Indonésia foi o último lugar onde Homo erectus viveu antes da extinção
Há 100 mil anos, espécie de hominídeo estava na região enquanto outros antepassados do Homo sapiens já habitavam diferentes partes do mundo
2 min de leitura
Fósseis de Homo erectus
encontrados em Java, na Indonésia, indicam que a região foi a última
morada desses antepassados. Crânios analisados têm entre 108 mil e 117
mil anos de idade, o que torna as ossadas as mais "jovens" já
descobertas da espécie, segundo estudo publicado na revista Nature.
O Homo erectus
é a primeira espécie humana conhecida a evoluir as proporções modernas
do corpo, incluindo braços curtos e pernas mais longas, características
que indicam um caminhar ereto. Essa é a espécie mais próxima do Homo sapiens a deixar a África e se espalhar pelo mundo.
"Quando o Homo erectus morava em Ngandong [Java], o Homo sapiens já havia evoluído na África, os neandertais estavam evoluindo na Europa e o Homo heidelbergensis estava evoluindo na África", disse o coautor do estudo Russell Ciochon, ao Smithsonian. "Basicamente, o Homo erectus é o ancestral de todos esses hominídeos posteriores."
As ossadas foram desenterradas perto das margens do
Rio Solo no início dos anos 1930 por pesquisadores holandeses que
avistaram um antigo crânio de rinoceronte saindo de sedimentos à beira
do rio. Quando escavaram a região, eles encontraram, dentre outros
itens, os crânios de Homo erectus.
Mas foi só
recentemente, com o desenvolvimento da tecnologia, que especialistas
puderam investigar melhor os achados. Há dez anos, a equipe de Ciochon
resolveu investigá-los.
A
erosão do rio e a constante presença da água dificultaram o trabalho.
Ainda assim, os especialistas conseguiram explorar a região e calcularam
a idade da região geológica, o que os permitiu deduzir a idade dos
ossos. “Nunca podemos ter certeza de que encontramos o primeiro ou o
último representante de qualquer espécie”, explicou a pesquisadora Aida
Gómez-Robles à Science. “[Mas] uma data da última aparição de aproximadamente 100 mil anos atrás para H. erectus parece razoável."
Na pesquisa, os arqueólogos sugerem que os Homo erectus
morreram no rio e seus corpos foram levados pela água. Assim, os
cadáveres se misturaram com a lama e afundaram na terra, permanecendo lá
até a década de 1930.
A maior parte dos esqueletos foi perdida,
mas os crânios estudados foram suficientes para trazer novas informações
à história da espécie. Patrick Roberts, especialista que não fez parte
do estudo, considera que a datação sustenta que o H. erectus estava em Java no mesmo período em que o Hominídeo de Denisova – espécie descoberta na Sibéria.
Ele
pondera que mais estudos são necessários, pois as evidências são
poucas. "De qualquer forma, o sudeste da Ásia é claramente agora um dos
lugares mais emocionantes para se trabalhar nas origens humanas", disse
Roberts à Science.
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