Um dos peixes mais temidos da Amazônia: O famoso candiru-açu!
Saiba mais sobre o Cetopsis coecutiens.
O candiru-açu (Cetopsis coecutiens) é um peixe muito
peculiar e temido no imaginário popular. Apesar dele sempre ser
confundido com outro peixe com quase o mesmo nome, o “candiru” (gênero Vandellia
– família Trichomycteridae), aquele que pode entrar pela uretra
causando um incômodo inimaginável, o candiru-açu faz parte de um grupo
de peixes diferente, a família Cetopsidae.
Além do nome candiru-açu, esse peixe possui outros nomes populares
nos locais onde a espécie pode ser encontrada, como “candiru” e
“piracatinga” no Brasil, e bagre ciego” e “canero” na Colômbia e Peru,
respectivamente. Apesar dos diferentes nomes, em todos os lugares esses
peixes são igualmente temidos por seus hábitos alimentares. São comuns
os relatos de mordidas em formato circular, principalmente na região
inferior do corpo (pernas e glúteos). O formato arredondado é a maior
prova de que o dono da mordida foi um candiru-açu.
Essa espécie possui uma série de adaptações bucais, com dentes especializados para arrancar grandes pedaços de carne, além de músculos poderosos que auxiliam no abrir e fechar das mandíbulas.
Apesar desses infelizes encontros acidentais com humanos, é
importante esclarecer que nós não fazemos parte do cardápio principal
dessa espécie. O candiru-açu possui hábito alimentar onívoro, ou seja,
se alimenta de praticamente tudo que encontrar nos rios, desde pequenos
invertebrados até peixes vivos e mortos. São vorazes predadores dos rios
amazônicos, devorando em poucos minutos as carcaças de grandes peixes,
com uma especialização interessante: o candiru entra no corpo da presa
por algum orifício natural ou produzido por sua mordida, comendo-a de
dentro pra fora.
O Cetopsis coecutiens é uma espécie endêmica da Amazônia, se
distribuindo pelos rios do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e
Venezuela, podendo atingir mais de 30 centímetros. Essa espécie possui
hábito noturno, mas também pode ser encontrada durante o dia. Ela é praticamente cega, possui uma camada de pele sobre os olhos, mas possui um olfato muito acurado.
Apesar dos pequenos barbilhões relacionados ao sistema sensorial
químico (olfato) e motor (tato), possui um dos maiores órgãos olfatórios
entre todos os bagres do mundo. Já foi documentado que essa espécie
pode nadar em grandes profundidades no leito do rio Amazonas, atingindo
cerca de 100 metros de profundidade. Além de todas essas incríveis
características e peculiaridades, essa espécie está incluída em um grupo
que é tido como um dos ancestrais mais antigos de todos os bagres.
Para saber mais:
BASKIN JN, ZARET, TM, MAGO-LECCIA, F. 1980.Feeding of reportedly
parasitic catfishes (Trichomycteridae and Cetopsidae) in the Río
Portuguesa basin, Venezuela.Biotropica12: 182-186
VARI RP, FERRARIS CJJr. 2003. Cetopsidae. In: Reis RE, Kullander SO,
Ferraris CJ Jr, eds. Check list of the freshwater fishes of South and
Central America. Porto Alegre, Brazil: Edipurcs, 257–260.
VARI RP, FERRARIS CJJr, de PINNA MCC. 2005. The Neotropical whale
catfishes (Siluriformes: Cetopsidae: Cetopsinae), a revisionary study.
Neotropical Ichthyology,3 (2): 127–238.
Figura 1a: https://flic.kr/p/KCfPKe
Figura 1b:https://flic.kr/p/Lz9pNa
Capa: https://www.aquariumglaser.de/en/fish-archives/cetopsis-coecutiens-en/
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