segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Unesp
Grupo de pesquisadores e estudantes mapeou todo o litoral de SP
Projeto foi coordenado pela professora Paulina Setti Riedel, da Unesp
[22/08/2015]
Um grupo de pesquisadores e estudantes mapeou todo o litoral de São Paulo e descobriu que a Baixada Santista é altamente sensível ao derramamento de petróleo. Isso significa que a região seria muito impactada no âmbito social, ambiental e econômico, caso ocorresse um vazamento de óleo de grandes proporções.

O projeto foi coordenado pela doutora Paulina Setti Riedel, docente do Departamento de Geologia da Unesp de Rio Claro, no interior paulista. Dezenas de alunos de graduação e pós-graduação, de vários cursos, participaram do mapeamento das áreas litorâneas. A coleta de dados, feita por meio terrestre e aquático, e a análise das informações foram realizadas entre 2006 e 2014. "Como São Paulo é o estado mais impactado pelo derramamento de óleo, a ideia era fazer uma pesquisa diferenciada, detalhada. O litoral é muito recortado e o material pode parar em qualquer prainha", diz Paulina.

O estudo deu origem ao "Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo no Litoral Paulista", lançado em 2014, e a 128 "Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamento de Óleo". O atlas aponta os locais onde há maior ou menor sensibilidade ao derramamento de petróleo.

Para a classificação dos ambientes, os pesquisadores utilizaram o Índice de Sensibilidade do Litoral (IsL), baseado em um padrão estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente, que segue normas internacionais. O IsL 1 representa baixa sensibilidade e o IsL 10, alta.

Os dados mostram que a Baixada Santista apresenta um litoral com alta sensibilidade a derramamentos de óleo. Cerca de 65,5% da região encontra-se sob IsL 9 ou 10, incluindo manguezais (58,6%), lagunas e margens de rio (1,3%) e planícies de maré lamosas e abrigadas (5,5%). Os costões rochosos abrigados ocorrem em apenas 10,8 quilômetros do litoral da Baixada Santista, porém, esses ambientes são considerados prioritários, devido à sua maior biodiversidade e menor capacidade de se recuperar ou restabelecer.

Atualmente, 78,3% da área de Cubatão, 73,4% de Santos, 64,8% de São Vicente, 60,1% de Bertioga, 52,6% de Peruíbe, 51,6% de Praia Grande, 42% de Guarujá e 25,4% de Itanhaém e Mongaguá são consideradas de alta sensibilidade.

O Polo Industrial de Cubatão e do Porto de Santos fazem da região um dos locais mais suscetíveis a vazamentos de óleo, tanto crônicos como acidentais. "Existe um grande trânsito de navios, o que aumenta a probabilidade de um acidente. Essa área fica muito exposta a riscos”, explica Paulina.

A partir das informações do atlas e das cartas, é possível planejar melhor as ações de contenção, em caso de incidentes. Dessa forma, pode-se utilizar melhor os recursos disponíveis, para agilizar a limpeza e diminuir os danos ambientais. "Quando acontece uma situação de emergência, você tem de agir o mais rápido possível, priorizar as regiões mais sensíveis para controlar o problema", afirma.

Ainda de acordo com a coordenadora da pesquisa, é recomendável que empresas da região tomem medidas para evitar incidentes. "A sensibilidade de uma praia composta por areia grossa sempre será maior do que a de uma praia com areia fina. Se é inevitável o trânsito de navios, que eles sejam mantidos da melhor maneira possível, para evitar vazamentos", diz.

Litoral Sul
Menos recortado que o Litoral Norte e a Baixada Santista, o Litoral Sul paulista apresenta predominância de ambientes sensíveis, com IsL 10. Os manguezais representam 66,8% da linha da costa, seguidos pelas planícies de maré lamosas e abrigadas, com 13,2% da linha costeira, também bastante sensíveis, de IsL 9. Juntos, os IsL 9 e 10 somam 80% da faixa litorânea Sul.

Os manguezais constituem o principal ambiente nos três municípios do litoral sul. Cananéia representa 69,2% do litoral, seguido por Iguape, com 63,7%, e Ilha Comprida, com 57%. Em Ilha Comprida, as praias de areia fina e expostas são bastante representativas, com 31,6%. Em Cananéia, as planícies de maré (IsL 9) representam 15,7%. Já Iguape apresenta praias em 26,3% de seu litoral, 14,2% são de areia fina e expostas (IsL 3), e 12,1% são de areia fina. Como há limitações para a limpeza nesses ambientes, por sua elevada sensibilidade, o litoral sul de São Paulo pode ser considerado uma área estratégica para ações preventivas.

O atlas completo, que abrange também o litoral norte, bem como cada carta, separadamente, estão disponíveis para download, em português, na biblioteca digital da Unesp. Há previsão para a versão em inglês, ao final do segundo semestre de 2015.
Mariane Rossi, do G1 Santos

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