quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Tipos de brita: conheça as diferenças
As características mais importantes da brita são a resistência mecânica, a distribuição granulométrica da rocha e a quantidade de pó

Tipos de brita: conheça as diferenças

Com granulometrias diferentes, algumas são indicadas para fabricação de concreto, outras para pavimentação e construção de grandes obras. Veja mais sobre os diferentes tipos de brita

Existem diversos tipos de brita (também conhecidas como pedras britadas), uma das matérias-prima do concreto. As britas nada mais são do que fragmentos de rochas duras e maiores, como granito, gnaisse, calcário e basalto por exemplo, que foram detonadas com dinamite nos maciços rochosos. Mas para ficar da forma como conhecemos, os ‘pedaços’ de rocha ainda passam por um processo de trituração, conhecido como britagem, e por peneiramento após a detonação. 

Segundo a Norma NBR 7211 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os diferentes tipos de brita são classificados de acordo com a sua granulometria, ou seja, o tamanho dos grãos. Assim, temos o pó de brita e as britas 0, 1, 2, 3 e 4 (veja quadro com as granulometrias). Cada um desses tipos tem uma função específica na construção civil, seja para fabricação de concreto, pavimentação, construção de edificações ou de grandes obras, como ferrovias, túneis e barragens.
De acordo com o geólogo Claudio Sbrighi Neto, diretor do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracom) e coordenador das Normas Brasileiras de Agregados da ABNT, as características mais importantes de cada um dos tipos de brita são: a resistência mecânica, a distribuição granulométrica da rocha, e a quantidade de pó. “Quando as rochas ficam expostas ao tempo, podem ser degradadas e apresentar pouca resistência mecânica. O ideal é utilizar rochas que não sofreram nenhum tipo de alteração”, recomenda. 

Dirce Balzan, professora da Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), reforça que o desempenho da brita depende em grande parte das propriedades geológicas da rocha de origem. “É importante conhecer o tipo de rocha, a composição química e mineralógica, a textura, o estado de alteração, sua tendência à degradação, abrasão e fratura, a resistência mecânica, assim como o potencial de adesão do ligante asfáltico à sua superfície”, enumera.
Um exemplo que a professora dá é que, em misturas asfálticas, a distribuição granulométrica do agregado influencia quase todas as propriedades importantes, incluindo rigidez, estabilidade, durabilidade, permeabilidade, trabalhabilidade, resistência à fadiga, à deformação permanente e ao dano por umidade induzida.

Tipos de brita e aplicações

De acordo com Balzan, cabe ao engenheiro e aos responsáveis pela obra decidir que faixas granulométricas utilizar, de acordo com as necessidades do projeto e sempre respeitando as normas técnicas. 

O pó de brita, por sua maleabilidade, é muito utilizado nas usinas de asfalto, em calçadas, na fabricação de concretos com textura mais fina, pré-moldados e argamassa para contrapisos. A brita 0 (ou pedrisco), por suas dimensões reduzidas, é bastante empregada na fabricação de vigas e vigotas, lajes pré-moldadas, tubos, blocos de concreto intertravado, jateamento em túneis e acabamentos em geral. 

Já a brita 1, que mede no máximo 19 mm, é a mais usada na construção civil, em colunas, vigas e lajes. Atualmente, essa é a brita mais encontrada em concretos. “Quando Deus fez o mundo, encheu isso aqui de pedra, agora fazemos concreto com elas”, declara o diretor da Ibracon. Segundo Sbrighi Neto, a brita 2 foi muito usada em concreto até 15, 20 anos atrás, mas está em desuso, porque o concreto evoluiu e os agregados tiveram de evoluir também. “Há 100 anos o concreto era muito mais áspero. Hoje, ele tem mais trabalhabilidade, pode ser bombeado ou autoadensável”, comenta. 

Para concretos que exigem mais resistência, assim como para a construção de fundações e pisos mais espessos, a mais indicada é a brita 2. A brita 3, muita grossa, é pouco usada na fabricação de concreto. Ela é ideal para aterros, lastros ferroviários e drenos. A brita 4, bem grande, tem aplicações bem específicas, como em fossas sépticas, sumidouros, gabiões, reforços de subleito para pistas com tráfego pesado, lastros de ferrovias e concretos ciclópicos.
Em pavimentos, são usados diferentes tipos de brita, de acordo com a camada (quanto mais superficial, menos espessa). “Dependendo do tipo de pavimento, é possível usar até a brita 3 na base e britas mais ‘finas’ nas camadas superiores”, diz Sbrighi. 

A brita e suas granulometrias

Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME)
 
Pó de pedra: > de 4,8 mm
Brita 0 ou pedrisco: de 4,8 mm a 9,5 mm
Brita 1: de 9,5 mm a 19 mm
Brita 2: de 19 mm a 25 mm
Brita 3: de 25 mm a 50 mm
Brita 4: de 50 mm a 76 mm 

De acordo com Claudio Sbrighi Neto, na Grande São Paulo, as rochas mais encontradas são granitos e gnaisses. “Eventualmente, são empregadas rochas calcárias na região de Araçariguama”, informa. Já no interior do Estado, predominam as jazidas de basalto. Essa é a rocha mais encontrada também do sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul, incluindo o interior do Paraná e de Santa Catarina.
“No Nordeste, há granito, gnaisse e calcário: calcário no interior da Bahia; gnaisse no Ceará; granito e gnaisse em São Luís (MA)”, exemplifica o geólogo. Do interior da Bahia até Goiás a predominância é de rochas basálticas e calcárias. Já de Brasília até o Mato Grosso é possível encontrar um pouco de granito e de basalto. “A única região em que há escassez de rochas com boa resistência mecânica – característica essencial para produção de concreto – é a Bacia Amazônica”, observa Sbrighi.

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