Paleontólogos encontram
fósseis de seis filhotes de réptil primitivo no Rio Grande do Sul
Pertencentes
à grande linhagem que daria, posteriormente, origem aos mamíferos, os
dicinodontes eram os principais herbívoros durante boa parte do Período
Triássico, há cerca de 240 milhões de anos. No Brasil, o dicinodonte mais comum
é encontrado em algumas localidades do Rio Grande do Sul e chama-se Dinodontosaurus.
Ele era um animal razoavelmente grande, podendo chegar a 500 kg e medindo até
2,5 metros de comprimento. Assim como o que acontece com vários grandes
herbívoros atuais, sempre se especulou que o dinodontossauro andava em grandes
bandos, em um comportamento que protegeria os animais dos ferozes predadores da
época, como os répteis quadrúpedes Prestosuchus e Decuriasuchus,
parentes dos atuais crocodilos e jacarés.
Recentemente,
pesquisadores da Universidade Federal do Pampa fizeram uma descoberta
surpreendente na cidade de Dona Francisca, Rio Grande do Sul: restos de pelo
menos seis filhotes de dinodontossauro foram encontrados aglomerados uns sobre
os outros, em uma associação bastante rara para os paleontólogos.
“Estava
tudo uma confusão. Crânios e pedaços de mandíbulas misturados a ossos de
braços, vértebras e costelas. Em uma análise cuidadosa, pudemos comprovar a
existência de seis animais, mas é bastante provável que existisse muito mais do
que isso”, relata Gianfrancis Ugalde, autor principal do trabalho científico
publicado na revista internacional Historical Biology. Além de
pesquisadores da Unipampa, o estudo contou com a participação de paleontólogos
da Universidade Federal de Santa Maria e da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Embora
tivessem grandes presas que os defendiam de predadores, os dinodontossauros
eram bastante vulneráveis ao ataque de grandes répteis. “A formação de manadas
é bastante comum em herbívoros atuais”, diz o professor Felipe Pinheiro (Unipampa),
que também assina o trabalho. “Além de ajudar na proteção contra predadores, as
manadas contribuem em uma maior taxa de sobrevivência dos filhotes a riscos
como fome e doenças.
Os novos fósseis comprovam que esse comportamento surgiu
muito antes da origem dos próprios mamíferos”, explica Felipe.
Embora a
causa da morte dos bichinhos continue incerta, é provável que as carcaças
tenham ficado expostas por um tempo razoável antes de serem soterradas e,
centenas de milhões de anos depois, acabarem na bancada de estudo dos
paleontólogos.
Bibliografia:
Ugalde et al. (2018). Link para acessar
artigo: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/08912963.2018.1533960?fbclid=IwAR2b92qDj9OeTNgxASfEoIWg5mwDKOwCqoEAoIZuugYy8vaHwT9aGH1VJoA&journalCode=ghbi20&
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