Estratigrafia – O Estudo das Rochas Estratificadas e Sedimentares
No texto de hoje vamos falar um pouco sobre Estratigrafia.
A estratigrafia estuda as rochas sedimentares, metassedimentares e as
intercalações vulcânicas, considerando os aspectos da deposição,
empilhamento, geometria dos corpos e da idade relativa ou absoluta de
cada unidade sedimentar.
A estratigrafia é o ramo da geologia que estuda as rochas
estratificadas e sedimentares, considerando, para as diversas unidades
estratigráficas, a descrição da seqüência vertical e horizontal, as
correlações e o mapeamento (Weller, 1960).
Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias
As rochas sedimentares e estratificadas têm grande relevância na
exploração e produção mineral. As rochas sedimentares hospedam grande
parte dos minerais energéticos: minerais radioativos, carvão, petróleo e
gás natural.
Além de muitos minerais ferrosos e não ferrosos serem hospedados em
fácies específicas de rochas sedimentares e vulcano-sedimentares (Fe,
Mn, Cu, Pb, Zn, Ag).
As maiores jazidas de ouro primário são ligadas a níveis definidos
das pilhas vulcano-sedimentares dos “Greenstone Belts” do Arqueano e aos
paleoplaceres pré-cambrianos oriundos da erosão dos “greenstone belts”
(Minas do Witwatersrand na África do Sul, conglomerados Moeda do
Quadrilátero Ferrífero ou conglomerados de Jacobina na Bahia).
Os conglomerados do Espinhaço de MG, da Chapada Diamantina na Bahia
ou do Grupo Roraima, todos de idade pré-cambriana, são portadores de
diamantes e fontes para os aluviões recentes e atuais, também
diamantíferos.
Muitos minerais e rochas industriais como calcários, dolomitos, evaporitos, argilas, fosfatos, são rochas sedimentares.
Em prospecção hidrogeológica de terrenos sedimentares, uma boa
compreensão da estratigrafia dentro de um arcabouço estrutural correto
ajuda a encontrar reservas de água subterrânea e a avaliar o potencial
de uma região.
EVENTOS DE SEDIMENTAÇÃO
Para que ocorra a deposição e sedimentação parte se
do inicio as cadeias de montanhas soerguidas pela tectônica e exposta
ao intemperismo e erosão, seguido pelo transporte dispersivo e pela
deposição nos mais variados ambientes deposicionais.
O tipo de sedimento depositado e a maneira dele ser preservado dependerão das seguintes variáveis:
- Tectônica
- Variação do nível do mar;
- Tipo de clima
- Aporte sedimentar
TECTÔNICA
Refere se ao movimento das placas que compõem a
crosta terrestre e os movimentos de colisão e separação decorrentes
desses movimentos. Assim o soerguimento de áreas-fontes e a subsidência
de bacias sedimentares são resultados da atividade tectônica.
VARIAÇÃO DO NÍVEL DO MAR;
Eustasia é o movimento de elevação ou queda global das águas oceânicas.
Transgressão → avanço do mar sobre a área continental;
Regressão → recuo do mar com progradação de sedimentos continentais.
Causas:
Subsidência: afundamento da crosta devido a tectônica, contração térmica da crosta, sobrecarga sedimentar;
Glaciações / deglaciações: umidade é retirada do oceano pela evaporação e o clima torna-se árido glacial.
Movimento de placas tectônicas: geração de basaltos na cadeia meso-oceânica (T); subducção / orogênese (R).
CLIMA
O clima é um fator alogênico que controla a sedimentação, porque as
condições climáticas afetam os padrões e a intensidade do intemperismo,
da erosão e dos processos sedimentares de transporte.
APORTE SEDIMENTAR
O aporte ou suprimento sedimentar de uma bacia é
essencialmente um resultado da interação entre tectônica e clima. A
tectônica coloca a área fonte no lugar, com o soerguimento do relevo tem
se um aumento da taxa de desnudação aérea, enquanto o clima se
encarrega do intemperismo, da erosão e do transporte do sedimento até os
mais variados ambientes deposicionais.
Sedimentação episódica
O registro estratigráfico é formado por episódios de sedimentação alternados por períodos de não deposição.
Evidências sedimentológicas da deposição episódica no registro
estratigráfico estão ligados a fenômenos relacionados a correntes de
turbulentas.
- Turbidito: pulsos de corrente de turbidez;
- Inunditos: inundações em ambiente fluvial;
- Tempestitos: depósitos formados por ondas de tempestades;
- Tsunamitos: ondas produzidas por terremotos;
- Sismitos: depósitos com fluidizações, convoluções produzidas por abalos.
Interrupções na Sedimentação: Discordância e Hiato
Discordância: descontinuidade no registro sedimentar devido à erosão ou não deposição.
Hiato: intervalo de tempo sem deposição no registro estratigráfico.
A deposição contínua de uma seqüência transgressiva – regressiva
representa um intervalo limitado de tempo geológico. Uma sucessão
sedimentar espessa é normalmente constituída do empilhamento de várias
seqüências separadas por intervalos de tempo sem registro
estratigráfico. Estes intervalos sem registro estratigráfico representam
as lacunas sedimentares ou discordâncias. Estas lacunas podem
representar a maior parte do tempo geológico.
Discordância:
Superfície de erosão ou não deposição, que separa estratos mais jovens de antigos e representa um hiato significativo.
Podem estar associados lateralmente a concordâncias (conformidades).
Conformidade é uma superfície de acamamento que separa estratos mais
jovens de estratos antigos, sem evidências de erosão ou não deposição.
Classificação das discordâncias
1 – Discordância paralela (Desconformidade)
Representa uma falta importante de registro estratigráfico, sem sinal
de erosão no contato. Pode ser comprovado, apenas, por estudo
paleontológico, ou do perfil sismoestratigráfico. Uma falta mínima do
registro estratigráfico é chamada DIASTEMA.
2 – Discordância erosiva
Superfície irregular caracterizada por um contato erosivo separando duas seqüências com paralelismo entre os estratos.
3 – Discordância angular
Ocorre quando o pacote superior sobrepõe-se a um inferior cujas
camadas inferiores foram dobradas ou basculadas por processos
tectônicos e depois sofreram erosão.
4 – Discordância litológica (não conformidade)
Ocorre quando o pacote sedimentar se assenta em contato erosivo diretamente sobre rochas ígneas ou metamórficas.
Nesse texto tentamos citar os principais eventos de sedimentação,
os tipos de discordâncias e como essas se formaram ao longo do tempo
geológico.
Referencias Bibliográficas
FÁVERA, J.C.D. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Eduerj, 263p.
HOLZ, M. 20102 – Estratigrafia de Sequencias – histórico, princípios e aplicações. Editora Interciencia, Rio de Janeiro. 276p.
SEVERIANO RIBEIRO, H.J. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia de
Seqüências. In: Estratigrafia de Seqüências, Cap. 6, pg. 99-134. Ed.
Unisinos.
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