Lista de plantas invasoras
Essa página é uma listagem e
apresentação de algumas espécies de plantas introduzidas pelo ser humano
na cidade de São Paulo e que hoje podem ser consideradas invasoras. O
Brasil é o país de maior biodiversidade (variedade de vida) do mundo
e esse patrimônio hoje está ameaçado não só pela devastação, mas também
por outra ação humana – a introdução de plantas estrangeiras ou
exóticas. Segundo a ONU, a invasão biológica pode ser considerada
atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo.
ESPÉCIES EXÓTICAS X NATIVAS
Espécies exóticas são aquelas que ocorrem
em uma área fora de seu limite natural historicamente conhecido, como
resultado da dispersão acidental ou intencional através de atividades
humanas (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 1992).
É comum serem usadas apenas fronteiras
políticas para considerar uma espécies exótica ou nativa, mas esse
critério diverge do correto conceito ecológico que determina ser exótica
qualquer espécie proveniente de um ambiente ou região ecológica
diferente. Portanto, espécies dentro de um mesmo país ou estado podem
ser consideradas exóticas se introduzidas em ecossistemas onde não
ocorriam naturalmente. (Zalba, S. M. 2006)*
Exemplo pode ser o pau-ferro (Caesalpinia ferrea)
árvore nativa da Mata Atlântica – mas não da região da cidade de São
Paulo – onde passa a ser exótica. Uma situação muito comum é denominar
como nativa qualquer espécie originária do Brasil, um país de dimensões
continentais.
ESPÉCIES INVASORAS
As espécies exóticas podem se comportar como invasoras, mas nem toda a espécie exótica é invasora.
Todas as espécies que se tornam invasoras
são altamente eficientes na competição por recursos, o que leva a
dominar as espécies nativas originais. Possuem também alta capacidade
reprodutiva e de dispersão. (Pivello, V. R. 2011)**
CIDADE DE SÃO PAULO
A metrópole paulistana apresentava
um passado muito rico em vida vegetal e animal, com paisagens como Mata
Atlântica, cerrados, bosques de araucárias e várzeas. Todas essas
inúmeras formas de vida e o equilíbrio existente entre elas foi
resultado de milhões de anos de evolução com o clima e o solo locais.
No processo de urbanização dos últimos
cem anos, São Paulo perdeu quase toda a cobertura vegetal, e a vegetação
plantada entre as avenidas e prédios nada tinha a ver com essa
biodiversidade original. Razões culturais e de preconceito com as
plantas nativas levaram a essa situação, relegadas ao pejorativo “mato”
enquanto as trazidas de longe eram “ornamentais” e muito valorizadas.
Assim, a maior parte das plantas que
vemos atualmente nos jardins, paisagismo e lojas é exótica, ou seja, não
ocorria naturalmente na vegetação original da região. Com isso, além do
desconhecimento e sumiço das plantas nativas, essas plantas
“ornamentais” vindas de diversas localidades do planeta e Brasil
acabaram em muitas situações ocupando o espaço das nativas por não terem
inimigos naturais e grande capacidade de adaptação ao nosso convidativo
clima.
Na cidade o problema é hoje tão sério que
fragmentos de Mata Atlântica e cerrados sobreviventes estão com a maior
parte de sua área invadida por ornamentais exóticas com essa
capacidade. Em terrenos abandonados na malha urbana, a vegetação
espontânea é quase toda artificial, de plantas introduzidas pelo homem,
quando naturalmente deveria ser de Mata Atlântica ou cerrado. Esses
processos levam a irrecuperável extinção de plantas e animais evoluídos
em um período de tempo ancestral. Abaixo alguns exemplos –
Quando nos raros remanescentes de vegetação original paulistana, essas plantas invasoras devem ser removidas definitivamente,
a fim de não se comprometer a pouca biodiversidade original
sobrevivente – esse é um fato culturamente difícil, já que a emoção pode
se misturar a razão e levar a incompreensão dos cortes pelos amigos do
verde. Mas é apenas a tentativa de se consertar mais um dos inúmeros
erros que o ser humano provocou a natureza.
No ano de
2010, frente a gravidade da situação, a Secretaria do Verde e Meio
Ambiente do Município de São Paulo emitiu uma Portaria com as espécies
invasoras da metrópole (ver Anexo no fim da página), e a remoção de
algumas destas espécies já começou em áreas verdes nativas da cidade,
como a reserva da Cidade Universitária da USP e o Parque Trianon.
Outra forma de erradicarmos a possibilidade de perdermos mais plantas e animais nativos pela extinção é passar a privilegiar as plantas nativas locais no paisagismo e arborização urbana,
procurando informações sobre as originais da região e pressionar os
viveiristas para a sua produção e comercialização, assim como as
prefeituras. O paisagismo sustentável do ponto de vista ecológico, com
elementos de nossa riquíssima flora original, pode salvar muitas formas
de vida, além de conectar a população com a história e cultura.
LISTA DAS ESPÉCIES INVASORAS MAIS COMUNS NA CIDADE DE SÃO PAULO.
Abaixo um
panorama das espécies de plantas invasoras comumente encontradas na
metrópole e adjacências. O uso dessas plantas em futuros projetos de
paisagismo e plantios urbanos deve ser evitado.
1. agave, piteira (Agave sp.) .
Origem: América Central (México).
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, não deixa espaço para outras plantas.
Dispersão – via bulbilhos, que ao caírem ao solo desenvolvem-se me novas plantas.
Planta capaz de forrar toda a superfície de Mata Atlântica secundária e cerrado.
2. Aglaia (Aglaia odorata)
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão – moderado
Dispersão – sementes.
Muito
utilizada no começo do século passado para a confecção de cercas-vivas,
onde em algumas décadas sem poda viravam grande árvores.
3. alfeneiro (Ligustrum sp.)
Origem: Japão.
Capacidade de invasão – agressivo, colonizando todo o terreno disponível.
Dispersão – através de suas sementes e pássaros generalistas.
Árvore de
médio a grande porte muito usada na arborização urbana no século
passado, susceptível a cupins e que tem o hábito de germinar em frestas
de construções onde se desenvolve rapidamente.
4. amoreira (Morus sp.)
Origem: China.
Capacidade de invasão – moderado.
Dispersão – Frutos através dos pássaros.
5. bambu alastrante, bambu-vara-de-pescar (Phyllostachys sp.).
Origem: China.
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, não deixa espaço para outras plantas.
Dispersão – plantio.
Planta
comum no paisagismo, também é usado para evitar a erosão de encostas.
Dominante quando plantada em vegetação de cerrado, onde disputa a luz e
ganha invariavelmente.
6. café (Coffea arabica)
Origem: África.
Capacidade de invasão – moderado a agressivo.
Dispersão –
Através de pássaros. Na Serra da Cantareira e alguns fragmentos de Mata
Atlântica no interior da malha urbana são remanescentes de antigos
viveiros de fazendas de café na mata ou plantações que a floresta
secundária recobriu.
7. capim – braquiária ( Brachiaria sp.)
Origem: África
Capacidade de
invasão – extremamente agressivo, recobrindo completamente o solo e
inviabilizando a germinação de capins nativos e outras formas de
vegetação, além de ser muito inflamável. Controle muito difícil.
Dispersão – sementes pelo vento, que ficam adormecidas no solo por longo período e são resistentes ao fogo.
Capim muito
usado como pasto para pecuária e recobrimento de taludes desde a
década de 1970, é hoje uma praga em quase todo o território nacional.
Certamente já dizimou parte significativa da biodiversidade dos
cerrados.
8. capim – gordura ( Melinis minutiflora)
Origem: África
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, recobrindo
completamente o solo e inviabilizando a germinação de capins nativos e
outras formas de vegetação, além de ser muito inflamável. Controle muito
difícil.
Dispersão – sementes pelo vento, que ficam adormecidas no solo por longo período e são resistentes ao fogo.
Capim comum em áreas de pasto degradado e no recobrimento de
taludes de estradas, é plantado desde os tempos coloniais. Também forte
destruidor da biodiversidade dos cerrados.
9. castanha-do-maranhão (Bombacopsis glabra)
Origem: Brasil, do Rio de Janeiro para o norte.
Capacidade de invasão – moderado
Dispersão – aparentemente sementes via pássaros.
Árvore
recentemente introduzida na arborização urbana paulistana, já aparece
no sub bosques de alguns fragementos florestais na Zona Oeste.
10. cheflera (Schefflera arboricola)
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão – moderado
Dispersão – sementes via pássaros.
Planta
muito usada para vasos em interiores, quando plantada em áreas livres é
espalhada pela avifauna em forquilhas de árvores – ocupando o espaço que
seria das bromélias, orquídeas e figueiras-bravas – e também cresce em
frestas de edificações, rompendo-as.
11. cheflera-gigante (Schefflera actinophylla)
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão – agressivo e dominante.
Dispersão – sementes via pássaros.
Planta também muito usada para vasos em interiores, quando plantada
em áreas livres é espalhada pela avifauna em forquilhas de árvores –
ocupando agressivamente o espaço que seria das bromélias, orquídeas e
figueiras-bravas – e também cresce em frestas de edificações,
rompendo-as. Árvore de médio porte e rápido crescimento.
12. cinamomo (Melia azedarach)
Origem: Ásia.
Capacidade de invasão – agressiva, formando populações puras.
Dispersão – através de pássaros.
Árvore de grande porte, cresce rapidamente e “abafa” a vegetação nativa.
13. espada-de-são jorge (Sansevieria trifasciata)
Origem: África.
Capacidade de invasão – agressivo nas margens e sub bosque de trechos de Mata Atlântica.
Dispersão – por touceiras e possivelmente sementes, já que são encontradas no interior de matas sem acesso ao público.
Planta usada em paisagismo de jardins e vasos, e também para fins esotéricos e religiosos.
14. espatódea, bisnagueira (Spathodea campanulata)
Origem: África.
Capacidade de invasão – moderado.
Dispersão – sementes pelo vento.
Árvore de grande porte, reconhecida pelas fores vermelhas ou laranjas e usada na arborização urbana no passado.
15. ficus, figueira-lacerdinha (Ficus microcarpa)
Origem: Ásia
Capacidade de
invasão – agressivo quando em ambientes onde se comporta como epífita,
crescendo sobre muros, frestas, beirais e viadutos. Além de ocupar o
espaço natural nas árvores do nativo mata-pau ou figueira-brava.
Dispersão – sementes por pássaros.
Árvore de
porte gigantesco, cresce sobre edificações até muitas vezes derrubá-las.
Foi implantado no começo do século passado na cidade para arborização
urbana.
16. incenso (Pittosporum undulatum)
Origem: Austrália.
Capacidade de invasão – muito agressivo em remanescentes da Mata Atlântica e terrenos livres em São Paulo.
Dispersão – sementes via pássaros.
Árvore de médio a grande porte e crescimento rápido.
17. jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia)
Origem: Argentina.
Capacidade de invasão – moderado.
Dispersão – sementes pelo vento.
Árvore
de médio a grande porte muito usada no século passado para arborização
urbana na cidade de São Paulo, hoje é facilmente encontrada crescendo
espontâneamente em terrenos abandonados e áreas naturais.
18. jambolão (Syzygium jambolanum)
Origem: Índia.
Capacidade de invasão – muito agressivo, provocando denso sombreamento e inviabilizando as plantas nativas.
Dispersão – frutos pretos semelhantes a azeitonas, que são consumidos por pássaros.
Árvore de médio a grande porte, é usado em arborização urbana em várias cidades brasileiras.
19. lambari (Tradescantia zebrina)
Origem: México.
Capacidade de invasão – agressiva, costuma cobrir grandes extensões de solo no sub bosque.
Dispersão – sementes.
Espécie muito usada no paisagismo, principalmente em passado recente.
20. leucena (Leucaena leucocephala)
Origem: América Central.
Capacidade de invasão – extremamente agressiva, formando populações puras que impedem a vegetação nativa.
Dispersão – grande abundância de sementes resistentes e duráveis.
21. lírio-do-brejo (Hedychium coronarium)
Origem: Ásia
Capacidade de
invasão – extremamente agressiva, recobrindo extensas áreas de
várzeas, sem deixar espaço para a biodiversidade nativa.
Dispersão – pássaros e insetos.
Planta que
dizimou a biodiversidade de parte significativa das várzeas e brejos de
São Paulo e arredores, outrora muito ricos em espécies nativas.
22. maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana)
Origem: África.
Capacidade de invasão – agressiva, formando densas populações no sub bosque das matas nativas.
Dispersão – sementes.
23. nêspera ou ameixa-amarela ( Eriobotrya japonica)
Origem: Japão
Capacidade de invasão – moderado, aparece normalmente no sub bosque de fragmentos de Mata Atlântica.
Dispersão – frutos através da avifauna.
Árvore muito apreciada pelos frutos saborosos e comumente usada em paisagismo.
24. pau-formiga (Triplaris sp.)
Origem: Brasil na região amazônica e pantanal mato-grossense.
Capacidade de invasão – moderado.
Dispersão – sementes pelo vento.
Árvore muito utilizada em arborização urbana, sendo comum por exemplo, no paisagismo das margens do Rio Tietê.
25. pinus, pinheiro (Pinus sp.)
origem: América Central e do Norte.
Capacidade de invasão – extremamente agressivo, formando populações puras e muito densas.
Dispersão – sementes pelo vento.
Árvore muito utilizada em silvicultura, principalmente na década de
1960 a 1980. As existentes na malha urbana vieram principalmente de
mudas dadas como brinde em antigas ações ditas “ecológicas” nas décadas
passadas e foram plantadas pela população.
26. quaresmeira (Tibouchina granulosa)
origem: Brasil, Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro para o Norte.
Capacidade de invasão – agressivo, sombreando rapidamente ambientes de campos-cerrados e participando de capoeiras.
Dispersão – sementes pelo vento.
Árvore muito utilizada em arborização urbana, de crescimento
extremamente rápido e geralmente apresentada como nativa de São Paulo,
confundida com o nosso manacá-da-serra.
27. seafórtia, palmeira-seafórtia (Archontophoenix cunninghamii)
Origem: Austrália, Oceania.
Capacidade de invasão – extremamente agressivo no sub bosque de fragmentos de Mata Atlântica.
Dispersão – frutos através da avifauna.
Árvore muito apreciada em paisagismo. Na reserva de Mata Atlântica
da USP no Campus de São Paulo, a invasão foi tão intensa que atualmente
1/3 das árvores da floresta são da espécie invasora e um manejo vem
sendo realizado para a sua eliminação e reintrodução de espécies
nativas.
28. sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides)
Origem: Brasil – Estado do Rio de Janeiro para o Norte, na Mata Atlântica e Mato Grosso do Sul.
Capacidade de invasão – moderado.
Dispersão – sementes liberadas pelo legume (vagem).
Árvore muito apreciada em arborização urbana, sendo uma das espécies mais comuns nas ruas de São Paulo.
29. Tipuana (Tipuana tipu)
Origem: Bolívia e Argentina.
Capacidade de invasão – moderado a agressivo.
Dispersão – sementes pelo vento.
Trata-se da
espécie mais comum na arborização urbana paulistana e quando invade
alguns terrenos chega a formar populações puras da espécie.
Anexo – Portaria da Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo – clique no link abaixo para acessar –
Bibliografia
* Zalba, S. M. (2006) Introdução às invasões biológicas – conceitos e definições.
**Pivello, V. R. Invasões Biológicas no Cerrado Brasileiro: Efeitos
na Introdução de Espécies Exóticas sobre a Bioidversidade. ECOLOGIA.
INFO 33.
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