Besouro-escorpião
Pesquisador estuda casos inéditos de besouro venenoso em SP
Besouro-escorpião, antes registrado somente no Peru, é único da espécie a inocular toxina
[26/03/2019]
Besouros
são insetos pertencentes à ordem “Coleoptera”, o mais diverso grupo de
animais do mundo.
São 250 mil espécies divididas em 190 famílias
espalhadas por todo planeta, exceto nas regiões polares. São pequenos,
mas resistentes. Por isso, proporcionalmente ao tamanho, podem até ser
considerados um dos animais mais fortes do planeta.
Apesar de algumas espécies gerarem prejuízos por atacar
culturas no campo, também são reconhecidas pela sua importância no
controle biológico de outras pragas. Proporcionando equilíbrio no meio
ambiente. Em resumo, são “serzinhos” bacanas, trabalhadores e
inofensivos, certo?
Pois bem. Um pesquisador do Departamento de Zoologia do
Instituto de Biociências da Unesp, campus Botucatu, tem estudado um
besouro um pouco diferente. Mais nocivo ao homem e extremamente raro: o
besouro-escorpião. Só pelo nome talvez tenhamos ideia do que ele é
capaz.
Sim, ele tem um ferrão parecido com o “colega” aracnídeo.
Mas ao invés de ser na cauda, ele fica nas pontas das antenas. E sim, o
veneno dele doí. Pelo menos foi o que descreveram as duas vítimas do
inseto. Uma mulher e um homem, ambos próximos à casa dos 30 anos, e que
transitavam em áreas rurais nas cidades de Botucatu e Boituva no momento
dos incidentes com o tal besouro, registrados ano passado.
“No primeiro caso a vítima descreveu dor aguda e um quadro
alérgico local que durou cerca de 24 horas. No segundo houve dor aguda
também, mas o quadro alérgico durou apenas uma hora. Isso é curioso,
pois dois quadros distintos se desenvolveram com a picada e ainda não
sabemos o por quê pois é necessário mais estudos sobre a composição da
toxina”, explica o biólogo Antonio Sforcin Amaral, responsável pelo
estudo.
“O besouro já era conhecido, mas só havia um registo de
acidente causado por ele no Peru. E esse registro dele no interior de
São Paulo é inédito e não sabíamos como a picada dele se desenvolvia
direito. Essa descoberta é importante pois muitas vezes uma pessoa
picada por animal não consegue identificar o causador do acidente. Então
é comum procurarmos atendimento médico sem saber o que nos picou”,
argumenta.
De acordo com Sforcin, este trabalho ainda é preliminar,
mas abre espaço para se estudar mais profundamente a toxina do inseto e
os tratamentos adequados no caso de acidentes futuros. O inseto mede
cerca de 2cm de comprimento e se caracteriza por tons de cinza, marrom e
preto pelo corpo.
“A existência de um besouro peçonhento é surpreendente pois
não é conhecido outro besouro capaz de inocular toxinas. Então, da
perspectiva biológica, abre-se margem para entender como se deu o
desenvolvimento das glândulas de toxina na ponta das antenas, um lugar
incomum para se usar na defesa”, argumenta Sforcin.
ACI - IB Unesp Botucatu (Igor Medeiros - via 4toques comunicação)
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