Campeões da conservação
Publicado em 12/06/2014
Pesquisadores propõem que, para cada gol marcado na Copa do
Mundo do Brasil, sejam preservados mil hectares de caatinga, hábitat da
mascote da competição.
Durante a Copa do Mundo de 2014, Fuleco ficará
internacionalmente conhecido. Cientistas esperam que tamanha exposição
ajude a preservar seu hábitat, a caatinga, bioma exclusivamente
brasileiro. (foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil – CC BY-SA 3.0)
O personagem foi inspirado em um curioso representante de nossa fauna: o tatu-bola-da-caatinga (Tolypeutes tricinctus). Trata-se de uma espécie endêmica brasileira que está ameaçada de extinção. E seu ambiente natural, a caatinga, também passa por uma situação que, definitivamente, não é das melhores. Esse bioma, segundo a comunidade científica, está em péssimo estado de conservação.
“Escolheram um animal que está ameaçado para ser símbolo da Copa. Mas por que não usar essa divulgação toda para promover ações de conservação dessa espécie?”, provoca o biólogo Enrico Bernard, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Até agora, o retorno que o tatu-bola-da-caatinga recebeu foi praticamente zero.”
O pesquisador, em parceria com colegas das universidades federais do Vale do São Francisco (Univasf) e da Paraíba (UFPB), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Universidade Autônoma do México, publicou um recente artigo criticando a falta de ações concretas de conservação da mascote da Copa.
“É uma provocação à Federação Internacional de Futebol (Fifa) e ao governo brasileiro”, diz Bernard. A equipe sugere que a Fifa e o Ministério do Meio Ambiente aproveitem melhor a alta exposição do bicho para ajudar em sua conservação.
Além da crítica
No artigo, os pesquisadores propõem algumas ideias bem práticas. A primeira delas é expandir o sistema de parques e reservas na caatinga. Eles também esperam que o governo acelere a publicação de um plano de conservação para o tatu-bola.
No dia 22 de maio, foi aprovado o Plano de Ação
Nacional para a Conservação do Tatu-bola, que prevê a criação de dois
parques para proteção da espécie
Outra sugestão, que, segundo os cientistas, não está sendo levada
muito a sério, é que fossem honrados os investimentos prometidos para os
chamados Parques da Copa. Eram projetos que pretendiam criar unidades
de conservação voltadas a atividades turísticas. Seriam parques e
reservas naturais – onde se poderiam promover ações turísticas de
visitação de modo a atrair tanto brasileiros quanto estrangeiros para
conhecer as belezas naturais da caatinga. E não só durante o período da
Copa. Futuramente, o turismo nacional poderia se beneficiar dessas novas
áreas.Mas, de fato, a mais audaciosa das propostas dos pesquisadores é a seguinte: para cada gol marcado nos jogos da Copa, seriam protegidos mil hectares de áreas naturais de caatinga. Ou seja: gols resultariam diretamente em novos territórios a auxiliar na proteção do tatu-bola e seu hábitat.
As ideias têm sido amplamente divulgadas e foram enviadas ao Ministério do Meio Ambiente e à Fifa. No dia 22 de maio, como parte de um pacote de ações pelo Dia Mundial da Biodiversidade, foi aprovado o Plano de Ação Nacional para a Conservação do Tatu-bola, que, entre outras medidas, prevê a criação de dois parques para proteção da espécie. “Agora é aguardar para ver se vão honrar mais esse compromisso”, finaliza Bernard.
Gabriel Toscano
Ciência Hoje On-line
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