambientais, que conduziram à extinção dos dinossauros”, conta o paleontólogo Ismar de Souza Carvalho, do Departamento de Geologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialista no estudo de formas de vida do passado e um dos responsáveis pelas escavações e pela descrição da nova espécie.

O Uberabatitan ribeiroi viveu há 65 milhões de anos, em um período marcado por alterações ambientais no planeta que levaram à extinção dos dinossauros (ilustração: Ariel Milani Martine).


O Uberabatitan ribeiroi era um titanossauro: um tipo de dinossauro que deu origem a uma família de gigantes do período Cretáceo, que viveram entre 80 e 65 milhões de anos atrás e foram os maiores dinossauros que habitaram o Brasil. Titanossauros como o Uberabatitan ribeiroi tinham quatro patas e eram herbívoros: com o auxílio de seu longo pescoço, se alimentavam das folhas dos topos das árvores. Eles chegavam a atingir cinco metros de altura, vinte de comprimento e a pesar entre dez e dezesseis toneladas.

Com a palavra, as rochas!

Três esqueletos quase completos do Uberabatitan ribeiroi foram retirados de rochas depositadas em uma montanha de pedras, a 30 quilômetros do centro da cidade de Uberaba. Por meio de análises do solo, descobriu-se o período exato em que o dinossauro viveu, um dos dados mais importantes obtidos pelos pesquisadores.

“É como se as pedras falassem e os cientistas pudessem traduzir o que elas querem nos dizer”, compara Ismar de Souza Carvalho. No caso do Uberabatitan ribeiroi, por exemplo, as rochas forneceram muitas informações. Para você ter uma idéia, elas mostraram que a espécie viveu em um momento de transição, marcado por grandes mudanças na fauna e na flora do Brasil, por grandes inundações, além de longas temporadas de secas e devastação. Acontecimentos que datam de 65 milhões de anos, período em que os continentes da Terra – anteriormente unidos em um imenso bloco chamado Gondwana – se dividiam rapidamente. Por causa dessas mudanças, todo o planeta sofria alterações ambientais, o que acabou causando a morte de muitas espécies, como a do Uberabatitan ribeiroi.

Da rocha ao dinossauro completo

Na escavação do Uberabatitan ribeiroi, centenas de fósseis foram encontrados entre trezentas toneladas de rochas. Mais de trinta e sete ossos originais da espécie foram achados, além de fósseis de outra espécie importante, um dinossauro carnívoro chamado Abelissauro, que pela primeira vez foi registrado no Brasil.

Mas como os cientistas, a partir dos ossos, conseguem saber como era o dinossauro que viveu no passado? Montar esse quebra-cabeça não é tarefa fácil. Por isso, muitas pessoas foram envolvidas. Profissionais de informática, por exemplo, reconstituíram, no computador, os ossos que não foram encontrados, para que, assim, fosse possível saber como era o esqueleto completo do Uberabatitan ribeiroi. Técnicos especializados também fizeram cópias dos ossos originais para montar uma reconstituição do dinossauro, que você pode conferir de perto, caso more no Rio de Janeiro.

Do alto dos seus três metros e meio de altura, o Uberabatitan ribeiroi está exposto até o dia 24 de outubro de 2008 na Casa da Ciência, instituição ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (saiba mais detalhes lendo o quadro a seguir). Depois, segue para o Museu dos Dinossauros, localizado em Peirópolis, Minas Gerais. Seja na Cidade Maravilhosa ou no interior mineiro, não perca a oportunidade de ver esse exemplar fantástico da vida pré-histórica do nosso planeta!

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