Ostra exótica pode causar riscos para áreas do litoral paulista
Unesp Registro faz levantamento de dados biométricos para propor estratégias de controle
22/09/2019
por: Jorge Marinho
A ostra exótica Saccostrea (acima) da região indo-pacífico e a ostra nativa Cassostera (abaixo) encontradas em Cananeia/SP.
Imagem: Divulgação Unesp Registro
A região é reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em função da alta diversidade biológica, além de ter o reconhecimento também da Convenção Internacional das Zonas Úmidas e ser parte do Mosaico de Áreas Protegidas do Lagamar.
“A ostra Saccostrea começou a aparecer em pequenas quantidades, em 2017, mas agora está se espalhando muito rápido porque se reproduz por larva. Então, são milhares de larvas lançadas no estuário de Cananéia/SP, a cada fase de reprodução da espécie. Controlar essa expansão é bastante complicado”, analisa a pesquisadora que informa ainda que não se sabe quais são as ameaças, tanto biológicas quanto de biodiversidade, que essa espécie exótica de ostra pode trazer para a região.
“Não
conseguimos ainda avaliar se ela pode colocar em risco as espécies
nativas, por isso, é muito importante avançarmos nos estudos para
conhecermos um pouco mais sobre a Saccostrea porque a presença
dela na região está aumentando. Em julho desse ano, quando fizemos o
monitoramento das parcelas permanentes em mangue, observamos que estava
muito espalhada nas áreas. Não podemos perder mais tempo! Precisamos
conhecer melhor a espécie e como é o comportamento dela em nossa zona
costeira”, destaca Marília Cunha Lignon.
A última atividade dessa pesquisa, realizada durante "Semana de Conservação dos Manguezais" de Cananéia/SP, envolveu os alunos do curso de graduação em Engenharia de Pesca da Unesp, campus Registro, matriculados na disciplina optativa "Ecossistema Manguezal e seus Recursos Naturais", sob responsabilidade da professora Marília, a Fundação Florestal, gestores das unidades de conservação, biólogos do município e pescadores tradicionais que coletaram 50 quilos de ostras Saccostrea. Cada indivíduo recolhido terá sua largura, comprimento e altura medidos pelos estudantes da disciplina optativa da professora Marília.
“O
objetivo é conhecer a espécie e a dinâmica dela no ambiente. Um
conhecimento que será compartilhado com a Fundação Florestal e com os
gestores das unidades de conservação para que seja possível pensarmos
juntos estratégias de manejo e controle da espécie porque essa ostra
pode competir com a nativa Cassostrea, já que se fixa na raiz
do mangue vermelho, o lugar de desenvolvimento da ostra local”, explica
Marília Cunha Lignon, que também diz que serão realizados trabalhos para
apresentação em congressos científicos.
“O trabalho de equipe, entre a Unesp, a Fundação Florestal, a Prefeitura de Cananéia e monitores ambientais, na ação contra ostra exótica só confirma a preocupação de todos com o bom funcionamento do ecossistema manguezal. Cada aluno que participou da atividade pôde observar as características dessa espécie exótica e os efeitos dela dentro do estuário que serve berçário e abrigo para milhares de espécies”, conta Wanilton Polachini Batista, aluno de Engenharia de Pesca da Unesp, câmpus Registro.
“Foi uma experiência muito importante porque pude conhecer as pessoas da comunidade local que extraem ostra, a equipe da Fundação Florestal. Também pude saber essa ostra exótica está ocupando um habitat diferente do original dela e quais os efeitos em nosso ambiente costeiro. Quanto mais conhecimento o aluno de Engenharia de Pesca tiver sobre os vários ambientes aquáticos (água doce, estuarino e marinho), melhor será a nossa formação profissional”, revela Lucca Stocco, discente de Engenharia de Pesca da Unesp, câmpus Registro.
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