Origem, evolução e diversidade dos mamíferos
Ao posicionarmos nossa observação nas investigações sobre o passado evolutivo do grupo dos mamíferos (membros da Classe Mamallia),
os estudos de Hickman e colaboradores (2016) trataram de expor a
descendência desses organismos aos amniotas ancestrais, remontando seu
processo evolutivo em 70 a 150 milhões de anos durante o período Triássico, segundo o registro fóssil.
Ao longo destas pesquisas históricas, foram alocados ao lado de seus predecessores do Carbonífero tardio, os pelicossauros (“répteis similares a mamíferos”, apesar de ser um termo impróprio) (HUNTAMED SCIENCE, 2018) (foto 02), no quadro distintivo dos seres vivos que possuem uma abertura (chamada “fenestra”) temporal na caixa craniana, categorizados como “sinapsídeos” (foto 01), distribuindo-se nos habitats terrestres (HILDEBRAND e GOSLOW, 2006).
Ao longo do tempo, a partir de um grupo específico de pelicossauros carnívoros, originaram-se os terapsídeos
(sobreviventes sinápsidos pós-Era Paleozoica) (BENTON, 2008),
diversificados em formas herbívoras e carnívoras, e, posteriormente,
alguns terapsídeos conhecidos como “cinodontes” (foto 03) continuaram até a Era Mesozoica.
Entre os agrupamentos conhecidos dos cinodontes, alguns carnívoros chamados de tritelodontídeos,
apresentavam convergência paralela nos dentes e em algumas
características da caixa craniana presente nos mamíferos (HILDEBRAND e
GOSLOW, 2006).
A explosão
biótica dos mamíferos durante o a Era Cenozoica não foi ao acaso. Os
dinossauros, uma vez extintos ao final do período Cretáceo, deram a chance aos mamíferos primitivos tomarem de conta dos milhares de habitats desguarnecidos
(KEMP, 2005) (foto 04) já que conseguiram passar pelo “gargalo” da
extinção que sucumbiu seus predadores principais. Assim, a irradiação do
grupo além de sobreviver, aumentou gradualmente ao longo das eras e estabilizou-se até os dias atuais.
Os mamíferos atuais dividem-se em dois grandes grupos: os monotremados (mamíferos ovíparos); e os Theria, que engloba os metatérios (mamíferos marsupiais) e os eutérios
(mamíferos placentários) (KARDONG, 2016). A distribuição geográfica do
grupo como um todo alcança praticamente todas as regiões do planeta,
desde a Antártida até as fossas abissais com mais de 3000 metros de
profundidade (JONES e SALI, 2011).
O nome da classe é relacionado à presença das glândulas mamárias nessas espécies (latim Mammalia), essenciais à produção de leite para a nutrição dos filhotes recém-nascidos.
Taxonomicamente,
a Classe Mamallia vem sendo constantemente atualizada nas últimas
décadas, conforme os esforços científicos estão sendo direcionados para
delinear uma análise quantitativa mais precisa da diversidade ligada a
esses organismos vertebrados extraordinários, como também sua
distribuição geográfica mundial.
Há inclusive
certas margens de disparidade quanto à exatidão no número de espécies,
explanado por alguns autores como Kemp (2005) estimando 4.600 espécies; Pough e colaboradores expuseram algo em torno de 4.800 espécies (2008); Jones e Safi, alegaram 5.416 espécies (2011); 5.700 espécies
por Hickman e colaboradores (2016), e também pela Lista Vermelha de
Espécies Ameaçadas da IUCN, trazendo uma quantidade inferior e mais
específica, estabelecendo que o grupo é um pouco menor: 5.488 espécies (2017).
Porém,
apesar dessa divergência de opiniões na comunidade científica, revisões
recentes foram realizadas no banco de dados taxonômicos de Diversidade
dos Mamíferos, coordenado pela American Society Mammalogists, em Oxford (EUA), informando uma lista é bem extensa, abrigando o impressionante número de 6.495 espécies de mamíferos existentes na atualidade (96 delas extintas nos últimos 500 anos, incluindo 88 gêneros adicionais e 14 famílias recém-conhecidas) (ACM; OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2018).
Referências:
- ACM. Database of mammal diversity. American Society of Mammacologists, 06 fev. 2018. Disponível em: <https://mammaldiversity.org/>. Acesso em: 20 mai. 2018.
- BENTON, M. J. Paleontologia dos vertebrados. 3. ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2008.
- HICKMAN, C. P.; et al. Princípios integrados de zoologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
- HILDEBRAND, M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados. 2. ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2006.
- HUNTAMED SCIENCE. Evolution of mammals. Disponível em: <http://www.untamedscience.com/class/mammalia/>. Acesso em: 20 mai. 2018.
- JONES, K. E.; SALI, K. Ecology and evolution of mammalian biodiversity. Journal Philosophical Transactions of The Royal Society, v. 366, p. 2451-2461, 2011.
- KARDONG, K. V. Vertebrados: anatomia comparada, função e evolução. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
- KEMP, T. S. The origin and evolution of mamals. 1. ed. New York, Oxford University Press, 2005.
- LISTA VERMELHA DA IUCN DE ESPÉCIES AMEAÇADAS. Avaliação abrangente do estado de conservação das 5.488 espécies de mamíferos do mundo. International Union for Conservation of Nature, 20 mai. 2017. Disponível em <http://www.iucnredlist.org/initiatives/mammals>. Acesso em: 20 mai. 2018.
- MATIAS, M.; et al. Diversification dynamics of mammalian clades during the K–Pg mass extinction. Biology Letters, 26 set. 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1098/rsbl.2018.0458>. Acesso em: 06 ago. 2019.
- OXFORD UNIVERSITY PRESS. There are more mammal species than we thought. Phys.org., 6 fev. 2018. Disponível em: <https://phys.org/news/2018-02-mammal-species-thought.html>. Acesso em: 20 mai. 2018.
Foto de capa: Elefantes na Nâmbia. Fonte: https://pixabay.com/pt/elefante-%C3%A1frica-nam%C3%ADbia-natureza-1170108/
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