Entenda quais são os principais tipos de solos no Brasil
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Na Pedologia, o solo é definido como uma “coleção de corpos
naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas,
tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos
que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais
do planeta, contêm matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde
ocorrem e, eventualmente, terem sido modificados por interferências
antrópicas” (EMBRAPA, 2013, p. 27).
A formação do solo ocorre a partir da alteração (intemperismo) do
material de origem (rocha ou sedimento) causada pelos organismos e pelo
clima, em um determinado tempo e com o controle do relevo. Assim, os
fatores de sua formação são: material de origem, clima, organismos, relevo e tempo que atuam de forma integrada e concomitante.
Principais horizontes e camadas dos solos
Horizonte Hístico (H ou O) – é um
horizonte de constituição orgânica, em que o teor de carbono orgânico
deve ser ≥ 8%. O horizonte hístico pode ser formado em ambientes com
excesso de água (encharcados), como várzeas, veredas, pântanos, mangues,
etc. Nesse caso, ele é reconhecido como horizonte H. Já nos ambientes
sem encharcamento, recebe a denominação de horizonte O. Geralmente são
formados por vegetação florestal, onde o aporte de matéria orgânica é
muito grande.
Horizonte A – é um horizonte de constituição
mineral, cujas características (cor, estrutura e consistência) são
associadas à presença de matéria orgânica decomposta, húmus.
Horizonte E – horizonte de constituição mineral,
cujas características (como cor e textura, principalmente) indicam perda
de argila ou húmus por transporte de material. A letra E está associada
ao processo de eluviação (perda) que, quando é muito acentuada, deixa o
horizonte E completamente branco (presença marcante de areia),
recebendo a adjetivação de horizonte E álbico.
Horizonte B – horizonte de constituição mineral,
cujas características (cor, textura, estrutura, etc.) refletem a atuação
dos processos de formação do solo. Geralmente, o horizonte B já não
apresenta características do material de origem, pois elas já foram
alteradas pela pedogênese.
Horizonte ou camada C – é de constituição mineral,
sendo considerado horizonte quando formado pela alteração do material de
origem, ou seja, associado ao intemperismo da rocha (formação in situ) e, muitas vezes, ainda apresenta alguma característica desta.
Camada R – trata-se da rocha não alterada .
Classes de solo no Brasil
Segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (2006), no
Brasil são reconhecidas 13 classes de solos , considerando apenas o
primeiro nível categórico. A seguir será feita uma breve descrição
dessas classes:
Neossolos
- São solos jovens, sem horizonte B, formados em ambiente sem excesso de água. Como são solos muito heterogêneos, estes podem ser divididos considerando o segundo nível categórico.
Neossolos Regolíticos
- Sequência possível de horizontes: A/C/R, com espessura do A+C > 50 cm. São solos normalmente associados aos locais de relevo mais movimentado, onde a taxa de pedogênese é baixa, ou onde a erosão é acentuada (processo de rejuvenescimento do solo). • São solos altamente susceptíveis à erosão pela presença superficial do horizonte C. Ocorre pontualmente em todo o território brasileiro.
Neossolos Quartzarênicos
- Sequência possível de horizontes: A/C/R, sendo que as texturas dos horizontes A e C devem ser arenosas, ou seja, ter % areia ≥ 70%. São solos associados a áreas de litologia de arenitos e quartzitos. Bastante comuns no semiárido, algumas áreas do sul e do cerrado brasileiro.
Neossolos Flúvicos
- Solos formados por camadas de sedimentos aluviais (depositados pelos rios). Ocorrem em todo o Brasil na margem dos rios. São muito heterogêneos e difíceis de ser caracterizados com relação à fertilidade e textura, pois cada camada pode possui uma característica diferente.
Neossolos Litólicos
- Sequência possível de horizontes: A/R; A/C/R, sendo que, no segundo caso, a espessura do horizonte A somada com a do horizonte C deve ser ≤ 50 cm. Ocorrem pontualmente por todo o território nacional, tendendo a se concentrar em áreas de relevo bastante movimentado. A principal limitação a seu uso agrícola é sua pequena espessura. Suas características de fertilidade e textura estão diretamente relacionadas às características do material de origem.
Organossolos
- Sequência possível de horizontes: O/A/B/C ou H/C. São solos que apresentam horizonte hístico (O ou H) com, no mínimo, 40 cm de espessura.
Gleissolos
- Possível sequência de horizontes: H/Cg (com H < 40 cm) ou A/C. São solos que ocorrem somente em áreas encharcadas. O horizonte A é muito escuro e está sobre um horizonte C bem claro, com possível presença de mosqueados. O gleissolos são encontrados em áreas de várzeas, veredas, mangues, etc.
Chernossolos
- Sequência possível de horizontes: A/R; A/C/R e A/B/C/R. Solos pouco profundos com horizonte superficial A chernozêmico sobre horizonte B textural avermelhado, com argila de atividade e saturação por bases alta. Ocorrem em quase todas as regiões do Brasil, em pequenas extensões, geralmente associados às rochas pouco ácidas em climas com estação seca acentuada. A fertilidade é bastante elevada, logo, as condições para o enraizamento em profundidade são muito boas, principalmente se a profundidade do solo for adequada.
Vertissolos
- São solos ricos em argila do tipo 2:1, sendo comum na região nordeste do Brasil. Em época seca, eles se contraem e, em função da contração, ocorre a formação de fendilhamentos profundos e rachaduras, na época úmida, se expandem. Normalmente, o material da superfície cai nessas fendas, gerando uma contínua mistura dos constituintes dos horizontes do solo, o que dificulta a formação do horizonte B. Por isso, normalmente, não apresenta horizonte B, tendo como sequência mais típica Av/Cv (o v indica características vérticas – expansão e contração do solo). A maior parte destes solos é pouco espessa, tendo menos de 2 metros de profundidade. Apresentam fertilidade alta, porém são difíceis de serem manejados. Quando seco, eles são extremamente duros e, quando úmidos, muito plásticos e pegajosos.
Espodossolos
- Possível sequência de horizontes: A/E/Bh/C. Os espodossolos ocorrem em solos arenosos, condição que favorece a movimentação de húmus (podzolização). No horizonte Bh apresenta coloração escura. No processo de podzolização, parte do húmus estaciona no horizonte B e parte atinge o nível freático, consequentemente influenciando a coloração dos rios da região, que fica escura. Em razão ao húmus na água e pelo seu pH reduzido, há floculação e sedimentação no leito do rio, fazendo com que quase não haja sedimentos.
Plintossolos
- Possível sequência de horizontes: A/Bf/C. O horizonte Bf é resultado de problemas de drenagem (com encharcamentos temporários), favorecendo a concentração de ferro e a formação de plintitas. Esta dificuldade de drenagem é gerada pela mudança drástica de porosidade dentro do perfil do solo. Quando há endurecimento da plintita (petroplintitas), o solo é denominado de plintossolo pétrico.
Argissolos
- Tem como processo específico de formação o transporte de argila. Possível sequência de horizontes: A/E/Bt/C ou A/Bt/C. São solos que ocorrem somente em áreas encharcadas. A argila do Bt deve ser de baixa atividade (Tb). Esta é a segunda classe de solos mais comum no país, após a classe dos latossolos. É comum encontrar argissolos associados aos latossolos nas mesmas áreas, sendo que os latossolos ocorrem em locais mais planos e os argissolos, nos mais movimentados. Os argissolos tendem a ser mais férteis que os latossolos, porém mais susceptíveis à erosão.
Nitossolos
- Sofreram podzolização com movimentação de argila, porém nunca apresentam horizonte E. Possível sequência de horizontes: A/B nítico/C. O horizonte B nítico apresenta cerosidade (moderada a forte) e está associado a materiais de origem com pouco silício, não formando gradiente textural. A argila do B nítico também deve ser de baixa atividade (Tb), ou seja, CTC argila < 24 cmolc/kg. Os nitossolos mais comuns no Brasil estão associados a basalto e predominam na região sul do Brasil, nas áreas onde ocorreu o derrame basáltico.
Luvissolos
- Sequência possível de horizontes: A/E/Bt/C; A/Bt/C. A argila do Bt deve ser de alta atividade (Ta), ou seja, CTC argila ≥ 24cmolc/kg, conjugada com V% maior ou igual a 50%. Ocupam 15% da área do semiárido, predominando na região mais seca, o sertão. Este tipo de solos está associado a ambiente pouco lixiviado, e são solos extremamente férteis, porém rasos, raramente ultrapassando 2 m. Apresentam rochosidades (presença de restos da rocha de origem) misturadas no solo e na superfície. Normalmente, apresentam horizonte A fraco, pois o clima da região dificulta a produção de matéria orgânica.
Planossolos
- Formado por podzolização de argila, com transição abrupta do horizonte E para o B. É comum a ocorrência de mudança textural abrupta, gerando impermeabilização natural, o que pode acarretar a formação de um nível freático temporário suspenso no período chuvoso. Normalmente, há mosqueados no topo do B plânico. Possível sequência de horizontes: A/E/Bplânico/C.
Cambissolos
- Possível sequência de horizontes A/Bi/C. Não existe processo de formação ou característica definida para este tipo de solo. Está associado a áreas de relevo movimentado e, que normalmente é muito suscetível à erosão.
Latossolos
- Os latossolos representam cerca de 50% dos solos do Brasil. Constituem solos com horizonte B latossólico e são, sob o ponto de vista pedogenético, os solos mais desenvolvidos da crosta terrestre. Possuem perfil muito profundo apresentando sequência de horizonte, A, B e C, com predominância de transições difusas e graduais entre os sub-horizontes. A profundidade do solum (horizonte A + B) normalmente é superior a dois metros.
Nesse texto abordamos os principais tipos de solos ocorrentes no
Brasil considerando somente o 1° nivel categórico de classificação.
Referencias Bibliográficas
AGENCIA EMBRAPA DE TECNOLOGIA. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br. Acesso em junho de 2018.
EMBRAPA. Disponível em: https://www.embrapa.br/solos/sibcs/classificacao-de-solos/ordens: Acesso em junho de 2018.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Centro
Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de
Solos. 3ª edição. Rio de Janeiro, 2013.
SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G. dos; KER, J.C.; ANJOS, L.H.C.
dos. Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo. SBCS/CNPS –
EMBRAPA. 6ª edição. Viçosa, 2013.
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