segunda-feira, 28 de abril de 2014

Cientistas da USP criam versão transgênica do parasita da malária

28/04/2014
Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) desenvolveram uma versão transgênica do parasita causador da forma mais agressiva de malária humana – o Plasmodium falciparum – que poderá auxiliar na triagem de novos medicamentos contra a doença.

Modificação faz com que o Plasmodium falciparum torne-se fluorescente na presença de cálcio, íon essencial para sua sobrevivência, e pode ser útil na triagem de novos medicamentos (foto: Wikimedia)

Os resultados da pesquisa – conduzida com apoio da FAPESP durante o doutorado de Lucas Borges Pereira – foram apresentados no dia 15 de abril no “Workshop at the Interface between Physics and Biology”, na sede da FAPESP, em São Paulo.

Foi inserido no parasita um gene que, ao ser expresso, codifica um marcador de cálcio conhecido como GCaMP3, que é formado pela fusão do gene da proteína verde fluorescente (GFP, na sigla em inglês, originário de uma espécie de água-viva) com o gene da proteína calmodulina (CaM, capaz de se ligar ao cálcio) e com o peptídeo M13.
“Na presença de cálcio, ocorre uma interação e a GFP passa a emitir luz. Quanto maior a quantidade do íon maior a fluorescência. É um tipo de ferramenta já muito usada em pesquisas com células de mamífero. O fato de termos conseguido desenvolver uma versão para o parasita que mais mata no mundo é um grande avanço”, afirmou Célia Regina da Silva Garcia, orientadora de Borges e coordenadora do Projeto Temático “Genômica funcional em Plasmodium”.

O cálcio, explicou Garcia, é uma substância essencial para a reprodução do P. falciparum e para os processos de invasão da célula hospedeira.
“A grande vantagem do parasita transgênico é a possibilidade de medir cálcio em tempo real sem usar métodos invasivos, como a extração da célula hospedeira ou a marcação com compostos orgânicos. Dessa forma, podemos estudar [in vitro] os processos fisiológicos de controle de ciclo de vida com a célula intacta e o parasita vivo. Também será possível realizar triagem de novas drogas”, explicou.

Em um estudo anterior publicado no Journal of Cell Biology, a equipe da USP já havia desvendado como o parasita consegue sobreviver no interior das hemácias – as células vermelhas do sangue – onde há dez mil vezes menos cálcio do que o necessário para sua sobrevivência.

No momento em que o parasita penetra na hemácia, parte da membrana da célula sanguínea se dobra e forma uma bolsa ao redor do protozoário chamada vacúolo parasitóforo. Dessa forma, o parasita cria um ambiente rico em cálcio ao seu redor. Uma proteína da parede dessa bolsa, a enzima Ca++ ATPase, exerce um papel essencial nesse processo, por captar cálcio do interior da hemácias.
“Drogas como a artemisinina, por exemplo, causam a morte do parasita por inibir a sua capacidade de acumular cálcio. Outros antimaláricos também atuam sobre a via de sinalização por cálcio. Mas precisamos encontrar novas opções terapêuticas, pois os parasitas já estão resistentes às drogas existentes”, disse Garcia.

A ideia do grupo é usar o parasita transgênico como ferramenta no teste de drogas candidatas por meio de ensaios do tipo high-throughput screening (HTS), que usam um sistema automatizado para avaliar várias substâncias ao mesmo tempo. “Diversos inibidores podem ser colocados sobre os parasitas modificados e, pela intensidade da fluorescência, podemos identificar quais substâncias apresentam maior eficácia”, explicou Garcia.

Com auxílio de um equipamento conhecido como citômetro de fluxo (que permite identificar as células fluorescentes), o grupo de Garcia já realizou os primeiros testes para confirmar a sensibilidade do parasita transgênico à presença de cálcio.

“Mas o citômetro de fluxo permite apenas enxergar toda a população de parasitas dentro das hemácias. Para estudar o comportamento individual do Plasmodium necessitamos de equipamentos mais sofisticados, como um microscópio confocal, por exemplo. Somente assim conseguiremos analisar uma única célula e acompanhar a sinalização de cálcio”, disse Borges.

Para Garcia, ainda que seja possível realizar parcerias com equipes internacionais, é fundamental que os próximos experimentos sejam realizados no Brasil. “São esses testes que vão render resultados de alto impacto para nossa ciência”, avaliou.

sábado, 26 de abril de 2014

Estudo sobre picada da jararaca ajuda a entender mecanismos da hemorragia

25/04/2014
Por Fabio Reynol
Agência FAPESP – Há muito se sabe que o envenenamento provocado por serpentes como a jararaca (Bothrops jararaca) pode causar danos aos tecidos ao redor do local da picada e estimular um quadro de hemorragia. Entender as causas desses efeitos, a sua etiologia, no entanto, é um desafio complexo.


Lesão provocada no local de inoculação do veneno pode estimular liberação de proteína que desempenha papel fundamental na coagulação sanguínea (foto: divulgação)

É o que conta o médico veterinário Marcelo Larami Santoro, pesquisador do Instituto Butantan, em São Paulo, que conduziu o projeto “Importância da lesão local induzida por metaloproteinases de venenos ofídicos na indução de plaquetopenia em envenenamentos” de 2011 a 2013 com o apoio FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa - Regular.

“Na maioria das ocorrências, o soro antiofídico é eficaz para tratar as picadas de jararaca; em casos mais graves, porém, pode ocorrer uma hemorragia muito intensa que deve receber tratamento específico”, disse o pesquisador.

Para entender como o veneno da jararaca afeta o sistema de coagulação e as plaquetas (células que ajudam a controlar a perda de sangue), foram feitos experimentos em ratos utilizando duas vias de inoculação, a subcutânea e a intravenosa. Com isso, procurou-se verificar a importância da lesão local na indução da plaquetopenia (redução da contagem de plaquetas no sangue) e das alterações do sistema de coagulação.
O estudo também testou a importância das duas principais classes de toxinas presentes no veneno, as metaloproteinases e as serinaproteinases; para isso, o veneno da jararaca foi incubado, antes de ser injetado nos animais, com inibidores apropriados. O objetivo da incubação do veneno é promover a inibição de determinadas enzimas. Como já se sabe, ambas as classes apresentam atividade anti-hemostática, ou seja, impedem a detenção da perda sanguínea, reação que ocorre quando o organismo tenta inibir uma hemorragia.

De acordo com os resultados, as duas classes de toxinas não estão diretamente envolvidas na origem da plaquetopenia induzida pelo veneno da jararaca, o que suscitou a conclusão de que outros mecanismos ou toxinas do veneno devam ser responsáveis pela redução das plaquetas. No entanto, as metaloproteinases do veneno se mostram essenciais para o desenvolvimento dos distúrbios da coagulação. Essa evidência contesta uma opinião difundida ao longo dos anos entre médicos e cientistas, de que as serinaproteinases são as toxinas mais importantes para o consumo do fibrinogênio, proteína envolvida no processo de coagulação sanguínea e cuja diminuição no sangue favorece o quadro hemorrágico decorrente da picada da jararaca.

Outro dado importante levantando foi que a lesão provocada no local da inoculação do veneno pode estimular a liberação de fator tissular na circulação sanguínea. Conhecido também como tromboplastina, o fator tissular é uma substância presente em tecidos, monócitos e plaquetas que desempenha um papel fundamental na coagulação sanguínea.

“O aumento do fator tissular na circulação torna a ação do veneno mais potente, aumentando os danos nos tecidos ao favorecer a coagulopatia, que são distúrbios de coagulação”, acrescentou Santoro, ressaltando que o estudo da ação dos venenos ofídicos ao longo do século XX ajudou a ciência a descobrir os mecanismos da coagulação sanguínea.
O artigo Bothrops jararaca venom metalloproteinases are essential for coagulopathy and increase plasma tissue factor levels during envenomation, descrevendo todos esses resultados, será publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.

Parceria com Argentina

O projeto contou com a participação da pesquisadora María Elisa Peichotto, da Universidad Nacional del Nordeste (NDDE) da Argentina. O trabalho foi aprovado na chamada do acordo de cooperação científica assinado em 2010 entre a FAPESP e o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (Conicet).

A pesquisadora argentina é a autora principal de um artigo científico desenvolvido durante o projeto, Inflammatory effects of patagonfibrase, a metalloproteinase from Philodryas patagoniensis (Patagonia Green Racer; Dipsadidae) venom, publicado no periódico Experimental Biology and Medicine.

A parceria com o país vizinho ainda colaborou para a realização da primeira Jornada “Investigación biomédica de animales venenosos de la selva paranaense”, realizada em maio de 2013 na cidade argentina de Puerto Iguaçu.

Outro fruto importante do projeto foi a pesquisa de mestrado “Patogênese dos distúrbios hemostáticos sistêmicos induzidos pelo veneno da serpente Bothrops jararaca”, da estudante Karine Miki Yamashita, apoiada por uma bolsa FAPESP.
Santoro pretende agora continuar a investigação sobre o fator tissular e os mecanismos envolvidos com ele. “Conhecendo-o melhor poderemos colaborar para combater a sua ação nos casos de envenenamento”, diz.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Gametogênese

É o processo pelo qual os gametas são produzidos nos organismos
É o processo pelo qual os gametas são produzidos nos organismos
1. Introdução

Gametogênese é o processo pelo qual os gametas são produzidos nos organismos dotados de reprodução sexuada. Nos animais, a gametogênese acontece nas gônadas, órgãos que também produzem os hormônios sexuais, que determinam as características que diferenciam os machos das fêmeas.


Por apresentar aspectos muito particulares, a gametogênese dos vegetais será abordada no curso de Botânica. Iremos, nessas aulas, tratar da gametogênese animal, com destaque para a gametogênese humana.


O evento fundamental da gametogênese é a meiose, que reduz à metade a quantidade de cromossomos das células, originando células haploides. Na fecundação, a fusão de dois gametas haploides reconstitui o número diploide característico de cada espécie.


Em alguns raros casos, não acontece meiose durante a formação dos gametas. Um exemplo bastante conhecido é o das abelhas: se um óvulo não for fecundado por nenhum espermatozoide, irá se desenvolver por mitoses consecutivas, originando um embrião em que todas as células são haploides. Esse embrião haploide formará um indivíduo do sexo masculino. O desenvolvimento de um gameta sem que haja fecundação chama-se partenogênese. Se o óvulo for fecundado, o embrião 2n irá originar uma fêmea.


Em linhas gerais, a gametogênese masculina (ou espermatogênese) e a gametogênese feminina (ovogênese ou ovulogênese) seguem as mesmas etapas.


2. A Espermatogênese

Processo que ocorre nos testículos, as gônadas masculinas. Secretam a testosterona, hormônio sexual responsável pelo aparecimento das características sexuais masculinas: aparecimento da barba e dos pelos corporais em maior quantidade, massa muscular mais desenvolvida, timbre grave da voz, etc.


As células dos testículos estão organizadas ao redor dos túbulos seminíferos, nos quais os espermatozoides são produzidos. A testosterona é secretada pelas células intersticiais. Ao redor dos túbulos seminíferos, estão as células de Sertoli, responsáveis pela nutrição e pela sustentação das células da linhagem germinativa, ou seja, as que irão gerar os espermatozoides.


Nos mamíferos, geralmente os testículos ficam fora da cavidade abdominal, em uma bolsa de pele chamada bolsa escrotal. Dessa forma, a temperatura dos testículos permanece aproximadamente 1° C inferior à temperatura corporal, o que é ideal para a espermatogênese.


A espermatogênese divide-se em quatro fases:


Fase de proliferação ou de multiplicação:
Tem início durante a vida intrauterina, antes mesmo do nascimento do menino, e se prolonga praticamente por toda a vida. As células primordiais dos testículos, diploides, aumentam em quantidade por mitoses consecutivas e formam as espermatogônias.


Fase de crescimento: Um pequeno aumento no volume do citoplasma das espermatogônias as converte em espermatócitos de primeira ordem, também chamados espermatócitos primários ou espermatócitos I, também diploides.


Fase de maturação
: Também é rápida, nos machos, e corresponde ao período de ocorrência da meiose. Depois da primeira divisão meiótica, cada espermatócito de primeira ordem origina dois espermatócitos de segunda ordem (espermatócitos secundários ou espermatócitos II). Como resultam da primeira divisão da meiose, já são haploides, embora possuam cromossomos duplicados. Com a ocorrência da segunda divisão meiótica, os dois espermatócitos de segunda ordem originam quatro espermátides haploides.


Espermiogênese: É o processo que converte as espermátides em espermatozoides, perdendo quase todo o citoplasma. As vesículas do complexo de Golgi fundem-se, formando o acrossomo, localizado na extremidade anterior dos espermatozoides. O acrossomo contém enzimas que perfuram as membranas do óvulo, na fecundação.


Os centríolos migram para a região imediatamente posterior ao núcleo da espermátide e participam da formação do flagelo, estrutura responsável pela movimentação dos espermatozoides. Grande quantidade de mitocôndrias, responsáveis pela respiração celular e pela produção de ATP, concentram-se na região entre a cabeça e o flagelo, conhecida como peça intermediária.



3. A Ovogênese


Nos ovários encontram-se agrupamentos celulares chamados folículos ovarianos de Graff, onde estão as células germinativas, que originam os gametas, e as células foliculares, responsáveis pela manutenção das células germinativas e pela produção dos hormônios sexuais femininos.


Nas mulheres, apenas um folículo ovariano entra em maturação a cada ciclo menstrual, período compreendido entre duas menstruações consecutivas e que dura, em média, 28 dias. Isso significa que, a cada ciclo, apenas um gameta torna-se maduro e é liberado no sistema reprodutor da mulher.


Os ovários alternam-se na maturação dos seus folículos, ou seja, a cada ciclo menstrual, a liberação de um óvulo, ou ovulação, acontece em um dos dois ovários.


A ovogênese é dividida em três etapas:


Fase de multiplicação ou de proliferação: É uma fase de mitoses consecutivas, quando as células germinativas aumentam em quantidade e originam ovogônias. Nos fetos femininos humanos, a fase proliferativa termina por volta do final do primeiro trimestre da gestação. Portanto, quando uma menina nasce, já possui em seus ovários cerca de 400 000 folículos de Graff. É uma quantidade limitada, ao contrário dos homens, que produzem espermatogônias durante quase toda a vida.


Fase de crescimento: Logo que são formadas, as ovogônias iniciam a primeira divisão da meiose, interrompida na prófase I. Passam, então, por um notável crescimento, com aumento do citoplasma e grande acumulação de substâncias nutritivas. Esse depósito citoplasmático de nutrientes chama-se vitelo, e é responsável pela nutrição do embrião durante seu desenvolvimento.


Terminada a fase de crescimento, as ovogônias transformam-se em ovócitos primários (ovócitos de primeira ordem ou ovócitos I). Nas mulheres, essa fase perdura até a puberdade, quando a menina inicia a sua maturidade sexual.

Fase de maturação: Dos 400 000 ovócitos primários, apenas 350 ou 400 completarão sua transformação em gametas maduros, um a cada ciclo menstrual. A fase de maturação inicia-se quando a menina alcança a maturidade sexual, por volta de 11 a 15 anos de idade.


Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose, interrompida na prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe citoplasma e desintegra-se a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a segunda divisão da meiose. É o primeiro corpúsculo (ou glóbulo) polar.


A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito de segunda ordem ou ovócito II). Ao sofrer, a segunda divisão da meiose, origina o segundo corpúsculo polar, que também morre em pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino, célula volumosa e cheia de vitelo.


Na gametogênese feminina, a divisão meiótica é desigual porque não reparte igualmente o citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja bastante rico em substâncias nutritivas.


Na maioria das fêmeas de mamíferos, a segunda divisão da meiose só acontece caso o gameta seja fecundado. Curiosamente, o verdadeiro gameta dessas fêmeas é o ovócito II, pois é ele que se funde com o espermatozoide.


4. A Fecundação


Para que surja um novo indivíduo, os gametas fundem-se aos pares, um masculino e outro feminino, que possuem papéis diferentes na formação do descendente. Essa fusão é a fecundação ou fertilização.


Ambos trazem a mesma quantidade haploide de cromossomos, mas apenas os gametas femininos possuem nutrientes, que alimentam o embrião durante o seu desenvolvimento. Por sua vez, apenas os gametas masculinos são móveis, responsáveis pelo encontro que pode acontecer no meio externo (fecundação externa) ou dentro do corpo da fêmea (fecundação interna). Excetuando-se muitos dos artrópodes, os répteis, as aves e os mamíferos, todos os outros animais possuem fecundação externa, que só acontece em meio aquático.


Quando a fecundação é externa, tanto os machos quanto as fêmeas produzem gametas em grande quantidade, para compensar a perda que esse ambiente ocasiona. Muitos gametas são levados pelas águas ou servem de alimentos para outros animais. Nos animais dotados de fecundação interna, as fêmeas produzem apenas um ou alguns gametas por vez, e eles encontram-se protegidos dentro do sistema reprodutor.


Além da membrana plasmática, o óvulo possui outro revestimento mais externo, a membrana vitelínica. Quando um espermatozoide faz contato com a membrana vitelínica, a membrana do acrossomo funde-se à membrana do espermatozoide (reação acrossômica), liberando as enzimas presentes no acrossomo.


As enzimas do acrossomo dissolvem a membrana vitelínica e abrem caminho para a penetração do espermatozoide. Com a fusão da membrana do espermatozoide com a membrana do óvulo, o núcleo do espermatozoide penetra no óvulo. Nesse instante, a membrana do óvulo sofre alterações químicas e elétricas, transformando-se na membrana de fertilização, que impede a penetração de outros espermatozoides.


No interior do óvulo, o núcleo do espermatozoide, agora chamado pró-núcleo masculino, funde-se com o núcleo do óvulo, o pró-núcleo feminino. Cada pró-núcleo traz um lote haploide de cromossomos, e a fusão resulta em um lote diploide, o zigoto. Nessa célula, metade dos cromossomos tem origem paterna e metade, origem materna.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Horizontes do Solo

por: Colunista Portal - Educação
A1: Uma camada rica em húmus
A1: Uma camada rica em húmus
Onde um corte recente de estrada ou escavação expõe perfis verticais do solo, frequentemente notam-se camadas denominadas horizontes. Um perfil de solo generalizado, e um tanto simplificado, tem quatro divisões principais, além do R (Rocha Consolidada) e do E , são eles: Horizontes O, A, B e C, o horizonte A tem duas subdivisões (A1 e A2).


Alinhados em ordem descendentes a partir da superfície do solo, os horizontes e suas características mais proeminentes são como se segue:


O - Primordialmente depósitos de matéria orgânica morta. A maioria dos organismos do solo habita esta camada (conhecida genericamente como serrapilheira, pode também de dividir em O1 e O2, a primeira é constituída por restos vegetais recém-caídos, a segunda tem um aspecto esponjoso, semidecomposto, e geralmente está associada a uma malha de raízes).


A1-
Uma camada rica em húmus, que consiste em material orgânico parcialmente decomposto misturado com solo mineral.


A2
- Uma região de intensa lixiviação de minerais do solo. Devido aos minerais serem dissolvidos pela água (mobilizados) neta camada, as raízes das plantas estão concentradas aqui.


B- Uma região de pouco material orgânico cuja composição química assemelha-se aquela da rocha subjacente. Minerais de argila e óxidos de alumínio e fero são lixiviados para fora do horizonte A2, acima são eventualmente depositados aqui.


C-
Principalmente material levemente modificado semelhante à rocha matriz. Carbonatos de cálcio e magnésio acumulam-se nesta camada, especialmente em regiões secas, algumas vezes formando camadas duras e impermeáveis.


E- Horizontes eluviais empobrecidos em partículas de dimensão argilosa. Encontram-se, geralmente, sob o horizonte A; apresentam, devido à migração das partículas finas, uma concentração relativa de constituintes maiores, como os siltes e as areias; apresentam cores mais claras do que a dos horizontes subjacentes; sua estrutura é geralmente contínua, fragmentar, pouco evoluída; seu pH é normalmente ácido, por ser destituído das bases.


Os horizontes de solo demonstram a crescente influência do clima e dos fatores bióticos com o aumento da profundidade. Crítico para a formação do solo é o movimento dos elementos minerais para cima e para baixo através do perfil do solo. Porém, antes de considerar este processo em detalhe, examinaremos a modificação inicial da rocha matriz e como ela influencia as características do solo.

O que é Imunologia?

O sistema imunológico baseia-se nas relações Antígeno-Anticorpo
O sistema imunológico baseia-se nas relações Antígeno-Anticorpo.
 
A imunologia é o estudo das respostas do organismo que fornecem imunidade, ou seja, proteção às doenças. Ainda que o sistema imune seja muito complexo, certos componentes do sistema imune são facilmente detectados, como por exemplo, os anticorpos.


O sistema imunológico baseia-se nas relações Antígeno-Anticorpo.

Antígenos ( Ag )
-Substância estranha que induz uma resposta imune por causar uma produção de anticorpos e ou linfócitos sensibilizados que reagem especificamente com a substância; imunógeno.


Anticorpo (Ac) - Proteína do soro que foi induzida por e reage especificamente a uma substância estranha (antígeno); imunoglobulina.


O sistema imune fornece mecanismos de defesas específicas contra uma variedade de substâncias estranhas ao nosso corpo chamadas de antígenos. Estes antígenos podem ser vírus, células (como células sanguíneas, células de bactérias e células de fungos) ou moléculas de proteínas. O sistema imune é uma organização complexa de tecidos, células, produtos de células e mediadores químicos biologicamente ativos e todos interagem para produzir a resposta imune.


A resposta imune reconhece e relembra diferentes antígenos. A imunidade específica é caracterizada por três propriedades:


1. Reconhecimento

2. Especificidade

3. Memória


O reconhecimento refere-se à habilidade do sistema imune de reconhecer diferenças em um número muito grande de antígenos e distingui-los.


A especificidade refere-se à habilidade de dirigir uma resposta a um antígeno específico.
Memória é a referência à habilidade do sistema imune de lembrar-se de um antígeno muito tempo depois de um contato inicial.


Os principais tecidos e órgãos do sistema imune são:

Linfócitos - são as principais células responsáveis pela resposta imune: linfócitos T (vírus, fungos e tumores) e linfócitos B (bactérias e toxinas).


Órgãos linfoides primários
- Timo e Medula óssea.


Órgãos e tecidos linfoides secundários - Nódulos linfáticos, Baço, tecidos linfoides associados ao intestino, Apêndice, Amígdalas, Placas de Peyer e tecidos linfoides associados aos brônquios.
Imunoglobulinas (Ig)


As imunoglobulinas (Ig) são proteínas produzidas por células plasmáticas e secretadas no organismo em resposta à exposição ao antígeno. Elas se classificam em:

IgA
- É a imunoglobulina predominante nas lágrimas, saliva, leite materno, secreções respiratórias e trato gastrointestinal. Fornece proteção contra organismos que invadem estas áreas.


IgG - É a classe em maior concentração no organismo. É também chamada de gama globulina. Fornece imunidade em longo prazo. É a única que atravessa a Placenta e fornece ao recém-nascido a imunidade que vão durar vários meses.


IgM
- É a Segunda mais abundante. É a primeira produzida em resposta a um antígeno, mas não fornece imunidade em longo prazo.


IgE - Está envolvida nas reações alérgicas e nas infecções parasitárias.


O alerta dos sapos

Estudo em Rondônia revela alteração genética de espécies pela poluição, com riscos para os humanos. Os animais podem ser usados no monitoramento da contaminação dos ambientes em que vivem. 
 
Por: Gabriel Toscano
Publicado em 16/04/2014 | Atualizado em 16/04/2014
O alerta dos sapos
O ‘Leptodactylus petersii’ vive em qualquer fragmento de vegetação e pode ser encontrado até em áreas urbanas. O animal é um bom indicador de contaminação do ambiente. (foto: Francisco Carlos da Silva)
Desde o início da civilização, as cidades são construídas em locais ricos em recursos hídricos, devido à necessidade constante de água para o consumo direto da população e para as atividades humanas. Nos centros urbanos, porém, é gerado um grande volume de lixo, com muitos materiais e fluidos poluentes, e nem sempre os mananciais que fornecem a água estão protegidos desses resíduos, descartados sem cuidado. A conta acaba sendo paga pelos ambientes naturais.
Cientes do problema, pesquisadores do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (Ceulji), em Rondônia, ligado à Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), estão realizando testes em material biológico do anfíbio Leptodactylus petersii para detectar lesões causadas ao animal pela poluição e avaliar como o ambiente, e os humanos que ali vivem, são afetados.

A técnica pode revelar alterações genéticas, que ocorrem quando o pequeno sapo entra em contato com a poluição.
Na pesquisa, liderada pelo biólogo Francisco Carlos da Silva, é extraída uma pequena fração de células da epiderme dos animais, para a realização do chamado teste de micronúcleo. Essa técnica pode revelar alterações genéticas, que ocorrem quando o pequeno sapo entra em contato com a poluição.
Como o L. petersii vive em qualquer fragmento de vegetação, é muito comum encontrar a espécie mesmo em áreas urbanas, desde que existam pequenas regiões alagadiças. As áreas de preservação permanente situadas no perímetro urbano de Ji-Paraná seriam o ambiente ideal para esses animais. Entretanto, essas áreas, onde está sendo realizada a pesquisa, vêm sofrendo despejo de esgoto irregular. Como os anfíbios, como o nome indica, vivem tanto em terra quanto dentro da água, eles ficam expostos diretamente à poluição. Por isso, são considerados bons indicadores ambientais.

Embora a pesquisa esteja no início, já apresenta alguns resultados. As análises das primeiras amostras de pele dos sapos constataram a presença de micronúcleos nas células. Estes se formam quando, nos cromossomos, fragmentos alterados por poluentes tóxicos são ‘cortados’ por mecanismos genéticos capazes de corrigir erros no processo de divisão das células. Os fragmentos permanecem na célula, envolvidos por uma membrana, e se parecem com pequenos núcleos. Sua existência, portanto, revela que a poluição já está causando alterações genéticas nos anfíbios.
Micronúcleos em células
As setas vermelhas indicam os micronúcleos que se formaram nas células dos anfíbios, em decorrência de alterações genéticas causadas pela poluição. (foto: Francisco Carlos da Silva)
Da Silva chama a atenção para o perigo de as alterações atingirem as células reprodutivas dos animais. “Se agentes genotóxicos presentes nesses ambientes atingirem as células germinativas (gametas), provocarão a formação de genes defeituosos. Nesse caso, podem nascer indivíduos com anomalias, que seriam transmitidas aos seus descendentes”, explica.

Biomonitoramento ampliado

O grupo de pesquisa pretende expandir o biomonitoramento ambiental. A ideia é realizar as análises não só nos anfíbios, mas também em espécies da vegetação e de peixes nas áreas estudadas. Uma das linhas de estudo, já em andamento, é a germinação de sementes de cebola na água dos mananciais, para verificar se ocorre alguma anomalia em seu desenvolvimento.

Os peixes são importantes porque é por meio deles que o problema pode atingir a população humana. Na região, peixes fazem parte da dieta habitual dos moradores, e o consumo da carne contaminada pode levar a problemas de saúde. Como já foram confirmados os danos genéticos na espécie L. petersii, que vive na mesma área e compartilha a mesma água, os pesquisadores acreditam que os peixes também possam sofrer o mesmo impacto.
Esgoto
Despejos irregulares de esgoto podem comprometer o ecossistema. (foto: Rafaelle Nazário Viana)
As mutações e seus efeitos na vida dos animais podem abalar o ecossistema. Os sapos, por exemplo, são essenciais para o equilíbrio biológico do ambiente, pois, em condições normais, se alimentam de grande quantidade de insetos. Se as mutações levarem à redução da população de sapos, poderia ocorrer a proliferação excessiva de mosquitos, formigas, baratas, entre outros insetos.
Da Silva: “Quanto mais poluição, provavelmente maior é a interferência na formação genética dos seres que vivem no ambiente”
Da Silva lembra que o estudo é feito em Rondônia, mas o perigo existe em todo o Brasil, em especial nas grandes cidades. “Quanto mais poluição, provavelmente maior é a interferência na formação genética dos seres que vivem no ambiente”, alerta.
Segundo o biólogo, o principal objetivo da pesquisa é, com o biomonitoramento, mostrar a importância da preservação ambiental não apenas para a população, mas também para as grandes empresas e o governo, que têm a capacidade de investir no tratamento dos resíduos, evitando seu descarte na natureza.

Gabriel Toscano
Ciência Hoje On-line

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pó de serra (serragem) não é adsorvente! Entenda.

Pó de serra (serragem) não é adsorvente! Entenda bem

Absorvente* de óleo: superfície específica e hidrofobicidade.

Artigo escrito por Jader Martins, engenheiro químico, professor e PhD

Tenho recebido questionamento sobre críticas feitas ao uso da serragem (pó de serra) como absorvente de óleo. Senti-me na obrigação de esclarecer pontos técnicos sobre estas críticas. O bom adsorvente de óleo, além dos aspectos econômicos e ambientais, tem que ter elevada superfície específica e ser hidrofóbico. Esta é uma condição sine qua non.

O que significa isto?

A superfície especifica é uma propriedade dos sólidos que nos dá a relação entre a área superficial total e a massa do sólido. Além disso, muitas partículas são porosas e, neste caso, a superfície específica será a soma da superfície específica exterior mais a superfície específica interior. Para entender melhor a questão da superfície especifica é importante conhecer a diferença entre adsorção e absorção:

- Adsorção é a adesão de moléculas de um fluido (o adsorvido) a uma superfície sólida (o adsorvente). O grau de adsorção depende da temperatura, da pressão e da área da superfície. As forças que atraem o adsorvato podem ser químicas ou físicas. A adsorção química, também chamada de quimissorção, é específica e é empregada na separação de misturas. Nela as moléculas (ou átomos) unem-se à superfície do adsorvente através da formação de ligações químicas (geralmente covalentes) e tendem a se acomodarem em sítios que propiciem o maior número de coordenação possível com o substrato. Uma molécula quimicamente adsorvida pode ser decomposta em virtude de forças de valência dos átomos da superfície e é a existência de fragmentos moleculares adsorvidos que responde, em parte, pelo efeito catalítico das superfícies sólidas. A adsorção física, também chamada de fisissorção, é empregada em máscaras contra gases e na purificação e descoloração de líquidos. Nela as moléculas do adsorvente e do adsorvato interagem por interações de van der Waals, que apesar de serem interações de longo alcance, são fracas e não formam ligações químicas. Uma molécula fisicamente adsorvida retém sua identidade, embora possa ser deformada pela presença dos campos de força da superfície.

- Absorção é a fixação de um gás por um sólido ou um líquido, ou a fixação de um líquido por um sólido. A substância absorvida se infiltra na substância que absorve, diferentemente da adsorção, já que espécies químicas submetidas a absorção são absorvidas pelo volume, não pela superfície (como no caso de adsorção). Um termo mais geral é sorção que abrange adsorção e troca iônica. Para que ocorra adsorção, o absorvente tem que ser hidrofóbico , ou seja, apolar, não ter afinidade química com a água. Não ter afinidade química com a água, que é polar, significa não misturar com a água e ter afinidade química com óleo e outros compostos orgânicos, tais com querosene e gasolina. O álcool, por exemplo, é orgânico, mas mistura com a água. Portanto, não será adsorvido pelo absorvente.

Diante dessa explicação técnica, é possível concluir que os sólidos orgânicos, como o pó de serrana, não possuem a propriedade principal de um bom adsorvente, que é ter uma superfície especifica suficientemente alta para esta finalidade e ter uma hidrofobicidade muitíssimo baixa, não permitindo o seu uso em condições de muita umidade ou na chuva. O pó de serra não é absorvente e tem um grau de adsorção baixíssimo.
Finalmente, existe ainda o aspecto legal de acordo com a lei 12651. Ele estabelece, no artigo 36, que é contravenção o uso de derivados de madeira sem a certificação de origem.
*Usei o termo absorvente de um modo mais popular, mas o correto é dizer adsorvente.

 Documentário

Raging Planet

Tempo de Duração: 43 min cada
Ano de Lançamento: 2009
Qualidade: HDTVRip
Formato: Mkv
Audio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 950 MB cada parte
Sinopse: Raging Planet é uma série de geologia em torno de um backbone da fascinante ciência. Cobrindo clima dramático em alta definição, Raging Planet traz-lhe mais próximo as poderosas ações da natureza do nosso planeta, tais como: raios, vulcões, inundações, avalanches, furacões, tornados e tempestades do mar.

Episódio 01
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Episódio 02
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Episódio 03
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Episódio 04
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Episódio 05
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quinta-feira, 10 de abril de 2014

O que é Sustentabilidade? Aprenda as bases que formam o conceito sobre ser sustentável

April 8, 2014

Fonte: 
http://elementalsolucoes.com.br - João Barata - Engenheiro Ambiental e Gerente de Projetos na Elemental Soluções
 
Afinal, o que é sustentabilidade? Como conseguiremos ser sustentáveis? Essas e outras peguntas são importantes para avançarmos no debate sobre esta importante questão. Infelizmente, o debate que há sobre o tema acaba não evoluindo por não haver uma base conceitual sólida sobre o que realmente se trata a sustentabilidade. Existe uma ideia superficial sobre o tema, mas até mesmo os próprios profissionais da área se perdem quando questionados sobre o seu conceito.
O debate sobre sustentabilidade deve inserir o campo das relações sociais (Foto: Reprodução)
O conceito de sustentabilidade não é algo simples de se estabelecer ou até mesmo de se imaginar, pois seu objetivo envolve um processo complexo envolvendo conflito e cooperação local, nacional, regional e global, e uma variedade de atores, como governos, organismos internacionais, entidades empresariais e organizações cidadãs. Afinal, vivemos em complexas sociedades que estão conectadas em escala global com outras ao redor do mundo.
Na verdade, o debate sobre sustentabilidade tem acionado diferentes eixos de reflexão, apontando para múltiplas trajetórias de elaboração coletiva da mudança. Distintos valores se destacam, entre elas:
Eficiência: Novos padrões tecnológicos que projetem a racionalidade econômica para o conjunto dos recursos planetários de modo a torna-los duradouros, assegurando os meios materiais requeridos para a continuidade do desenvolvimento econômico e social;
Equidade: Consideram-se as relações intrínsecas entre desigualdade social e degradação ambiental, remetendo a um tratamento conjunto e articulado dos propósitos de erradicação da pobreza e de proteção ambiental;
Novos Padrões de Produção e Consumo: níveis de crescimento econômico continuado voltado para a satisfação de demandas por bens de consumo não essenciais são incompatíveis com um processo de desenvolvimento ecologicamente benigno;
Autossuficiência: Aponta para os riscos que a expansão generalizada das relações de mercado representa para a preservação da estabilidade cultural e da capacidade reprodutiva da base material das comunidades tradicionais;
Consciência: são ressaltados os valores, deveres e obrigações relativos à preservação das condições de existência da vida no planeta, articulando-se a discussão sobre sustentabilidade à reflexão sobre responsabilidade social na construção e na preservação de um mundo comum.
Novos padrões de produção e consumo é um importante passo na busca pela sustentabilidade (Foto: Reprodução)
É importante entender que a discussão da sustentabilidade vai além do campo ambiental físico. Ela abrange também o campo das relações sociais, comumente esquecida pelos agentes responsáveis pelas tomadas de decisões. Afinal, a sustentabilidade tem tudo a ver com as formas sociais de apropriação e uso desses recursos e do meio ambiente.
A noção de sustentabilidade é, então, direcionada com a possibilidade de criar práticas moldadas pela sociedade que estabeleçam relações sólidas e de longo prazo entre essa sociedade e a base material de sua existência. Portanto, é algo fortemente ligado aos problemas da dinâmica social, às questões como justiça social, igualdade entre gêneros e participação política de atores sociais.
Dessa maneira, a sustentabilidade tente a ser entendida como o processo pelo qual as sociedades administram as condições materiais de sua reprodução, redefinindo os princípios éticos e sociopolíticos que orientam a distribuição de seus recursos ambientais.

Referências:
Leroy, J. P. 2010. Territórios do Futuro: Educação, meio ambiente e açã coletiva. Editora: Lamparina.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Lixo nos mares

Levados para os oceanos pelo vento, os resíduos sólidos gerados por atividades humanas já são um grave problema social e ambiental. Conservação marinha e boa gestão podem auxiliar a reduzir esse impacto. 
 
Por: Andréa de Lima Oliveira, Flávia Cabral Pereira e Alexander Turra
Publicado em 09/04/2014 | Atualizado em 09/04/2014
Lixo nos mares
O problema do lixo marinho envolve fontes terrestres e marítimas de lixo e diferentes locais de acúmulo, como praia, mar costeiro e oceano aberto. Resíduos perigosos põem em risco os usuários da praia. (foto: Flickr/ epSos .de – CC BY 2.0) 
 
O lixo de origem humana que entra no mar está presente nas imagens, hoje comuns, de animais emaranhados em materiais de todo tipo ou que ingeriram ou sufocaram com diferentes itens. Também é conhecida a imensa mancha de lixo que se acumula no chamado ‘giro’ do oceano Pacífico Norte – os giros, existentes em todos os oceanos, são áreas em torno das quais se deslocam as correntes marinhas. Nas zonas centrais desses giros, as correntes têm baixa intensidade e quase não há ventos. Os resíduos que chegam ali ficam retidos e se acumulam, gerando enormes ‘lixões’ oceânicos.
Apesar do sensacionalismo em torno desse tema, o estudo do lixo marinho tem bases científicas e envolve, em todo o mundo, cada vez mais pesquisadores e tomadores de decisão. Todos engajados na luta pela diminuição desse problema social e ambiental.

Detritos orgânicos (vegetais, animais, fezes e restos de alimento) não são considerados lixo marinho, porque em geral se decompõem rapidamente e se tornam nutrientes e alimentos para outros organismos
Os impactos ligados à presença do lixo no mar começaram a ser observados a partir da década de 1950, mas somente em 1975 foi definido o termo ‘lixo marinho’, hoje consagrado. Essa definição, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, diz que é lixo marinho todo material sólido de origem humana descartado nos oceanos ou que os atinge por rios, córregos, esgotos e descargas domésticas e industriais.
Detritos orgânicos (vegetais, animais, fezes e restos de alimento) não são considerados lixo marinho, porque em geral se decompõem rapidamente e se tornam nutrientes e alimentos para outros organismos. As fontes do lixo oceânico são comumente classificadas como ‘marinhas’ (descartes por embarcações e plataformas de petróleo e gás) e ‘terrestres’ (depósitos e descartes incorretos feitos em terra e levados para os rios pelas chuvas e daí para o mar, onde também chegam carregados pelo vento e até pelo gelo).
Tartaruga presa em rede
A rede de pesca, emaranhada na tartaruga marinha, pode prejudicar seus movimentos e provocar sua morte. (foto: Noaa Marine Debris Program)
O número de publicações, científicas e não científicas, sobre lixo marinho começou a aumentar a partir da década de 1980, segundo Christine Ribic, bióloga norte-americana e uma das principais pesquisadoras da área.
Ribic atribui esse aumento a três processos: 1) a contínua e crescente substituição, em vários tipos de utensílios, de materiais naturais pelos sintéticos – estes, como o plástico, resistem por mais tempo à degradação no ambiente marinho e tendem a se acumular; 2) o baixo custo dos materiais sintéticos, que não incentiva sua reciclagem e favorece o descarte no ambiente e 3) o aumento, na zona costeira, do número de habitantes e embarcações, que podem contribuir para o descarte de lixo no ambiente marinho.

Compromissos e atitudes

Os estudos sobre o volume de resíduos no mar e os impactos à fauna levaram à realização, nos Estados Unidos, de Conferências Internacionais de Lixo Marinho, organizadas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês). As conferências ajudaram a consolidar a ideia de que o problema do lixo marinho deve ser reconhecido e enfrentado pelo poder público e por indústrias, pescadores, marinha mercante, militares e a sociedade em geral, e ainda agilizaram trocas de informação entre os pesquisadores e os tomadores de decisão.

O problema do lixo marinho deve ser reconhecido e enfrentado pelo poder público e por indústrias, pescadores, marinha mercante, militares e a sociedade em geral
O número de participantes – inclusive de países – vem aumentando, como mostrou a última Conferência Internacional de Lixo Marinho, realizada em 2011, no Havaí, que teve o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Esse encontro gerou dois documentos importantes: o Compromisso de Honolulu e a Estratégia de Honolulu.

O primeiro é uma lista com 12 atitudes/ações que objetivam reduzir a geração de lixo marinho. Ao assinar esse documento, a nação, empresa ou indivíduo assume publicamente o compromisso de combate ao problema. Já a Estratégia de Honolulu consiste em um roteiro de medidas elaborado para orientar a sociedade civil, o poder público e o setor privado a planejar e executar suas ações nesse campo, incluindo a troca de informações e o aprendizado mútuo. Inclui três eixos de ação: reduzir o lixo marinho gerado em terra, reduzir o lixo marinho gerado no mar e remover o lixo acumulado no ambiente marinho.

Proteção do mar na ONU

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada, em 1945, com o objetivo de promover a paz e o desenvolvimento dos países, mas nas décadas seguintes expandiu sua área de ação. Em 1972, criou uma comissão sobre meio ambiente e desenvolvimento, a qual, em 1987, publicou o relatório ‘Nosso futuro comum’ – chamado de Relatório Brundtland. O nome homenageia a então primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, que presidiu a comissão.
Albatroz
O albatroz foi morto provavelmente pela ingestão acidental de plástico. (foto: USFWS Headquarters)
O relatório criticou o sistema de produção mundial e o próprio conceito de desenvolvimento, sugerindo uma mudança na forma como as nações buscavam seu crescimento econômico. Para a comissão, os governos deveriam adotar um modelo de desenvolvimento capaz de “satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as próprias necessidades” – ou seja, um desenvolvimento sustentável.

Em 1992, como desdobramento do Relatório Brundtland, foi promovida a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92, ou Rio-92, por ter ocorrido no Rio de Janeiro. O encontro mundial gerou um documento, a Agenda 21, contendo compromissos que os países deveriam adotar para proteger o meio ambiente. Entre eles estavam mudanças nos padrões de consumo, manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e proteção dos oceanos, mares e zonas costeiras, temas que se relacionam com a diminuição da geração de lixo marinho.
Dando sequência às iniciativas da ONU contra a degradação do ambiente marinho, o PNUMA criou, em 1995, o Programa Global de Ação para a Proteção do Ambiente Marinho de Atividades Situadas em Terra (GPA, na sigla em inglês). Esse programa inovou ao apontar a conexão entre os ambientes marinho e terrestre e buscou orientar as nações no sentido de reduzir as fontes de degradação dos oceanos oriundas de atividades humanas realizadas em terra.

Você leu apenas o início do artigo publicado na CH 313. Clique aqui para acessar uma edição resumida da revista e ler o texto completo.

Andréa de Lima Oliveira
Flávia Cabral Pereira

Programa de Mestrado em Oceanografia
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo
Alexander Turra
Laboratório de Manejo, Ecologia e Conservação Marinha
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo

Logística Reversa

09/04/2014
 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 regulamentada pelo Decreto Nº 7.404 de 23 de dezembro de 2010. Entre os conceitos introduzidos em nossa legislação ambiental pela PNRS estão a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a logística reversa e o acordo setorial.

responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é o "conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei."



logística reversa é "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação.

"A Lei nº 12.305/2010 dedicou especial atenção à Logística Reversa e definiu três diferentes instrumentos que poderão ser usados para a sua implantação: regulamento, acordo setorial e termo de compromisso.

Acordo setorial é um "ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto." 

Por permitir grande participação social, o Acordo Setorial tem sido privilegiado pelo Comitê Orientador como instrumento preferencial para a implantação de logística reversa.

O Governo Federal instalou, no dia 17 de fevereiro de 2011, o Comitê Orientador para Implementação de Sistemas de Logística Reversa.
O Comitê é formado pelos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde, da Fazenda, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e tem por finalidade definir as regras para devolução dos resíduos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reutilizado) à indústria, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos.
O Grupo Técnico de Assessoramento (GTA), que funciona como instância de assessoramento para instrução das matérias a serem submetidas à deliberação do Comitê Orientador, criou cinco Grupos Técnicos Temáticos que discutem, desde o dia 5 de maio, a Logística Reversa para cinco cadeias.
As cinco cadeias identificadas, inicialmente como prioritárias, são: descarte de medicamentos; embalagens em geral; embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, e eletroeletrônicos.
Esses Grupos tem por finalidade elaborar propostas de modelagem da Logística Reversa e subsídios para o edital de chamamento para o Acordo Setorial.
Os sistemas de devolução dos resíduos aos geradores serão implementados principalmente por meio de acordos setoriais com a indústria. A lei prevê a Logística Reversa para as cadeias produtivas de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e produtos eletroeletrônicos.
Conheça os grupos:

Leia mais: http://laranjaverde.webnode.com/news/logistica-reversa/


Cadastro Ambiental Rural

31/07/2013 16:15

O Cadastro Ambiental Rural é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente - APP, das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país.

Criado pela Lei 12.651/2012 no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, o CAR se constitui em base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil, bem como para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais.

Além de possibilitar o planejamento ambiental e econômico do uso e ocupação do imóvel rural, a inscrição no CAR, acompanhada de compromisso de regularização ambiental quando for o caso, é pré-requisito para acesso à emissão das Cotas de Reserva Ambiental e aos benefícios previstos nos Programas de Regularização Ambiental – PRA e nos Programas de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente, ambos definidos pela Lei 12.651/12. Dentre os benefícios desses programas pode-se citar:

i.        Possibilidade de regularização das APP e/ou Reserva Legal com vegetação natural suprimida ou alterada até 22/07/2008 no imóvel rural, sem autuação por infração administrativa ou crime ambiental;
ii.        Suspensão de sanções aplicadas em função de infrações administrativas por supressão irregular de vegetação em áreas de APP, Reserva Legal e de uso restrito, cometidas até 22/07/2008.
iii.        Obtenção de crédito agrícola, em todas as suas modalidades, com taxas de juros menores, bem como limites e prazos maiores que o praticado no mercado;
iv.        Contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no mercado;
v.        Dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR, gerando créditos tributários;
vi.        Linhas de financiamento para atender iniciativas de preservação voluntária de vegetação nativa, proteção de espécies da flora nativa ameaçadas de extinção, manejo florestal e agroflorestal sustentável realizados na propriedade ou posse rural, ou recuperação de áreas degradadas; e
vii.        Isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos, tais como: fio de arame, postes de madeira tratada, bombas d’água, trado de perfuração do solo, dentre outros utilizados para os processos de recuperação e manutenção das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.

Saiba mais em: CAR

Leia mais: http://laranjaverde.webnode.com/news/cadastro-ambiental-rural-/