sábado, 16 de novembro de 2019

Cientistas revelam segredos do maior macaco que já existiu, que chegava a 3 m de altura e 600 kg

  • 13 novembro 2019
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Direito de imagem Prof Wei Wang
Image caption Parte da mandíbula do 'Gigantopithecus blacki': primata gigante foi extinto quando as florestas em que viviam se transformaram em savana

O dente fossilizado de um primata que viveu na China há 1,9 milhão de anos permitiu que cientistas descobrissem que o maior macaco que já existiu é "primo distante" do orangotango.
A análise do material genético do fóssil, encontrado em uma caverna, indica que o Gigantopithecus blacki tinha quase 3 metros de altura, pesava cerca de 600kg e divide um ancestral em comum — que viveu 12 milhões de anos atrás — com o primata que hoje habita florestas tropicais do planeta.
Publicado neste mês de novembro na revista Nature, o estudo contou com uma técnica inovadora, que comparou a sequência de aminoácidos de uma proteína extraída do esmalte do dente do primata extinto, provavelmente uma fêmea, com espécies que habitam o planeta hoje.
A extração de proteína de um fóssil de dois milhões de anos é algo raro e alimenta a esperança de que seja possível, no futuro, "voltar ainda mais no tempo" para analisar outros ancestrais extintos, também dos seres humanos, inclusive em regiões de clima mais quente.
Direito de imagem Ikumi Kayama
Image caption Ilustração reconstrói face do macaco: espécie chegava a 3 metros de altura e 600 kg
As chances de encontrar DNA ancestral íntegro em áreas com clima tropical hoje são consideradas baixas, já que o material genético tende a se deteriorar mais rapidamente em regiões mais quentes.

Mas a descoberta dos pesquisadores, com amostra encontrada em uma caverna na região chinesa de Guangxi, de clima subtropical, indica que algumas proteínas podem "sobreviver" mesmo em regiões em que as temperaturas são mais altas.

"Esse estudo mostra que proteínas antigas podem ter sobrevivido por todo o período da evolução humana, mesmo em áreas como a África ou a Ásia", diz Frido Welker, que pesquisa antropologia molecular na Universidade de Copenhague e é um dos autores pesquisa.
"Assim, poderíamos no futuro estudar a evolução da nossa própria espécie no decorrer de um longo período de tempo", acrescenta.

Extinção

O Gigantopithecus blacki foi identificado em 1935 por meio de um único dente. A espécie teria vivido no sudeste asiático entre dois milhões de anos e 300 mil anos atrás.

Outros dentes e partes de mandíbulas da espécie foram encontrados nas últimas décadas, mas a ciência ainda não havia conseguido estabelecer uma conexão entre o animal e primatas modernos.
Acredita-se que ele tenha sido extinto quando mudanças ambientais transformaram as florestas em que vivia em savana.

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