Muito prazer! Meu nome é...
Entenda como os cientistas batizam as diferentes espécies de animais que existem no planeta
Por: Henrique Caldeira Costa, Museu de Zoologia João Moojen, Universidade Federal de Viçosa
Publicado em 10/02/2010 | Atualizado em 23/06/2010
João-de-barro, forneiro, pedreiro, oleiro... São muitos os nomes dessa espécie de ave, muito comum no Brasil (foto: Alexander Zaidan).
Conhece o forneiro? Não? Então, saiba que você pode não estar ligando o nome ao bicho! Este é apenas um dos nomes dados ao joão-de-barro, um pássaro muito comum no Brasil. Dependendo da região onde é encontrado, ele também pode ser chamado de pedreiro ou oleiro. Na Argentina, é conhecido como hornero! Saber que esse animal pode ter tantos nomes diferentes só gerou mais confusão? Pois é para evitar problemas desse tipo que as espécies têm o que chamamos de nome científico. O do joão-de-barro, por exemplo, é Furnarius rufus. Diante dele, os ornitólogos, cientistas que estudam as aves, não têm dúvida: sabem exatamente que bicho é esse!
O nome científico é muito importante porque facilita a comunicação. Afinal, é comum que a mesma espécie receba um nome diferente em cada região do país onde é encontrada e, principalmente, em países que falam línguas distintas. O pardal, por exemplo, é chamado de english sparrow ou house sparrow em inglês, gorrión común em espanhol e moineau domestique em francês. Mas para os cientistas de qualquer lugar do mundo ele é o Passer domesticus!
Foi o sueco Carl Linné, no século 18, que difundiu a ideia do uso do nome científico das espécies como o conhecemos hoje, formado por duas palavras. A primeira é o nome genérico: escrito com inicial maiúscula, ele é igual para todas as espécies que pertencem a um mesmo gênero, ou seja, que têm muitas características em comum. Já a segunda palavra que forma o nome científico é o chamado nome específico. Escrito com inicial minúscula, ele identifica cada espécie de um gênero. Para ficar fácil de entender, aqui vai um exemplo: as preguiças que apresentam três dedos em cada pata pertencem ao gênero Bradypus. No Brasil, esse gênero tem três espécies: Bradypus torquatus (popularmente conhecida como preguiça-de-coleira), Bradypus tridactylus (preguiça-de-garganta-amarela) e Bradypus variegatus (preguiça-de-garganta-marrom).
Mas você deve estar se perguntando: por que os nomes científicos das espécies são escritos desse jeito tão diferente? Isso acontece porque as palavras usadas para se criar o nome científico de um animal podem ser de qualquer língua ou até mesmo inventadas, mas recomenda-se que sejam escritas como se estivessem em latim: a língua do antigo Império Romano, por muito tempo usada em textos científicos.
O nome científico também deve estar sempre em destaque em um texto: isto é, escrito em itálico, negrito ou sublinhado. E tem mais! Se um cientista descobre uma espécie nova de um gênero que já é conhecido, o único nome que ele pode criar é o nome específico. O nome genérico tem que ser o já existente. É mais ou menos o que aconteceu quando você nasceu. Seus pais não puderam criar um sobrenome novo para você, não é?
Apesar disso, os cientistas têm bastante liberdade na hora de criar o nome científico de uma nova espécie. Ele pode indicar uma característica do animal, fazer referência a alguma palavra indígena ou personalidade, e até não ter significado algum!
Na coluna O nome dos bichos, teremos a missão de explorar todo mês o nome científico de algum animal e descobrir seu significado. Em alguns casos, também vamos investigar seus nomes comuns. A partir disso, garanto que você passará a enxergar nossos bichos com outros olhos! E aí? Preparado para esta aventura?
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