Pesca de arrasto: entenda como acontece a destruição do habitat
Pesca de arrasto – Atualizado
A destruição de habitats, maior causa de perda de biodiversidade marinha mundial, não é o único problema da pesca de arrasto, antes fosse. Uma equipe de pesquisa com membros da Espanha, Argentina e Itália descobriu que a intensa pesca de arrasto em águas profundas leva a desertificação do fundo do mar. Em artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences,
a equipe relata o que encontrou em sedimentos retirados de áreas
fortemente arrasadas, em comparação com áreas no fundo do mar que não
foram rastreadas. Segundo os pesquisadores, o arrasto não apenas reduz as populações de peixes, mas também as populações de todos os tipos de fauna que vivem no fundo do mar.”O arrasto de fundo
está alterando dramaticamente o solo oceânico e prejudicando os
habitats, semelhante à maneira como a agricultura mudou permanentemente a
paisagem terrestre.”
No Mediterrâneo
No noroeste do Mediterrâneo, onde o
arrasto industrializado vem ocorrendo desde meados da década de 1960, os
cientistas descobriram que a prática deslocou 5.400 toneladas de sedimento em apenas 136 dias monitorados.
Ambientes de encostas continentais com redes de arrasto são o equivalente submarino de uma encosta de morros, parte da qual foi transformada em campos de cultivo que são arados regularmente, substituindo o padrão natural de contorno normal por áreas niveladas
Impacto no arrasto de fundo é visível do espaço
Resultados de estudos científicos
mostram que o arrasto de fundo mata grande número de corais, esponjas,
peixes e outros animais. Por isso foi banido em um número crescente de
lugares nos últimos anos. Agora, imagens de satélite mostram que nuvens de lama se espalham e permanecem suspensas no mar muito depois que a traineira passou.
Isso é só a ponta do iceberg
Mas o que os satélites podem ver é apenas a “ponta do iceberg”, porque a maioria das redes de arrasto
acontece em águas profundas demais para detectar plumas de sedimentos
na superfície, dizem cientistas falando em uma sessão de simpósio
chamada Dragnet:
Bottom Trawling, the World’s Most Severe and Extensive Seafloor
Disturbance at the American Association for the Advancement of Science
2008 Annual Meeting. A sessão foi organizada pelo Marine
Conservation Biology Institute. Dr. Les Watling, Professor de Zoologia
na Universidade do Havaí, declarou:
O arrasto de fundo é a ação mais destrutiva que os seres humanos realizam no oceano
Captura acidental ou fauna acompanhante
A ONG Oceana informa que a morte de vida marinha, não intencional, chega até 40% da captura global (estimada hoje em 90 milhões de toneladas), segundo algumas estimativas.” Milhões de toneladas de peixes, moluscos, mamíferos, tartarugas, e aves marinhas morrem em artes de pesca (especialmente redes, mas não apenas) destinadas a capturar outras espécies. Todo esse dano colateral é chamado de “bycatch“, ‘um problema monstruoso’.
A seguir nossa matéria original
Vídeo não deixa dúvidas dos malefícios da pesca de arrasto
O vídeo que apresentamos (com legendas)
mostra o dano causado pelas redes de arrasto ao assoalho marinho. Ele
conta que em 2006 alguns países, entre eles o Brasil, pediram na ONU uma moratória da pesca de arrasto profundo em águas internacionais
sem, no entanto, atingirem seu objetivo. O recado é claro: “o tempo
está se esgotando”. Os governos devem agir enquanto ainda há tempo. Uma
rede de arrasto pode varrer uma área equivalente a cinco mil campos de
futebol numa única pescaria.
Protestos mundiais contra o arrasto
Cientistas encabeçam a lista. Ambientalistas vêm em seguida, e até artistas de renome internacional
protestam. Em vão! Mas até os próprios pescadores sabem do crime que
cometem. Em minhas andanças pelo litoral brasileiro sempre converso com
pescadores sobre isso. Todos, quase sem exceção, reconhecem os problemas
das redes e, em especial, do arrasto. Mas dizem, com razão, “que não
têm outra opção, o governo não ajuda, não propõe outros métodos de
pesca”, o que também é verdade.
Pesca de arrasto no Brasil
Infelizmente esta modalidade é praticada no Brasil sem qualquer fiscalização.
Aqui, cada um dos 17 estados costeiros tem uma regra a respeito de como
deve ser praticada, sempre em relação à distância da costa. Em alguns
estados a distância é de uma milha náutica, em outros, três milhas. Mas,
como não existe nenhuma fiscalização, é comum ver barcos pesqueiros
passando o arrasto na zona de arrebentação.
Pesca de arrasto no mundo
Os cientistas provaram o mal que este
tipo de pesca provoca. O que falta é força aos governos para proibirem
de vez a modalidade. Com medo do desemprego muitos governos fingem não
ver o mal que o arrasto provoca, e adiam uma solução. Recentemente, até Portugal
que tem forte tradição pesqueira proibiu o arrasto. O Governo português
aboliu por decreto todas as pescas de fundo, exceto a pesca com
espinhel, autorizada sob certas condições. A proibição vale para uma
área de 2.280.000 km2 , cerca de quatro vezes o tamanho da Península
Ibérica. O objetivo é promover a pesca de forma sustentável, procurando
garantir a conservação dos ecossistemas marinhos profundos.
Outros problemas do arrasto além da destruição de habitats
A destruição de habitats, maior causa de perda de biodiversidade marinha mundial, não é o único problema do arrasto, antes fosse.
Fontes:https://phys.org/news/2014-05-intense-deep-sea-trawling-ocean.html#nRlv; https://phys.org/news/2012-09-trawling-seafloor-habitats.html#nRlv; https://phys.org/news/2008-02-bottom-trawling-impacts-visible-space.html#nRlv; https://oceana.org/blog/we-waste-almost-half-what-we-catch-5-reasons-%E2%80%99s-disastrous-oceans;
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