segunda-feira, 27 de agosto de 2018

 O que são meteoritos, meteoros e meteoroides?


Meteoritos são fragmentos de corpos sólidos do Sistema Solar (como asteroides, cometas, planeta Marte, Lua, entre outros) que após vagarem pelo espaço por milhões/bilhões de anos, atravessam a atmosfera terrestre e chegam até a superfície.

Quando ainda estão no espaço interplanetário são denominados meteoroides; assim que entram na atmosfera terrestre tornam-se incandescentes devido ao atrito com os gases da atmosfera, esse efeito luminoso é denominados meteoro (popularmente conhecido como estrela cadente).

A maioria dos meteoros se desintegra completamente durante a passagem atmosférica. Os que chegam até a superfície terrestre são chamados de meteoritos.

A queda de um meteorito é marcada por um meteoro bem brilhante, denominado bólido, e na maioria das vezes escuta-se estrondos e assovios, uma vez que estão em alta velocidade - para se ter uma ideia, um meteoroide entra na atmosfera terrestre com uma velocidade que varia entre 11 e 72 Km/s.

Quando a queda de um meteorito é observada, classifica-se o meteorito como queda (ex.: o meteorito Varre-Sai e Vicência), já quando o meteorito é simplesmente encontrado no campo, ele é classificado como achado (ex.:o meteorito Bendegó). A maioria dos meteoritos catalogados são achados. Os meteoritos caem aleatoriamente na Terra, ou seja, eles caem em qualquer ponto da superfície terrestre e em qualquer momento. A nossa atmosfera está sendo bombardeada por material cósmico constantemente. Impactos de grandes meteoritos são mais raros, embora tenham ocorrido com frequência durante o processo de formação da Terra, contudo micro fragmentos com 1 mm de diâmetro impactam com a Terra a cada 30 segundos. Estimativas da NASA indicam que cerca de 100 toneladas de material cósmico atinge a atmosfera terrestre diariamente.


Que tipos existem?

Basicamente existem três tipos de meteoritos: aerólitos (rochosos), sideritos (metálicos), siderólitos (mistos). Respectivamente exibidos nas imagens abaixo: (Clique para ver em tamanho maior).
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Meteorito rochoso. Imagem:University of Washington
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Meteorito metálico. Imagem:University of Washington
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Meteorito misto. Imagem: University of Washington

Os meteoritos do tipo aerólito, conhecidos como rochosos, são formados basicamente de silicatos. Os sideritos, conhecidos como metálicos, são constituídos basicamente de ferro e níquel. Os siderólitos, por sua vez, também conhecidos como mistos, são formados por material rochoso e metálico.

Os meteoritos rochosos representam o tipo mais comum, correspondendo a cerca de 93% dos meteoritos. Existem dois grandes grupos de meteoritos rochosos, os condritos (~86%) e os acondritos (~7%). Os meteoritos rochosos do tipo condrito são formados por olivinas, piroxênios e minerais, e apresentam ferro e níquel em menores quantidades. O nome condrito vem de côndrulos, uma característica desse tipo de meteorito, que são glóbulos esféricos ou elipsoidais de minerais. Apesar do nome condrito vir de côndrulos, alguns poucos meteoritos desse tipo não apresentam essa característica. O grupo dos condritos ainda é dividido em algumas classes como carbonáceos, ordinários e enstatita.
Já os meteoritos rochosos do tipo acondrito são mais raros e não apresentam côndrulos, mineralogicamente são constituídos principalmente de olivina, piroxênio e plagioclásio. Estão incluídos no grupo de acondritos os meteoritos oriundos de Marte (SNC : shergotitos, nakhlitos e chassignitos), da Lua (basaltos e brechas) e de Vesta (HED: howardito, eucrito e diogenito). São meteoritos que sofreram diferenciação, foram formados por recristalização de material parcial ou totalmente fundido.

Os meteoritos metálicos correspondem a cerca de 6% dos meteoritos, são formados basicamente por uma liga de ferro e níquel e quantidades menores de minerais como fosfetos e sulfetos, são provenientes do núcleo do corpo parental (corpo de origem). São facilmente diferenciados das demais rochas terrestres devido a sua composição metálica e densidade elevada. Além disso, são mais resistentes ao intemperismo, o que contribui para a sua descoberta mesmo depois de muito tempo da queda. Existem dois métodos para a sua classificação: estrutural, que tem como base a largura da lamela de kamacita (que está ligada à quantidade de níquel presente no meteorito) dividindo os meteoritos metálicos em: hexaedritos, octahedritos e ataxitos. E a classificação química, em que a análise de elementos como: gálio, germânio e irídio, divide os meteoritos metálicos em treze grupos: IAB, IC, IIAB, IIC, IID, IIE, IIF, IIG, IIIAB, IIICD, IIIE, IIIF, IVAB. Existem ainda os não agrupados, que não se encaixam em nenhum grupo químico. Quando são atacados com nital (solução de ácido nítrico e álcool) exibem algumas estruturas, que estão relacionadas à classificação estrutural. A mais comum é o ''padrão de Widmanstätten'', nos meteoritos classificados estruturalmente como octahedritos. Os hexaedritos não exibem o ''padrão de  Widmanstätten'', mas sim linhas paralelas conhecidas como ''bandas de Neumann''. Os ataxitos não exibem estrutura evidente.

Os meteoritos mistos possuem composição mista, ou seja, minerais silicáticos e substâncias metálicas, podendo variar a quantidade desses materiais. São meteoritos raros, correspondem a pouco mais de 1% dos meteoritos. Estão divididos basicamente em dois grupos: pallasitos e mesosideritos.

Como identificar um meteorito?

Para identificar um meteorito utiliza-se algumas características típicas destas rochas, contudo não são características definitivas dos meteoritos, ou seja, não é porque uma pedra possui grande parte de tais características que ela é um meteorito. Existem muitas rochas terrestres que muitas vezes são confundidas com meteoritos.

Em geral, os meteoritos apresentam uma fina camada escura que reveste apenas a sua parte externa, denominada crosta de fusão, consequência da ablação (queima) durante a passagem atmosférica. Além disso, costumam apresentar sulcos e depressões na superfície (regmaglitos), que se assemelham a marcas de dedos deixadas em uma massa de modelar e em geral, são mais pesados do que uma rocha terrestre de tamanho similar - os metálicos chegam a ser de 3 a 4 vezes mais pesados. Como a grande maioria contém ferro e níquel, praticamente todos os meteoritos são atraídos por ímã, e quando lixados vão exibir o interior prateado como aço (no caso dos metálicos), ou geralmente mais claro, como concreto, com pintinhas prateadas e cor de ferrugem (no caso dos rochosos condritos).

Confira mais informações detalhadas sobre a identificação dos meteoritos na nossa página ''IDENTIFICAÇÃO'', clique aqui.

Qual a importância dos meteoritos?

Os meteoritos são importantes fontes para o estudo da origem e evolução do Sistema Solar e são estudados não só por astrônomos, mas também por geólogos, biólogos e outros cientistas. Os meteoritos são oriundos de diversos corpos do nosso Sistema, como asteroides, Lua,  Marte, etc; logo podem trazer informações sobre a origem e evolução destes corpos, e inclusive da Terra. Alguns meteoritos são tão antigos quanto o Sistema Solar e podem trazer informações até mesmo sobre a nebulosa que deu origem a todos os seus componentes.

Os meteoritos podem ser considerados a ''sonda espacial do homem pobre'', já que podem ser comparados com uma sonda espacial, por trazerem diversas informações sobre o universo, sem nenhum custo, já que caem aleatoriamente na Terra.  Apesar de rochas lunares já terem sido tragas para Terra por meio das missões Apollo (NASA), as únicas rochas marcianas que a ciência tem em mãos são meteoritos que vieram de Marte. Logo, meteoritos são ferramentas muito importantes para o estudo do universo, em particular do Sistema Solar.

Quanto vale um meteorito?

Muitos pensam, e até a mídia divulga, que meteoritos são muito valiosos, mas não é bem assim. Apesar de existirem meteoritos que são muito raros, como lunares e marcianos, que valem bastante dinheiro, a maioria dos meteoritos não valem tanto assim.
O valor de um meteorito vai depender de diversos fatores, como: 

-Raridade;
-Tipo do meteorito;
-Aparência estética;
-Tamanho;
-Se ele é uma queda ou achado; etc. 

Meteoritos que foram autenticados pelo Meteoritical Society, em geral valem mais, e os encontrados em desertos valem um pouco menos do que os encontrados em outros lugares do mundo. Vale ressaltar ainda que o mercado de meteoritos não funciona como o mercado de ouro, por exemplo. Diferentemente do ouro, quanto mais se tem de um meteorito, menor será o seu preço por grama.
Os meteoritos hammers, ou seja, aqueles que caíram e atingiram alguma coisa, em geral valem mais.

 

Visão geral da classificação dos meteoritos

22/4/2014
Os meteoritos são classificados basicamente pela concentração de ferro e silicatos, que definem três tipos principais: 
rochosos (aerólitos), compostos basicamente de silicatos; 
metálicos (sideritos), compostos basicamente de ferro-níquel e os;
mistos (siderólitos), compostos de silicatos e ferro-níquel.

Estes três principais tipos são subdivididos em classes e as classes podem ser divididas em grupos menores. 

Abaixo, uma visão geral da classificação dos meteoritos:

Meteoritos rochosos (aerólitos)

Os meteoritos rochosos são divididos em condritos e acondritos:
CONDRITOS: São meteoritos rochosos que não sofreram diferenciação, ou seja, não foram fundidos no interior de um planeta ou asteroide. São meteoritos com idade entre 4,55 e 4,6 bilhões de anos e em geral, contém traços da nebulosa que deu origem ao Sistema Solar.

O nome condrito vem de côndrulos, esférulas de minerais que variam entre 0,1 e 4 mm, presente na maioria dos meteoritos do tipo condrito. 

Os condritos estão divididos em classes: Condritos carbonáceos (C), condritos ordinários (OC), enstatita condrito (E) e outras duas classes menores, Rumurutitos (R) e Kakangaritos (K); e algumas dessas classes apresentam grupos menores. Esta classificação é feita de acordo com a quantidade e distribuição do ferro no meteorito, petrologia, mineralogia e os isótopos de oxigênio. 

Quanto o tipo petrológico, são classificados de 1 a 6, de acordo com diversos critérios, entre eles o grau de diferenciação dos côndrulos na matriz: 1- sem côndrulos; 2,3- côndrulos muito bem definidos; 4- côndrulos bem definidos; 5-côndrulos com certa diferenciação e 6- côndrulos mal definidos. 

Vejamos um pouco sobre as classes e grupos dos meteoritos condritos:
  • Condritos carbonáceos (C): Possuem pouco ou nenhum ferro e são altamente oxidados. Eles são divididos em diferentes tipos (CI,CM,CO,CV,CK,CR,CH e CB) de acordo com a composição química e os isótopos de oxigênio. Os condritos carbonáceos são considerados os condritos mais primitivos, com elementos que mais se aproximam da composição do Sol.
-Tipo CI: Considerados os mais primitivos do Sistema Solar e não possuem côndrulos.
-Tipo CM: São os mais abundantes entre os carbonáceos e com côndrulos bem formados.
-Tipo CO: Pertencem ao tipo 3 e possuem muitos côndrulos, que em geral são pequenos.
-Tipo CV: Possuem côndrulos grandes e em grande quantidade.
-Tipo CK: Em geral possuem tipo petrográfico 5 e côndrulos em abundância.
-Tipo CR: São diferentes dos demais carbonáceos por conterem bastante metal.
-Tipo CH: Corresponde a um tipo raro de condrito carbonáceo com alto teor de ferro.
-Tipo CB: Grupo novo. Apresenta côndrulos centimétricos.
  • Condritos ordinários (OC): Corresponde ao tipo mais comum de meteorito condrito e o ferro é usado na classificação deste tipo de condrito, dividindo-os em três grupos: H, L, LL. 
-H: Possui alto teor de ferro, variando entre 25% a 30% no total.
-L: Possui teor de ferro mais baixo se comparado com o grupo H, o ferro total varia entre 20% a 25%.
-LL: Possui baixo teor de ferro, contudo o ferro pode ser visto a olho nu e os meteoritos deste grupo são atraídos por um ímã mais forte.
  • Enstatita condrito (E): Trata-se de um tipo raro de meteorito. Estão divididos em dois grupos:
-EH (alto teor de ferro).
-EL (baixo teor de ferro).

ACONDRITOS: São meteoritos rochosos que não possuem côndrulos,são semelhantes às rochas terrestres e que sofreram diferenciação* completa (com exceção dos acondritos primitivos). 
Os acondritos incluem meteoritos vindos de grandes asteroides (Vesta), da Lua e de Marte, provenientes do manto ou crosta do corpo parental. Trata-se de um tipo raro de meteorito.

*Processo de diferenciação: Este tipo de meteorito foi modificado pela fusão no corpo parental, foram formados por recristalização de material parcial ou totalmente fundido.

Vejamos um pouco sobre as classes e grupos dos meteoritos acondritos:
  • Eucritos (EUC): Corresponde ao tipo mais comum de acondrito. Por serem ricos em cálcio são cinza claro e possuem crosta de fusão brilhante.
  • Diogenitos (DIO): São provenientes de regiões mais profundas, abaixo da crosta.
  • Howarditos (HOW): Assim como os eucritos e diogenitos os howarditos apresentam crosta de fusão bem brilhante devido ao cálcio e se assemelham ao solo regolítico lunar.
  • Angritos (ANG): São nomeados devido ao meteorito que caiu em 1869 em Angra dos Reis, permanecendo por cerca de um século como o único deste tipo.São compostos de minerais primários ricos em cálcio: olivina, anortita e clinopiroxênio. 
  • Aubritos (AUB): Em geral apresentam crosta de fusão bege e o interior esbranquiçado. São bem pobres em ferro.
  • Ureilitos (URE): Há evidências de que esses meteoritos sofreram um forte impacto, suficiente para transformar grafite em diamante. Diamantes foram descobertos no meteorito Novo-Urei em 1888.
  • Meteoritos marcianos (SNC): são denominados SNC devido aos tipos Shergotito, Nakhlito e Chassignito. São provenientes do planeta Marte, possuem composição isotópica de oxigênio idêntica a da atmosfera marciana, determinada pelos dados da sonda Viking, da NASA, o que permitiu a aceitação da comunidade científica como sendo meteoritos oriundos de Marte, o que antes era alvo de muito ceticismo.
-Shergotitos: apresentam sinais de metamorfismo de choque que levam a formação de vidro.
-Nakhlitos: Apresentam minerais que dão cor esverdeada às rochas, como olivina e piroxênio (rico em cálcio).
-Chassignitos: Compostos basicamente de olivinas ricas em ferro.
  • Meteoritos lunares: São meteoritos que foram ejetados da Lua por meio de impactos e que foram capturados pela Terra. As composições dos meteoritos lunares são idênticas às rochas trazidas da Lua pela missão Apollo, diferenciando de qualquer rocha terrestre.
-Basaltos: Ricos em ferro, olivina e plagioclásio pobre em ferro. São provenientes dos mares lunares.
-Brechas: As brechas são exatamente rochas formadas de diversos pedaços de minerais e rochas diferentes untadas por um cimento mineral.Foram formados de diferentes minerais de quando a própria Lua estava sendo formada.

ACONDRITOS PRIMITIVOS: Diferente dos acondritos, que sofreram diferenciação completa, os chamados acondritos primitivos não sofreram diferenciação completa. 
São subdivididos em três grupos:
  • Acapulcoitos (AC): São abundantes em minerais de ortopiroxênio, com menor quantidade de ferro-níquel e olivinas.
  • Lodranitos (LOD): Predomina a olivina.
  • Winonaitos (WIN): Às vezes possuem regiões com côndrulos e podem conter elementos metálicos.

Meteoritos metálicos (sideritos)

São compostos basicamente de ferro e níquel e com pequenas quantidades de minerais. São provenientes, em sua maioria, do núcleo do corpo parental.

São classificados de duas maneiras: classificação estrutural e química. A classificação estrutural é feita de acordo com a estrutura apresenta pelo meteorito quando atacado com ácido nítrico, podendo ser ela linhas entrelaçadas, linhas paralelas ou nenhuma estrutura evidente a olho nu; cada estrutura está relacionada a quantidade de níquel e kamacita.

--> Classificação estrutural:
  • Octahedritos: Quando os sideritos são atacados com ácido a estrutura mais comum são lamelas entrelaçadas, seguindo uma orientação octaédrica. É o chamado ''padrão de Widmanstatten''.
  • Hexaedritos: Não apresentam estrutura octaédrica, mas sim linhas paralelas conhecidas como ''linhas ou bandas de Neumann''.
  • Ataxitos: Estes meteoritos quando atacados não exibem nenhuma estrutura evidente a olho nu.


O segundo tipo de classificação (classificação química), está relacionado à análise de elementos como germânio, gálio, e irídio, que divide os meteoritos metálicos em 14 grupos quimicamente diferentes.

--> Classificação química:
  • IAB
  • IC
  • IIAB
  • IIC
  • IID
  • IIE
  • IIF
  • IIG
  • IIIAB
  • IIICD
  • IIIE
  • IIIF
  • IVA
  • IVB
  • Não agrupados: Quando não se encaixam em nenhum dos 14 grupos químicos.

Meteoritos mistos (siderólitos)

Os meteoritos mistos, como o próprio nome diz, são mistos, compostos de ferro e rocha, quantidades em torno 50% ferro e 50% silicatos. São divididos em dois grupos básicos: Pallasitos e Mesosideritos. 
  • Pallasitos: Formados entre o núcleo interno (metálico) e o manto inferior (rochoso). A quantidade de olivina e metal nesses meteoritos pode variar, alguns apresentam áreas com bastante silicato e outros com muito pouco silicato, parecendo com um meteorito siderito. São um dos meteoritos mais exóticos e belos que existem. Existem três grupos distintos:
-Grupo principal: A composição da liga ferro-níquel é semelhante aos sideritos IIIAB.
-Grupo Eagle Station: O teor de níquel é mais elevado do que no grupo principal, a olivina é rica em ferro. Composição isotópica parecida com sideritos IIF.
-Grupo dos piroxênios:Caracterizado por pequenas quantidades de clinopiroxênio.
  • Mesosideritos: A origem deste tipo de meteorito vem sendo discutida. Eles são diferentes dos pallasitos, pois são compostos por uma mistura de corpos parentais.

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