Fossa das Marianas: o ponto mais profundo da Terra
A Fossa das Marianas é um vale em forma
de arco que se estende aproximadamente de nordeste a sudoeste por 2.550
km; sua largura ultrapassa 50 km. Enquanto milhares de alpinistas
escalaram com sucesso o Monte Everest, o ponto mais alto da Terra,
apenas três pessoas desceram ao ponto mais profundo da Fossa das
Marianas conhecido por “Challenger Deep”, a leste das 14 ilhas Marianas e
340 km a sudoeste de Guam, no Oceano Pacífico.
O ponto mais profundo da Fossa das Marianas é
também o ponto mais profundo da Terra, com cerca de 11.000 m (as
estimativas variam). Foi nomeado após o
navio de exploração britânico HMS Challenger II, medir a profundidade da
fossa utilizando um ecobatímetro, em 1951.
A primeira vez que humanos desceram ao
“Challenger Deep” foi mais de 50 anos atrás. Em 1960, Jacques Piccard e o
tenente da marinha Don Walsh chegaram ao local em um submersível da
Marinha dos EUA, um batiscafo chamado Trieste. Após uma descida de cinco
horas, os dois passaram apenas 20 minutos no fundo e não puderam tirar
nenhuma fotografia devido às nuvens de limo provocadas pela passagem.
Formação
A fossa das Marianas não é realmente o sulco
profundo e estreito que a palavra “fossa” implica. Em vez disso, o
abismo marca a localização de uma zona de subducção oceano-oceano. Zonas
de subducção desse tipo ocorrem onde uma parte do fundo do mar – neste
caso, a placa do Pacífico – mergulha abaixo de outra –no caso, a placa
Filipina. Embora as forças tectônicas acabem por deformar a placa do
Pacífico de modo que ela faça um mergulho quase vertical no interior da
Terra, no nível do leito marinho a placa mergulha em um ângulo
relativamente suave.
“Uma placa tectônica é um enorme pedaço de rocha, com 97 km ou mais de espessura. Para que isso afunde na terra, ele tem que se inclinar para baixo, e essas são curvas muito suaves”.
Uma razão pela qual a Fossa das Marianas é
tão profunda, ele acrescentou, é porque o Pacífico ocidental é o lar de
alguns dos mais antigos fundos marinhos do mundo, cerca de 180 milhões
de anos – Robert Stern, geofísico da Universidade do Texas, em Dallas.
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A Fossa das Marianas é um ambiente muito
frio e altamente pressurizado – a pressão é mais de 1.000 vezes maior
que a pressão que sentimos ao nível do mar. Apesar destas condições
inóspitas do fundo do mar, é o lar de milhares de espécies de
invertebrados e peixes incomuns. Estes incluem espécies mais comuns,
como solha e linguado, bem como o bizarro peixe-pescador, que usa uma
protusão bioluminescente (luz produzida por um organismo vivo) para
atrair sua presa.
Os habitantes microscópicos da Fossa das
Marianas podem até mesmo lançar luz sobre o surgimento da vida na Terra.
Alguns pesquisadores, como Patricia Fryer, da Universidade do Havaí,
especularam que amostras de serpentina localizadas perto de fossas
oceânicas, em vulcões de lama, poderiam ter fornecido as condições
adequadas para as primeiras formas de vida de nosso planeta. Além disso,
estudar rochas do local pode levar a uma melhor compreensão dos
terremotos que criam os tsunamis poderosos e devastadores vistos ao
redor do Pacífico, dizem geólogos.
Se o Monte Everest, o ponto mais alto da
Terra, com 8.850 m de altitude, fosse colocado na Fossa das Marianas,
ainda restariam mais de 2.000 m de água acima dele.
Em 1984, japoneses enviaram uma embarcação
de pesquisa altamente especializada para a Fossa das Marianas e
coletaram alguns dados usando um equipamento chamado de ecobatímetro
estreito de múltiplos feixes.
O que um ecobatímetro faz é enviar ondas
sonoras de alta frequência (fora do alcance da audição humana) através
da água até o fundo do oceano. As ondas sonoras viajam através da água,
ainda mais rapidamente do que viajam pelo ar, e saltam de objetos
sólidos, como o fundo do oceano.
O ecobatímetro mede precisamente quanto
tempo leva para as ondas sonoras retornarem à superfície e determina a
profundidade com base na taxa de retorno. Essas sondagens são plotadas
em um gráfico por um computador para fazer um “mapa de eco” do fundo do
oceano. A medida mais profunda do “Challenger Deep” atualmente
disponível foi tomada pelos japoneses e foi de 10.923 m.
Em 25 de março de 2012, James
Cameron, conhecido como diretor de filmes como “Titanic” e “Avatar”, se
tornou a terceira pessoa – e o único a viajar sozinho – a visitar o
“Challenger Deep”, a 11 km abaixo da superfície do Oceano Pacífico. Com a
ajuda do Acheron Project, sediado na Austrália, o diretor projetou o
Deepsea Challenger, um submersível de descida vertical única, equipado
com câmeras HD 3D [1], ferramentas para coletar amostras científicas [2] e, especialmente, baterias projetadas, alojadas em caixas plásticas, preenchidas com óleo de silicone [3].
Em vez de construir o submarino de aço e usar espuma para torná-lo
neutro e flutuante, a Acheron criou uma nova espuma sintética – resina
epóxi contendo microesferas de vidro oco – que serve como principal
material estrutural [4]. Cameron sentou-se em uma esfera de aço com 2,5 polegadas de espessura e 43 polegadas de diâmetro [5], onde ele controlava o submarino com joysticks.
O Deepsea Challenger chegou ao fundo em 2,5 horas com a ajuda de mais de 453 kg de aço [6].
Cameron teve que ressurgir após 3 horas no fundo do mar por causa de um
vazamento hidráulico – ele acionou um interruptor para descartar os
pesos e subiu em 70 minutos – mas, de modo geral, o submarino funcionou
conforme o planejado.
REFERÊNCIAS
BILL CHADWICK, Oregon State University and NOAA Pacific Marine Environmental Laboratory. Disponível em: <https://oceanexplorer.noaa.gov/explorations/14fire/background/seamounts/seamounts.html>.
DEEPSEA CHALLENGE, National Geographic. All rights reserved. Disponível em: <http://www.deepseachallenge.com/the-expedition/mariana-trench/>.
ERIN MCCARTHY, James Cameron’s Deep-Ocean Dive, Diagrammed. Disponível em: <https://www.popularmechanics.com/science/environment/a7863/james-camerons-deep-ocean-dive-diagrammed-9479167/>.
WWF (panda.org). © Some rights reserved. Disponível em:<http://wwf.panda.org/knowledge_hub/teacher_resources/best_place_species/current_top_10/mariana_trench.cfm>.
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