As
características mais importantes da brita são a resistência mecânica, a
distribuição granulométrica da rocha e a quantidade de pó
Tipos de brita: conheça as diferenças
Com granulometrias diferentes,
algumas são indicadas para fabricação de concreto, outras para
pavimentação e construção de grandes obras. Veja mais sobre os
diferentes tipos de brita
Existem diversos tipos de brita
(também conhecidas como pedras britadas), uma das matérias-prima do
concreto. As britas nada mais são do que fragmentos de rochas duras e
maiores, como granito, gnaisse, calcário e basalto por exemplo, que
foram detonadas com dinamite nos maciços rochosos. Mas para ficar da
forma como conhecemos, os ‘pedaços’ de rocha ainda passam por um
processo de trituração, conhecido como britagem, e por peneiramento após
a detonação.
Segundo a Norma NBR 7211 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), os diferentes tipos de brita são classificados de
acordo com a sua granulometria, ou seja, o tamanho dos grãos. Assim,
temos o pó de brita e as britas 0, 1, 2, 3 e 4 (veja quadro com as
granulometrias). Cada um desses tipos tem uma função específica na
construção civil, seja para fabricação de concreto, pavimentação,
construção de edificações ou de grandes obras, como ferrovias, túneis e
barragens.
De acordo com o geólogo Claudio Sbrighi Neto, diretor do
Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracom) e coordenador das Normas
Brasileiras de Agregados da ABNT, as características mais importantes de
cada um dos tipos de brita são: a resistência mecânica, a distribuição
granulométrica da rocha, e a quantidade de pó. “Quando as rochas ficam
expostas ao tempo, podem ser degradadas e apresentar pouca resistência
mecânica. O ideal é utilizar rochas que não sofreram nenhum tipo de
alteração”, recomenda.
Dirce Balzan, professora da Faculdade de Engenharia da Fundação
Armando Alvares Penteado (FAAP), reforça que o desempenho da brita
depende em grande parte das propriedades geológicas da rocha de origem.
“É importante conhecer o tipo de rocha, a composição química e
mineralógica, a textura, o estado de alteração, sua tendência à
degradação, abrasão e fratura, a resistência mecânica, assim como o
potencial de adesão do ligante asfáltico à sua superfície”, enumera.
Um exemplo que a professora dá é que, em misturas asfálticas, a
distribuição granulométrica do agregado influencia quase todas as
propriedades importantes, incluindo rigidez, estabilidade, durabilidade,
permeabilidade, trabalhabilidade, resistência à fadiga, à deformação
permanente e ao dano por umidade induzida.
Tipos de brita e aplicações
De acordo com Balzan, cabe ao engenheiro e aos responsáveis pela obra
decidir que faixas granulométricas utilizar, de acordo com as
necessidades do projeto e sempre respeitando as normas técnicas.
O pó de brita, por sua maleabilidade, é muito utilizado nas usinas de asfalto, em calçadas,
na fabricação de concretos com textura mais fina, pré-moldados e
argamassa para contrapisos. A brita 0 (ou pedrisco), por suas dimensões
reduzidas, é bastante empregada na fabricação de vigas e vigotas, lajes
pré-moldadas, tubos, blocos de concreto intertravado, jateamento em
túneis e acabamentos em geral.
Já a brita 1, que mede no máximo 19 mm, é a mais usada na
construção civil, em colunas, vigas e lajes. Atualmente, essa é a brita
mais encontrada em concretos. “Quando Deus fez o mundo, encheu isso aqui
de pedra, agora fazemos concreto com elas”, declara o diretor da
Ibracon. Segundo Sbrighi Neto, a brita 2 foi muito usada em concreto até
15, 20 anos atrás, mas está em desuso, porque o concreto evoluiu e os
agregados tiveram de evoluir também. “Há 100 anos o concreto era muito
mais áspero. Hoje, ele tem mais trabalhabilidade, pode ser bombeado ou autoadensável”, comenta.
Para concretos que exigem mais resistência, assim como para a
construção de fundações e pisos mais espessos, a mais indicada é a brita
2. A brita 3, muita grossa, é pouco usada na fabricação de concreto.
Ela é ideal para aterros, lastros ferroviários e drenos. A brita 4, bem
grande, tem aplicações bem específicas, como em fossas sépticas,
sumidouros, gabiões, reforços de subleito para pistas com tráfego
pesado, lastros de ferrovias e concretos ciclópicos.
Em pavimentos, são usados diferentes tipos de brita, de acordo
com a camada (quanto mais superficial, menos espessa). “Dependendo do
tipo de pavimento, é possível usar até a brita 3 na base e britas mais
‘finas’ nas camadas superiores”, diz Sbrighi.
A brita e suas granulometrias
Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME)
Pó de pedra: > de 4,8 mm
Brita 0 ou pedrisco: de 4,8 mm a 9,5 mm
Brita 1: de 9,5 mm a 19 mm
Brita 2: de 19 mm a 25 mm
Brita 3: de 25 mm a 50 mm
Brita 4: de 50 mm a 76 mm
Brita 0 ou pedrisco: de 4,8 mm a 9,5 mm
Brita 1: de 9,5 mm a 19 mm
Brita 2: de 19 mm a 25 mm
Brita 3: de 25 mm a 50 mm
Brita 4: de 50 mm a 76 mm
De acordo com Claudio Sbrighi Neto, na Grande São Paulo, as
rochas mais encontradas são granitos e gnaisses. “Eventualmente, são
empregadas rochas calcárias na região de Araçariguama”, informa. Já no
interior do Estado, predominam as jazidas de basalto. Essa é a rocha
mais encontrada também do sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul,
incluindo o interior do Paraná e de Santa Catarina.
“No Nordeste, há granito, gnaisse e calcário: calcário no
interior da Bahia; gnaisse no Ceará; granito e gnaisse em São Luís
(MA)”, exemplifica o geólogo. Do interior da Bahia até Goiás a
predominância é de rochas basálticas e calcárias. Já de Brasília até o
Mato Grosso é possível encontrar um pouco de granito e de basalto. “A
única região em que há escassez de rochas com boa resistência mecânica –
característica essencial para produção de concreto – é a Bacia
Amazônica”, observa Sbrighi.
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