quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Cientistas descobrem por que não existiram grandes dinossauros no Brasil

Pesquisa feita com rochas indica as condições climáticas de mais de 200 milhões de anos atrás


Um clima imprevisível, muitas vezes quente e seco, explica a ausência  de grandes dinossauros herbívoros nos trópicos – região onde está localizada o Brasil – durante mais de 30 milhões de anos após sua aparição na Terra. É o que descobriu um estudo publicado nesta segunda-feira (15).
Durante anos, os paleontólogos avançaram em diferentes teorias para saber por que os dinossauros com pescoço longo, os Sauropodomorpha, evitaram por muito tempo os trópicos e eram numerosos em latitudes ao norte ou ao sul do Equador.

Os pesquisadores foram capazes de reconstruir o clima naquela época a partir de isótopos de carbono e oxigênio extraídos de rochas nos rios do Novo México (sudeste dos Estados Unidos), em um lugar chamado Ghost Ranch, onde encontraram muitos fósseis de dinossauros.

Estas rochas datam de um período situado entre 205 e 215 milhões de anos atrás, o que corresponde ao final do Triássico, explica a pesquisa, publicada nos Anais da Academia Americana de Ciências.
Para esta pesquisa, os autores concluíram que o clima nos trópicos era muito instável, quente e seco, por isso não havia altos níveis de dióxido de carbono (CO2), de quatro a seis vezes mais do que hoje.
Havia períodos chuvosos por vários anos, seguidos de seca severa, causando incêndios que geraram grandes temperaturas no ar de até 600 graus, segundo o estudo.

Este ambiente não era propício para uma vegetação abundante e permanente, incluindo os descendentes da era Jurássica como o Brachiosaurus, Diplodocus e o Brontosaurus.
“As condições meteorológicas na época eram semelhantes às áridas que hoje reinam no sudeste dos Estados Unidos, mas com vegetação perto de rios e florestas durante os períodos úmidos”, afirmou Jessica Whiteside, paleontóloga Universidade de Southampton, Reino Unido, e um dos autores do estudo.
“Este clima, com flutuações tão extremas, assim como os grandes incêndios que ocorreram periodicamente permitiram que apenas um pequeno dinossauro bípede carnívoro sobrevivesse, como o Coelophysis”, explicou Whiteside.

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