Análise da morfologia dos órgãos reprodutivos de morcegos
Machos e fêmeas de espécies diferentes foram comparados em estudo
[23/02/2018]A aluna Larissa Mayumi Bueno defendeu hoje, 23 de fevereiro, sua tese de doutorado intitulada “Caracterização do ciclo reprodutivo de machos e fêmeas de Eptesicus furinalis (Vespertilionidae, Chiroptera): morfologia e variação hormonal”. O trabalho foi realizado por meio do Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal.
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Resumo:
Os morcegos apresentam ampla diversidade nos aspectos reprodutivos, entretanto, são poucos os estudos detalhados sobre a morfologia reprodutiva de Chiroptera, principalmente nas espécies de clima tropical.
O estudo dos aspectos reprodutivos de uma espécie é de grande importância para o entendimento de estratégias para sua conservação. Portanto, o presente estudo teve como objetivos analisar a morfologia dos órgãos reprodutivos de machos e fêmeas de Eptesicus furinalis (Vespertilionidae), uma espécie de grande distribuição pela América do Sul, e comparar a foliculogênese e a morfologia geral dos ovários dessa espécie com a espécie simpátrica Artibeus planirostris (Phyllostomidae). Nos machos de E. furinalis, durante o processo de regressão testicular, no qual o testículo apresenta quatro fases reprodutivas distintas morfologicamente (fase ativa, em regressão, regredida e recrudescência), as células testiculares apresentaram variação na expressão de receptores hormonais andrógenos e luteinizantes, indicando a participação desses hormônios no controle do processo da regressão testicular, sendo que esse controle é exercido por meio da ativação dos receptores de andrógenos nas células de Sertoli, e dos receptores de hormônio luteinizante nas células de Leydig. Na fase de regressão testicular, a expressão de LHR e AR tendem a diminuir, o que causa a desativação da espermatogênese, e na fase de recrudescência testicular ocorre um aumento na expressão de LHR e AR, os quais reativam a espermatogênese.
A morfologia do epidídimo, que é dividido em cabeça, corpo e cauda, e tem o epitélio composto por células principais, apicais, basais, estreitas, claras e halo, também sofre influencia do processo de regressão testicular, evidenciadas principalmente pela altura do epitélio e porcentagem relativa do lúmen e do estroma.
Há evidências de armazenamento de espermatozoides na região da cauda, devido aos maiores valores da porcentagem relativa de lumen na cauda do epidídimo durante a fase regredida, ou seja, quando não há a produção de espermatozoides. Com relação às fêmeas, a morfologia geral dos ovários diferiu entres as espécies, enquanto E. furinalis apresentou uma abundância de glândulas intersticiais e folículos primordiais distribuídos por todo o ovário, os ovários de A. planirostris apresentaram poucas glândulas intersticias e os folículos primordiais localizados em uma área específica, constituindo um ovário polarizado. No processo da foliculogênese de A. planirostris e E. furinalis foram reconhecidos cinco tipos de folículos ovarianos: primordiais, primários, secundários, terciários e antrais. Em E. furinalis a ovulação ocorre em ambos os ovários, podendo ser liberados mais de um oócito por ovário (poliovular), enquanto em A. planirostris as fêmeas liberam um único oócito predominantemente pelo ovário esquerdo (monovular).
No período de Janeiro a Julho, as fêmeas de E. furinalis estavam em condição não reprodutiva, ou seja, não estavam em período de gravidez ou lactação, sendo que de Maio a Julho foram observados espermatozoides no útero, indicando portanto, ocorrência de cópula nesse período. No período de Agosto a Dezembro, as fêmeas apresentaram condições de gravidez e/ou lactação, podendo exibir até quatro embriões no útero bicórneo no estágio inicial da gravidez (Agosto e Setembro), que se reduziu para dois embriões em estágio mais avançado (Outubro). As variações na concentração sérica de estradiol, a presença de folículos antrais nos períodos de gravidez e lactação, e a presença de fêmeas lactantes e grávidas concomitantemente sugerem a ocorrência de estro pós-parto na espécie. Portanto, os resultados obtidos nesse trabalho demonstram a complexidade da morfologia e do controle hormonal da reprodução em morcegos, bem como a variação morfológica dos órgãos reprodutivos entre espécies de morcegos simpátricas.
Comissão Examinadora:
Prof.(A). Eliana Morielle Versute-Orientadora-Unesp/Sjrp
Prof.(A). Manoel Francisco Biancardi-Universidade Federal De Goiás
Prof.(A). Ana Paula Da Silva Perez-Universidade Federal De Goias
Prof.(A). Danielle Barbosa Morais-Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte
Prof.(A). Selma Maria Almeida Santos-Instituto Butantan
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