sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Orrorin tugenensis


      O Orrorin tugenensis cujo nome “Orrorin” significa “Homem original” no dialeto Tugen e tugenensis” presta tributo a região onde foi encontrado, foi um primata que viveu há aproximadamente 6 milhões de anos atrás durante o Mioceno na região de Tugen Hills no atual Quênia, nos locais Cheboit, Kapsomin, Kapcheberek e Aragai.

      Os 20 fósseis encontrados foram datados de entre 6 e 5,8 milhões de anos atrás usando métodos radioisotópos, paleomagnetismo e biocronologia, sendo composto de 5 indivíduos, incluindo um fêmur, que devido sugerindo que o Orrorin praticava locomoção bípede, um úmero direito, sugerindo habilidades de escalador, mas não de braquiação, um osso do dedo (falange) e dentes e fragmentos da mandíbula inferior que sugerem uma dieta parecida com a dos humanos modernos, pois os molares eram maiores e os caninos eram pequenos e primitivos, sugerindo que o Orrorin comia principalmente frutas, vegetais e carne, porém seus dentes molares eram menores do que espécies como as do gênero Australopithecus, sendo similares as de Ardipithecus ramidus e Kenyanthropus platyops, sendo o esmalte do dente mais espesso que A. ramidus e os macacos atuais, já a espessura do esmalte dos dentes era similar a dos A. afarensis e K. platyops.

      Essa espécie atingia o tamanho aproximado de um chimpanzé, com cerca de 1,2 a 1,1 metros de altura e aproximadamente 30 a 50 quilogramas.

      O grupo que encontrou esses fósseis em 2000 foi liderado por Martin Pickford. Pickford diz que o Orrorin é claramente um hominídeo, baseado nisso, ele se torna importante para a evolução humana, por que ele (juntamente com Sahelanthropus tchadensis, da África Central) pode representar algumas das primeiras evidências de bipedalismo no registro fóssil humano, datando a separação entre hominídeos e outros grandes macacos africanos para aproximadamente 7 milhões de anos atrás. Essa data é muito diferente daquelas derivadas do uso do enfoque do relógio molecular.

      Evidências de animais (impalas e macacos arbóreos, entre outros) encontrados nesses locais mostram que o Orrorin viveu em ambientes de floresta, com áreas de lagos e riachos, sendo contrário a crença generalizada de que a bipedalidade foi uma adaptação à vida na savana.
      A articulação do fêmur com a bacia, o chamado "pescoço femoral", que é a parte do osso que liga o eixo do fêmur com a cabeça, que se articula com a bacia, é maior do que nos macacos atuais. Essas marcas musculares desta parte do fêmur formam argumentos para indicar uma mudança na direção da bipedalidade, mas os argumentos sobre a especificidade desses traços para bípedes são abundantes. Outro argumento de bipedalidade, foi a realização de tomografia computadorizada, que permite aos pesquisadores observarem as estruturas internas dos ossos, próximas ao fêmur, que mostraram que o osso cortical (camada externa do osso) tem uma espessura variável ao longo das superfícies superior e inferior, sendo mais espessa na parte inferior e mais fina na parte superior.

      Contudo, a publicação possui informações que são um tanto ambíguas e o padrão encontrado em O. tugenensis é também é encontrado em primatas não bípedes. Além disso, alguns desses fósseis atribuídos ao O. tugenensis possuem características que são consideradas especializações para locomoção arbórea (entre as árvores), como a falange, por exemplo, que é curva, similar ao dos macacos atuais, porém outros hominídeos bípedes como o Australopithecus afarensis, também apresentam ossos dos dedos curvados. Atualmente, o debate sobre se era ou não O. tugenensis bípede não está resolvido e sendo assim, suas relações evolutivas com espécies de hominídeos posteriores não estão bem estabelecidas.

      Enquanto alguns pesquisadores estão convencidos de que as características dessa espécie que parecem indicar que ele praticou o bipedalismo, outros permanecem céticos. Se O. tugenensis é, de fato, um bípede, marcaria alguns dos primeiros indícios para esta forma de locomoção no registro fóssil humano e lançaria luz sobre as causas evolutivas da mudança para bipedalidade. 
 
Porém, devido ao fato de que as datas para o período de tempo em questão em que ocorreu a divergência das linhagens evolutivas entre humanos e os macacos atuais, calculada com base em estudos moleculares, indica divergência de 2 milhões de anos e sendo assim, evidências de bipedalismo nesta espécie seria implicar que algumas das primeiras espécies a evoluir depois desta divisão eram bípedes. 
 
Laços entre as espécies O. tugenensis e hominídeos, no entanto, são difícil de determinar, porque ele possui uma mistura de características primitivas e avançadas para a época que confundem ao tentar conectá-lo diretamente as espécies de hominídeos posteriores.

Dados do Primata:
Nome: Orrorin tugenensis
Nome Científico: Orrorin tugenensis
Época: Mioceno
Local onde viveu: África
Peso: Cerca de 40 quilogramas
Tamanho: 1,2 metros de altura
Alimentação: Onívora

Classificação Científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Superfamília: Hominoidea
Família: Hominidae
Subfamília: Homininae
Género: Orrorin
Espécie: O. tugenensis Senut et al., 2001

Referências:
- BEAUVILAIN Alain. "Toumaï, l'aventure huamine". Paris: La Table Ronde, 2003.
- Toumai. - http://toumai.voila.net/

- http://www.becominghuman.org/node/human-lineage-through-time

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