Sabemos que o núcleo interno da Terra é sólido, mas está
cercado por uma camada fluida separada do manto e da crosta acima dela. Até aí,
tudo bem. Ops, não está tudo bem.
Esse arranjo causa alguns problemas, mistérios para os quais
os cientistas ainda não têm explicações.
Por exemplo, se o núcleo interno superquente de ferro sólido
não está ligado ao manto devido à camada de fluido que o circunda, como isso
afeta sua rotação?
Alguns pesquisadores gostam de trabalhar com uma hipótese
chamada de “super-rotação”. Ela sugere que o núcleo da Terra gira a uma taxa
diferente da própria Terra (como você sabe, ou deveria saber, a rotação do
planeta é de 24 horas em relação ao sol). Mas qual seria essa taxa?
Novo estudo
Diversos estudos já tentaram desvendar qual seria essa taxa
de rotação do núcleo do planeta. Agora, uma nova pesquisa conduzida por John Vidale
da Universidade do Sul da Califórnia (EUA) se propôs a atualizar o número
usando os cálculos e processos mais avançados que temos até à data.
Para chegar ao resultado, Vidale examinou as ondas sísmicas detectadas
em dois testes nucleares realizados pela União Soviética no arquipélago Novaya
Zemlya, no norte da Rússia, em 1971 e em 1974.
Essas explosões são tão fortes que suas ondas podem captadas
no mundo todo, e de fato foram por um instrumento chamado Large Aperture
Seismic Array (LASA), localizado em Montana, nos EUA.
O que Vidale fez foi medir o movimento do núcleo interno da
Terra com base nos dados das ondas sísmicas informados pelo LASA. A estimativa é
de que núcleo gira aproximadamente 0,07 graus a mais do que o resto do planeta
a cada ano.
“Se essa taxa estiver correta, significa que se você ficasse
parado em um ponto no equador por um ano, a parte do núcleo [da Terra] que
estava abaixo de você acabaria em um ponto a 7,7 quilômetros de
distância”, explicou Maya Wei-Haas na National Geographic.
Teoria
Infelizmente, esse campo de pesquisa é impreciso porque é
altamente teórico – não temos como visitar a fornalha que é o núcleo interior
do planeta para fazer medições mais exatas.
Na verdade, pode ser que nem mesmo a hipótese da super-rotação
esteja correta. Outros cientistas sugerem diferentes explicações para o fato de
nossas leituras e estimativas sobre as taxas de rotação do núcleo serem distintas.
Por exemplo, um estudo sugeriu que as discrepâncias poderiam
estar relacionadas a variações na superfície do próprio núcleo, o que poderia
explicar as inconsistências nas leituras. Se este for o caso, apenas indica que
sabemos ainda menos sobre o núcleo do que pensamos.
Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Geophysical Research Letters. [ScienceAlert]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.