Cataratas do Iguaçu – formação geológica e curiosidades
As Cataratas do Iguaçu constituem
monumento geológico mundialmente conhecido e, junto com as Cataratas do
Niágara, na América do Norte, e as de Vitória, no Continente Africano, faz
parte das três mais visitadas e famosas cataratas do planeta.
A palavra
iguaçu, inclusive, significa “água grande“ na etimologia tupi-guarani – e não é
à toa. A largura do rio chega até a 2.780 metros e, na precipitação das
Cataratas, chega a se estreitar em um canal de 65 metros. Para o interesse
turístico, são 19 saltos principais, cinco no Brasil e 14 na Argentina.
Você já se interessou em saber como se formou e qual a idade deste monumento?
Na Bacia do Paraná existem várias outras grandes cachoeiras além das
Cataratas do Iguaçu, todas em áreas basálticas, cujo surgimento está
vinculado à evolução da drenagem, no Quaternário e no Holoceno, que
redundou no processo de implantação da própria bacia hidrográfica. Todo
esse processo tem origem na evolução tectônica e no arcabouço estrutural
herdado dos primórdios da evolução geológica do território brasileiro.
Localização e
características morfológicas
As Cataratas do Iguaçu situam-se no interior do Parque Nacional do
Iguaçu, no extremo sudoeste do estado do Paraná. Localizam-se no Rio
Iguaçu, cerca de 20 km a montante de sua foz, no Rio Paraná, onde se
encontra a tríplice fronteira entre as Repúblicas do Brasil, Argentina e
Paraguai. O Rio Iguaçu, por sua vez, demarca a fronteira entre o Brasil
e a Argentina, em um trecho desde a foz até várias dezenas de km para
montante.
Origem e idade das Cataratas do Iguaçu
A origem das Cataratas do Iguaçu está mais diretamente ligada à
evolução tectônica pleistocênica da Bacia do Paraná, que ensejou o aparecimento
das cachoeiras de Sete Quedas, no Rio Paraná, cerca de 160 km a montante da foz
do Rio Iguaçu. Segundo as interpretações admitidas presentemente, o Rio Paraná
passou a cavar o extenso e profundo canal a jusante de Sete Quedas em uma época
entre 1,5 e 1,8 Ma atrás quando a drenagem sofreu rearranjo
significativo, com a formação do divisor de águas entre os altos cursos dos
rios Paraná e Paraguai, representado pelas serras de Maracaju e Amambaí, e o
aparecimento da depressão do Pantanal, logo a oeste.
O ajustamento do perfil longitudinal do Rio Paraná, como consequência
de lento e contínuo processo de soerguimento global, iniciado no
Plioceno, provocou a exumação de soleiras associadas aos grandes
alinhamentos estruturais que cortam a Bacia do Paraná, sobretudo os
direcionados a WNW e NW, como os de Guapiara, Ivaí, São Jerônimo e,
principalmente, do Rio Piquiri, onde se formaram as Sete Quedas.
O
aparecimento das Sete Quedas é assim resultado da mudança da drenagem pelo
soerguimento da Serra de Maracaju, que interrompeu o curso de rios que
demandavam o oeste, em direção à Bacia do Rio Paraguai ou, mesmo, além dela.
Ao
galgar esse abaulamento, o considerável volume de água do recém-reconfigurado
Paraná adquiriu grande velocidade, provocando intensa erosão nos derrames
basálticos a jusante e dando origem ao profundo canyon que se
desenvolveu por mais de duas centenas de quilômetros abaixo das Sete Quedas,
que estavam se formando.
A
partir dessa sucessão de eventos, começa a história da origem das Cataratas do
Iguaçu, quando o Rio Iguaçu, do mesmo modo que os outros afluentes do Rio
Paraná que passaram a desembocar a jusante de Sete Quedas, foi obrigado a se
adaptar ao novo nível de base imposto pelo rápido aprofundamento do canyon recém
implantado.
Quanto
à idade das Cataratas do Iguaçu, dados referentes à evolução quaternária das
paisagens e datações absolutas, obtidas em locais como o das cachoeiras de
Vitória, no Rio Zambesi, na África, permitem situá-las no início do
Pleistoceno, entre 1,8 e 1,5 Ma atrás. Considerando-se
a analogia da evolução quaternária no Brasil e na África, é possível
avaliar a idade das Cataratas do Iguaçu a partir daquela de Vitória,
onde existem circunstâncias particularmente dadivosas para determinação
de sua idade.
Geologia
Poucos autores se dedicaram a
observações geológicas nas Cataratas do Iguaçu, destacando-se o trabalho pioneiro
de Putzer (1954 apud Bartorelli 1997) que relacionou a configuração dos saltos
com um padrão tectônico de fraturamento. Maack (1968 apud Bartorellli 1997)
também realizou estudos geológicos nas cataratas e chegou a elaborar perfis
muito semelhantes aos de Putzer.
Do mesmo modo que nas demais cachoeiras da Bacia do Paraná, o
substrato litológico das Cataratas do Iguaçu é constituído por derrames
basálticos da Formação Serra Geral, distinguíveis entre si pelas
diferentes estruturas da base, parte central e topo, que caracterizam
cada derrame individual.
A estrutura interna de cada derrame e os contatos entre eles
consistem nos elementos que condicionam a morfologia e a configuração
das quedas, ressaltando-se, porém, que não são os responsáveis pela sua
origem. Verificou-se assim que, a montante das cachoeiras, o leito do
Rio Iguaçu é constituído por basalto vesicular que caracteriza o topo de
um derrame superior. A camada vesicular tem uma espessura de 15 m e
distingue-se, além das vesículas, por apresentar diaclasamento
horizontal bem desenvolvido. Abaixo dela ocorre basalto maciço, da parte
central do derrame, com conspícuos extensos planos verticais de
diáclase, cuja base encontra-se na altura da cota 140 m. O derrame
superior acumula espessura total da ordem de 35 m ou pouco mais. A
partir do topo do primeiro derrame, portanto, as águas despencam em um
primeiro salto, com cerca 35 m de altura, que corresponde à espessura
total dele.
Abaixo desse derrame, aparece outra camada vesicular e com
diaclasamento horizontal pertencente a um derrame inferior, que tem
espessura de 8 m e sustenta um extenso degrau ou patamar horizontal, a
partir do qual as águas novamente despencam em um segundo salto com
cerca de 40 m de altura. A parte central do derrame inferior, do mesmo
modo que a do superior, apresenta disjunção colunar característica,
delineada por sistema de diáclases verticais. Ela tem 20 m de espessura e
vai até o fundo do canyon, na cota 110 m, onde começa a
aflorar basalto vesicular pertencente ao topo de um terceiro derrame de
lava, com espessura indeterminada.
A forma das Cataratas em degraus é consequência
da estrutura dos derrames de basalto citados acima.
REFERÊNCIAS
Livro: Geologia do Brasil
Parque Nacional do Iguaçu. http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=12 .
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