Resíduos
O crescimento das cidades, com elevada concentração
populacional e expansão das áreas urbanas, associado à industrialização e
ao alto consumo de bens e serviços, são fatores que têm contribuído
para a formação de um cenário urbano com muitos impactos sociais e
ambientais, que estão intimamente relacionados à geração e inadequada
destinação dos resíduos, conseqüência do atual modelo de produção e
consumo.
Segundo o dicionário Aurélio, resíduos são remanescentes ou restos, ou seja, aquilo tudo que sobra de algum processo ou sistema. Lixo é definido como tudo o que não presta e se joga fora; coisas inúteis, velhas, sem valor; resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais, comerciais, etc. (Fonte: Ferreira, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª ed, Curitiba: Positivo, 2004)
Para tais definições, dois pontos merecem atenção: o primeiro é que resíduo e lixo nem sempre são sinônimos, já que o resto de alguma atividade ou processo pode ser reaproveitado em outro momento, deixando de ser algo sem valor, tornando-se matéria-prima. O segundo ponto é que, frente à escassez de espaço para disposição dos resíduos, cada vez mais vemo-nos inspirados a superar a idéia da existência do “jogar fora” , pois na prática, não existe o ‘fora’.
Torna-se necessário, portanto, considerar que em todo ciclo de um produto (que vai da extração da matéria-prima até o descarte pós-uso) – ou de um serviço – é possível tanto REUTILIZAR quanto RECICLAR diversos materiais ou sobras, integrando-os em outros ciclos de produção e consumo. É fundamental, ainda, REDUZIR a produção de resíduos sólidos, através de simples atitudes, por exemplo, baseadas no consumo consciente ou na eficientização de processos produtivos.
Além da classificação citada, o texto preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos propõe outra forma para agrupar tais resíduos, que considera o local ou atividade em que a geração ocorre:
Atenta com tais questões, a população de um modo geral, especialmente em centros urbanos, tem estado mais preocupada para onde seu lixo está sendo destinado, porque reconhece a proximidade dos efeitos de uma má administração e tem acesso a informações. É consenso de que a gestão dos resíduos é de interesse coletivo. Portanto, é fundamental a superação de modelos historicamente consolidados que olham de forma fragmentada para a gestão. Essa importante transformação mudaria a perspectiva de que a característica do lixo é unicamente de “indesejado” ou “inútil”, para a ótica do reaproveitamento e reciclagem, conferindo valor ao resíduo que passa a ser utilizado como matéria-prima de processos produtivos ou fonte de energia.
O gerenciamento de resíduos sólidos envolve um conjunto de ações normativas, técnicas/ operacionais, de planejamento e monitoramento, baseadas em critérios ambientais, sanitários e econômicos para destinar corretamente o lixo gerado. É também uma tomada de decisão política, além de técnica.
Como principais metas do gerenciamento, as quais aumentariam a eficiência do sistema, pode-se elencar duas principais: redução e aproveitamento dos resíduos. Na busca por atingi-las, os Municípios, competentes para selecionar as melhores estratégias e instrumentos de manejo sustentável, devem atentar-se para cada etapa da cadeia do lixo, incluindo a que precede a coleta e, portanto, exige a participação e envolvimento dos geradores (empresas e pessoas), responsáveis pela redução e separação na fonte.
Portanto, assim como garantir o bom funcionamento dos equipamentos e instalações do sistema, a integração de todos os atores envolvidos é fundamental nesse processo: população, grandes geradores, catadores, estabelecimentos da saúde, setores da Prefeitura, etc. Esse é o princípio do Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, instituído pela Constituição como competência do poder público, que deve evitar e suspender o envio de resíduos para lixões e aterros controlados, adotando melhores alternativas.
Cabe ainda ao Município definir, de acordo com as condições locais, as características e classificação correta dos resíduos, como fará o gerenciamento para cada uma das etapas: geração, coleta, transporte, estação de transbordo, disposição, campanhas educativas, etc.
A composição dos efluentes industriais varia em função do tipo de indústria de onde são provenientes, podendo conter elevada carga de compostos orgânicos, elevada carga de compostos inorgânicos ou de ambos.
A composição dos efluentes sanitários ou domésticos varia de acordo com o uso ao qual a água foi submetida. Os principais fatores que podem influenciar a composição são o clima, a situação social e econômica e os hábitos da população.
Segundo o dicionário Aurélio, resíduos são remanescentes ou restos, ou seja, aquilo tudo que sobra de algum processo ou sistema. Lixo é definido como tudo o que não presta e se joga fora; coisas inúteis, velhas, sem valor; resíduos que resultam de atividades domésticas, industriais, comerciais, etc. (Fonte: Ferreira, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª ed, Curitiba: Positivo, 2004)
Para tais definições, dois pontos merecem atenção: o primeiro é que resíduo e lixo nem sempre são sinônimos, já que o resto de alguma atividade ou processo pode ser reaproveitado em outro momento, deixando de ser algo sem valor, tornando-se matéria-prima. O segundo ponto é que, frente à escassez de espaço para disposição dos resíduos, cada vez mais vemo-nos inspirados a superar a idéia da existência do “jogar fora” , pois na prática, não existe o ‘fora’.
Torna-se necessário, portanto, considerar que em todo ciclo de um produto (que vai da extração da matéria-prima até o descarte pós-uso) – ou de um serviço – é possível tanto REUTILIZAR quanto RECICLAR diversos materiais ou sobras, integrando-os em outros ciclos de produção e consumo. É fundamental, ainda, REDUZIR a produção de resíduos sólidos, através de simples atitudes, por exemplo, baseadas no consumo consciente ou na eficientização de processos produtivos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos apresenta dois conceitos importantes, distinguindo resíduos e rejeitos:
RESÍDUOS SÓLIDOS:
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semi-sólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
REJEITOS: resíduos
sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e
recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente
viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada.
De acordo com o texto da PNRS, resíduos
sólidos são aqueles que se encontram também nos estados líquido e
gasoso, constituídos, principalmente, pelos efluentes de diversas atividades humanas. Há, no entanto, outros tipos de resíduos em estado líquido tais como o chorume,
potencial contaminante de lençóis freáticos. Cabe ressaltar, por fim,
que há alguns resíduos líquidos especiais, tais como o mercúrio, que são
altamente tóxicos.
Resíduos Sólidos
Conceitos e Tipos de Resíduos
Segundo a norma da ABNT, NBR 10.004:2004, resíduos sólidos são aqueles que:
“resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cuja
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções, técnica e
economicamente, inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”
Os resíduos sólidos apresentam uma vasta diversidade
e complexidade, sendo que suas características físicas, químicas e
biológicas variam de acordo com a fonte ou atividade geradora, podendo
ser classificados de acordo com:- Riscos Potenciais de Contaminação do Meio Ambiente
- Classe I ou Perigosos
- Classe II ou Não-Inertes
- Classe III ou Inertes
- Natureza ou Origem
- Lixo Doméstico ou Residencial
- Lixo Comercial
- Lixo Público
- Lixo Domiciliar especial
- Entulho de obras
- Pilhas e baterias
- Lâmpadas fluorescentes
- Pneus
- Lixo de Fontes especiais
- Lixo industrial
- Lixo radioativo
- Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoviários
- Lixo agrícola
- Resíduos de serviços de saúde
Além da classificação citada, o texto preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos propõe outra forma para agrupar tais resíduos, que considera o local ou atividade em que a geração ocorre:
- Resíduos Sólidos Urbanos: divididos em materiais recicláveis (metais, aço, papel, plástico, vidro, etc.) e matéria orgânica.
- Resíduos da Construção Civil: gerados nas construções, reformas, reparos e demolições, bem como na preparação de terrenos para obras.
- Resíduos com Logística Reversa Obrigatória: pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; entre outros a serem incluídos.
- Resíduos Industriais: gerados nos processos produtivos e instalações industriais; normalmente, grande parte são resíduos de alta periculosidade.
- Resíduos Sólidos do Transporte Aéreo e Aquaviário: gerados pelos serviços de transportes, de naturezas diversas, como ferragens, resíduos de cozinha, material de escritório, lâmpadas, pilhas, etc.
- Resíduos Sólidos do Transporte Rodoviário e Ferroviário: gerados pelos serviços de transportes, acrescidos de resíduos sépticos que podem conter organismos patogênicos.
- Resíduos de Serviços de Saúde: gerados em qualquer serviço de saúde
- Resíduos Sólidos de Mineração: gerados em qualquer atividade de mineração
- Resíduos Sólidos Agrossilvopastoris (orgânicos e inorgânicos): dejetos da criação de animais; resíduos associados a culturas da agroindústria, bem como da silvicultura; embalagens de agrotóxicos, fertilizantes e insumos.
Gestão de Resíduos Sólidos
As características de cada tipo de resíduo exigem um modelo de gestão adequado, que não tenha como objetivo apenas a coleta e o afastamento, mas o tratamento ideal para cada um, com a finalidade de evitar problemas de saúde pública e contaminação ambiental, impactos sociais e econômicos.Atenta com tais questões, a população de um modo geral, especialmente em centros urbanos, tem estado mais preocupada para onde seu lixo está sendo destinado, porque reconhece a proximidade dos efeitos de uma má administração e tem acesso a informações. É consenso de que a gestão dos resíduos é de interesse coletivo. Portanto, é fundamental a superação de modelos historicamente consolidados que olham de forma fragmentada para a gestão. Essa importante transformação mudaria a perspectiva de que a característica do lixo é unicamente de “indesejado” ou “inútil”, para a ótica do reaproveitamento e reciclagem, conferindo valor ao resíduo que passa a ser utilizado como matéria-prima de processos produtivos ou fonte de energia.
O gerenciamento de resíduos sólidos envolve um conjunto de ações normativas, técnicas/ operacionais, de planejamento e monitoramento, baseadas em critérios ambientais, sanitários e econômicos para destinar corretamente o lixo gerado. É também uma tomada de decisão política, além de técnica.
Como principais metas do gerenciamento, as quais aumentariam a eficiência do sistema, pode-se elencar duas principais: redução e aproveitamento dos resíduos. Na busca por atingi-las, os Municípios, competentes para selecionar as melhores estratégias e instrumentos de manejo sustentável, devem atentar-se para cada etapa da cadeia do lixo, incluindo a que precede a coleta e, portanto, exige a participação e envolvimento dos geradores (empresas e pessoas), responsáveis pela redução e separação na fonte.
Portanto, assim como garantir o bom funcionamento dos equipamentos e instalações do sistema, a integração de todos os atores envolvidos é fundamental nesse processo: população, grandes geradores, catadores, estabelecimentos da saúde, setores da Prefeitura, etc. Esse é o princípio do Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, instituído pela Constituição como competência do poder público, que deve evitar e suspender o envio de resíduos para lixões e aterros controlados, adotando melhores alternativas.
Cabe ainda ao Município definir, de acordo com as condições locais, as características e classificação correta dos resíduos, como fará o gerenciamento para cada uma das etapas: geração, coleta, transporte, estação de transbordo, disposição, campanhas educativas, etc.
Conceitos
Os esgotos ou efluentes oriundos de uma cidade são originados, basicamente, de atividades industriais e de atividades domésticas (incluem-se aqui residências, comércios, instituições, entre outros).A composição dos efluentes industriais varia em função do tipo de indústria de onde são provenientes, podendo conter elevada carga de compostos orgânicos, elevada carga de compostos inorgânicos ou de ambos.
A composição dos efluentes sanitários ou domésticos varia de acordo com o uso ao qual a água foi submetida. Os principais fatores que podem influenciar a composição são o clima, a situação social e econômica e os hábitos da população.
Mesmo com composição variada, os efluentes sanitários geralmente
contêm cerca de 99,9% de água, sendo o restante correspondente aos
sólidos orgânicos e inorgânicos, e aos microrganismos, que juntos
representam toda carga poluidora. Assim, devido à fração de 0,1% de
carga poluidora presente nos efluentes é necessário tratar os esgotos
antes de lançá-los nos corpos d’água.
O uso do ambiente natural na gestão dos esgotos domésticos geralmente se dá em detrimento da saúde dos ecossistemas, que muitas vezes causam danos à própria saúde humana. É comum que rios e lagos sejam utilizados para o transporte e a diluição dos esgotos domésticos, o que pode resultar em grandes impactos aos habitats aquáticos.
O uso do ambiente natural na gestão dos esgotos domésticos geralmente se dá em detrimento da saúde dos ecossistemas, que muitas vezes causam danos à própria saúde humana. É comum que rios e lagos sejam utilizados para o transporte e a diluição dos esgotos domésticos, o que pode resultar em grandes impactos aos habitats aquáticos.
A vazão de efluentes lançados em corpos hídricos sem tratamento
adequado aumentou, nos últimos 50 anos em função do rápido crescimento
das cidades brasileiras que, muitas vezes, não foi acompanhado pela
provisão de infraestrutura e de serviços urbanos, tais como o de
saneamento básico. Em consequência, a capacidade de autodepuração de
muitos corpos d’água foi superada pela carga poluidora dos efluentes ou esgotos.
Os problemas associados ao lançamento de efluentes sem tratamento em corpos hídricos
Do total de água disponível no planeta, aproximadamente 2,5% corresponde à água doce, distribuída entre o solo, rios, lagos, atmosfera e calotas polares (Von Sperling, 2005). A questão é que apenas 0,007% desse total de água doce, de acordo com World Resources Institute (ONU), é de fácil acesso para consumo, uma porcentagem muito baixa frente à demanda, que cresce exponencialmente em função do aumento da população mundial e do consumo per capita, que tem acirrado a disputa por esse valioso recurso.
Nesse contexto mundial, de estresse hídrico e escassez, a preservação e a manutenção da qualidade das águas são essenciais. Assim, sabendo-se da relação entre a degradação da qualidade das águas por esgotos domésticos e industriais, e a escassez de água para abastecimento, especialmente em grandes centros urbanos, deve-se buscar uma gestão local integrada para melhorar o tratamento e abastecimento, evitando-se, por exemplo, a captação em pontos cada vez mais distantes das cidades, que pode ocasionar danos em outras áreas, elevação dos custos de transporte de água e o consumo de energia.
Impactos negativos para a saúde humana também estão relacionados à falta de tratamento de efluentes. Já em 1892, o médico e patologista Heinrich Koch verificou que uma epidemia de cólera que ocorria em duas cidades da Alemanha estava sendo ocasionada pelo fato de que ambas captavam água do mesmo rio para abastecimento público. Verificou-se que o esgoto das duas cidades, eram despejados sem nenhum tratamento, em diversos pontos do rio. No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), gasta-se, aproximadamente, US$ 2,5 bilhões por ano com doenças relacionadas à água contaminada e à falta de esgotamento sanitário.
Cabe considerar, ainda, que o lançamento de esgotos sem tratamento em corpos hídricos possui como principal efeito o aumento do consumo de oxigênio dissolvido, que resulta em impactos negativos aos ecossistemas aquáticos. Isso porque a matéria orgânica presente no efluente passa a ser estabilizada por microrganismos decompositores, que utilizam o oxigênio dissolvido na água para respiração celular. Assim, quanto maior a carga de matéria orgânica, maior será o consumo de oxigênio e, portanto, maior a taxa de reprodução dos organismos. Em seguida, há um decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido, permanecendo apenas aquelas espécies que se adaptam às novas condições ambientais. Dessa forma, em meios poluídos, é comum a ocorrência de baixa diversidade de espécies e grande número de indivíduos de cada espécie, em função da quantidade de esgoto sem tratamento lançado no meio aquático ter superado a capacidade de autodepuração deste.
A necessidade do Saneamento Básico
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social.
O saneamento básico engloba o abastecimento de água às populações, que deve ser qualitativamente e quantitativamente satisfatório; a coleta, o tratamento e a disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura de águas residuárias; acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos; entre outras atividades.
Infelizmente, no Brasil o saneamento básico apresenta um déficit persistente no atendimento de grande parte da população. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, do total de 9.848 distritos brasileiros, apenas 4.097 possuem coleta de esgoto sanitário e, apenas 1.383 realizam algum tipo de tratamento.
No entanto, deve-se considerar que há medidas sendo adotadas na área que visam à melhoria do sistema de saneamento básico. Valer citar, por exemplo, a Lei Nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, ou Lei Federal de Saneamento Básico que aborda:
Os problemas associados ao lançamento de efluentes sem tratamento em corpos hídricos
Do total de água disponível no planeta, aproximadamente 2,5% corresponde à água doce, distribuída entre o solo, rios, lagos, atmosfera e calotas polares (Von Sperling, 2005). A questão é que apenas 0,007% desse total de água doce, de acordo com World Resources Institute (ONU), é de fácil acesso para consumo, uma porcentagem muito baixa frente à demanda, que cresce exponencialmente em função do aumento da população mundial e do consumo per capita, que tem acirrado a disputa por esse valioso recurso.
Nesse contexto mundial, de estresse hídrico e escassez, a preservação e a manutenção da qualidade das águas são essenciais. Assim, sabendo-se da relação entre a degradação da qualidade das águas por esgotos domésticos e industriais, e a escassez de água para abastecimento, especialmente em grandes centros urbanos, deve-se buscar uma gestão local integrada para melhorar o tratamento e abastecimento, evitando-se, por exemplo, a captação em pontos cada vez mais distantes das cidades, que pode ocasionar danos em outras áreas, elevação dos custos de transporte de água e o consumo de energia.
Impactos negativos para a saúde humana também estão relacionados à falta de tratamento de efluentes. Já em 1892, o médico e patologista Heinrich Koch verificou que uma epidemia de cólera que ocorria em duas cidades da Alemanha estava sendo ocasionada pelo fato de que ambas captavam água do mesmo rio para abastecimento público. Verificou-se que o esgoto das duas cidades, eram despejados sem nenhum tratamento, em diversos pontos do rio. No Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), gasta-se, aproximadamente, US$ 2,5 bilhões por ano com doenças relacionadas à água contaminada e à falta de esgotamento sanitário.
Cabe considerar, ainda, que o lançamento de esgotos sem tratamento em corpos hídricos possui como principal efeito o aumento do consumo de oxigênio dissolvido, que resulta em impactos negativos aos ecossistemas aquáticos. Isso porque a matéria orgânica presente no efluente passa a ser estabilizada por microrganismos decompositores, que utilizam o oxigênio dissolvido na água para respiração celular. Assim, quanto maior a carga de matéria orgânica, maior será o consumo de oxigênio e, portanto, maior a taxa de reprodução dos organismos. Em seguida, há um decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido, permanecendo apenas aquelas espécies que se adaptam às novas condições ambientais. Dessa forma, em meios poluídos, é comum a ocorrência de baixa diversidade de espécies e grande número de indivíduos de cada espécie, em função da quantidade de esgoto sem tratamento lançado no meio aquático ter superado a capacidade de autodepuração deste.
A necessidade do Saneamento Básico
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social.
O saneamento básico engloba o abastecimento de água às populações, que deve ser qualitativamente e quantitativamente satisfatório; a coleta, o tratamento e a disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura de águas residuárias; acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos; entre outras atividades.
Infelizmente, no Brasil o saneamento básico apresenta um déficit persistente no atendimento de grande parte da população. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, do total de 9.848 distritos brasileiros, apenas 4.097 possuem coleta de esgoto sanitário e, apenas 1.383 realizam algum tipo de tratamento.
No entanto, deve-se considerar que há medidas sendo adotadas na área que visam à melhoria do sistema de saneamento básico. Valer citar, por exemplo, a Lei Nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, ou Lei Federal de Saneamento Básico que aborda:
- o conjunto de serviços de abastecimento público de água potável;
- coleta, tratamento e disposição final adequada dos esgotos sanitários;
- drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, além da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos.
- Sejam editados pelos próprios titulares;
- Sejam compatíveis com os planos das bacias hidrográficas em que estiverem inseridos;
- Sejam revistos periodicamente, em prazo não superior a 4 anos e anteriormente à elaboração do Plano Plurianual; e
- Caso haja prestação regionalizada de serviços, os planos dos titulares que se associaram devem ser compatíveis entre si.
Fonte:
ICLEI, Brasil. “Manual para aproveitamento do biogás: volume dois, efluentes urbanos”. ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, Secretariado para América Latina e Caribe, Escritório de projetos no Brasil, São Paulo, 2010. Baixe o material aqui.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. “Guia para elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos”. Brasília, DF, 2011.
SWITCH Training Kit – Integrated Urban Water Management in the City of the Future Module 5 – WASTE WATER: Exploring the options
VON SPERLING, Marcos. “Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos”. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.
ICLEI, Brasil. “Manual para aproveitamento do biogás: volume dois, efluentes urbanos”. ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, Secretariado para América Latina e Caribe, Escritório de projetos no Brasil, São Paulo, 2010. Baixe o material aqui.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. “Guia para elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos”. Brasília, DF, 2011.
SWITCH Training Kit – Integrated Urban Water Management in the City of the Future Module 5 – WASTE WATER: Exploring the options
VON SPERLING, Marcos. “Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos”. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.
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