quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O misterioso rio de ferro líquido descoberto no centro da Terra

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  • ESA
Cientistas dizem ter descoberto um rio de ferro líquido no centro da Terra, correndo debaixo do Estado americano do Alasca e da região russa da Sibéria.

Essa massa ambulante de metal foi detectada graças aos satélites europeus Swarm --um trio que está mapeando o campo magnético da Terra para entender seu funcionamento. O campo protege toda a vida do planeta contra a radiação espacial.

Para os cientistas, a existência do rio de ferro líquido é a melhor explicação para uma concentração de forças no campo magnético terrestre que os satélites registraram no Hemisfério Norte.

"É uma corrente de ferro líquido que se move cerca de 50 km por ano", explica Chris Finlay, da Universidade Técnica da Dinamarca.

"É um líquido metálico muito denso e é preciso uma quantidade enorme de energia para movê-lo. É provavelmente o movimento mais rápido que temos no manto terrestre" disse ele à BBC.

ESA
Finlay explica que a corrente de metal líquido é como o jet stream na atmosfera da Terra --a corrente de ar em altas altitudes usada por aviões para voar mais rápido. O rio de metal porém, está a 3 mil quilômetros de profundidade.

Os cientistas acreditam que o rio tenha 420 km de largura e percorra quase metade da circunferência da Terra. O comportamento dessa massa metálica será crítico para a geração e manutenção do campo magnético terrestre.

"É possível que a corrente tenha funcionado por centenas de milhões de anos", diz Phil Livermore, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e um dos autores do estudo detalhando a descoberta, publicado na revista científica Nature Geoscience.

Rainer Hollerbach, outro cientistas envolvido no projeto, acredita que o líquido se move graças à força da flutuabilidade ou por conta de mudanças no campo magnético do núcleo terrestre.

Lançados em novembro de 2013 pela ESA (Agência Espacial Europeia), o satélites Swarm estão fornecendo acesso sem precedentes à estrutura e ao comportamento do campo magnético terrestre.
Com instrumentos altamente sensíveis, os satélites estão gradualmente analisando os vários componentes do campo, do sinal dominante vindo do movimento do ferro no núcleo externo à quase imperceptível contribuição feita pelas correntes oceânicas.

Os cientistas esperam que os dados do satélite ajudem a explicar a razão pela qual o campo magnético da Terra tem enfraquecido nos últimos séculos. Alguns cientistas especulam que o planeta pode estar próximo de um inversão de polaridade, em que o sul se tornará norte e o norte se tornará sul. Isso ocorre a cada centenas de milhares de anos.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Entenda a função do hormônio estrogênio no homem

Estudos indicam que estrogênio tem papel mais relevante no organismo masculino do que se imaginava.

As funções orgânicas do homem sempre foram mais associadas aos níveis de testosterona. Libido, desejo, forma física: os traços masculinos eram considerados “dependentes” desse hormônio. Mas tão importante quanto ele na organização hormonal é o estrogênio, relacionado ao corpo das mulheres. Recentes pesquisas buscam entender de que forma esse componente funciona para o sexo masculino e como ele afeta questões comportamentais e de desempenho funcional.

Barriga em excesso pode ser culpa do estrogênio

É normal que os homens apresentem queda na produção hormonal com o avanço da idade. Porém, o culpado pela dificuldade em levantar peso, manter um bom desempenho sexual e um ter um corpo “malhado” era a testosterona. O que pesquisadores descobriram que o estrogênio tem papel fundamental nessa história também. Da mesma forma que esse hormônio trabalha no corpo das mulheres, ele também afeta o aumento da cintura no homem e a própria libido.

O acúmulo de gordura, que fica localizada na região abdominal, é um dos problemas causados pela carga hormonal que, antes, era preocupação feminina. O “hormônio das mulheres” pode ser tão culpado quanto a testosterona no aumento da barriga e na redução do desejo sexual. Além disso, sinais que eram comumente relacionados ao hormônio “masculino” já podem ser vinculados parcial ou totalmente ao feminino.
estrogenioEstrogênio tem função primordial no organismo masculo. Foto: Shutterstock

Testosterona e estrogênio: Hormônios complementares?

É cientificamente comprovado: a existência do estrogênio depende da testosterona. Isso acontece porque é o hormônio dito masculino que origina as cargas do feminino. Resulta desse fato que os homens acabam com mais produto estrogênico (praticamente o dobro) que as próprias mulheres depois da menopausa.

Com a idade, o corpo vai passando por uma série de transformações. Com a queda na produção de hormônios, os músculos e a massa magra vão sofrendo uma desregulação que provoca essas mudanças. Entretanto, não é apenas a testosterona que está envolvida. Igualmente importante é o hormônio “feminino”, que vai definir se o tônus e o acúmulo de gordura vão ou não estar presentes na vida após a meia-idade.
Da mesma forma, o estrogênio é “culpado” pelo desejo sexual. Este hormônio é tão essencial para a libido quanto o “masculino”. Sobre as quantidades exatas de cada produto hormonal, ainda não há um consenso médico para definir. O que se sabe é que, depois de transformada em carga estrogênica, a testosterona contrabalança os sintomas de declínio sexual dos homens mais velhos.

Agressividade masculina está associada ao estrogênio

As aromatases são as enzimas responsáveis por converter a testosterona em produto estrogênico. No cérebro humano, os homens produzem muito mais desse material enzimático, que é importante para desenvolver os circuitos hormonais masculinos.

Quando são expostos aos hormônios “femininos” na juventude, os homens se tornam mais agressivos. Essa teoria foi comprovada através de testes em ratos. Quando as fêmeas recebiam doses suplementares de estrogênio ao nascerem, seu padrão cerebral se igualava ao dos homens devido à presença das enzimas.
A comprovação mostra que o hormônio associado às mulheres tem tanta influência quanto o “masculino”, dimensionando a agressividade, que depende do nível estrogênico e não apenas da testosterona.
Espécie Tadarida brasiliensis é capaz de voar a uma velocidade de até 160 km/h, o que faz desse mamífero o animal voador mais veloz conhecido 
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O morcego mais rápido do mundo é brasileiro

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Invasão de javalis no Brasil tem origem na importação dos anos 90

Sem predadores naturais – só onças são capazes de matar um javali quando não está em bando, mas elas estão em extinção – e com uma taxa reprodutiva elevada, multiplicação foi rápida Giovana Girardi e Gabriela Biló, enviadas especiais a Barretos (SP) , O Estado de S.Paulo
24 Dezembro 2016 | 03h00 

Há duas explicações para o início da invasão no Brasil. Em 1989, porcos selvagens entraram no Brasil, vindos do Uruguai, por Jaraguão (RS). Depois, nos anos 1990, javalis foram importados da Europa e do Canadá por produtores de suínos, que viram na carne nobre, altamente proteica e com baixo teor de gordura, um excelente negócio. Logo, porém, descobriram que não era bem assim. 


“Quem importou foi o suinocultor tradicional, que estava acostumado a ter um porco doméstico com seis meses de idade atingir 100 quilos. O javali atinge 60 kg em média. A taxa de aproveitamento do porco também é muito maior. Depois de limpo, vai dar uns 70 kg de carne.

Já o javali rende só uns 50%. O peso é menor e tem menos aproveitamento de carcaça. A conta não fechou para o suinocultor, especialmente os pequenos. Além disso, a carne de javali é mais cara, não é todo mundo que pode pagar”, descreve o ecólogo Felipe Pedrosa, doutorando da Unesp de Rio Claro, sobre o início do problema. 

“Aí o produtor tentou salvar o negócio e cruzou o javali com porcas. O cara que fez o javaporco, esse sim chegando fácil a 120 kg, vendeu como se fosse javali num preço mais baixo e prejudicou quem tinha só javali. O bicho era bem maior, mas continuava sendo muito agressivo. Alguns fugiram, outros simplesmente foram soltos pelos criadores nos mais diferentes lugares.”

Sem predadores naturais – só onças são capazes de matar um javali quando não está em bando, mas elas estão em extinção – e com uma taxa reprodutiva elevada (cada fêmea pode gerar cerca de 11 filhotes em duas ninhadas por ano), a multiplicação foi rápida.
O morcego mais rápido do mundo é brasileiro

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Vigilância contra as invasoras no pasto

Com controle sistemático, é possível ter pastagens produtivas com baixo grau de infestação

Lídia Grando













As plantas invasoras de pasto são como um inimigo silencioso. Chegam devagar, sorrateiras, e, quando menos se espera, já tomaram conta do pedaço. Quando estão na fase de lançar sementes, então, fica mais difícil retirá-las do pasto.

A regra é ficar atento a alguns pontos estratégicos. "O início da instalação de plantas invasoras no pasto é praticamente imperceptível e quase sempre negligenciado", diz o pesquisador Naylor Bastiani Perez, da Embrapa Pecuária Sul, de Bagé, RS, responsável pelo Método Integrado de Recuperação de Pastagens (Mirapasto).

Os locais mais suscetíveis ao ingresso devem ser monitorados. São embarcadouros, mangueiras, piquetes de entrada de animais e proximidade de porteiras. As áreas de tráfego intenso de máquinas e veículos também são propensas, pois, com o solo descoberto, há maior facilidade de que apareçam as daninhas.

As linhas de drenagem são outro ponto de atenção. "São locais ondem as sementes de fora da propriedade podem chegar, transportadas pela água da chuva", explica Perez. Nesses casos, ele recomenda fazer uma aplicação localizada com herbicida seletivo para plantas invasoras de folha larga ou capina mecânica em alguns casos. "Para situações onde o nível já é elevado, deve-se utilizar as práticas de forma conjugada."
Por outro lado, é importante manter o solo em boas condições, para que a forrageira tenha força para competir com plantas indesejáveis, porém muitas vezes nativas e adaptadas. "O produtor deve ficar atento para a correção da acidez do solo e dos nutrientes que são importantes para a forrageira", comenta o zootecnista Leandro Coelho de Araújo, professor de forragicultura da Unesp de Ilha Solteira, SP.

Os animais adquiridos são outro ponto de atenção. Recomenda-se que na chegada sejam alocados em uma área de quarentena pelo risco sanitário e por poderem infestar as pastagens com sementes indesejadas. Elas podem estar aderidas ao animal ou, principalmente, nas fezes. "A passagem da semente pelo trato digestivo ajuda a superação de um estado de dormência, facilitando a germinação", explica Perez, da Embrapa.
Para benefício das sementes, as fezes facilitam sua preservação, pois promovem a "queima" do pasto, diminuindo a competição na área de esterco. "A invasora consegue uma ótima condição para o estabelecimento", reconhece o pesquisador da Embrapa. Araújo, da Unesp, lembra que o mesmo cuidado deve-se ter na movimentação de animais entre piquetes sujos e limpos dentro da mesma propriedade. "Se possível, quando saírem de área infestada devem ficar até dois dias em local de quarentena para evitar que prejudiquem um pasto que esteja formado", afirma o professor.

Segundo Araújo, a avaliação de infestação deve ser visual e constante. "É preciso se preocupar sempre que apareçam invasoras, mais ainda se forem persistentes", alerta. A avaliação deve ser caso a caso, porém ele recomenda que quando a infestação estiver em 40% da área se faça um controle químico pontual em vez de uma aplicação geral. É mais barato e racional e menos poluente.

Perez, da Embrapa, diz que outro indicativo para o diagnóstico da infestação está no comparativo de ganho de peso entre áreas infestadas ou não. "Uma vez que a diminuição da produtividade seja maior do que o custo do controle, deve-se planejar a recuperação das áreas", afirma, lembrando que as plantas tóxicas ou exóticas, com elevado poder de infestação, não permitem essa espera.

Medidas eficientes para o controle preventivo

(Fonte: Sistema de criação de bovinos de corte no Estado do Pará. Embrapa)

- Limpeza de roupas e calçados dos trabalhadores que circulam em áreas infestadas.
- Limpeza cuidadosa dos tratores
e dos implementos.

- Fermentação de esterco e de materiais orgânicos.

- Uso de sementes de espécies de plantas forrageiras não contaminadas.

- Isolamento de áreas e quarentena de animais oriundos de zonas infestadas.

- Evitar a introdução de plantas ornamentais que podem mais tarde migrar para a área de pastagem.

- Adubação de reposição, com ênfase ao fósforo, para manter o nível desejado de nutrientes no solo, suficientes para garantir o vigor e a longevidade produtiva da pastagem.

*Matéria originalmente publicada na Edição 424 da Revista DBO, em fevereiro de 2016.

Fonte: Revista DBO

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Sob a força dos Andes

Mapa expõe uma visão abrangente do relevo da América do Sul, agora dividido em 35 unidades
CARLOS FIORAVANTI | ED. 246 | AGOSTO 2016
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Revista Pesquisa FAPESP
Podcast: Jurandyr Ross
00:00 / 16:02
“São dunas!”, admirou-se o geógrafo Jurandyr Ross, professor da Universidade de São Paulo, diante das elevações de solo arenoso ocupadas por raros tufos de plantas espinhosas, ovelhas e lhamas, próximas às chapadas conhecidas como mesetas do deserto da Patagônia, no sudoeste da Argentina, logo depois do Natal de 2015.

Sob sol intenso, em uma viagem de 16 dias e 9 mil quilômetros, Ross e outros geógrafos tiravam as dúvidas finais sobre as imagens de radar e satélite usadas para preparar o mapa de relevo da América do Sul em que ele e sua equipe trabalharam ao longo do ano. Publicado como parte de um artigo na edição de agosto de 2016 da Revista Brasileira de Geografia, o novo mapa substitui o anterior, bastante simples, da década de 1940, e destaca em 35 unidades distintas as particularidades dos três grandes blocos formadores do continente: a Cordilheira dos Andes a oeste, a grande planície central adjacente às montanhas e os planaltos de baixa altitude que formam a quase totalidade do território brasileiro. As divisões, algumas com centenas de quilômetros quadrados, oferecem uma visão integrada do continente e refletem a vinculação do relevo brasileiro com a cordilheira andina.

“Embora as estruturas que sustentam o relevo brasileiro sejam muito antigas, as formas atuais resultam de fortes influências da atividade tectônica dos Andes, que é geologicamente bem mais recente”, diz Ross. O soerguimento da cordilheira, como resultado da pressão de placas tectônicas sobre o assoalho marinho, determinou a mudança da direção – de oeste para leste – do rio Amazonas e de outros da Bacia Amazônica. Além disso, segundo o pesquisador, as serras do Mar e da Mantiqueira, ao longo do litoral, e o Vale do Paraíba, na região de Taubaté, formaram-se como resultado da pressão e do enrugamento da cordilheira sobre a estrutura rochosa a leste.

“Hoje vivemos uma época de calmaria tectônica, mas a reconfiguração do relevo já foi muito mais intensa, em decorrência dos Andes”, diz o geógrafo Silvio Rodrigues, professor da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. Segundo ele, os Andes ainda influenciam o continente porque estão sobre duas placas tectônicas ativas, a de Nazca e a Sul-americana, que geram energia, por meio de processos tectônicos, que pode chegar ao litoral do Atlântico. “Como o relevo brasileiro já é bastante conhecido, o que mais interessa neste mapa é a análise dos Andes e da depressão central, entre os Andes e o território brasileiro.”

Depois de fazer o mapa do relevo brasileiro na escala 1:5 milhões (de 1 para 5 milhões; 1 centímetro no mapa equivale a 50 quilômetros), publicado em 1996 no livro Geografia do Brasil (Edusp), e o do relevo do estado de São Paulo na escala 1:500.000, dois anos depois (ver Pesquisa Fapesp no 35), Ross resolveu fazer uma síntese do relevo da América do Sul porque não encontrava nenhum mapa atualizado para usar em suas aulas. O único que achou, já com seu trabalho avançado, era de 1942, feito pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Ele usou principalmente as imagens de radar do satélite Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, complementadas pelas do Google Earth, pelo mapa geológico da América do Sul produzido pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa pública do Ministério de Minas e Energia, e por trabalhos acadêmicos.
Na escala de 1:8 milhões, o novo mapa pode ser útil no planejamento ambiental e econômico.

“O relevo, os solos e o clima condicionam a ocupação humana e o agronegócio”, diz Ross, associando os terrenos planos de Mato Grosso ao cultivo de soja e de cana-de-açúcar, e os vales do Chile, em meio às montanhas, com a produção de frutas. As formas do relevo, ele observa, expressam tanto as forças internas da Terra, como os movimentos do magma, quanto as externas, como a erosão e as intempéries.
O mapa delimita as unidades dos três blocos fundamentais do continente com base em diferenças da constituição geológica, solos e formas de relevo.
Mapa-Altos-e-Baixos_246
O bloco a leste reúne planaltos de baixa altitude, com as bacias dos principais rios brasileiros, delimitadas pelas áreas em azul no mapa, as depressões em laranja, as serras litorâneas em vermelho. É a parte mais antiga do continente, com mais de 1 bilhão de anos, formada na era geológica conhecida como pré-Cambriano.

Esse bloco fazia parte, com as atuais África e Índia, do supercontinente Gondwana, que começou a se fragmentar cerca de 150 milhões de anos atrás, no período Jurássico, marcado também pela abertura do Atlântico Sul. O cráton amazônico, a norte e sul das planícies do rio Amazonas, forma as estruturas rochosas mais antigas do continente, com cerca de 2,5 bilhões de anos.

Em vermelho, os morros e serras representam os resquícios já bastante erodidos de cordilheiras mais antigas que os Andes. “Quando se formaram, entre 550 milhões e 1,5 bilhão de anos, eram tão altas quanto os Andes”, diz Ross.

A oeste encontra-se a Cordilheira dos Andes, bloco geologicamente mais recente do que a porção leste. Ross destacou o trecho mais antigo e mais alto, a Cordilheira Oriental, com cerca de 100 milhões de anos de idade e altitudes de 4 mil metros, na Bolívia e na Argentina.

A Montanha Mais Jovem
 
A cadeia montanhosa predominante, estendendo-se de norte a sul do continente, com altitudes de 1.500 a 2.600 metros, é a Cordilheira Ocidental, formada em duas fases, uma há cerca de 85 milhões de anos e outra há 40 milhões de anos. A Cordilheira Costeira é ainda mais recente, do final do período Cenozoico, entre 1,7 milhão e 23 milhões de anos. Entre as montanhas há vales ocupados por cidades como Santiago, a 800 metros de altitude, e o deserto de Atacama, que Ross visitou em novembro, em outra viagem de checagem de campo, impressionando-se com a película branca de sal sobre o solo árido vermelho.

Entre as montanhas e os planaltos baixos do Brasil estende-se a Depressão Central Sul-americana, formada por planícies com trechos alagáveis como as dos rios Orenoco na Venezuela, do Mamoré-Beni na Bolívia e do Paraguai no Brasil, Paraguai e Argentina. A idade média da superfície dessa área (em amarelo no mapa) varia de 10 mil a 3 milhões de anos, com altitude máxima de 200 metros na região entre o Paraguai e a Bolívia. “Toda essa área muito baixa, com colinas de topo plano, vales levemente entalhados, planícies e pantanais chamadas de chaco, era um grande mar, há milhões de anos, antes de os Andes emergirem”, diz Ross.

A geógrafa Isabel Cristina Gouveia, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente, comenta que dois grandes geógrafos brasileiros do século passado, Aziz Ab’Saber e Fernando de Almeida, contribuíram bastante para o conhecimento sobre o território nacional mesmo sem imagens de satélites, hoje de fácil acesso. “Curiosamente”, diz ela, “mesmo com imagens de alta resolução e recursos de Sistemas de Informação Geográfica, ainda são poucos os estudos que valorizam o mapeamento geomorfológico como método de análise e sistematização do conhecimento sobre o relevo”.

Artigo científico
 
ROSS, J. L. S. Compartimentação do relevo da América do Sul. Revista Brasileira de Geografia. v. 61, n. 1, p.21-58, 2016.

Descritos dois novos minerais brasileiros

ED. 246 | AGOSTO 2016
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Revista Pesquisa FAPESP
Podcast: Daniel Atencio
00:00 / 12:24
A lista de minerais-tipo (descritos pela primeira vez) do Brasil cresceu para 68 espécies únicas em junho com o reconhecimento oficial da parisita-(La).

Ao mesmo tempo, o mineral ralstonita foi renomeado como hidrokenoralstonita. Os minerais são considerados novos apenas após a Comissão de Novos Minerais, Nomenclatura e Classificação (CNMNC) da Associação Mineralógica Internacional (IMA), sediada em Bochum, Alemanha, aprovar sua descrição detalhada. A parisita-(La) é um flúor-carbonato de lantânio e cálcio, associada com hematita e outros minerais do grupo das terras-raras. Foi encontrada em uma mina de Novo Horizonte, na Bahia, e especialistas das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG), Federal de Ouro Preto (Ufop) e de São Paulo (USP) trabalharam em sua caracterização.


A hidrokenoralstonita, analisada na USP e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é um fluoreto hidratado de alumínio.

Foi encontrada na mina de Pitinga, em Presidente Figueiredo, Amazonas, onde também se descobriu a waimirita-(Y), reconhecida em 2014. Segundo Daniel Atencio, professor de mineralogia do Instituto de Geociências da USP que participou dos exames dos dois novos minerais-tipo, o número total de minerais identificados no Brasil – com uma média de 1,8 por ano – ainda é muito baixo, em vista da diversidade de ambientes geológicos brasileiros.

“Certamente essa média não condiz com a riqueza mineral brasileira, comparável às dos Estados Unidos e da Rússia”, diz ele. Em cada um desses países já foram descritos cerca de 600 minerais, entre os quase 5 mil reconhecidos pela IMA.

O elemento subterrâneo

Simulações sugerem que parte considerável do carbono do planeta estaria escondida nas profundezas da Terra 

IGOR ZOLNERKEVIC | ED. 250 | DEZEMBRO 2016
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056-057_Carbono_250

Cálculos de um trio de físicos teóricos da Universidade de São Paulo (USP) forneceram uma nova pista que pode ser útil para desvendar um dos principais enigmas sobre a composição e o funcionamento do interior da Terra: onde estão as reservas ultraprofundas que contêm 90% do carbono do planeta? As simulações computacionais feitas por Michel Marcondes e Lucy Assali, do Instituto de Física (IF), e João Francisco Justo Filho, da Escola Politécnica, sugerem que alguns desses depósitos de carbono poderiam estar escondidos em manchas subterrâneas com cerca de mil quilômetros (km) de extensão e 100 km de espessura por onde as ondas sísmicas viajam relativamente mais devagar.

Essas manchas, chamadas zonas de baixas velocidades sísmicas ou simplesmente ULVZ (Ultra Low Velocity Zones), encontram-se sobretudo no segmento final de uma camada da Terra conhecida como manto inferior, de profundidade entre 660 km e 2.890 km (ver figura).

 De acordo com um estudo publicado pelos brasileiros em setembro na revista científica Physical Review B, o elemento carbono tende a não se misturar como uma impureza no meio dos depósitos de minerais à base de silício, as chamadas perovskitas silicáticas, predominantes no manto inferior. Ao invés de se unir, ele se separa das perovskitas silicáticas e forma seus próprios depósitos de minerais, como a magnesita (MgCO3) e o carbonato de cálcio (CaCO3).

Os físicos aplicaram as leis da mecânica quântica para simular em computador a estrutura atômica de alguns tipos de minerais nas condições do manto inferior, onde as temperaturas chegam a milhares de graus Celsius e as pressões são milhões de vezes maiores do que na superfície terrestre. Em seguida, calcularam como esses minerais se comportariam quando fossem atravessados por uma onda sísmica gerada por um terremoto. “A presença dos minerais de carbono diminui consideravelmente a velocidade de propagação das ondas, como ocorre nas ULVZs”, diz Marcondes. Nos depósitos de minerais à base de silício, os abalos sísmicos viajaram mais rapidamente. Marcondes utilizou as técnicas que aprendeu com Renata Wentzcovitch, física brasileira da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, que desenvolve métodos computacionais para estudar a estrutura atômica de materiais nas condições extremas de temperatura e pressão do interior da Terra, muito difíceis de ser reproduzidas em laboratório (ver Pesquisa Fapesp nº 198).

“Nos últimos 500 km do manto inferior, há grandes regiões em que as velocidades das ondas sísmicas são cerca de 5% mais lentas do que a média”, explica o geofísico Marcelo Assumpção, do Centro de Sismologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. “Antes, achava-se que a origem delas eram flutuações de temperatura no manto inferior. Mas estudos recentes vêm mostrando que variações na composição química das camadas geológicas, como a presença de mais ou menos sílica, ferro ou carbonatos, são necessárias para explicar as observações.” O trabalho de Marcondes e seus colegas sinaliza que uma maior porcentagem de minerais ricos em carbono, como as magnesitas e os carbonatos de cálcio, poderia ser a explicação para a ocorrência de ULVZs. “Resta saber como essa concentração de carbonatos teria se acumulado no manto inferior, mas isso é outra história.”
© DIDIER DESCOUENS/ WIKIMEDIA COMMONS
Amostra de magnesita, mineral carbonático que parece se originar no manto inferior
Amostra de magnesita, mineral carbonático que parece se originar no manto inferior

O outro ciclo do carbono
 
As teorias sobre a origem do Sistema Solar sugerem que a concentração total de carbono na Terra deveria ser mais ou menos a mesma das rochas de um tipo de meteorito, os condritos carbonáceos, cuja composição química permaneceu praticamente inalterada desde a época de formação do planeta, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Mas, quando os pesquisadores somam a quantidade de carbono presente em todas as fontes conhecidas – na atmosfera, nos oceanos, na superfície da crosta terrestre e a algumas dezenas de quilômetros logo abaixo dela –, o valor chega a apenas 10% do esperado. “Esse carbono faltante tem de estar em algum lugar”, diz Marcondes, que abordou o problema em sua tese de doutorado, defendida em setembro. “Há evidências de que os 90% restantes estão armazenados em regiões profundas do interior da Terra.”

Base química da vida, o carbono circula pela superfície terrestre de maneira já bem conhecida pelos pesquisadores. Como gás metano (CH4), monóxido (CO) ou dióxido de carbono (CO2) está na atmosfera. Por meio da fotossíntese, algas e plantas retiram CO2 do ar e fixam carbono na forma de matéria orgânica, que eventualmente vai se decompor e ser depositado em reservas de combustíveis fósseis em camadas de rocha da crosta continental e oceânica. A respiração de vegetais e de animais, além de processos de combustão, devolve o carbono ao ar.

Pesquisas recentes nas áreas de sismologia e geoquímica, porém, têm indicado que esse ciclo superficial do carbono deve estar ligado a outro, mais lento e mais profundo. Ao longo de dezenas de milhões de anos, as rochas do manto se comportam como um fluido. Suas correntes descendentes poderiam arrastar consigo grandes pedaços da crosta oceânica, cheias de carbono, que afundariam até o manto inferior. Já as correntes ascendentes do manto poderiam levar parte do carbono ultraprofundo à superfície. Uma evidência disso, explica Marcondes, são os chamados diamantes ultraprofundos, como os descobertos nas minas do município de Juína, em Mato Grosso. São pequenos pedaços de diamante cujas impurezas químicas indicam que, antes de serem trazidos à superfície por erupções vulcânicas, eles se originaram em profundidades superiores a 670 km.

A maioria dos diamantes se forma a cerca de 150 km abaixo da superfície.


Segundo um relatório publicado em 2014 pelo Observatório do Carbono Profundo, um programa de pesquisa coordenado por Robert Hazen, geofísico do Instituto Carnegie, Estados Unidos, a localização exata das reservas de carbono profundo e sua extensão ainda são uma grande incógnita. O relatório conclui, entretanto, que o carbono pode estar inserido em uma grande variedade de materiais, além dos diamantes ultraprofundos e dos minerais carbonáticos. Ele pode se encontrar na forma de microrganismos vivendo nas profundezas da crosta terrestre ou em uma dúzia de tipos de sólidos e líquidos que estão misturados ao manto e ao núcleo terrestre. “É uma questão muito complicada”, diz Marcondes. “Ainda vamos demorar muito para chegar a uma resposta definitiva.”

Artigo científico
 
MARCONDES, M. L. et al. Carbonates at high pressures: Possible carriers for deep carbon reservoirs in the Earth’s lower mantle. Physical Review B. v. 94, n. 10. Set. 2016.

O genoma da Ginkgo biloba

ED. 250 | DEZEMBRO 2016
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© WIKIMEDIA COMMONS
Surgida há 270 milhões de anos, a árvore tem quase 41 mil genes e é considerada um fóssil vivo
Surgida há 270 milhões de anos, a árvore tem quase 41 mil genes e é considerada um fóssil vivo.


Foi um desafio concluir a primeira versão do genoma da Ginkgo biloba, uma das mais antigas espécies de árvore ainda existentes na natureza. Formado por 10 bilhões de pares de bases, seu genoma é três vezes mais extenso do que o humano e 80 vezes maior que o da Arabidopsis thaliana, uma das plantas mais estudadas pelos biólogos.


Na tarefa de sequenciar os quase 41 mil genes da Ginkgo – a espécie humana tem cerca de 23 mil –, pesquisadores chineses contaram com uma grande capacidade computacional para recompor o genoma da planta, que apresenta um nível bastante elevado de repetições (Gigascience, 21 de novembro). Mas valeu o esforço. Essa árvore de quase 30 metros de altura originária da China é considerada uma das espécies vivas de planta mais antigas do mundo.

Há fósseis de 270 milhões de anos atrás e, nesse tempo todo, sua forma e sua estrutura mudaram muito pouco, razão de a espécie ser considerada um fóssil vivo. 

Conhecer em detalhes seu genoma, dizem os pesquisadores, pode ajudar a compreender melhor a evolução das plantas terrestres e a entender a elevada resistência da Ginkgo a pragas e condições ambientais adversas. Com longevidade de milhares de anos, a árvore suportou períodos glaciais que eliminaram outras espécies.
A Biologia explica:

Laser CO2 fracionado: prós e contras do tratamento que elimina rugas e manchas da pele

Além de ser usado com essas finalidades, ele também auxilia em cirurgias como a ninfoplastia e blefaroplastia



O que é laser CO2 fracionado

O laser CO2 é um abrasivo, ou seja, que provoca uma queimadura na pele, que ao cicatrizar, estimula a produção de colágeno e também uma retração da pele, causando esticamento e melhora das rugas finas. Porém, como seu alvo é a água, não há tanto risco que ele atinja a derme, se concentrando na epiderme (camada mais superficial da pele). Resumindo, ele remove camadas inteiras da pele, em uma profundida programada por quem o está operando.
Porém, como sua recuperação é muito lenta, afinal uma área grande de pele é lesionada, e a chance de causar manchas é muito maior, criaram a tecnologia do laser CO2 fracionado, em que o raio único é dividido em diversos microrraios, atingindo a pele mais profundamente e em regiões menores. Dessa forma, ele faz pequenas lesões, deixando microáreas de pele intactas misturadas com áreas em que o laser atuou, causando menos agressão à pele e trazendo uma recuperação muito mais rápida.

Indicações do laser CO2 fracionado

O laser CO2 fracionado é indicado para pessoas que buscam rejuvenescimento da pele, remoção de cicatrizes em geral (como de acne) e estrias, ou o fim da flacidez. Ele é excelente para rugas, pois consegue atingir diversas superfícies da pele, nivelando sua estrutura. Além disso, como o laser CO2 total, ele estimula a produção de colágeno nas áreas em que agride a pele, dando a elas uma aparência mais jovem.
Cicatrizes de acne: conheça tratamentos que acabam com as marcas na pele
Esse pode é usado em cirurgias estéticas, como na ninfoplastia (cirurgia íntima, que muda o aspecto da vulva) e blefaroplastia a laser (cirurgia de correção de bolsas nos olhos e pálpebras).
Esse aparelho também tem usos terapêuticos, como em ceratoses seborreicas (pintas benignas) e ceratoses actínicas (lesões pré-malignas). Também pode ser usado em verrugas virais e manchas e para melhorar o aspecto de cicatrizes cirúrgicas, inclusive queloideanas, estrias atróficas e outras lesões de pele.

Como o laser CO2 fracionado é usado

O tratamento é necessariamente em consultório. Algumas vezes usam-se cremes anestésicos na região que será tratado trinta minutos antes, para que façam efeito até o momento da aplicação do laser. Os olhos do paciente são protegidos e a sessão começa. Trata-se a pele de forma completa, não deixando nenhuma área sem tratar.

Sessões

O número de sessões varia de acordo com os objetivos do paciente, e podem ser de duas até cinco sessões. A periodicidade também varia de acordo com a indicação, e vai de 45 dias até três meses, de acordo com a orientação do médico.
No geral, a melhoria na pele causada pelo laser CO2 é duradoura, mas como o envelhecimento é um processo constante, no geral é necessária a reavaliação com o médico anualmente ou mesmo a cada seis meses, para verificar a necessidade de reaplicação desse laser.
Cada sessão dura de 20 a 30 minutos, e se for contato o tempo de aplicação dos cremes anestésicos, leva-se uma hora no total.

Profissionais que podem fazer

Por se tratar de um laser abrasivo, ou seja, que pode provocar danos na pele, o ideal é que o procedimento seja feito por um médico dermatologista ou cirurgião plástico, que saberão manejar melhor essa tecnologia.

Cuidados antes do laser CO2 fracionado

Algumas vezes é necessário fazer um tratamento preventivo com seu dermatologista para herpes e bactérias sete dias antes da aplicação do laser. Antes da sessão, a pele precisa estar complete limpa e desengordurada. Também é importante que a pele não esteja bronzeada. Já o uso de ácidos e cremes é permitido até 2 dias antes do procedimento.

Cuidados após o uso do laser CO2 fracionado

É muito comum o paciente apresentar eritema (ou seja, vermelhidão) e inchaço na pele após o uso do laser CO2 fracionado. O edema pode durar até 15 dias, enquanto a cor vermelha pode durar até 45 dias. Por isso mesmo, pode-se fazer o uso de LED para melhor cicatrização e mais rápida recuperação. É comum também o uso de cremes prescritos pelo médico.
Como a pele está mais sensível, não se deve esquecer o uso do protetor solar rotineiramente, com fator mínimo de proteção 30 que deve ser reaplicado a cada 3 horas.

Contraindicações

O laser CO2 fracionado é contraindicado em pacientes com pele negra ou tendência a cicatrizes queloides, pessoas com vitiligo, lúpus e outras doenças fotossensíveis, herpes em atividade ou outras infecções na pele. Além disso, ele não deve ser feito em pessoas que usam medicamentos fotosensibilizantes, anticoagulantes orais e a isotretinoína para tratamento da acne. Pacientes com problema de cicatrização hipercrômica (cicatrizes escuras) ou hipocrômicas (cicatrizes claras) também devem ser avaliados.

Grávida pode fazer?

O procedimento não é indicado para grávidas, já que não há estudos que comprovem a segurança para elas.

Possíveis complicações

Como a pele fica sensível com esse tipo de tratamento, há o risco de infecções. Além disso, o processo pode muitas vezes gerar cicatriz, queloides ou mesmo manchas - como a pele do brasileiro é uma mistura do europeu com o africano e o índio, mesmo quando ela é branca, tem uma grande capacidade de pigmentação, o que torna esse último problema mais comum. Além disso, outra complicação possível é vermelhão (eritema) persistente na pele.

Antes e depois do laser CO2 fracionado

É possível notar que a pele fica com mais viço, reduzindo os poros e melhorando a textura. Com o tempo, percebe-se melhora nas rugas e manchas da pele, mas a melhora não é tão visível quanto a causa pela laser CO2 total.

Microbialitos - fósseis mais persistentes

Os fósseis são importantes ferramentas para se entender o passado da Terra e a evolução da vida nela. Chamam a atenção por muitas vezes serem bonitos, por apresentarem formatos e espécies não mais existentes que causam curiosidade e aguçam o interesse de pessoas de todas as idades. Porém, nem todos os fósseis são visíveis ou mostram claramente um organismo preservado. Os seres vivos são capazes de deixar seu registro de uma maneira indireta, como se fosse uma assinatura escrito: “passei por aqui”.  Fósseis como estes são chamados de icnofósseis (icno = marca) e podem ser um produto do metabolismo de algum organismo (cocô e xixi, por exemplo), pegadas, bioconstruções, etc.
Figura 1 – Estromatólito de Vazante/MG, Brasil. Este exemplar possui cerca de 1,2 bilhões de anos.
Figura 1 – Estromatólito de Vazante/MG, Brasil. Este exemplar possui cerca de 1,2 bilhões de anos.
Os microrganismos foram os primeiros seres a conseguirem deixar no registro geológico sua marca. Desde os primórdios da vida na Terra, eles foram capazes de deixar bioconstruções chamadas de microbialitos. Estes são formados através do aglutinamento de grãos de sedimento, como areia, na substância mucilaginosa secretada pelas bactérias, o EPS (substância extracelular polimérica), e pela indução da precipitação de carbonato de cálcio devido ao metabolismo delas. Descomplicando um pouquinho, é como se as bactérias construíssem estruturas que mais tarde litificam (viram rocha!). Com o passar do tempo, os microrganismos que ali viviam deixam de existir, ficando somente o registro de sua atividade metabólica, os microbialitos.
Figura 2 – Estromatólitos gigantes de Santa Rosa de Viterbo/SP, Brasil.
Figura 2 – Estromatólitos gigantes de Santa Rosa de Viterbo/SP, Brasil.
Um microbialito pode ser desde um simples biofilme preservado em um substrato (as chamadas MISS – estruturas sedimentares microbialmente induzidas); esteiras microbianas, que são comunidades de microrganismos diferentes vivendo em associação; ou bioconstruções chamadas estromatólitos (figura 1), que podem alcançar até mais de dois metros de altura (figura 2).

Os microbialitos são importantes por diversas razões, além do pioneirismo em questão de registro fossilífero. Eles são excelentes reservatórios de petróleo (vide o petróleo das camadas do Pré-Sal, que estão alojados em estromatólitos), fornecem informações a respeito do ambiente em que foram formados e podem até serem associados ao que se espera encontrar como sinais de vida fora da Terra, como as estruturas “suspeitas” registradas pela sonda Curiosity, em Marte (figura 3), muito semelhantes às MISS observadas em variados lugares da Terra (Noffke, 2015). Salvo a sua diminuição em abundância a partir de 540 milhões de anos atrás, quando os organismos multicelulares encontraram em seus microrganismos formadores uma fonte de alimento, os microbialitos abrangem um grande intervalo no tempo geológico, extendendo sua existência mesmo após todos os eventos de extinção, estando presentes até os dias de hoje.
Figura 3: Comparação de estruturas encontradas em Marte com MISS da Terra.
Figura 3: Comparação de estruturas encontradas em Marte com MISS da Terra.
Referências
Noffke, N. 2015. Ancient Sedimentary Structures in the <3 .7="" 15="" 169-192.="" and="" associations="" astrobiology="" ga="" gillespie="" in="" lake="" macroscopic="" mars="" member="" microbialites.="" morphology="" p="" resemble="" spatial="" succession="" temporal="" terrestrial="" that="">

Dados inéditos da geologia do petróleo no país

Petrobras extraiu petróleo do pré-sal pela primeira vez em setembro de 2008. No campo de Tupi a fase de extração petrolífera chamada de “teste de longa duração” teve início em maio de 2009.
© Divulgação Petrobras / ABr - Agência Brasil
Atlas pioneiros publicados pela UNESPetro passam a ser referências nacionais e internacionais


O UNESPetro, com sede na Unesp de Rio Claro, é um polo de formação de especialistas e de desenvolvimento de pesquisas, com ênfase em rochas carbonáticas, que formam a camada pré-sal e outros importantes reservatórios petrolíferos brasileiros.

Os carbonatos do Cretáceo brasileiro não somente contêm as grandes reservas de hidrocarbonetos do Pré-Sal, mas também acumulam significativos volumes no Pós-Sal.

Resultado da parceria da Unesp com a Petrobras, o UNESPetro é uma das principais iniciativas para o desenvolvimento do Sistema de Capacitação, Ciência e Tecnologia em Carbonatos (SCTC), fruto de um acordo firmado em fevereiro de 2010 entre a Petrobras, a Unesp e as Universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Federal Fluminense (UFF) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O SCTC visa avanços no conhecimento das rochas carbonáticas, ainda pouco conhecidas.
Entre as conquistas do UNESPetro, está a produção de publicações com dados inéditos da geologia do petróleo no país. Três delas, recentemente lançadas, são as primeiras do gênero em língua portuguesa e pioneiras em suas temáticas.

SENSIBILIDADE DO LITORAL PAULISTA A DERRAMAMENTOS DE PETRÓLEO
 
Este Atlas, com 128 cartas Sensibilidade ao Óleo (SAO), configura-se como relevante contribuição ao sistema de proteção do litoral paulista. Passa a constituir consistente apoio às futuras operações de emergência em caso de derramamentos de óleo no mar, agregando informações de detalhe aos mapeamentos já realizados por órgãos ambientais e empresas privadas. A obra está acessível em <http://goo.gl/lAh8ra>.

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O mapeamento foi desenvolvido pela Unesp, Câmpus de Rio Claro, no âmbito do Programa de Formação de Recursos Humanos em Geologia e Ciências Ambientais Aplicadas ao Setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis – PRH 05. Recebeu o amplo apoio do Programa Nacional de Formação de RH coordenado pela Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis – PRH/ANP, com o suporte financeiro do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, via Finep – Financiadora de Estudos e Projetos.

O livro conclui que o litoral paulista apresenta, de fato, elevada vulnerabilidade a vazamentos de óleo. Tal fato decorre da combinação da elevada sensibilidade de seus ecossistemas com o crescente aumento da suscetibilidade da região a acidentes envolvendo hidrocarbonetos. Este último fato conecta-se à forte expansão da exploração e explotação petrolífera nas bacias sedimentares do sudeste do Brasil, em especial na Bacia de Santos.
Conjunto de informações passa a constituir uma base organizada e disponível para ações contra vazamentos no litoral paulista
Os levantamentos que foram realizados na escala de detalhe permitiram agregar, em 121 cartas operacionais, um conjunto relevante de informações que passa a constituir uma base organizada e disponível para sustentar ações de combate e mitigação de eventos de vazamento no litoral paulista.

O cenário encontrado no presente estudo reforça a necessidade de integração das cartas SAO costeiras aos mapas de sensibilidade fluvial e terrestre, ainda incipientes no Brasil. Isto porque muitos acidentes evoluem de ambientes terrestres para ambientes fluviais e costeiros, como no caso de rompimentos de dutos terrestres e problemas verificados em terminais fluviais. Atenção especial deve ser dada à integração dos Mapas de Sensibilidade Ambiental de dutos (metodologia MARA) com as Cartas SAO.

Tendo em vista o Plano Nacional de Contingências, os autores recomendam a implementação de uma estratégia de gestão e integração das Cartas SAO produzidas no Estado de São Paulo e na costa brasileira por meio de bancos de dados interativos e de uso público.

Os coordenadores da obra são Dimas Dias-Brito e Paulina Setti Ridel, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas – IGCE da Unesp/Rio Claro; e João Carlos Carvalho Milanelli e Arthur Wieczorek, pesquisadores associados da UNESPetro.


CALCÁRIOS DO CRETÁCEO DO BRASIL: UM ATLAS
Autores e editores do Atlas, Dias-Brito, do IGCE, e Paulo Tibana, pioneiro no Brasil no estudo de rochas carbonáticas e professor associado do UNESPetro, oferecem um panorama das rochas calcárias do Cretáceo do Brasil, apresentando uma síntese das características petrográficas das principais unidades carbonáticas aflorantes no país e de alguns importantes depósitos situados em subsuperfície.

calcarios

O Atlas exibe rochas que, majoritariamente, tiveram sua gênese relacionada à evolução do Atlântico Sul e cobre o intervalo estratigráfico Cretáceo Inferior – Cretáceo Superior. A publicação, de caráter petrográfico e microfaciológico, traz, em suas 576 páginas, um conjunto de mais de 1.500 imagens, incluindo fotomicrografias, imagens capturadas a partir de scanner de alta resolução e fotografias de afloramentos, além de 12 mapas e 24 ilustrações.

O livro serve como referência para o estudo de seções carbonáticas em bacias sedimentares brasileiras e da margem ocidental africana. Facilita estudos de caráter local e regional nas áreas de Exploração e Produção, tanto na indústria como no meio acadêmico. Permite, também, em escala global, comparações no âmbito de pesquisas paleoecológicas, paleobiogeográficas e paleo-oceanográficas.

MICROBIALITOS DO BRASIL: DO PRÉ-CAMBRIANO AO RECENTE
Este Atlas, ao realçar os esforços empreendidos pelo UNESPetro, trata de depósitos cuja origem e características interessam de perto aos estudiosos das rochas carbonáticas do Pré-Sal.
microbialitos

A publicação, que tem como autores e editores Thomas R. Fairchild, professor-pesquisador associado do UNESPetro, Rosemarie Rohn e Dimas Dias-Brito, ambos do IGCE, é decorrente do marcante evento de descoberta dos campos gigantes de hidrocarbonetos nas Bacias de Santos e Campos. Pode ser considerada uma resposta da academia brasileira no campo da investigação das curiosas e complexas rochas que armazenam imensos volumes de petróleo.

O Atlas é um documento eminentemente fotográfico com o objetivo de expor aspectos variados dos microbialitos, um grupo de carbonatos relativamente pouco estudado, mas de grande relevância geocientífica e econômica.

O valor científico da publicação é enorme por focalizar rochas e ambientes que, em território nacional, contêm os sinais e processos dos primórdios da vida e inserem o registro sedimentar microbiano do Brasil em patamar de destaque no cenário mundial. A obra passa a ser uma nova referência para aqueles que investigam microbialitos, cuja observação permite descrever estruturas e feições de porosidade com implicação direta em modelos de reservatórios carbonáticos.
Obras são as primeiras do gênero na literatura geocientífica de língua portuguesa
A obra apresenta mais de 40 ocorrências de carbonatos microbianos no Brasil, envolvendo um intervalo de mais de dois bilhões de anos. Tais ocorrências foram selecionadas com base na qualidade dos afloramentos, abundância, representatividade e variedade.
A obra ilustra os microbialitos fósseis e recentes em escalas megascópica e microscópica, com cuidado especial para diferenciar, criteriosamente e com clareza, os seus morfotipos, de modo a poder aplicá-los em interpretações sedimentológicas, paleoambientais e estratigráficas.

ACERVO DIDÁTICO
Dimas Dias conclui que as obras sobre Calcários e Microbialitos são as primeiras do gênero na literatura geocientífica de língua portuguesa e apresentam um acervo organizado e didático de imagens, dados e interpretações, dirigido às comunidades acadêmica e da indústria do petróleo envolvidas com estudos geológicos, que incluem pesquisadores, especialistas, professores, e estudantes. As publicações, portanto, são de especial interesse às áreas da pesquisa e da educação universitária e interessam à comunidade nacional e internacional.
__________________________________
INFORMAÇÕES
dimasdb@rc.unesp.br
(19) 3526-9456/9476
Av. 24 A, 1515 – Bela Vista, Rio Claro – SP
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Fonte: http://www.unespciencia.com.br/2016/04/geologia/

Você já viu um chester vivo? Empresa "esconde" bicho e dá margem a mitos

Ricardo Marchesan e Maria Carolina Abe*
Do UOL, em São Paulo

Ele é muito popular na ceia de Natal dos brasileiros, mas pouco se sabe sobre sua origem e sua vida antes de chegar até a mesa. O Chester® é uma marca registrada de frango (por isso esse "R" ao lado do nome).
Ele é vendido desde 1983 pela Perdigão e foi lançado para disputar mercado com o peru da Sadia. Na época, as duas empresas eram concorrentes; hoje, ambas pertencem à BRF.

Perdigão e BRF, porém, não divulgam imagens do chester vivo, e as informações "oficiais" disponíveis sobre ele são restritas.

"A ave especial da Perdigão resulta do cruzamento das melhores linhagens de frango existentes no mercado. Graças a esse trabalho, a ave que conhecemos hoje se diferencia das demais por oferecer mais peito, ou seja, a parte nobre da ave", informou a empresa.

Questionada sobre fotos, afirmou: "(...) não dispomos de imagens desta ave em granja e/ou linha de produção". Pesquisando na internet é possível encontrar algumas imagens identificadas como chester, mas não é possível verificar sua veracidade.

Ave sem cabeça e galo de 1 metro

Esse mistério todo ao longo dos anos fez surgir estranhos mitos sobre a ave. Na antiga rede social Orkut, havia até uma comunidade: "O que diabos é um CHESTER ???".
"Transgênico", "doente", "monstro", "aberração" são algumas palavras usadas para se referir ao ser em questão. Não para por aí.

"Eles criam esses pseudo animais em tubos enormes cheios de líquidos semelhantes a placenta e enfiam vários tubos nos animais para que máquinas substituam seu coração, rins, fígado etc..", escreveu um internauta. E completou: "É um bicho sem alma, sem coração... e sem cabeça!!!"
"O galo (reprodutor) tem quase 1 metro de altura. As fêmeas quase não andam quando adultas e são poedeiras cativas", afirma outra pessoa em um fórum de discussão.
"(...) eles criaram uma galinha com um peito gigante. Tão gigante que ela nem pode andar e passa a vida toda deitada esperando o abate", diz outro.
"(...) é uma ave 'doente', com problemas mentais, que come 24 horas, se desenvolve muito rápido e por isso fica grande e gordo, pronto para o abate mais rápido que os outros galináceos", segundo outro internauta.

Afinal, chester é um bicho?

Chester é um animal, mas não é uma espécie diferente de ave, como o peru ou o avestruz, por exemplo. É a mesma espécie que o frango convencional.
Segundo Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), é como o cachorro: existe o poodle e o pastor alemão; eles são diferentes, mas ambos são cães, da mesma espécie.
De acordo com a Perdigão, foram feitos vários cruzamentos entre frangos com características específicas até se chegar a uma linhagem maior, com mais peito, a parte mais nobre da ave. O bicho tem 70% da carne concentrada no peito e nas coxas, segundo a fabricante.
Seu nome vem de "chest", que significa peito em inglês.

É transgênico?

O primeiro "frangão" foi importado dos EUA pela Perdigão em 1979 e, um ano depois, deu origem ao chester por meio de melhoramento genético. O uso dessa técnica é muito comum na indústria de alimentos, segundo Figueiredo.

O melhoramento genético é empregado pelo homem há mais de 10 mil anos, desde o início da agricultura, e funciona da seguinte forma: são selecionados para cruzamento os animais ou plantas com as características desejadas --por exemplo, maior resistência a doenças, maior produção de carne etc..
A ideia é transmitir essas qualidades aos descendentes, criando uma "versão melhorada" da mesma espécie. Por exemplo, plantas mais resistentes à seca, vacas que produzem mais leite ou... frangos com mais peito.
No melhoramento, a mudança acontece por meio do cruzamento entre membros da mesma espécie ou de espécies compatíveis. É diferente do transgênico, quando a modificação no código genético precisa ser feita por meio de intervenção em laboratório.

É cheio de hormônios?

De acordo com o pesquisador da Embrapa, não são usados hormônios para crescimento do chester nem das outras aves que consumimos. Primeiramente, porque o uso é proibido por lei no Brasil desde 2004.


Além disso, segundo ele, "não tem sentido", porque os animais são abatidos antes do tempo necessário para que as substâncias comecem a fazer efeito. Também tornaria a criação muito cara e não compensaria.
Segundo a Perdigão, a alimentação do chester é 100% natural, baseada em milho e soja, sem "adição de qualquer tipo de medicamento, antibiótico ou hormônio anabolizante para aumentar o seu crescimento e desenvolvimento".

Os animais sofrem?

Um mito comum a respeito do chester é que, por ter o peito muito grande, o animal sofre durante a vida e não consegue nem andar.

Elsio Figueiredo afirma que o cruzamento de diferentes tipos de frango pode, sim, gerar anomalias e levar ao sofrimento do animal. Porém, segundo ele, os próprios produtores teriam interesse em evitar isso: um animal que não consegue andar direito tende a comer e beber pouca água, prejudicando seu crescimento e desenvolvimento, o que causaria prejuízo.

Concorrentes do frangão

Outras marcas brasileiras vendem equivalentes ao Chester® com outros nomes, normalmente chamados de aves natalinas ou frango especial. É o caso do Fiesta, da Seara, e do Supreme, da Sadia.
* Esta reportagem foi publicada originalmente em 24 de dezembro de 2015.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O que é Solstício de Verão:

Solstício de Verão é um fenômeno da astronomia que marca o início do Verão.

É o instante em que determinado hemisfério da Terra está inclinado cerca de 23,5º na direção do Sol, fazendo com que receba mais raios solares.
O termo “solstício” tem a sua origem no latim solstitius que significa "ponto onde a trajetória do sol aparenta não se deslocar".

No solstício de Verão ocorre o dia mais longo do ano e, consequentemente, a noite mais curta, em termos de iluminação por parte dos raios Sol.
O solstício acontece graças aos fenômenos de rotação e translação do planeta Terra, pois graças a eles a luz solar é distribuída de forma desigual entre os dois hemisférios.

Solstício de Verão no Hemisfério Sul

Quando o hemisfério sul está passando pelo solstício de verão – evento que marca o início desta estação – as pessoas que vivem no hemisfério norte da Terra estão passando pelo solstício de inverno, considerado o dia com a noite mais longa do ano.
O solstício de Verão pode acontecer no dia 21 ou 22 de dezembro, dias em que a radiação solar incide de forma vertical sobre o Trópico de Capricórnio.

Vale lembrar que o Brasil está localizado no Hemisfério Sul, enquanto que a Europa e os Estados Unidos, por exemplo, fazem parte do Hemisfério Norte.

Solstício de Inverno

Enquanto que o solstício de Verão marca o início do Verão, o solstício de inverno é conhecido por marcar o começo do inverno.

O solstício de Inverno significa que a luz do sol não incide com tanto fulgor no hemisfério em questão.
Solstício de Inverno é um fenômeno da astronomia que marca o início do Inverno. É o instante em que o hemisfério Norte está inclinado cerca de 23,5º na direção do Sol.

O termo solstício tem a sua origem no latim solstitius que significa "ponto onde a trajetória do sol aparenta não se deslocar". Consiste em sol + sistere que significa "parado".

No solstício de Inverno ocorre o dia mais curto do ano e consequentemente a noite mais longa do ano, em termos de iluminação por parte do Sol.

Em países do hemisfério sul, como é o caso do Brasil, o solstício de Inverno acontece normalmente no dia 21 de Junho. Em 2013, no Brasil, o solstício de Inverno aconteceu no dia 21 de Junho às 2h04, horário de Brasília. Nessa hora, o Sol atingiu a maior declinação de acordo com a linha do Equador.
O solstício acontece graças aos fenômenos de rotação e translação do planeta Terra, pois graças a eles a luz solar é distribuída de forma desigual entre os dois hemisférios. O solstício de Inverno significa que a luz do sol não incide com tanto fulgor no hemisfério em questão. São fenômenos opostos dependendo do hemisfério em que um determinado país se encontra. Por esse motivo, quando é Inverno no Brasil (hemisfério sul), é Verão em Portugal (hemisfério norte).

Equinócio

O equinócio, assim como o solstício, também é um acontecimento astronômico, que marca o início do Outono e da Primavera.


Equinócio significa o momento exato que marca o início da primavera ou do outono, em que o sol incide com maior intensidade sobre as regiões que estão localizadas próximo à linha do equador.
O termo tem origem na junção dos termos latinos aequus (igual) e nox (noite). Quando ocorre o equinócio, o dia e a noite têm igual duração (exatamente 12 horas).

O equinócio ocorre durante os meses de março e setembro, quando há mudança de estação. No momento do equinócio, a luz solar incide de igual maneira sobre o hemisfério norte e sobre o hemisfério sul.
No hemisfério sul (onde está incluído o Brasil), o equinócio que ocorre em março (dia 20 ou 21), marca o início do outono e o de setembro (dia 22 ou 23), marca o início da primavera. No hemisfério norte acontece situação inversa, em setembro inicia o outono e em março, a primavera.

O dia do equinócio de primavera e de outono pode variar de ano para ano, devido ao ano solar (trópico) ter 365 dias e mais algumas horas (365d 5h 48m 46s).

Portanto, o equinócio de outono (ou ponto Libra) acontece no hemisfério que transita do verão para o outono e o equinócio de primavera (ou ponto Vernal) acontece no hemisfério que passa do inverno para a primavera.

Graças ao fenômeno da precessão dos equinócios, estes não têm uma posição fixa, e se deslocam um pouco todos os anos.

Os fenômenos do equinócio e solstício marcam o início e o fim das estações.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A lua e a fome dos morcegos

ED. 250 | DEZEMBRO 2016
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© RUESTZ/WIKIMEDIA COMMONS
Intensidade do luar não modificou a busca por insetos em quatro de cinco espécies de morcego estudadas
Intensidade do luar não modificou a busca por insetos em quatro de cinco espécies de morcego estudadas.


Em noites de luar nos trópicos, os morcegos insetívoros reduziriam sua procura por comida, segundo uma hipótese bastante difundida. A diminuição na busca por alimento seria uma resposta à menor presença de insetos em noites claras e também ao risco aumentado de os morcegos se tornarem alvos fáceis de seus predadores em um ambiente mais iluminado. Um estudo, no entanto, colocou à prova essa associação de comportamento desses mamíferos voadores com a intensidade do brilho da Lua. Por um período de 53 dias, biólogos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) acompanharam os hábitos alimentares de cinco diferentes espécies de morcego dentro da Reserva Florestal Adolpho Ducke, no norte de Manaus (Mammalian Biology – Zeitschrift für Säugetierkunde, 11 de novembro).


Apenas uma delas, a Myotis riparius, reduziu sua procura por insetos em função do luar. Duas, a Cormura brevirostris e a Saccopteryx bilineata, não alteraram seu ritmo de busca por insetos. As outras duas, Pteronotus parnellii e Saccopteryx leptura, até intensificaram sua atividade alimentar nas noites menos escuras. Com o emprego de gravadores de som, os pesquisadores registraram as atividades dos morcegos em 10 pontos distintos da reserva entre janeiro e maio de 2013, durante a estação chuvosa. No total, foram monitoradas 636 horas de atividade dos morcegos, sempre das 18 às 6 horas. Em cada ponto escolhido, os movimentos dos animais foram acompanhados por entre quatro e seis noites seguidas.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Petroquímica

Por Marcus Cabral
 
A petroquímica é a área da química relacionada aos derivados de petróleo e sua utilização na indústria. É uma área muito importante, já que trata de combustíveis, cuja demanda cresce diariamente.
Plataforma de petróleo. Foto: claffra / Shutterstock.com
Plataforma de petróleo. Foto: claffra / Shutterstock.com
O petróleo deve passar por processos para que o seu aproveitamento energético seja possível, a saber: separação, conversão e tratamento.

A indústria petroquímica objetiva a transformação do petróleo na maior diversidade de produtos possíveis, com o menor custo e a maior qualidade.

Esse processo por que passa o petróleo é chamado refinamento e ocorre na refinaria, podendo resultar na produção de GLP, Gasolina, Querosene, Diesel, Óleo Combustível, dentre outros.

Os três passos básicos da petroquímica são a extração de petróleo, o refino e sua transformação num produto, embora pareça simples, porém, o procedimento entre a matéria-prima o produto comercializável inclui mais de 45 etapas.

O petróleo constitui uma composição de hidrocarbonetos que pode se mostrar em fase gasosa (Gás natural), líquida (óleo) ou sólida (xisto). Geralmente, é no formato liquido que o petróleo é encontrado e que serve a toda a indústria.

O processo de separação é aquele que isola as famílias de hidrocarbonetos realizando o que se chamam frações, sem qualquer reação química.

Já, no processo de conversão ocorrem diversas reações químicas nas frações e são gerados novos grupos de hidrocarbonetos.

No processo de tratamento são eliminadas quaisquer impurezas nas frações e no óleo cru, através de conversões químicas.
Os processos envolvidos no refino de petróleo são:
  • Destilação: ocorre através do fornecimento de calor e resulta na decomposição do petróleo em diversos produtos finais, assim como vapores e líquidos. São obtidas frações, isto é, misturas de hidrocarbonetos.
    • Dentro dos equipamentos de destilação encontra-se a dessalgadora, que através de processos líquido e elétrico, separa o produto em líquidos e óleos.
    • A Torre de Destilação Atmosférica separa componentes através da vaporização e condensação, obtendo produtos diferentes.
    • A Torre de Destilação à Vácuo aquece o resíduo da Torre de Destilação Atmosférica, causando a vaporização do gasóleo contido.
  • Extração de solventes: um dos processos desta etapa é a desasfaltação do propano, que objetiva a extração líquido-líquido e recupera as frações oleosas ricas em asfaltenos. O resíduo deste processo pode ser usado em óleos combustíveis e asfaltamento de ruas.
  • Processo de conversão: é a geração de novos produtos através de processos químicos de quebra de moléculas;
  • Craqueamento catalítico: é a quebra de moléculas com a utilização de catalisadores, para transformar as frações mais pesadas em outras, mais leves. Os produtos obtidos neste processo são: Gás combustível, Nafta, óleo leve; óleo decantado.
  • Reforma catalítica: refino através de catalisadores que resultam em obtenção de gasolina com elevado índice de octana ou um produto rico em hidrocarbonetos aromáticos nobres, como o benzeno. São realizadas as etapas abaixo: 
    • Seção de pré-tratamento: remoção das impurezas como oxigênio e metais.
    • Seção de reforma: processos que resultam na formação de coque.
    • Seção de estabilização: separação entre o gás combustível e o reformado catalítico líquido.
  • Coqueamento retardado: processo que visa a valorização econômica dos óleos pesados. Etapa cada vez mais em uso, já que a maior parte dos óleos crus é pesada.
Essa fase resulta em produtos semelhantes ao craqueamento catalítico.

As frações menores são ainda tratadas para a obtenção de produtos derivados do petróleo, como querosene e óleo diesel.

Fonte: ANTUNES (2007).