Unesp
Grupo de pesquisadores e estudantes mapeou todo o litoral de SP
Projeto foi coordenado pela professora Paulina Setti Riedel, da Unesp
[22/08/2015]
Um
grupo de pesquisadores e estudantes mapeou todo o litoral de São Paulo e
descobriu que a Baixada Santista é altamente sensível ao derramamento
de petróleo. Isso significa que a região seria muito impactada no âmbito
social, ambiental e econômico, caso ocorresse um vazamento de óleo de
grandes proporções.O projeto foi coordenado pela doutora Paulina Setti Riedel, docente do Departamento de Geologia da Unesp de Rio Claro, no interior paulista. Dezenas de alunos de graduação e pós-graduação, de vários cursos, participaram do mapeamento das áreas litorâneas. A coleta de dados, feita por meio terrestre e aquático, e a análise das informações foram realizadas entre 2006 e 2014. "Como São Paulo é o estado mais impactado pelo derramamento de óleo, a ideia era fazer uma pesquisa diferenciada, detalhada. O litoral é muito recortado e o material pode parar em qualquer prainha", diz Paulina.
O estudo deu origem ao "Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo no Litoral Paulista", lançado em 2014, e a 128 "Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamento de Óleo". O atlas aponta os locais onde há maior ou menor sensibilidade ao derramamento de petróleo.
Para a classificação dos ambientes, os pesquisadores utilizaram o Índice de Sensibilidade do Litoral (IsL), baseado em um padrão estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente, que segue normas internacionais. O IsL 1 representa baixa sensibilidade e o IsL 10, alta.
Os dados mostram que a Baixada Santista apresenta um litoral com alta sensibilidade a derramamentos de óleo. Cerca de 65,5% da região encontra-se sob IsL 9 ou 10, incluindo manguezais (58,6%), lagunas e margens de rio (1,3%) e planícies de maré lamosas e abrigadas (5,5%). Os costões rochosos abrigados ocorrem em apenas 10,8 quilômetros do litoral da Baixada Santista, porém, esses ambientes são considerados prioritários, devido à sua maior biodiversidade e menor capacidade de se recuperar ou restabelecer.
Atualmente, 78,3% da área de Cubatão, 73,4% de Santos, 64,8% de São Vicente, 60,1% de Bertioga, 52,6% de Peruíbe, 51,6% de Praia Grande, 42% de Guarujá e 25,4% de Itanhaém e Mongaguá são consideradas de alta sensibilidade.
O Polo Industrial de Cubatão e do Porto de Santos fazem da região um dos locais mais suscetíveis a vazamentos de óleo, tanto crônicos como acidentais. "Existe um grande trânsito de navios, o que aumenta a probabilidade de um acidente. Essa área fica muito exposta a riscos”, explica Paulina.
A partir das informações do atlas e das cartas, é possível planejar melhor as ações de contenção, em caso de incidentes. Dessa forma, pode-se utilizar melhor os recursos disponíveis, para agilizar a limpeza e diminuir os danos ambientais. "Quando acontece uma situação de emergência, você tem de agir o mais rápido possível, priorizar as regiões mais sensíveis para controlar o problema", afirma.
Ainda de acordo com a coordenadora da pesquisa, é recomendável que empresas da região tomem medidas para evitar incidentes. "A sensibilidade de uma praia composta por areia grossa sempre será maior do que a de uma praia com areia fina. Se é inevitável o trânsito de navios, que eles sejam mantidos da melhor maneira possível, para evitar vazamentos", diz.
Litoral Sul
Menos recortado que o Litoral Norte e a Baixada Santista, o Litoral Sul paulista apresenta predominância de ambientes sensíveis, com IsL 10. Os manguezais representam 66,8% da linha da costa, seguidos pelas planícies de maré lamosas e abrigadas, com 13,2% da linha costeira, também bastante sensíveis, de IsL 9. Juntos, os IsL 9 e 10 somam 80% da faixa litorânea Sul.
Os manguezais constituem o principal ambiente nos três municípios do litoral sul. Cananéia representa 69,2% do litoral, seguido por Iguape, com 63,7%, e Ilha Comprida, com 57%. Em Ilha Comprida, as praias de areia fina e expostas são bastante representativas, com 31,6%. Em Cananéia, as planícies de maré (IsL 9) representam 15,7%. Já Iguape apresenta praias em 26,3% de seu litoral, 14,2% são de areia fina e expostas (IsL 3), e 12,1% são de areia fina. Como há limitações para a limpeza nesses ambientes, por sua elevada sensibilidade, o litoral sul de São Paulo pode ser considerado uma área estratégica para ações preventivas.
O atlas completo, que abrange também o litoral norte, bem como cada carta, separadamente, estão disponíveis para download, em português, na biblioteca digital da Unesp. Há previsão para a versão em inglês, ao final do segundo semestre de 2015.
Mariane Rossi, do G1 Santos
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